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A C O M P A N H A R

PARA

CRAVO? OU ORGAO?

Eainda tambem para qualquer outro inftrumento de vozes, re-
duzidas a breve methodo , e fa<sil percepcao.

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DEDICADO

A SUA MAGESTADE FIDELISSIMA

JOSEP

i

I:

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I.

QUEDEOSGUARDE,

P O R -

ALBERTO JOSEPH GOMES DA SII^A

Compofitor , e Orgamjia,

f-

LIS BOA»

Na Officina Patriarcal de Francifc»^ Luiz Ameno,

M. DCC. LVIII.

Com as Ucencas necejfarias*

-ocr page 4-
-ocr page 5-

s E N H o R.

n

s Vafaîlùs ; que îogtalf a feUciiade de ver ajen^
tado no Tlirono a hum Rey ornado de ta!o fuhUtnes dotes ;
(jîie parece, que mer cela ainda maïs governar os homens pela
€:^ceîkncia das virtudes, do que pclo efpîendor do fangue^

^ il dt-

Ém

-ocr page 6-

devem confagrarîheB as fuas ohm ] fvincîij aiment e as
que Je dirîgem ao aproveiîamento da mocidade 5 pais fem-
pre fe repiita peîo Jecuîo mais fellz acjudle y em (fiie as
fciencias alcançao mais
algum grào de perfeiçao , e pela
Principe mais perfeito , 0
(juc as ûiigmaita ^ e as pro-
tégé.

i Vejfa Magefiade , (jue as po/ite fçlhmente todas ,
e (jue nos anima corn hum gloriofo exemplo , ha de per-
mittir, (}ue fe ejcreva 0 feu Aügi\'ßo Nome em hum Uvro ,
(jue tem por particuïar ohjeSto 0 cultivar huma faculda-
de f (jue tanto ßorece nas Certes mais polidas de Europn.

n^s ferias reßexies , cjue Wiho feito jobre a Mufica^
e o .defejo de fer util a minha patria , me chrigou a com-
por eße Methode de acompanhar para 0 ufo do Cravo ,
Orga\'o
y ou (jual(juer ontro Inßrument0 de vozes) ^ßgim-
do ûs luzes y (Jiie tenho défia jciencia he
0 meyo mais fa-
cil para adijiùrirfe em hreve tempo 0 fruto de hum me-
dîano efliido. Digne fe , pois , Voffa Magefiade de acei-
tar a oferta deßa obra , que pela materia fe faz acredo-
va do feu Real agrado. Guarde Deos a Pejjoa de VcJJa
Mageßade para modela de Principes , ^ para fe perpe-
tiiar a
Ventura dos Portuguezes,

Alberto Jofepb G orne^ da Sikß*

PRO^

-ocr page 7-

PROLOGO.

A6 ignoro, que os homens confagrao huma
grande veneraçaô a tudo, o que tem hum ea-
ra6l:er de antiguidade , e que por efte motivo
ainda aîguns de fuperior talento naô fîzerao mais , que
imitai" aos feus antepafFados, podendo alias deixarnos das
inefmas faculdades belliffimos originaes. Em todas as ar-
tes as novas regras parecem as mais afperas , mais in-
cultas, e mais difficulrofas. Tal he a nofla cega preoc-
cupaçao , que preferimos ao melhor o mais antigo, e ao
mais proveitofo o mais veneravel ! Todos fabem , que
os elementos da Mufica faô efcuros , e fecos , e que
faria muito quem aplanafTe a fragofa eftrada , que nos
leva ao ameniffimo paiz da barmonia j com tudo pou*
cos fao os que fe quercm defpir dos prejuizos , que
beberaô nas primeiras efcolas. Naô fey fe confegui ef-
te triunfo : o certo he , que pondo os olhos no publi-
co adiantamento ? compuz efte Methodo de acompa-
nhar, extrahindo com incançavel zelo dos mais célébrés
Authores algumas regras , e innovando outras, conforme
me pareceo mais util, para a facil percepçaÔ dos prin-
cipiantes. Se os progrefîbs , que fe fizerem nefta Divi-
na Sciencia, correfponderem as minhas idéas, basftante-
mente fica fatisfeita a fadiga de tantos annos 5 fenaô fo-
bra para caftigo de minha ignorancia o ver maîogrados
taÔ iliuftres projeâ:os.

LI-

À

-ocr page 8-

LlCENqAS

DO SANTO OFFICIO.

Approvaga$ do M. R. P. M, Fr. Francijco Xavier d&

Lemos da Ordern dos Prdgadores , Qiialificador do
Santo Officio , (fc.

ILLUST. E REVEREND, SENHOB ES.

AS Regras de acompanhar para Crav^ ou Orgao,
&:c. quefe pretendem imprimir, r .*da cont^m con-
tra a fanta Fe , ou bons coftumesj, que o pofTa obftar.
Voffas Illuftriffimas mandarao o que forem fervidos. Lif-
boa, Convento de
S, Domingos 6 de Outubro de 1757^

Fr. Francifco Xavier de Lemos»

Vlfla a informaçao , pdde-fe imprimir aobra deque
fe trata , e depois voltara conferida para fe dar
îicença que corra, fem a qual nao correra. Lisboa, 7
de Outubro de 1757.

^ilva. ^hrm. Trigofo, Silveiro Loho,

\\

DO

-ocr page 9-

DO ORDINARIO,

CApptovaçdè do M, R. P. M. Douter Fr. Fe^roJûfepà

Ejfeves, (fc,

EXGELLENTISSÎMO SENHOR,

OPapel , que Voiîa Excellencia me manda ver, he
huma Arte de acompanhar corn o Cravo , ou Or-
ga6 , cneila fe naoconj^ém coufa alguma contra a Fé
ou bons coftumes. E ^ela utilidade, que defta Artepo-
de refultar aos profefTores da Mufica,me parece digm
da licença , que feu Authorpede para a imprimir. Lisboa,
9 deOulubrode 1757.

Fr.Fedro Jofeph EJîevts.

VIfta a informaçao , pode-fe împrimir o papeî de que
trata a petiçao , e depois de impre/To vira confe-
rido para fe dar îicença que corra. Lisboa , 9 de Ou-
tubro de 1757.

D. J- A, de L.

DO P A Ç O.

^Appvo^aqalf do M.R,P,M.Fr, Francifco Xavier de Santa
Tenza, daOrdem de S.Francîfco, ü\'c.

S E N H O R.

VI elle papel, e neîîe nao acho coufa alguma, que
jfeja contra o Keal fervîço de YolTa Mageflade,
e affim me pareçe digno da Iicença, que fe pedeaVof-

fa

-ocr page 10-

fa Magellade para fe imprîmîr. VofTa Mageftade man-
data o que for fervido.
S. Francifco de Campolide 11 de
Outubro de 17^7*

Fr. Francîjcû Xavier de Santa Tereza,

QUe fe pofTa imprimir , viftas as licenças do Santo
Officio , e Ordinario , e depois de imprefTo tor*
narà à Mefa para fe conferir , taxar , e dar H-
cença para que corra , que fem ella naô correra. Lif-
boa, 15 de Outubro de 1757.

Duque l, Carvaîho, Boutov Velhal

-ocr page 11-

EGRAS

PARA ACOMPANHAR?

REDUZÎDAS A BREVE METHODO,

e facil percepçao.

OMO para digeftao perfelta de toda a ex-
plicacao , deve efta deduzirfe defde o
principio do que fe expoem , fendo os
Tons fundamental principio para a erec-
^ao de toda a Mufica, pareceo-me acer-
tado ; que no conheciraento do que he

Tom tivelTe principio efta Arte.

De-

-ocr page 12-

5 RêgMs para ctcmpctnhar.

T>ejim<;ai do Tom,

He o Tom hum armonico compendio de fete cor-
iJas ,
que faô os fete fignos da Mufica: cm cada hum
deftes , feja natural, ou accidentai pode ter principio o
Tom j o quai pode fer de terceira mayor , ou menor :
o de terceira mayor , he aquelle em que defde o inter-
val! o , que vay da primeira até a fua terceira , fe con-
taô dous pontos 5 e o de terceira menor he em que
fe conta ponto e meyo , como no feguinte exemple
fe vê.

Exemplo de terceira mayor. Exempîo de terceira menor.

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s

As cordas do Tom fao asfeguintes: primeira , fe-
gunda, terceira , quarta , quinta , fexta , e fetima do
Tom : fobre eftas pode haver outras repetidas novamen-
te , chamando primeird àquella , que fîca fendo oitava
da primeira ja afignada ; fegunda a nona, terceira a dé-
cima

-ocr page 13-

Kegras para ûcompûtihar, 5

dma , tendo principiado a contar pela ordem mais
graves a eftas , que em fegundo lugar fe achaô repeti-
das, fe chamaô Composas , e repetindo outra vez pa-
ra cima , Decompoftas , e havendo mais augmente , Tri-
compoftas 5 mas eRas ultimas cordas , efpecialmente as
tricompoftas por agudas, e agudiffimas , nunca fervem
de
fundamento, fervem entao de efpecies para acompa-
nhar as primeiras.

Por efte modo fe deve contar as cordas do Tom.

Simples,

Compojîas.

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n

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Tr\'icompojlas.

Decompojlûs,

31

As efpecies fao nove : uni/Tonos, fegunda, terceU
ra , quarta , quinta , fexca , fetima , oitava , e nona :
eftas depois da oitava podem fer novameote repetidas,
chamando fegunda, à oitava da nona, terceira à oitava

A il da

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À

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-ocr page 14-

da décima , quarts à oitava da undecirna , qiiînta à oî-
tava da duodecima ^ &:c. como para mayor brevidade
fe yê no exemplo feguinte.

Simples.

Compoflas.

B» o. 6. c.

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rrTj~rrTi:-r

A n A A /T

JDecompoßas*

A n /^zi

Eflas efpecies , e fuas composas, humas fao con-
foantes ; e outras diiïbnantes , ou falfas , e todas ellas
fe dividem nos quâtro feguintes generös : Majores, Me-
nores, Diminutas, e Superfluas. As confoantes fao oi-
tava , e quinta , terceira, e fexta ; as duas primeiras fa5
perfeitas, e as duas ultima^ imperfeitas , porque eftao

fun

-ocr page 15-

fujeltas aos accidentes. As diiïbnantes , ou falfas fao ,
fegunda ; quarta, quinta menor, fetima , e nona , das
quaes nenhuma (c pode dar fem preparaçaô, e defculpa
em alguma das confoantes, excepto a fegunda ; porque
como de ordinario fe ufa efta efpecie , quando o baixo
!iga; ou fincopa ; elle he quem prépara, e defculpa, e
por effa razaô fe confidera falfo , e nao a efpecie. ( Adi-
ante direy o que he preparar, e defculpar. ) E por na6 fee
mais extenfo , moftrarey pelo circulo da feguinte roda
todo o genero de efpecie, que fe bufque a qualquer fi-
gno , feja natural , m ^mà^^l ? pondo-fe efte uni-
do à
cafa, que t^k oit^â^

Adc

Mi

-ocr page 16-
-ocr page 17-

Advîrto , que o acliarfe peîo circulo da roda pe-
quena dous fignos em algumas das fuas cafas, he pela ra-
zao das teclas naturaes fervirem de accidentaes a outrasj
como por exemple , F. natural ferve de E. fuftenido,
C.
natural de B. fuflenido ; e as outras teclas , que as natu-
raes fao fuftenidos , fervem igualmente de Bmoes, co-
mo V. g. D. fuftenido de E. bmolado , C. fuflenido de D.
bmolado , A. fuftenido de
B. bmolado , G. fuflenido de
A. bmolado , F. fuftenido de G. bmolado ; e para que naô
embarace o fervir cada tecla a dous fignos , fe conta-
ràô as efpecies por efte modo : v. g. de G. natural a fua
fegunda, ou nona menor, naô be G. fuftenido , he fim
A. bmolado ; porqueefte ao outro figno Ihe fica no in-
tervallo de fegunda , e pelo bmoî menor j e o G. fufte-
nido , ainda que ao natural crefça meyo ponto , nao fe
conta mais que o mefmo fîgno alterado : de G. natural
a fua terceira menor he
B. bmolado , e nao A. fufteni-
do , por fe achar efte ao outro figno no intervalle de
fegunda , e com o fuftenido fuperflua, por fer mais que
mayor : de G. natural , a fua quarta menor nao he B;
fuftenido, he G. natural j porqueefte ao outro Ihe fica
no intervallo de quarta : de
G- natural a fua quinta me-
nor he D. bmolado , e nao G. fuftenido , porque efte
Ihe
fica , como ja diffe , no intervallo de qoarta , e efta ma-
yor refpediva ao fuftenido : de
G. natural a fua fêxta
menor he
E. bmolado , porque Ihe fica no intervallo de fex-
ta , e nao
D. fuftenido, porque efte ao outro Ihe fica no
intervallo de quinta fuperflua : de
G. natural a fua fe-
tima menor he F. natural ; por eftar no mtervallo de feti-
ma ,

_k

-ocr page 18-

nia, e nao E fuftenido , porque fe conta fexta fuperflua
conforme o feu intervallo.

Declaro mais , que toda a efpecie fuperflua he por
alteraçaô da parte aguda , e toda a diminuta por aite-
raçao da parte grave, como fe vera no exenniplo.

Da forma que tenho expofto fe contaràÔ as efpe-
cles aos mais fignos,fendo naturaes , e feforem acciden-
taes , fe bufcaràô tambem pelos fignos accidentaes , fer-
vindo as efpecies dos foftenidos ao fundamento fendo
fuîknido , e as bmolladas ao fundamento fendo bmoi-
lado.

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^pref. oumm^: S\'^\'Jupaf ^

^perf.

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Kegrûs para acompanhar, p

R E G R A L

APrimeira corda do Tom , acompanba-fe com tercei-
ra , mayor, ou menor, conforme o Tom, quin-
la, e oitava.

A fegunda, acompanba-fe fempre com terceira me-
nor f e fexta mayor , feja o Tom qualquer que for , e tam-
bem quarta , quando cfta îhe ficar cuberta , e preparada ,
aîiàs naô fe ]be dara a quarta. (Cuberta, entende fe quan-
do outra efpecie fica por cima
3 preparada , heterfe tocado
no ponto antecedente , fendopara elle confoante. ) Se a fe-
gunda do Tom faltar à quinta , levara de acompanhamento
terceira menor, quinta, e fetlma, fe o Tom for de ter-
ceira mayor j e fendo de terceira menor, fo leva a quinta ,
ficando-îhe antecedentemente preparada ; e nao ficando,
leva fo terceira menor, e fetima : e todas as vezes , que
houver elle falto , fe dara tambem fetima na quinta do
Tom , além das efpecies , que em feu lugar îhe competem,
efpeciaïmente hindo a dita quinta para a primeira do Tom ;
que a nao iiir, paffarà com o acompanhamento , que adi-
ante veremos.

A terceira do Tom , acompanha-fe com terceira , e
fexta conformes ao Tom.

A quarta , acompanha-fe por très modos : quando
vay para a quinta , leva terceira, quinta, e fexta ; quan-
do vem da quinta , paffa debaixo das efpecies , que Servi-
ra 5 à quinta , que para a quarta Ihe ficaô fendo, fegunda ,
quarta, mayor, e fexta j quando nao vay, ou vem da

B quin-

-ocr page 20-

quiata , acompanha-fe com terceira, e quinta , e fem pre
a terceira he conforme à do Tom : Advirto , que ainda que
a quarta do Tom va para a quinta , vindo de outra qual-
quer corda do Tom de falco de quarta , ou quinta , pafTa-
rà fempre com terceira , e quinta , como acima difTe.

A quinta do Tom ; acompanha-fe fempre com tercei-
ra mayor , e quinta , ainda que o Tom feja de terceira me-
nor J e quando fizer claufula, que he quando da quinta fal-
ta à primeira , levarà aie m da terceira , e quinta , fetima ,
fe efta Ihe ficar antecedentemente preparada , e nao fican-
do , fe darà por modo cantavel, que he depois de fe acom-
panhar o baixo com terceira , quinta , e oitava , ferir de-
pois defta a fetima
io , e délia paiîlir para a terceira da pri-
meira do Tom , por fer confoante , aonde defculpa a leti-
ma como falfa. Em recitados, pode darfe a fetima com as
mais efpecies, ainda quando nao eftiver preparada.

A fexta do Tom , acompanha-fe por tres modos ; de
ordinario , com terceira , e fexta conformes ao Tom, mas
quando defce à quinta, com terceira, e fexta mayor , ain-
da que o Tom iha forme menor, e fe defcer à terceira, leva-

ra terceira , e quinta.

A fetima do Tom, acompanha-fe com terceira , e

fexta , e fe paflar à primeira do Tom , levarà tambem quin-
ta menor, fe efta Ihe ftcafTe preparada, alias fe darâ por
modo cantavel, fe o compafTo der tempo a executarfe coni
perfeiçao , e cm recitados pode-fe dar , ainda quando nao
fique preparada : Advirto , que com todas^as efpecies que
expuz, fe da regularmente oitava na mao direita , mas
nunca na extermidade fe dem duas feguidas com o baixo , e
dà mefma forte duas quintas.

-ocr page 21-

Regras para acompanhar. i ï

R E G R A IL

ïnda que a arbitrio do acompanhador efteja a eîeiçao
das efpecies para as dar oefte, ounaqueile lugar;
corn tudo deve eleger fempre aquelles em que mais proximo
fe achaô humas das outras, porque affim fica mais cantavel o
acompanhamento.

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Em qualquer Tom , fe achara/empre a quarta menor,
e a fegunda , e fetima mayor 5 mas como efta Ihe nao fica
propria nos Tons de terceira menor , fera fim mayor, mas
por confideraçao , e da mefma forte a fexta, fe deila paffar à
fetima , e da fetima a primeira , mas decendendo da pri-
meira à fetima, e defta à fexta, e da fexta à quinta, ferao
ambas menores, como ihe forma o Tom, e a clave.

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Na clave natural, fo podem formarfe eftes dons Tons
antecedentes, que faÔ o de C Sol fa ut terceira mayor , e
ode A la mi re terceira menor ; epara mayor brevidade
ommitto à expofiçaô dos que fa5 fujeitos a accidenter j mas
na feguinte Taboa moflrarey pela pofiçaÔ dos accidentes
conforme os feus numéros , os tons , que delles fe devem
formar, e os nomes , que vulgarmente tem, ainda que
lia opinioes , que alTentaÔ , que os tons naô fao mais que
dous , hum de terceira mayor , e outro de terceira menor j
e naô obflante a minha fer conforme a efta no que refpeita
ao canto de Orgaô , digo tambem que a quaîquer Organif»
ta , Ihe he muito precifb o conhecimento dos nomes delles^
pelo que pertence ao canto chaÔ.

RE-

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A

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I

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Regrûs para acompanhav.

R E G R A III.

Epoîs de qualqiter ponto, em que fe tcnba dado de
acompanhamento terceira, e quinta mayores, ou
menores , paiTara debaixo das mefmas efpecies , o ponto
que îhe fubir de terceira , ou o que Ihe defcer de fexta:
Tambem poderà pafFar debaixo das referidas efpecies o
ponto que ihe defcer de terceira , no cafo que o outro para
que depois for , fuba de quarta , ou defça de quinta, em
o quai fe dara de acompanhamento terceira , quinta, e fe-
tima conformes ao Tom A.

R E G R A IV.

Epois de qualquer ponto, em que fe tenha dado ter-
ceira , e fexta, fendo efta menor , podera paffar de-
baixo das mefmas efpecies o ponto que Ihe defcer de tercei-
ra j e tambem o que defcer de quinta , fe o outro ponto
para que immediatamente for , Ihe fîcar em diftancia de
quatro pontos para cima, ou cinco para baixo , em o quai
fe dara de acompanhamento, terceira , quinta, e fetima
como acima diiTe ; e fendo a fobredita fexta mayor, pO-
dem pafîar debaixo do mefmo acompanhamento os pontos
que Ihe fubirem de terceira , quarta , e de fexta , e os que
îhe defcerem de terceira, quinta, e fexta. Advirto, que
tanto nefte cafo , como em todos os mais , em que as cor-
das do Tom recebem o feu acompanhamento humas das
outras, fe podem tocar cada huma de per il, e a ferem mul-
tas

-ocr page 26-

tas feguidas da forma que eu exponho , ou de outra quaî-
quer equivalence , fempre fe veraô efcritas corn figuras pe-
quenas , e de ordiiiario fo era folfa inilrumental por modo
de arpejo. B.

R E G R A V.

Epois de algiim ponto em que fe tenhadado de acom-
panhamento terceira mayor , ou menor , quinta per-
feita , e fexta , pode pafTar debaixo deftas efpecies ; o
ponto que Ihe ficar em diftancia de terceira , defcendo , e
ainda fubindo , mas nefte cafo , naô he muito proprio: e
fe a quiata, que digo perfeita, fîcar fendo menor por caufa
de algum accidente, que adiminuilTe, ou por fer o baixo
de fua natureza mayor , ou accidentalmente alterado , po-
dem paflar com as fobreditas efpecies quaîquer ponto que
ihe fubir de terceira , de quinta , e de fexta ; e os que Ihe
defcerem de terceira, quarta , e fexta. C.

R E G R A VI.

Epois do ponto , em que fe der acompanhamento de

_ terceira , e quinta, mayores , ou menores, e feti-

I

ma menor , ou diminuta , podem paflar debaixo deftas ef-
pecies quaîquer dospontos , que Ihe fubirem de terceira ,
quinta, e fetima , e tambem os que Ihe defcerem da feguii-
da ; quarta ; e fexta. D,

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R E G R A VIL

Epois do ponto , que fe tiver acompanhado com fe-
gunda , quarta mayor , ou menor , e fexta ma-
yor,
OU menor , pódem paffar debaixo deftas efpecies,
qualquer dos pontos , que Ihe fubirem de fegunda , quar-
ta , e fexta , e os que Ihe defcerem de terceira, quinta ,
£ fetima. E,

\\

R E G R A VIIL

Fpois do ponto , que fe tiver acompanhado com
terceira , e fexta mayor , ou fuperflua , darfeha
terceira mayor , ou menor , conforme Ihe ficar propria
no Tom , e quinta no figno, que fe feguir , quando pa-
ra elle fe defcer de grao, e fe fubir tambem de grao, dar-
feha terceira , e fexta. Advirto , que com a fexta fuper-
flua nao fe da na mao direita oitaua do baixo , quan-
do efta ficar proxima à dita fexta. F.

R E G R A IX,

D Epois de qualquer ponto que fe acompanhaiTe y
com fegunda , quarta mayor , ou menor , e tam-
bem fexta mayor, ou menor, darfeha terceira, e fexta
mayor , ou menor no figno para que immediatamente
aquelle defcer de grao. G.

C RE-

-ocr page 28-

R E G R A X.

Epois de qualquer ponto , que fe tenha acompanha-
do com terceira , quinta , e fexta mayores , ou
menores , acompanharfeha o ponto , para que immediata-
mente fe fubir degrào, com terceira, e quinta, confor-
me ao Tom. H.

R E G R A XL

Odas as vezes , que fobre qualquer figura , fe acliar

_ huma terceira mayor , acompanhada com quinta ,

ainda que efta por força do Tom feja menor, fempre
nefte cafo fe deve alterar, e ficara mayor a dita quinta. L

R E G R A XIL

M qualquer ponto , que por força do Tom feja a
J fua terceira mener , fe efte por caufa de algum ac

cidente for alterado, fera tambem alterada a fua tercei-
ra. L.

R E G R A Xin.

^T^ Odas as vezes, que era qualquer ponto fe achar afi-
A gnada huma quinta , fendo efta menor , fe Ihe ajun-
tarà mais terceira , e fexta , exceptuando em faltos de
quarta, ou quinta,
ou de terceira, defcendo. M.

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Regrûs para acompanhar.

R E G R A XIV.

Odas as vezes, que o baixo fizer faîto de terceira
^ defcendo , e fegunda fubindo, fendo continuados ,
deve-fe
acompanhar o ponto , que defce de terceira,
corn terceira , quinta , e fexta , e
o ponto que fobe de
fegunda, com terceira , e quinta , mayores , ou meno-
res conformes ao Tom. Advirto , que para fe dizer faîto
continuado , bafta que haja huma fo repetiçaÔ do mef-
n.o. N.

R E G R A XV.

Uando na extremidade da mao direita fe der efpe-
cie mayor, oufuperflua, efpecialmente fendo com
o baixo falfa , fera o acompanhador obrigado a fu-
bir
à tecla, que efliver immediata àquella que fervio a di-
ra efpecie, ficando-lhe efta fempre no extremo j e quan-
do nefte fe der efpecie menor , ou diminuta, fendoco-
mo ja difTe com o baixofalfas , da mefma forte defcerà
à tecla, que immediatamente fe Ihe feguir. O.

R E G R A XVI.

fT^ Odas as vezes, que o baixo fîzer faltos de terceira
i defcendo , fe acompanharaÔ com terceira , e quin-
ta conformes ao Tom , fe os faltos forem continuados, e
iguaes fempre de terceira j porém fe os faltos principia-

C ii rem

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20

rem pela quinta do Tom , efpecialmente fendo elîe de ter-
ceira menor , nao fe darà quinta no primeiro falto , mas
fexta como terceira do Tom , que verdadeiramente he ,
porém em os mais fakos terà vigor efta regra , fe bem
que he hum tanto fallivel. P-

REGRA XVII.

SE os faltos , que o baixo fizer , forem de quarta ,
ou quinta, acompanharfehao com terceira , e quin-
ta , como acima difle ; e fe no principio deiles eftiver a
primeira figura acompanhada com fetima , além da ter-
ceira , e quinta , nos mais lahos fe continuara tambem
fetima até o fîm delles. Q.

Exem-

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Exemples

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:GUNDA PARTE.

R E G R A I.

LEM das efpecies explicadas , muitas ve-
zes fe acha affignada huma fegunda , a quai
fe acompanhara com quarta , e fexta con-
formes ao Tom , e nao fe dara na mao
direita oitava do baixo , em que a fegun-
da eftiver , o que de ordinario fo fuccede,
quando o baixo liga, ou ilncopa, muitas vezes nefte ca-
fo , em lugar da fegunda fe acha huma terceira , efta
fempre fera menor, e acompanharfeba com quarta , e
fexta mayores. Advirto , que na ligadura , ou fnicope ,
naô fe dara efte acompanhamento, fenao quando ad di-
tas efpecies vierem afignadas defte modot^ alias fe dara
fegunda , quarta, e fexta, e defculpara em terceira , e
fexta do baixo , que fe ihe f^guir immediato , como fî-
ca dito a pag. 17. exempio G, e fe a fegunda fe achar

acoro-

-ocr page 36-

acoîiipanbada com qumta, ( o que poucas vezes Aicce-
de ) nao fe pora mais acompanhamento , e defcuîparàô
da meiîiia forte, que as outras Hgaduras. A.

R E G R A IL

Uando fobre alguma figura fe achar afîignada huma
quarta, fe ihe ajuntara quinta , e defculpara a quar-
ta em terceira , fe no mefmo figno do baixo , em
que ella foy dada , admittir a defculpa ; porém fubindo
o baixo de terceira , defculpara a quarta em oitava :
muitas vezes fe acha a
quarta com fexta , enefte cafo nao
îevarâ mais acompanhamento , que oitava do ponto em
que-^ftiverem eftas efpecies, e defculpara a quarta em ter-
ceira ; e a fexta em quinta , de ordmario mayores.

B.

REGRA III.

Uando fe achar huma fetima , fe acompanhara com
terceira, fe no mefmo figno do baixo, em que el-
la fe acha afîignada , admittir defculpa , que ha de
fer em fexta; e fe o baixo fizer falto de quarta , ou quin-
ta , fubindo , ou defcendo , em cafo que a fetima naô
defculpe no mefmo ponto , fe Ihe dara de acompanhamen-
to , terceira, e quinta , e defculpara a fetima em tercei-
ra do ponto , para que o baixo falta , como moftrey a
pag. 20. Exemplo Q; e fe o baixo fubir de grao , fe Ihe
darà de acompanhamento terceira , e quinta , e defculpa-
ra a fetima em quinta do ponto, para que immediala-
mente

-ocr page 37-

mente fubir o baixo , e com elia tambem fe dara ter-
ceira. C.

R E G R A IV.

Vando fobre alguma figura fe acliar afîignada huma
nona, fe acornpanharâ com terceira , e quinta, mas
nao fe dura oitava do ponto , em que fe acha a no-
na , e defculparâ erta em oitava , ailmittindo-fe no rref-
mo figno a defculpa ; porém fe o baixo fizer falto de ter-
ceira fubindo , ou de fexta defcendo, defculpara a nona
em fexta, do baixo que fe feguir ; e fe o falto que o bai-
xo fizer, for de terceira defcendo , o que poucas vezes
fuccede , defculpara a nona em terceira , e com ella le
darâ quinta,. D.

R E G R A V.

As quando a nona fe achar affignada com quar-
ta , fe Ihe ajuntara tambem quinta , e defculpara
a nona em oitava , e a quarta em terceira , ficando a
quinta permanente. E.

R E G R A VL

ASfim como para fe faber os acompanhamentos que
competem a efta , ou àquella figura , bafta affinar-
fe huma fo efpecie , como até agora tenho moftrado;
tambem quando fe achar huma terceira , feja efta ma-
yor,

-ocr page 38-

yor , ou menor, fe Ihe ajuntara quinta , e oitava , ë o
mefmo
fe fara quaudo em higar da terceira fe achar hum
Emoi , ou hum Bquadro ; ou hum fuftenido , pois va-
is o
mefmo que terceira , fignificando o B mol terceira
menor , o Bquadro terceira nâtural , e o fuftenido ter-
ceira mayor. F.

R E G R A VIL

Uando na extremidade da mao direita ftcarem pre-
paradas algumas das efpecies difloantes , naô fe de-
vem cubrir com alguma das confoantes , fenaô por
caufa de fe embaraçar o mais acompanhamento , que el-
la leva com algumas das teclas do baixo, que occupa a
maô efquerda ; mas a naô fer por efta razaô, devemdarfe
na extremidade, e defculparem-fe na mefma. G.

R E G R A VÎIL

REguIarmente fe acompanhaô todas as figuras , que
em qualquer tempo valem hum
quarto , e dahi pa-
ra cima ; porém ha cafbs , em que as figuras, que valem
meyo quarto , como as colcheas no tempo ordinario ,
ou outras quaefquer , que em outro tempo vaô duas em
cada quarto devem fer acompanhadas , os quaes fao quan-
do eftas faltaô de quarta , quinta , ou de terceira def-
cendo , ainda que as ditas figuras eftejaô em lugar, em
que o compaffo nao fere de quarto : tambem fe deveni
acompanhar, quando neftas fe preparaô ; daô, ou defculpaô
alguma das efpecies falfas.

-ocr page 39-

REGRA IX.

Ambem fe deve acompanhar eBas figuras , qnando
muitas vezes fe acharem repetidas em algum fignoj
naô porque rigorofamente feja neceffario , mas fim por-
que fica defta forte o acompanhamento mais armonico ,
do que acompanhando-as duas a duas, ou très a très ref-
pedivè aos quartos do compafFo : o mefmo fe obfervara
com as femicoîcheas, quando o tempo em que fe acha-
rem , for de and am en to , que de lugar a executarem-fe
com perfeiçao. I.

REGRA X.

D

M quaîquer pauza do valor de hum quarto, ou maïs,
j fe deve efperar todo o feu tempo j mas quando va-

1er meyo quarto, he coltume acompanharfe , tocando a
maÔ direita no valor délia as efpecies da figura, que im-
mediatamente fe Ihe fegue j mas como nao ha cerîeza ,
(efpecialmente naô tocando por partitura) de que feja
fempî-e correfpondente a armooia da figura com o valor
da pauza , fou de opiniaô, que efta fe nao toque ; fo fim ,
fe naquelle quarto a que ella da principio, houver pre-
cifaô de dar , prepaxar , ou defculpar alguma efpecie
falfa. L.

RE

-ocr page 40-

R E G R A XI.

.Uando efta pauza, que vale meyo quarto do compa/To,
vier depois de alguma figura em que elle principiaffe,
e unicamente fe pozeffe para o inteirar , nao fe deve
acompanhar, nem demorar as mâos fobre o cravo mais
tempo do que vale a figura j mas torno a dizer, que fe
o acompanhador tocar por partitura , em que poffa ver as
efpecies que competem ao valor das pauzas , nefte ca-
{o podera acompanhallas , e com mais razao tocando o
cravo fem ou tros inftrumentos. M.

R E G R A Xîl.

rri Odas as vezes que em qualquer tempo fe acharem
1 entre quatro figuras , tres que fejao iguaes na ar-
monia, e huma que o naô feja, deve efta paiTar debai-
xo do acompanhamento das tres , ainda que ella efteja
no principio de algum dos quartos do compaftb : o mef-
mo fe obfervarà, quando entre tres figuras for huma def-
igual na armonia j a ifto fe chama figura cambiada 5 e
fe no principio de algum deftes quartos do compaflo vier
pauza, que valha meyô quarto , deve tocarfe como fica
dito a pag. 29. e para mayor clareza outra vez o moftra-
rey a pag. 40. Exemplo. N.

RE-

-ocr page 41-

R E G R A XÎIL

Uando diante de aîguma figura de pequeno vaîor
fe achar ponto de augmentaçao , paflara efte com
as mefmas efpecies da figura em que elle fe acha;
mas quando eftiver diante de alguma figura que valhahum
quarto,
OU mais , reputa-fe como ligadura, e deve acom-
panharfe o vaior delle com fegunda , quarta , e fexta j
eftas podem fer mayores , ou\'menores. O.

R E G R A XIV.

Or força de imitaçoes , qu\' fe contém na compo-
fiçao , fe encontra varias ivezes fobre hum ponto do
baixo huma glofa de différentes efpecies , e de ordinario
neftes cafos fe acha ad verten ci a para fe tocar aquella te-
cla fo , a efta fe podem ajuntar as oitavas que quize-
rem, mas fem outras efpecies , e tendo-as apontadas ,
cuidara o acompanhador em bem as preparar , dar, e
defcülpar humas com outras , pois ao baixo nao fe at-
tende , porque as efpecies fa5 as que o fazem humas a
outras, na forma que moftro no Exemplo. P.

R E G R A XV.

\' I ^Ambem com aîgumas das figuras , que eftiverem
A firmes na mao direita , póde glofar o baixo j em
taes cafos o melhor modo de acompanhar he , pór fó

D ii aquel-

-ocr page 42-

aquelîas %uras, que pelas efpecies fe vê , que fao mais
neceffarias\', e firmes porque dobrando-lhe muito a ar-
monia , fica mais confufb o acompanhamento. Q.

/

R E G R A XVL

E\'\\ M qualquer fuga fe ha de principiar a tocar a fol-
j fa da primeira voz com a maô direita fem acom-
panhamento algum , e na de dous motivos fempre vem
efcrito o
acompanhamento da fegunda voz na intabula-
tura ; mas na de hum fo motivo , quando entrar a fe-
ounda voz, ha de acompanharfe efta com o acompanha-
mento fimples de huma io efpecie , como adiantc mof-
trarey no cafo de naÔ eftar apontado , e quando entrar
a terceira voz , acompanharfeha com duas efpecies ,
e
fempre fera bom imitar com alguma délias o mefmo mo-
tivo com que antes deixou acompanhada a fegunda voz,
mas quando entrar a quarta , naô fo a poderà acompa-
nhar com très efpecies , mas tambem com quatro ,
e
cinco, fe forpofîlvel, e na maÔ efquerda podera por as
efpecies que quizer , para reforçar mais a armoma da tu-
ga î ifto mefmo que
deixo dito, fe deve obfervar, quan-
do pelo contexto délia fe
encontrar a ciave de C fol faut
na terceira linha
j porque entaÔ fe acompanhard com hu-
ma fo efpecie; e quando a mefma
clave eftiver na quar-
ta linha, fe
acompanhara com duas efpecies , e fo n a cia-
ve de F fa ut he a que fîca propria, acompanharfe com quan-
tas mais efpecies fe Ihe poderem ajuntar. R.

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REGRA XVÎL

Anto nas fugas, como tambem em outras qiiaefqiier
fol fa s, ordinariamente fe encontrao figuras , que fo-
bem humas a outras de grao, fendo eftas de valor igual, de-
ve
acompanhar com terceira , e quinta , a primeira metade
do que
vale cada huma, e a fegunda com terceira , e fexta j
e ( para
melhor me explicar) achafe no tempo ordinario duas
minimas, fubindo de grào em outro, ou no mefmo tempo
quatro feminimas
duas em cada figno , fubindo igualmente
de grào ; achafe mais oito coîcheas, quatro em cada figno,
tambem fubindo de grào j e como vale tanto quatro coî-
cheas, como duas feminimas , ou huma minima, ha de fe
acompanhar
o primeiro quarto do compafTo com terceira , e
quinta, e o fegundo com terceira , e fexta , até ao fîm defles
que vulgarmente fe chamaô motus gradatis. S.

REGRA XYÎIL

" r^ M quaîquer Tom fe acharà , ou no baixo , ou no
-
lLà acompanhamento a primeira do Tom , ou a feti-
ma j e como efta fempre he mayor, no cafo em que fe
veja menor por caufa de algum accidente, fendo efte
repetido, bavera mudança de Tom , a quai àciimente fe
poderà conhecer attendendo à fua circulaçao na forma
que adiante exporey ; mas quanSo huma fo vez fe en-
contrarem os accidentes, ou aioda are duas, nao bavera
mudança do Tom , o que tudo moflrarey com clareza
no Exemplo. T.

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Aqiiî fe obfervaria nos exemples antecedentes, que
com as efpecies, que em primeiro lugar fe acharaô afÔg-
nadas , nao podia haver mudança , porque todas fao cor»
. refppndentes k circulaçao do Tom de C fol fa ut tercei-
ra mayor , em o quai fe principiou, e acabou 5 e comas
efpecies, que em fegundo lugar fe achaÔ, faz mudar pa-
ra o Tom de F fa ut, nao obftante fer a mefma folfa ^ e
a razaô defta mudança he a feguinte.

A primeira %ura acompanhou-fe com terceira , e
, quinta j efta be a primeira do Tom.

A fegunda figura acha fe acompanhada com fetima,
e efta difculpada em fexta menor, caufli porque naô po-
de fer fegunda do Tom 5 porque efta acompanha fe com
terceira menor, e fexta mayor, e por i/To fica fendo oD
la fol re, fexta do Tom , porque a dita fe acompanha com
terceira, e fexta menor.

A terceira figura acha-fe acompanhada com quinta
, menor , e a efta fe deve ajuntar mais terceira , e fexta ,
conforme deixo dito a pag. 18. e affim jà o E la mi, naô po-
de fer terceira do Tom , porque a fer dévia accmpauhar-
fe «com terceira, e fexta , fica entaô fendo fetima do
Tom j porque efta quando vay para a primeira, acompanha-
fe com terceira, quinta menor, e fexta.

A quarta figura acompanba-fe com terceira, e quin-
ta : he verdade, que a quarîa do Tom, acompanba~fe
j tambem com terceira , e quinta ; mas depois de terem
paffado as figuras antecedentes com as efpecies que te-
i mos vifto , fera primeira do Tem: mayormente vindo o
mefmo figno acornpanhado depois com fegunda, e quar-
ta

À.

-ocr page 54-

ta menor j porque fe efta foffe quarta do Tom, havîa
acompanharfe com fegunda , e quarta mayor , que fao as
efpecies que Ihe compete quando vem da quinta do Tom.

A fexta figura efta acompanhada com quinta me-
nor
J fica efta fendo fetima do Tom ; porque a fer tercei-
ra ;
fe acompanharia com terceira , e fexta.

A fetima figura acha-fe acompanhada com terceira,
e quinta ;
mas depois de te rem paffado as antecedentes
com
as efpecies que fe tem vifto, fera primeira do Tom,
e
nao quarta , mayormente continuando a oitava figura
acompanhada com terceira menor, e fexta mayor, a quai
na5 póde fer fenao fegunda do Tom.

A nona figura acha-fe acompanhada com fetima, efta
defculpada na décima figura , que he o mefmo figno em fex-
ta mayor j e como efta nao he repetida, nem mais fe encon-
tra fuftenido em F fa ut, o quai figno faz a fexta mayor
a A la mi re, nao haverà mudança no Tom , nao obf-
tante a undecima figura fer acompanhada com terceira,
e quinta , pois he o acompanhamento , que fe deve dar
em qualquer figura, que immediatamente defça à outra,
em que fe tenha dado o acompanhamento de terceira , e
fexta mayor, como jà dilfe a pag. 17.

A duodecima figura acha-fe acompanhada com quin-
ta menor
5 efta nao póde deixar de fer fetima do Tom,
pelas razoes que jâ tenho dito j tambem fera primeira do
Tom a décima terceira figura.

A décima quarta figura he fexta do Tom, porque
efta fe acompanha com terceira, e fexta mayor, quando
defce à quinta do Tom pag. 10,

Pe-

-ocr page 55-

Pelo modo fobredito, fe devem examinar as efpe-
cies , para que^ fe nao ignorem as mudanças do Tom ,
as quaes he taÔ neceffario faberfe , que fem pleno co-
nhecimento délias he impoffivel acompanharfe com acer-
to j e como os accidentes fazem as efpecies , e eflas a
mudança do Tom, para que délias haja perfeita certe-
za , darey as feguintes regras,

REGRA XVIII.

JA\' difTe , que na cîave natural fo podem formarfe
dous Tons , que fao o de C fol fa ut terceira ma-
yor, e o de A la mi re terceira menor j e fe no Tom
do C fol fa ut vier hum B mol , continuando efemais
de duas vezes o muito , ou nas efpecies da maô direita, ou
tambem nas cordas do Tom, fera o figno em que fe achar o
Bmol, quarta do Tom , porque efta emtodos he menor,
e a fetima mayor 5 e fe vierem dous , ou nas efpecies da
maô direita, ou no baixo, fendo continuados , fera o lugar
do fegundo B mol quarta do Tom , fe com efte naô
fe encontrar algum fuftinido ; que a encontrarfe, fera o
lugar onde elle fe achar feptima do Tom ; e fe na cla-
ve , ou no continuado da folfa , fe acharem très Bmoes^
fera no lugar do terceiro quarta do Tom , fe efte foc
continuado , e naô fe achar , algum B quadro , que def^
manche o primeiro, porque achandofe , fera o B fa
nii, em cujo lugar o primeiro B mol fe affina feptima do
,Tom,

RE-

-ocr page 56-

R E G R A XIX.

Stas mefmas oîîfervaçoes fe faraö com os fuftenî-

U dos, porque quando em algum Tom dos que fe

podem formai" na clave natural , fe achar algum fufteni-
do , fendo efte eftranho para o Tom em que eftiver, c
condnuando, fera o figno em que elle fe acha, feptima
do Tom , e o mefmo fera
no fegundo , e tambem no
tercciro j e finalmente o ultimo fuftenido fera fempre a
feptima do Tom , e o ultimo B mol quarta do Tom ,
e para mayor clareza.

R E G R A XX.

■^Oda a figura , que fe achar acompanhada com ter-
ceira menor, e fexta mayor, fendo o accidente ,
que forma a fexta mayor continuado neffa figura , ou
em outras fera a que fe achar com o dito acompanha-
mento fegunda do Tom.

R E G R A XXI.

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\'TpOda a figura, que fe achar acompanhada com fe-
JL gunda , ou terceira menor , e quarta mayor , fen*
do o accidente que forma a quarta mayor continuar
do , como acima diife , fera quarta do Tom.

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-ocr page 57-

R E G R A XXIL

^ Oda a figura ; que fè achar acompanhada com
. terceira mayor , e quinta , fendo a terceira im-
propria ao Tom, fera quinta do Tom, fe o acciden-
te que formou a terceira mayor continuar , ou na mef-
ma figura, ou em outras,

R E G R A XXIIL

T

^ Oda a figura, que fe achar acompanhada com ter-
ceira , e quinta menor , e fexta , fera feptima
do Tom, fe o accidente que altéra o baixo , ou di-
minuio a quinta, for continuado 5 que a naô fer, fe cha-
mara quarta do Tom aîterada.

As efpecies falfas nao miîitao nas fobreditas re-
gras ; mas deve-fe refledir da forma , que jà diffe nas
efpecies das fuas defculpas ; para fe conhecer fe ha ou
naô mudança do Tom.

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EfiniçaÔ do Tom, pag. 2.
Definiçao das efpecies , 3.
Como fe deve acompanhar as fete cordas do Tom , 9.
Taboa daformaçao dos Tons, e dos nomes que \'vulgarmente

tem , 14.

Ospontos que podem pajfar de baixo do acompanhamento àe

15. Exemp. A.

Os pont os que podem pajfar debaixo do acompanhamento de i,
15:. Exemp. B.

Os pont os que pddem pajjar debaixo do acompanhamento de |,
16 Exemp. C,

Ospontos que pddem pajfar debaixo do acompanhamento de I,

16. Exemp. D. ^
Os pontos que pddem pajfar debaixo do acompanhamento dely

17. Exemp. E.

Depjois de como fe deve acompanhar os pontos quefobem^ e

defcem, ^ly. Exemp F,
Depois de 4 como fe deve acompanhar 0 ponto que defce de

grdo\'.ij\' Exemp. G.
Depois de i como fe deve acompanhar 0 ponto que fo\'be de

grdo , 18 Exemp. H.
Como fe deve acompanhar os accidentes quando elles fao ejîra\'

nhos noTom y iB. Exemp. I. L.
Como fe deve acompanhar a quinta menor, 18. Exemp. M.
Como fe deve acompanhar os fait os da terceira defcendo , efe\'

gunda fubindo , 19. Exemp. N.
Como fe deve acompanhar quando na extremidade da ma6 di-
reita fe der efpecie majyor ^ ou menor diminuta ou fuper^
flua , 19. Exemp. O.
Como fo deve acompanhar os faltos de terceira defcendo, 19.
Exemp. P.

Como fe deve acompanhar os faltos de quarta, eu quinta, 20.
Exemp.

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-ocr page 60-

s E G u K D A PARTE.

Uando fe achar huma 2., as efpecies que fe Ihe devem ajun-
^ /^r , 25. Exemp. A,
Quando fe achar huma
4. as efpecies que fe Ihe devem ajuntar^
26. Exemp. B.

Quando fe achar huma 7. as efpecies que fe Ihe devem ajuntar y

26. Éxemp. C.

Quando fe achar huma 9. as efpecies que fe Ihe devem ajuntar,

27. Exemp. D. E.

Quando fe achar huma 3. ou hum Bmol, Bquadro, ou fufleni-

do as efpecies que fe Ihe devem ajuntar ^ 27. Exemp. Fi
Como fe deve acompanhar quando na extremidade da mao direi-
ta ficarem preparadas algumas das efpecies diffonantes, 2S.
Exemp. G,

Comofe deve acompanhar as figuras de pequeno valor, 28, ^

29. Exemp. H. L
Js paufas fe devem ^ ou nao fer acompanhadas ^ 29 , e
30,
Exemp. L. M,

Como fe deve acompanhar as figuras cambiadas, 30. Exemp,
N.

Como fe deve acompanhar os pontos de augmentaçat , 31.
E^xemp. O.

Como fe deve acompanhar quando fohre algum ponto do baixo
fe acha acompanhamento de différentes efpecies ,31. Exempt
P.

Como fe deve acompanhar quando fe acha algum floreo no bai-^

xo ^ 31. Exemp. Q.
Como je deve acompanhar asfugas
, 32. Exemp, R.
Como fe devem acompanhar os motus gradatim, 33. Exemp. S, j
Explicaçao das mudanças do Tom, Exemp. T. 1

Obfervaçoes neceffarias para com individu a c 0.6 fe conhecerem |
dosions as mùian^as
43. RegraX^UL e feguinîes.

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