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VELLOSIA
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£¿3323 70
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CONTRIBUIÇÕES
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DO
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MUSEU BOTÁNICO DO AMAZONAS
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VOLUME PRIMEIRO
BOTA.KTICA |
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1885 —1888
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(segunda edição)
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RIO DE JANEIRO
IMPRENSA NACIONAL
1891
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BIBL. INST. VOQR SYST. PLANTKUNDE
Transitorium 2, De Uithof
Heidelberglaan 2
3584 CS UTRECHT ■ Netherlands
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PROLOGO DA PRIMEIRA EDIÇÃO
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BENÉVOLO LEITOK.
A força moral de uma nação não se determina só pelo numero de
seus soldados ou de seus vasos de guerra, pelo incremento de seu commercio ou de sua industria, mas principalmente pelo gráo a que teem attingido as sciencias, as lettras e as artes. São estas que inven- tam o canhão, encouraçam as esquadras, impellem as locomotivas, fazem mover-se as correntes eléctricas, desvendam os mysterios das florestas e do solo e, tornando-os em realidades, transformam-n'os em productos que se derramam pelas fabricas e pelos mercados. E' pela força intellectual e não pela physica, pois, que uma nação progride, que campea entre as outras. Não bastam os arsenaes, as fabricas, as alfandegas, ê preciso que tudo se mova pela força do genio de seus filhos, que descobrem os materiaes que dão movimento aos opera- rios, ás machinas e ás pautas. A provincia do Amazonas, que, no Imperio, possue o territorio
que maior cópia de productos pôde fornecer á actividade humana, ante a marcha progressiva do século, não cruzou seus braços, pro- curou conhecer o que o silencio das suas florestas esconde, para atiradas ao mundo, e para isso teve a patriótica idéa de fundar o seu Museu, cadinho onde se apurarão as suas riquezas, para, depois de conhecidas, serem offertadas á actividade humana. Até aqui só a intelligencia exótica, de longe em longe, percorria
os seus sertões e tirava proveito do que encontrava ; agora, porém, ó |
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VI
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a propria provincia que mostrará o que ella de novo e de util guarda
em seu seio. Fundado o Museu Botânico do Amazonas, pela lei n. 629 de 18 de
Junho de 1883, em 22 de Janeiro de 1884 teve o seu regulamento ; mas circumstancias imprevistas fizeram com que até Junho de 1887 esti- vesse privado de verbas, para a sua completa organização, e por conseguinte baldo de meios para trabalhar. Honrado com a confiança da presidencia, fui immerecidamente chamado para organizar e mon- tar o Museu, e, pondo toda a minha actividade em prova, entrei logo a lutar não só com as difficuldades que se me oppunham pela falta de elementos, como pela indifferença e má vontade que sempre appa- recem, quando surge em qualquer parte uma idéa nova. Apezar dos obstáculos e da luta constante, o Museu poude fazer
apparecer hoje, modesta, sem atavios que deslumbrem, envolta na roupagem lisa da sua consciência, a Vellosia, pedindo ás suas irmãs um lugar para ella, para também entrar no coro daquellas que acom- panham os solos das encanecidas á luz do foco da sciencia. A Vellosia vem temerosa offerecer o que poude respigar no des-
canço das fadigas das lutas inglórias, sobraçando pequena messe, mas que prova que descuidada não andou. O Museu julga-se feliz, por poder, estando ainda sob as faxas
infantis, fazer aquillo que outros não fazem senão depois de lhes ter passado pelos archivos um grande numero de annos. A Vellosia, como a Linnaea, a Malpighia, a Bomplandia, a Adan-
sonia, a Lindenia, e outras, com os seus trabalhos, vem também render um tributo de homenagem, perpetuando o nome do brazileiro notável que se chamou Frei José Mariano da Conceição Velloso, o primeiro botânico que no Brazil chegou a ter publicado o fructo dos seus fatigantes trabalhos. (1) Na falta de um Mecenas, sirva o nome de um redivivo, e que as palmas que porventura colha, prestem para ornar o pedestal da sua gloria. |
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(1) Floree Fluminensis seu descriptionutn plautarum praefetura Fluminensi spontè nascentium
liber prinus ad systena sexuale concinnatus Augustissttnee Dominae nostree per manus IUra. ac 15x n. Aloysii de Vasoncallos & Siuza Brasilae Hro-itegis Quarti etc. etc. Sistit Fr. Josephus Ma- rianas a Conceptione Velloso. Prœsb. Ord, S. Franc. Reform. Prov, Flumin. 1790. |
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VII
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Se deparar também com flores no seu caminho, e nSo se lacerar
nos espinhos que possam tolher-lhe a marcha, essas flores a Vel- losia atira viçosas sobre a fronte dos poucos deputados provinciaes que facultaram-lhe os meios de apparecer em publico. Manda também a justiça que ella aprésente os nomes do Dr. José
Lustosa da Cunha Paranaguá, o presidente fundador do Museu ; o do Dr. Theodureto Carlos de Faria Souto, presidente que dotou o Museu com um edificio próprio; o do Dr. José Jansen Ferreira Junior, que pela sua honradez e patriotismo soube evitar que um golpe de morte fosse vibrado sobre esta instituição; o do Dr. Er- nesto Adolpho de Vasconcellos Chaves, presidente a quem o Museu deve a organização do seu laboratorio chimico, e o do coronel de engenheiros Conrado Jacob de Niemeyer, o presidente que con- seguiu da assembléa os fundos necessários para a marcha regular do Museu. A Vellosia não é mais do que o archivo do que houver de origi-
nal nas investigações feitas no Museu, contribuindo, por meio da botânica, da chimica, da ethnologia e da historia, para o desen- volvimento das sciencias naturaes, da geographia, da industria e do commercio. Apresenta neste primeiro volume, para cumprir o que determina
o art. 22 do Regulamento do Museu, na primeira parte o começo de um trabalho em que são descriptas différentes plantas medici- naes e industriaes, que em consciência parecem ser novas, bem como a descripçâo de 25 palmeiras também novas. Na segunda par- te, infelizmente, só apparecem uns ensaios chimicos, de algumas sub- stancias alimenticias, porque, a despeito de todos os meus esforços e por motivos independentes da minha boa vontade, não consegui obter nenhum estudo de chimica orgânica vegetal, (1); na terceira vem um estudo sobre os vestigios de uma nécropole dos primitivos habitantes do Amazonas e o folklore ou mythologia da mesma região. |
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(1) Nesta segunda edição supprimo essas analyses.
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VIII
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Occupando-se a etimologia não só das leis, costumes, usos, tra-
ços physicos e origem de um povo, mas também da sua lingua, da sua religião e dos seus mythos, vem esses artigos não só ame- nisar aquella aridez que Bernardin de St. Pierre achava na bota- nica, como cumpriras disposições dos arts. 22 e 28 do cap. XII do citado Regulamento. Agora ainda algumas palavras, não aos mestres da sciencia, por-
que estes sempre acolhem pressurosos e com jubilo os esforços de seus confrades, e estão sempre promptos a desculpar algumas fal- tas, mas áquelles que não sabem o que é um banquete na mesa de Linneo. Em geral, para bem determinar-se uma planta, ha o confronto
para a identificação da especie, que é feito nos grandes herbarios ; porém não se dispondo desse meio, ao alcance dos botânicos es- trangeiros, corre-se o risco de se fazer uma dupla classificação ; vale porém rnais isto de que não resulta desar algum, do que dei- xar, por desidia ou incuria, plantas novas ou uteis desconhecidas. Os grandes mestres da sciencia, no foco das luzes, teem cahido em du- plas determinações, que teem ido para a synonymia ; poderá cahir nesse engano o autor destas linhas, porque grande é hoje a litte- ratura botânica, e não lhe é dado possuil-a toda; mas terá cumprido um dever. Fracos são os meios de que dispõe o Museu, mas por isso não
se deve cruzar os braços, sob pena de incorrer n'um crime de leso-paíriotismo, que o autor a si próprio não perdoaria. ' ' i W
O Director do Museu i
J. (Barbosa (Rodrigues
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PROLOGO DA 2a EDIÇÃO
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Devo ao leitor uma explicação pela demora no apparecimento da
Vellosia, que em tempo opportuno deixou de ser publicada. Vem esta edição perpetuar os trabalhos feitos no Museu Botânico do Amazonas durante os annos de 1885 a 1888. Depois de incessantes trabalhos e de lutas continuas, tendo con-
seguido apresentar o Museu organizado e em condições de já poder ser admirado por estrangeiros, levado por odios particulares e políticos, um vice-presidente deu profundo golpe de morte na insti- tuição, que se não se extinguiu immediatamente foi isso devido a esforços por mim empregados. Todavia, se não foi riscada do numero de suas congeneres, de então em diante conservou-se anniquilada, sem meios de se erguer, por não dispor de uma só verba que a animasse, por terem sido os seus meios de existencia desviados para outros fins, pela própria mão que a ferira. Sem verbas, completamente desmontado pela rápida e brusca
mudança de casa, não podendo o Museu soerguer-se, suspendi a publicação da revista, que já tinha um volume em circulação e impressa a parte botânica do segundo. Tendo sahido cheio de erros o volume publicado e impresso em papel de péssima qualidade, retirei-o da circulação, esperando que o Museu retomasse seu antigo curso para então imprimir de novo a revista correcta e digna de ser manuseada. Prejudicial, entretanto, era essa demora aos foros do estabelecimento que eu creara e dirigia, porque não só os trabalhos executados com tantos sacrificios não appareciam, como a sciencia perdia, vendo retiradas da publicidade as novidades que haviam sido alcançadas. |
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X
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Dormiam as estampas do 2o volume, já impressas, o somno dos
condemnados e no esquecimento as especies novas, quando passou o paiz por uma revolução politica que derrubou a parcella de invejosos que perseguiam o Museu e levou para as plagas amazonenses um homem de talento que á illustração aluava subido patriotismo. Tomando as rédeas do governo, desde logo estendeu mão protectora ao Museu Botânico e procurou meios de salval-o e erguel-o á altura que merecia. Immediatamente encommendou para o estabelecimento uma typographia propria que, infelizmente, não chegou a ser montada, porque antes de chegar a Manáos e antes de feitas as reformas que o governador preparava, fui chamado pelo Governo central para tomar a direcção do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Apezar disso, ao deixar saudoso o estabelecimento que tantos trabalhos me dera, mas que o queria como filho dilecto, o Dr. Ximeno Villeroy, o patriótico Governador do Amazonas, ordenou a impressão dos trabalhos que existiam terminados e a reimpressão do Io volume. Apparecem, pois, hoje, esses dous volumes da revista, graças aos esforços daquelle cava- lheiro, pelo que rendo-lhe aqui um publico testemunho de gratidão. Chegando ao Rio de Janeiro, levei aos prelos da Imprensa Nacional
a revista; mas, infelizmente, a grande agglomeração de trabalhos do Governo retardou muito a impressão. O leitor do volume notará agora a falta da Poranduba Amazonense.
Cumpre-me explicar a razão dessa falta. Sendo um trabalho bastante longo, occupando mais de um volume
da revista, de mais de 300 paginas, para não sobrecarregar os cofres do Amazonas, aceitei o convite, que gentil e cavalheirosamente me fez o digno director da Bibliotheca Nacional, Dr. Bittencourt Sampaio, para publicar esse trabalho nos Annaes da mesma Bibliotheca, visto tratar-se de assumpto que interessava essa repartição. De feito, foi a Poranduba impressa no vol. XIV dos Annaes da Bibliotheca Nacional. Julgo de meu dever aqui prevenir o leitor de que, tendo sido apro-
veitadas as estampas que estavam promptas para entrar no 2o volume, assim como as que haviam já servido no Io, nota-se agora na parte botânica, que a numeração das respectivas estampas de I a XIII é
seguida outra vez de outras de I a XXII. Contém, pois, a Eglogae |
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XI
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plantarum novarum 35 estampas divididas em duas series. As es-
tampas que formaram a 2a serie referem-se ao texto da pag. 31 em deante, intercaladas entre as duas series as estampas XXII a e XXII b, que foram posteriormente impressas. Tendo-se extinguido, com a minha retirada, o Museu Botânico do
Amazonas, ahi flcam esses dous volumes como vestigio de sua ephemera passagem no mundo scientiflco, e como prova de que, em curto espaço de tempo, rodeado de contratempos, aquelle estabeleci- mento nfio deixou de ter verdadeira utilidade. O leitor lerá o seu histórico no segundo volume.
Estas paginas resumem os trabalhos de casa, não sendo aqui
consignados os que se referem a noticias do estabelecimento no ex- trangeiro, a informações e propaganda de conhecimentos, nSo só das riquezas, como da geographia, ethnographia, climatologia, vantagens da immigração, etc. Tendo sido modificado o formato da Revista, as estampas não
puderam ser addicionadas ao texto, pelo que formam ellas um volume em separado. Com facilidade o leitor as cotejará coma parte descriptiva. O Director do Museu
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J. (Barbosa (Rodrigues.
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REGULAMENTO N. 49, DE 22 DE JANEIRO DE 1884
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O Presidente da Provincia do Amazonas, usando da attribuição
que lhe confere o art. 24 § 4o da Carta de Lei constitucional de 12 de Agosto de 1834, resolve expedir o seguinte: |
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REGULAMENTO PARA 0 MUSEU BOTÂNICO DO AMAZONAS
CAPITULO I
DO MUSEU E SUA ORGANIZAÇÃO
Art. I." O Museu Botânico do Amazonas ê destinado principal-
mente a estudar botânica e chimicamente a flora da provincia, e vulgarisar os seus productos ; devendo colligir e ter sob sua guarda os productos naturaes e industriaes que visem áquelle fim. Paragrapho único. Estudando a industria indígena, terá também
uma secção ethnographica. Art. 2.° A direcção e fiscalização será exercida por um director,
de accordo com o Presidente da Provincia. Art. 3.° Terá o Museu o seguinte pessoal: um botânico e um
chimico, sendo um délies o director, um ajudante-secretario, um dito desenhista-photographo, e um dito jardineiro, um porteiro, e quatro serventes, de preferencia indios. CAPITULO II
DO DIRECTOR
Art. 4.° 0 director será nomeado pelo Presidente .da Provincia
devendo a nomeação recahir sobre o botánico ou o chimico. Art. 5.° Compete ao director:
§ 1.° Propor ao Presidente da Provincia a nomeação do botánico
ou do chimico, assim como a dos ajudantes e porteiro, podendo os dous primeiros servir por contracto. §. 2.° Nomear e demittir os serventes e rnarcar-lhes o serviço.
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XIV
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§ 3.° Representar ao Presidente sobre as providencias que julgar
convenientes ao estabelecimento,, assignar toda a correspondencia, folhas de pagamento, e rubricar as contas. § 4.° Determinar ao chimico, ou ao botânico, os trabalhos que
julgar convenientes. § 5.° Redigir a revista do Museu, e promover relações com os
estabelecimentos congeneres estrangeiros. CAPITULO III
; DO BOTÂNICO Art. 6.° Compete ao botânico:
§ 1.° Fazer herborisações, colher e colleccionar as plantas da
provincia, segundo os preceitos scientificos. § 2.° Classificar, descrever, desenhar e fazer desenhar as que
forem novas ou pouco conhecidas. § 3.° Organizar um catalogo methodico, onde, além do nome vulgar
e scientifico, se encontrem as propriedades das plantas. § 4.° Reunir todos os productos vegetaes, e conserval-os.
§ 5.° Ter sob sua guarda o herbario em boa ordem e conser-
vação. CAPITULO IV
DO CHIMICO
Art. 7.° Compete ao chimico:
§ 1 ° Analysar qualitativa e quantitativamente as plantas, ou os
seus productos. § 2.° Extrahir os principios activos das mesmas eos productos
chimicos, quer para as collecções do Museu, quer para amostras que tenham de ser remettidas para o estrangeiro. § 3.° Ter sob sua immediata guarda e em boa conservação nSo só
o laboratorio como o gabinete chimico. § 4.° Fazer experiencias com os productos obtidos.
§ 5.° Registrar, methodicamente, com todas as observações e
considerações as analyses que se fizerem, com as respectivas da- tas. §6.° Apresentar mensalmente o resultado dos trabalhos com o
registro acima. § 7.« Fazer extractos e tinturas das plantas toxicas e medici-
naes. § 8.0 Requisitar com tempo e por escripto o que for necessário
para o bom desempenho de suas obrigações, |
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XV
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CAPITULO V
DOS AJUDANTES
Art. 8.° Os ajudantes auxiliarão ao botânico e ao chimico nas
suas excursões e nos trabalhos de gabinete, assim como se auxi- liarão mutuamente. Ari. 9.° Serão nomeados pelo Presidente da Provincia, sob pro-
posta do director, apresentando provas de moralidade e de sabe- rem pelo menos as línguas franceza e latina e arithmetica. Art. 10. Deverão ter a qualidade de cidadão brazileiro, e, quando
não se encontrem especialistas, poderão ser estrangeiros contractados. Art. 11. Além dos requisitos do art. 9o deverão provar que estão
habilitados em desenho e photographia, jardinagem e horticultura, conforme a especialidade. CAPITULO VI
DO AJUDANTE SECRETARIO ■
Art. 12. Compete ao secretario, além dos serviços que como aju-
dante tiver de fazer: §l.°Ter a seu cargo não só a correspondencia officiai, que será
registrada, como fazer todas as cópias dos trabalhos do botânico e do chimico. § 2.° Conservar em boa ordem a correspondencia.
§ 3.° Fazer as folhas de pagamento e organizar as contas.
§ 4.° Ter sob sua guarda e conservar em boa ordem a secretaria
e a bibliotheca do Museu, de que deverá fazer o catalogo. CAPITULO VII
DO AJUDANTE PHOTOGRAPHO E DESENHISTA
Art. 13. Ao photographo desenhista compete :
§ 1.° Tirar as photographias e os desenhos que o director or-
denar. § 2.° Conservar os clichés e desenhos por ordem numérica e
por qualidades. § 3,° Ter sob sua guarda, em boa ordem, conservação e asseio,
o atelier e os instrumentos, assim como os objectos de desenho. Art. 14. Poderá ter atelier particular para seu uso, devendo»
porém, recolher ao Museu, onde serão guardadas, todas as chapas photographias e desenhos a elle destinados. |
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XVI
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Art. 15. Não poderá dispor de photographia alguma, nem de
cópias de desenhos do Museu, sob pena de suspensão ou demissão proposta ao Presidente da Provincia, conforme a gravidade do coso. CAPITULO VIII
DO AJUDANTE JARDINEIRO
Art. 16. Compete ao jardineiro:
§ I." Plantar o horto e dirigir os seus trabalhos, segundo as
instrucções que receber do director. § 2.° Fazer excursões para obter plantas vivas e sementes, sempre
que lhe for ordenado. § 3.0 Ter sob sua responsabilidade a conservação das plantas,
a dos instrumentos agrícolas, assim como o asseio e boa ordem do horto, onde deverá morar. § 4.° Para auxiUal-o terá quatro empregados que serão de pre-
ferencia indios. Art. 17. Das sementes que colher e das que germinarem, poderá
o jardineiro dispor para seu uso da quarta parte, não as podendo, porém, retirar sem ordem e inspecção do director. CAPITULO IX
DO PORTEIRO
Art. 18. Compete ao porteiro abrir e fechar as portas do estabe-
lecimento, velar pela sua segurança, asseio e dependencias, e cumprir as ordens do director. CAPITULO X
DOS SERVENTES
Art. 19. Aos serventes compete, conforme á designação do di-
rector: § 1.° Auxiliar ao porteiro no asseio do edifício.
§ 2.0 Auxiliar ao chimico e ao botânico nos seus trabalhos, e
limpar o herbario sob as vistas deste. § 3.° Empregar-se nos trabalhos da jardinagem e horticultura.
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XVÏI
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CAPITULO XI
DAS EXPOSIÇÕES
Art. 20. Logo que o Museu esteja em circumstancias, ennual-
mente, no dia 29 de Julho, exporá os seus trabalhos e productos ao publico, por espaço da tres ou mais dias. (1) Art. 21. Durante o anno a entrada no Museu só é permittida
aos domingos ás pessoas que o queiram visitar. Paragrapho único. Os naturalistas nacionaes ou estrangeiros e
oquelles que quizerem estudar poderão ter ingresso em outros dias, mediante ordem do director. CAPITULO XII
DA REVISTA
Art. 22. O Museu terá uma revista trimestral, na qual serão
publicados lodos os seus trabalhos. Será dividida em quatro par- tes, na primeira se occupará da botânica, na segunda da chimica, na terceira da ethnographia, e na quarta de historia, geographia estatística, etc, em que noticiará as regiões que forem percorridas pelo pessoal do Museu. Art. 23. Esta revista terá assignantes no paiz e no estrangeiro,
e será distribuida gratuitamente aos estabelecimentos scientiflcos e permutada com outras nacionaes ou de outros paizes. Art. 24. O producto das assignaturas da revista será applicado
ao custeio da mesma revista. Art. 25. Da parte botânica e chimica se tirarão em separado
alguns exemplares, quando se tratar de plantas medicinaes ou indnstriaes, para serem remettidos aos hospitaes, escolas de me- dicina, laboratorios e fabricas, junto a amostras das plantas de que se tratar. Art. 26. Será escripta em francez a parte que servir para vulgarisar
os productos da provincia. CAPITULO XIII
DA SECÇÃO ETHNOGRAPHICA
Art. 27. Todos os objectos indígenas, não só os que pertence-
rem á industria das tribus da Província, tirados do reino vegetal, |
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(1) A primeira exposição foi feita no dia 2) de Ju'ho de 1886, sendo nesse dia inaugurado o re-
trato de Sua Alteza a Senhora Condessa d'Eu, ex-Princeza Imporial do Brazil. |
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XVIII
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como tudo que tenha relação com os seus usos e costumes, serão
recolhidos a uma secção especial. Art. 28. Estes objectos serão distribuidos e estudados por ordem
geographica e de tribus, e serão conservados sob a guarda do director. Art. 29. Sempre que for possível se conservarão photographias
ou desenhos, representando os typos das tribus em posições que sirvam para o estudo anthropologico. Art. 30. Os esqueletos, cráneos, etc. das mesmas tribus serão
conservados. Art. 31. Para o estudo comparativo, serão recolhidos á mesma
secção, numa subdivisão especial, os objectos de louça de barro, de pedra, não só modernos como archeologicos. Art. 32. Todos estes objectos, relacionados, serão desenhados
ou photographados. Art. 33. Nenhum objecto sahirá senão por troca, depois de haver
uma triplicata. CAPITULO XIV
DAS LICENÇAS E SUBSTITUIÇÕES
Art. 34. As licenças serão concedidas aos empregados do Museu,
de conformidade com as leis em vigor. Art. 35. As substituições serão feitas reciprocamente entre o
chim ico e o botánico; e as dos mais empregados conforme a designa- ção do director, percebendo o substituto, além dos seus vencimentos, mais a gratificação do logar substituido quando accumular as funcções. Paragrapho único. Quando as licenças excederem a um mez, o
director do Museu poderá, com autorização do Presidente da Pro- vincia, nomear um empregado interino, que perceberá todos os venci- mentos do cargo. CAPITULO XV
i /
DISPOSIÇÕES GERAES
Art. 36. Os nomes das pessoas que fizerem donativos ao Museu,
já de fibras, sementes, óleos, resinas, troncos de arvores, etc, já de objectos indígenas, serão registrados em livro especial e mencionados na revista. ij Art. 37. Sempre que for preciso o director representará ao Pre-
sidente da Provincia sobre a conveniencia de sahir ou fazer sahir os |
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seus ajudantes para herborisações no interior da Provincia, com segu-
rança e bom resultado. Art. 38. As despezas de viagem do director e seus ajudantes, nos
vapores subvencionados, correrão por conta da Provincia. Art. 39. As horas de trabalhos serão marcadas pela tabella que o
director organizar, podendo começar ás 6 horas da manhã e terminar ás 6 da tarde. Art. 40. O director poderá impor aos empregados pelas faltas que
commetterem as penas de desconto nas gratificações, de suspensão com perda de vencimento até 15 dias, propondo ao Presidente da Pro- víncia, se convier, a demissão ou rescisão do contracto. Art. 41. No caso ultimo do artigo anterior não poderá o empregado
pedir indemnização alguma. Art. 42. Os empregados terão por anno os vencimentos da tabella
junta, que fica dependente de approvação da assembléa, assim como, quando em viagem, mais a diaria de seis mil réis (6$000) para o botâ- nico ou chimico, e tres mil réis (3$000) para os ajudantes. Palacio da Presidencia da Provincia do Amazonas, 22 de Jsneiro
de 1884.—José Lustosa da Cunha Paranaguá. |
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Tabella dos vencimeutos annuacs dos empregados do Museu Botânico
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ORDENADO
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GRATIFICAÇÃO
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1:2
2:000.^000
2:000.{000
800$000
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1:2
6:000$000
6:000$000
2:400$0D0
2:4O0$ODO
2:4003000
l:200$0J0
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Director........... .........
Botânico.....................
Chimico......................
Ajudante-secretario...........
Dito-desenhista-photographo.
Dito-jardineiro...............,
Porteiro.....................
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4:000$000
4:000$000 l:600$000 l:600ç000 1:600$000 SOOijOOO |
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800ÎO00
400|000 |
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Os serventes terão a diaria de 3$000.
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Eclogae plantaram novanim
AUCTORE
J. Barbosa Rodrigues
Direct. Muzei bot. Amaz.
DICOTYLEDONÊÃÉ § EXOGENAE d. c.
Súbelas. 1 HALAMIPLORAE d. c.
o-do ANONACEAE Juss.
Gen. CYMBOPETALUM Bentk,
1. Cymbopetalum odoratissimum (Barb. Rod. Herb.
Mus. bot. Amaz. ri. 635) arbuscula mediocris ramosissima ; ramis • pubescentibus ; foliis membranaceis ellipticis acutissimis basi acutis sessilibus ; pedunculis solitariis supra axillaribus ebra- cteolatis unifloris primo erectis deinde elongatissimo nutantis triplo folium superantibus quam fructibus ; sepalis subreniformibus acutis minutis ; petalis exterioribus lanceolatis acutissimis membranaceis herbaceis, interioribus oblongis crassis ventricosis mucronatis albis ; baccis arcuatis lateraliter compressis pedunculatis subdehiscentibus, 5-spermis, arillo bilobo magno. Tabula nostra I.
Arbuscula tenuis, 2—émet. ait. Ramuli teretes ; cortice cinéreo verruco-
so-rimoso, novelli viridi pubescente. Folia 0m,12—0,ra16X0,05 —0m061at., petiolis subnullis. Pedunculi 0,m3 1g., glabri. Sépala 0m012 lata, 0'n006 lg. explicata. Pétala exteriora extus pubescentia, longitudinaliter laeviter carinata, interiora triplo majora, carnosa, incurva lateraliter juncta, extus pennmervia sulcata,alinea media prominenti in apice attenuata, 0,m05X0m03 lg. Thorus convexus. Stamina flava 0™,006 lg. ; filamentis brevitus ; antherisf |
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ECLOGAE PLANTARÜM NOVARUM
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HAB. in silvis nemorosis prope Parintins, olim Villa Bella da Impera-
triz, prov. Amaz. Pirájauara kiynha in língua tupyca nomina- tur vel Pimenta de boto. Flor. et fruct. in Maio. Olbs. As Anonaeeas da região austro-oriental são representadas no Brasil
pelas Rollinias (embiras), Xylofjias (pacovys), Anonas (araticuns), Guaterias (pinda- hybas), Buguetias ou Aberamoas (biribásj e pelas Bocageas e Cymbopetahms. O genero Cymbopetalum foi creado pelo professor Bentham (1) e incluido nos
Genera Plantarum de Bentham e Hooker (2). O professor Bâillon o adoptou na sua Mémoire sur la famille des Anonacèes e nas Anonaceae Mexicanae Leibannianeae enumeratae (S) e o incluiu também nos seus Genera. Tem por typo a antiga Uvaria brasilienses de Velloso, que Martius acceitou na
Flora Brasiliensis e que ató hojo, se me não engano, era a única especie que repre- sentava o Brazil, porque as outras especies que foram levadas para o geneno perten- cem ao Mexico. Vem, pois, a de que mo occupo a ser a segunda indígena.Distingue-se perfeita-
mente este genero não só das Uvarias, quasi todas asiáticas e africanas, como mesmo de todos os gêneros comprehendidos na tribu das Uvariaceas, pelas tres pétalas internas da corolla inteiramente différentes das externas, como das dos outros gêne- ros, pelo que foi levada para a secção das Mitreplioreas. |
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ordo CAPPARIDEÂE *»,
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' Tribu CAPPAREAE D. C.
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■ .'.'/ , .-i.:.;-''. .;'::.,;/
«on. CAPPARIS Linn.
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Sub. gen. COLIOODENDRON Mart. etEich.
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1. Capparis urens (Barb. Rod. loe. cit. n. 501) caule scan-
dente ; ramulis inflorescentibus calycíbus pulverulente-ferrugineo- tomentosis ; í'oliis petiolatis opposi.tis papyraceis oblongo-lanceolatis acuminatis reticulato-venosis utrinque persistenter albido v. fer- ruginoo-tomentosis ; alabastro suboblongo v. globuloso; bacca magna ovoidea v. subrotunda éoque pulverulentq-albido v. flavido. Tabula nostra II.
'.i ■
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(1) Journ. Linn. Soc. V. 69.
(2) Pags. 27 n. 28.
(3) Adansonia ArIlI, 2G8, 298, 342 ; Hist. des plant. I. 240, 287.
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I/
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ECLOGAE PLANTARÜM NOVARUM 3
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Radix simplex, perpendicularis, flexuosa, longitudinaliter rimulosa,
corti ce extus tabacino, intusalbido amylaceo. Folia 0,m09—0,rallX 0,m04—0,06 lg. Racemi pauciflori v. triflori 0,m02—0,04 lg. Pedicelli cylindracei tomentosi 0,02 1g. Flores anthesi, 0m045 ia diam. Staminibus inflexis subtriplo corollae superantibus ; pistillo erecto tertia circiter parte majore. Perianthium 4-merum. Calix retroflexus ; sépala oblonga, subobtusa concava extus pilis stella- tis, tomentosa. Pétala, alba, patentia, calyce duplo longiora, obo- vatata, brevi-unguiculata concava, marginibus recurrís. Discus calycis in squamulas liberas carnosas triangulan emarginatas, pro- ductus. Stamina basi subincrassata glaberrima. Ovarium cylin- draceum, extus pilosum uniloculare ; stigma conico-discodeum. Bacca 0,m06—0,mllX0m04—0,m071g. pulposa, polysperma. Se- mina reniformia, 0,m015X0»m005—0,m007 lg. fusca albido pilosa. HAB. in loois arvensis, ad Parintins, olim Villa Bella, et ad Manâos,
prov. Amaz. Flor et in Sept, et fruct. in Sept et OcL. Incolis Cipó-taia nuncupaiur. |
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OTbs. Entre as plantas que crescem nos logares de terras argillosaso seccas
que foram cultivados, e depois postos em abandono, torna-se notável o cipó-taia. não só pelas suas bellas flores brancas, como pelo principio acre, volatil, estimu- lante, e vesiflcante que teem as suas profundas raizes. Posto que as hastes participem das propriedades das raizes, comtudo não são
tão enérgicas, nem tão proveitosas, por conterem menos quantidade de principio activo. O effeito das cascas pisadas ou reduzidas a pó, misturadas com uma pequena quantidade de agua fria, até á consistencia das papas, ó o mesmo que o dos syna- pismos da Synapis-nigra ou mostarda, sendo ainda mais irritante e vesicante. Por esse motivo, os indígenas delias se aproveitam no tratamento do rheuma-
tismo, que chamam haruara, no enfraquecimento das pernas, o sempre com tão grande proveito, que levou a serem também applicadas no tratamento do beribéri, conseguindo-se curas extraordinarias. O autor destas linhas, tendo sido atacado pela terrível enfermidade, que o pri-
vava quasi de andar, lançou mão desta planta, e synapisando diariamente as pernas, aos poucos voltou-lhe a sensibilidade, perdeu a dormência e desappareceu-lhe a inchação, ficando perfeitamente bom. Para fazer desapparecer o ardor que causava a queimadura, tomava banhos de
outra planta, que aqui descrevo, a anti-febril Siparuna fœtida ou Kaa-pitiù, que auxilia a cura, e no momento produz um bem-estar inexplicável. Poucas não teem sido as pessoas que, atacadas do terriyel mal, teem recobrado a sua primitiva saúde, graças às propriedades benéficas desta planta, que não posso deixar de recommendar. Pertence ella ao velho genero Capparis de Linneo, porém, pelos seus caracteres,
pela primeira vez se apresenta no mundo scientiíico entre as suas congéneres. Di- versas são as especies distribuidas em varios sub-generos, porém nenhuma delias é a que agora aqui descrevo. Entre as especies relacionadas por De Candolle, Duchartre, Eichler, não está
incluida esta, que por isto dou como nova, apezar do nome cipó-taia, cipó .que queima, ser muito antigo. E' verdade que esse nome se dá também a outras espe- cies, porque Marcgralf, o companheiro de Pison, e medico do conde de Nassau, liga, na sua Historia rerum naturalium Brasiliae, o nome çapotaya à especie que Linneo denominou Capparis cynophallophora, que pertence à tribu Cynophallea de De Can- dolle. Não se deve também confundir o cipó-taia com a haataia, que ó o Plumbago scandens de Linneo, planta também dos alqueives do Amazonas e do Pará, porém de paragens húmidas. Os seus fructos não são vesifleantes, como os da Crataeva Benthamii de Eichler,
conhecida vulgarmente no Pará por Catauary, ou Cataure no Amazonas, que não ô o tapiá do Sul, a Crataeva tapia de Linneo, cujos fructos são também vesifleantes. |
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é EGLOGAE PLANTABtIM NOVARUM
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ordo VIOLARIAE èmi
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Tribu VIOLEAE D. C.
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Gen. COKYNOSTYLIS Martius.
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Coryttostylis palus fcjrïs (Barb. ïlod. I. cil., n. 654) folia
oblonga acuta ; sépala lato-ovaía subobtusa ciliata ; pétala 4 supe- riora adscendentia. inaequalia, postica oblonga v. obovata concava, intermedia multo latiora obcordata recurva, antica longe calca- rata lamina obcordata emarginata marginibus crispifoliatis calcare lamina majore contorto. Stamina cohaesa. Stylo staminibus inulto j3xcedente. Ovário trilineato piloso. Tabula nostra III.
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Frutex summas arbores scandens. Rami tereties sinistrórsum volubiles,
cortice suberoso longitudinaliter rimoso, fuscicentes ; ligno radiato Folia basi in petiolum subacuta, 0m,06—0,'"15X0,m04—0,m08 lg., subintegerrima, minute-serrata, utrinque nitidula, pinnato ner- vosa, reticulato venosa, ad lentem subtus nigro-punctata, nervis subtus prominutis. Petiolum teretiusculum laeviter canaliculatum, 0,'"012—0,m007 lg. Flores in superioribus axillis solitarii et ad ápices ramulorum in racemis abreviatis. Sépala subaequalia, con- ■ cava, mucronata, ciliata, unum semper major, 0,m012—0,m006X 0,m009—0,m013 lg. ; intermedia, ápice recurva, lineata, 0,022X 0,m017 lg. ; antica lamina longitudinaliter subplicata recurva ; ad basin quinqué crispo-striata, petalis intermediis paulo majora in calcar abeunte amplum 0,m04, conicum, contorto-complanatum obtusum, nervo medio prominente, cylindraceo pedunculis subtri- plo majorem. Stamina cohaerentia ; antherae loculis sub sagittato- divergentibus, membrana terminali subrotunda, imbricatá loculis minora ; calcar commune, staminum anticorum antheris duplo majorem, falcatum, barbato villosum ; appendices staminum inter-r mediorum brevissimae, ciliatae. Oyarium oblongum, triaplanatum, triliniatum, barbato-yillosum. Stylus elongato-clavatus, compla- - natus, curvatus, cavus. Stigma oblongo-perfuratum ad margini- bus laeve. Capsula mihi ignota.. |
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HAB. adripas inundatasiga.ra.pe Manâos, prope Manâos, in prov. Amaz.
Flor. Aug. |
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5
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ECLOG-AE.-PLANTAR.UM. NOY AR UM
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Otos. Até hoje uma só especie continha este genero estabelecido1 pelo Doutor
Martius, em 1823, nos Nona genera etspecies plantaram, o C. hybanthus, o Viola hybanthus de Aublet, cuja synonimia ó grande. Até certo tempo tive a planta que- descrevo, como sendo a mesma do celebre phytographo das plantas brazileiras; porém, estudando-a melhor, encontrei diflerenças que me levam a consideral-a, não variedade, mas especie distincta. Quando em 1846, explorou o Amazonas o Doutor Ricardo Spruce, encontrou em Manáos uma variedade de folhas menores e pubescen-■• tes, que não é a de que trato, que tem as suas completamente glabras, mesmo quando novas, apenas pontuadas de granulações pardacentas, que se observam mi- - croscopicamente. Entre outros caracteres afasta-se da de Martius pelos estâmes i unidos, pelas pétalas posteriores maiores, pela anterior muito em'arginada, pelo esporão desta ser torcido desde o botão, pela forma e pubescencia do esporão dos ■'■ estâmes, e pela inflorescencia em racemo terminal, sendo raras vézes axillar, e quando assim acontece, as flores se apresentam solitarias. E' um grande sipo, que se ramitica muito, sempre coberto de basta folhagem,
que cresce nos logares que se alagam, e que logo no começo da vasante se cobre de flores de um branco de leite, de aroma delicado, porém quasi imperceptível!. •■■*,'; |
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ordo POLYGALEA0EAB m*.
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oen. BREDEMEYRA wfflï.
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Breclemeyi'a Isabeliana (Barb. Rod. loo. cit. n. 69)
caule scandente; ramis pubëscentibus ; foliis oblongis v. ellipticis acuminatis mucronatis petiolatis nitidis glabris ; panicuHs axilla- ribus et terminalibus ramosis, floribus parvis ovatis pedicellatis ; sepalis inaequalibus concavis, extus pubescentibus -r petalis margi- nibus ad basin ciliatis utrinque ia médium pillosis ; carina intus pubescente ; vagina staminia ad apicem dense ciliata ; ovario glabro ; stylo geniculato pubescente. Tabula nostra IV. -fig. B.
i
Caulis 0,raÔ2—0,m10 diam., ad cacumina arborum scandens. Folia
0,m08—0,ml3X0,m036—0,m050, utrinque glabra, nitida, subco- riacea, vena media subtus prominente brunnea super pubescente. Paniculae amplae, compactae, ramulis crëbris petentibus pubescen- tibus, inores viridi-albi 0,m003 1ongi. ; pedicelli parvi pubescen- tes. Sépala exteriora sub-orbicularia, extus pubescentia, interiora multo-majora0,m002 longa, utrinque pubescentia. Pétala oblonga, truncata. Carina unguiculata, cuculliformis, plicata¡, intus pu- bescens. Vagina staminea ad apicem' dense pillosa: filamenta brevia, inflexa. Ovarium ellipticum, glabrum. Frucûus ignotus. HAB. m- prov. Amazonas m site inundatis>: prope Manáos, olim
Barra do Rio Negro. Flor, in Jan* |
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G
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ECLOGAE PLANTARUM N0VARUM
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Otos. O genero Bredemeyra de Wildenow lioje reúne os géneros Comesperma
Labill, e 0 Catocoma Poep. et Éndl. Admittido por Bennet em sua monographia das Polygalbaceas, tendo como synonimos os gêneros acima, comtudo Bâillon ainda acceitou o Comesperma e nelle inclue o Bredemeyra, apezar de Endlicher, St. Hilaire, de Cando lie, Bentliam e Hooker o respeitarem. Com effeito, teem razão esses legisladores da sciencia, considerando-o distincto,
porque, em relação ás especies americanas, o genero Comesperma não as caractérisa bem. As especies da Australia desse genero teem em geral as pétalas ligadas á carina, emquanto as americanas as teem livres. E' um genero que hoje conta mais de 13 especies, umas do Norte, outras do Sul do Imperio. São plantas das capoeiras que crescem, já nas vargens húmidas, já nos terrenos elevados, sempre em logares argilosos, tendo as das terras seccas as propriedades medicinaes mais enérgi- cas. Não posso deixar de destacar esta especie entre as conhecidas e descriptas, pois, em nenhuma destas encontrei caracteres que se identifiquem com os da que trato. Embora se approxime dai?, floribunda Willd., e mesmo da B. altíssima Bennet, apre- senta caracteres que a aiïastam de ambos. Considerando-a nova, aqui a descrevo, impondo-lhe o nome de uma Senhora que, por sua posição e por seu amor á flori- cultura, tem animado e protegido a botânica, que deve-lhe já não pequeno numero de descobertas reconhecidas e sanccionadas pelas autoridades europeas: Sua Alteza a Sereníssima Senhora D. Isabel, Princeza Imperial e Condessa d'Eu. Tendo-se fundado o Museu Botânico do Amazonas sob os auspicios da mesma Sereníssima Se- nhora, por dever e por gratidão, a ella dedico esta especie. O genero Bredemeyra até aqui não tem sido mencionado na therapeutica e nem
St. Hilaire, nem Martius attribuiram-lhe propriedades medicinaes, que se encontram na familia a que pertence. O professor Alfredo Guilherme Bennett na resenha dos usos das Polygaleaceas publicada em sua monographia, em 1874, nada adianta sobre as do genero Bredemeyra. O mesmo acontece a Bâillon, Richard e outros. Em geral as especies dessa familia teem propriedades que entram na classe das evacuantes e alterantes (polygala) e na das amargas e adstringentes, como as Kramerias e Rata- nhia. Todavia as especies do genero Bredemeyra entram na classe dos tônicos e esti- mulantes, tendo uma acção muito directa sobre os órgãos do sexo feminino. A espe- cie B. Kunthiana de Klotz, ou Comesperma Kunthiana de St. Hilaire, conhecida no sul de Minas, principalmente em S. Gonçalo do Sapucahy, pelo nome de raiz do João da Costa, é empregada efHcazmente nas leucorrhéas, já empiricamente, já em for- mulas medicas. Meu irmão, o Dr. Arthur Barbosa Rodrigues, com a raiz dessa especie prepara um vinho e um xarope, procurados em toda a provincia de Minas- Geraes, como o antileueorrheico mais enérgico. A especie de que trato apresenta as mesmas propriedades. |
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Gen. SECUMDACA Linn.
Seeuriclaea rosea (Barb. Rod. loc.cit. n. 19) caule fruticoso
scandente, ramulis puberulis ; foliis oblongo-lanceolatis acutis gla-
brís vena media supra puberula et lateralibus subtus prominenti- bus; racemis v, paniculis gracilibus elegantibus ; sépala exteriora extus hirsuta ; aliae magnae intus ad basin laevissime ciliatae, in dentem subito elongatae ; carina laeviter cristata, marginibus ad basin ciliolatis ; ovario glabro postice papuloso, stylo elongato in- curvo ; fructu samaroideo guttato ala magna nervosa marginibus crenatis. \ Tabula nostra IV. fig. A,
Caiais 1—-3 m. long. ; rami gracili, versus apicem pubescentes. Folia 8
—0,ra09X0,m03—0,m05 longa. Racemi v. paniculi terminales. Floren 0,m13 longi ; pedicelli minimi, pubescentes, bracteae lineari-lanceolatcC, caducai. Sépala exteriora viridia, inaequalia, 1 , ¡
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7
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ECLOGAE PLANTARUM NOVARUM
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extus hirsuta, superius concavum, suborbiculare, unguiculatum
extus, pubescente. Ovarium parvum, compressum ; stylus longus. Fructus corpus ovatum, 0m,008X0m,005 ala dorsalis irregula- riterdentata fractura circumdantem 5—13 lata; ala altera abor- tiva oblonga. HAB. aã ripas fluminis Yauapery in Rio Negro, prov. Amaz. Incolis
P'ombinha nuncupatur. Florei Martii. Ofos. Entre as especies deste genero citadas e descriptas por Guilherme
Bennet, em abril de 1874, na Monographia das Polygaleaceas que faz parte da Flora Brasiliensis de Martius, as 18 mencionadas são do Valle Amazónico, afastando-se, entretanto, de todas, a especie de que trato. Approximando-se da S. lanceolata em alguns caracteres floraes, afasta-se, comtudo, de todas pela fôrma dos fructos, que, samaroideos como os das congeneres, não tem a aza erecta e alongada, e sim des- envolvida lateralmente com as margens profundamente crenadas. A aza abortiva que em algumas especies não forma mais que uma pequena apophyse, nesta se apre- senta bastante desenvolvida. E' esta uma das plantas que nos mostra o quanto ha ainda a estudar na flora
Amazônica. Sendo uma das mais vulgares, conhecida por Pombinha, allusão às flores, desportando attenção por suas panículas de flores roseas, como se nota em março, teem comtudo escapado á observação dos naturalistas que passam pela região do grande rio. Suas folhas quando esfregadas produzem grande quantidade de espuma, consequência do principio activo do acido polygalico. Não me consta que esta especie tenha propriedades medicinaes, embora o vulgo empregue plantas desta familia em remedios caseiros, baseado talvez nas propriedades tônicas, adstrin- gentes, amargas e eméticas que as levam para a classe dos evacuantes e alterantes |
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ordo TERNSTROEMIACEAE ma. <*>
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Tribu BOMETIEAE anu.
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Gen. CARAIPA Aubl.
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Conspectus diagnostieus specierum
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Folia lanceolata extus glandulosa-pilosa.
PiH stellati. Petiolo laevi............................. 1. c. palustris sp. nob.
Folia elliptica extus glandulosa.
Pili nulli. Pitiolo rugoso........................... 2. c. SYLVATicA sp. nob.
Folia oblonga extus glanduloso-pilosa.
Pili claviformi-ramosi. Petiolo piloso........................... 3. c. sp ü ri a sp. nob.
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(1) Remarque. Je reproduis ici les diagnoses que j'ai publiées sous le titre O Tamá-
koarè, especies novas da familia das Temstroemiacias, car elles étaient pleines de fautes littéraires. L'auteur,
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V8 -ECLOaAE PLANTABTJM KOVARUM
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<tfbUa ovMo oblonga est us incano-pilosa.
, Pili. cooferti. petiolo arcuato-rugoso____,...........,,...... 4. c. laceruaei sp. nob.
"Folia oblongo-laneeolata pelluoido-punctata.
Pili nulli. Petiolo rugoso........................... 5. c, insidiosa sp. nob.
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1. Caraipa palus t vis (Barb. Rod. in Tamakoaré, spec,nov.
da fam. das . TerpMroem, pag. 5) floribus hermaphroditis raro apetalis ; receptáculo convexo, androceo supero. Calyce 5-par- tito, laciniis quinconcialibus sub-aequalibus lato-ovatis obtusis concavis intus glabris extus fulvo-pilosis. Petalis alternis liberis oblongis incurvis subaequalibus, induplicato-imbricatis, ápice cu- cullaío interdum lobato. Staminibus oo circa ovarium evolutis insertis, exterioribus minoribus, filamentis liberis \antheris extror- sis, connectivo crassiusculo obtriangulato, ápice concavo transver- saliter sulcato, lpculis longitudinaliter rimosis. Ovario cónico 3rlocuIare, loculis 1-2 ovala tis. Stylis pubescentibus, ápice exea- Tato. Fructu capsulan cónico trígono, putamine 3-loculari .'dehiscente. Seminibus 3 compressis plusve minusve lanceolatis dorsaliter angulosis. Embryone crasso carnoso albuminoso, coty- ledonibusplano-convexis. Radiculis brevibus superibus. Tabula nostra V. fig. A.
Arbor 8m—KFXIO^SO—10m,60 lg. ; cortice laevi, crocato, transver-
saliter rugoso. Rami suberecti vel erecti, coma laxiuscula. Folia lanceolata, acutissima, brevi-petiolata, petiolo laevi, basi angustata, subtus pallidiora, microscopice glanduloso-pilosa, pilis stellatis, 0ra,12-0m,25X0m>04-0m,081g. Petioli 0"\006—0m,012 lg. Rami prae foliis minores, densiuscule floriferi, pilis cinnamomeis adspersi. Pedicelli yüosi, calycibus-majores, 0m,004—0m,006 lg. Bracteae late lanceolatae, pilosae. Sépala extus fulvo-pilosa, pilis ramosis, 0m004—0m,,005X0m,003—0m,004 lg. Pétala sepalis multo majora, 0m,01j5—0m,016X°m>010 — 0m,0T2. Capsulae acutae, pilosae, 0m,04x0m,021g. HAB. in silvis humidioribus riparum igarapés Castelhana, Cachoeira
et Caehoeirinha, prope Manaos. Flor. Oct. etJunfruct. Jan. Incolis Tamakoaré do igapô nuncupatur. S. C. silvática (Barb. Rod. loo. cit. et in Herb. Mus. Bot.
Amaz. n. 453) arbore excelsa 10m—20mX0,m50—lm, cortice longitudinaliter rimoso einereo-rufescenti. Ramis erectis coma densa. Foliis ellipticis acuminatis obtusis brevi-petiolatis, petiolo rugoso 0m,010—0m,012 lg., basi rotundatis, extus glandulisglobu- losis obtectis, 0m,13—0m,15X0m>05—0m,07. Flores et capsulas non yidi. |
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Tabula nostra V. fíg. B.
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ECLOGAE PLANTARUM NOVARUM
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HAB. in silvis primaevis humidioribus ad rio Tarumã-uaçú in Rio-
Negro, prov. Amazonensi. Incolis nuncupatur Tamakoaré-reté. 3. C spuria (Barb. Rod. loc. oit. n. 554) arbore rnediocri
3m—7mXQm> 15— 0m,25 \g.,cortice laeviflavescenti. Foliis oblongis acuto-obtusis subtus pallide pilosissimis, nervis salientibus, puis ramosis obtectis, 0,m25 — 0m,32X0m,08—0m,17 1g. Racemis velpa- niculis prae foliis minoribus densiuscule floriferis fuscis pilosis. Capsulis subrotundo-trigonis acutis rngosis, pilis ramosis ferru- gineis obtectis. Tabula nostra V. fig. C.
HAB. ad ripas Rio-Negro in Amaz. Fruct. Mart. Incolis Tamakoaré-
rana nuncupalur. 4L. C Lacerdaei (Barb. Rod. eoodescr. mss. Flor. Paraensis,
VII, pg. 276) arbore 40 ped. lg. ramosa, Ramis alternis ciñe- reis rimosis aphyllis. Racemis foliosis luteis verrucosis sub 4-angulatis. Foliis ovato-oblongis aliquando ovato-lanceolatis, basi rotundata, mai^gine ondulata, acutis, apice emarginato, subtus minutissime pilis, elevato-punctatis 6—7X3—3 i/i pol. log. Ca- psulis trigonis pyramidalibus submuricato-verrucosis. Inflorescentia termiiialis axillarisque paniculata panícula oblonga sordide
lútea simplici breviter pedunculata bracteata folio breviori ramis alternis brevibus 4—3—2—1 floris. Pedúnculo commimi brevi aliquando subnullo tetrágono villoso
basi articulato squammoso squammis ovatis acutis villosis primum luteis deinde castaneis. Bractea una ovatâ subulata sordide lutea ultra médium recurva ; bracteae aliae ovatae acutae luteae unà sub singulo pedicello sordide luteo villoso tetrágono aliae ab basin singuli pedicelli oppositae insertae. Calyx hypogynus monosepalus profunde 5 partitus coriaceus
villosus sordide ex luteo viridis laciniis cordatis ciliatis acutis aequalibus margine revolutis—duabus internis duabus externis quinta demidio interna- demidio externa corollae quintuplo brevio- ribuE1 petalis alternis persistentibus. Corolla hypogyna 5—pétala petalis recurvis superne albis sübtus
luteis obovatis villosis ciliatis basi angustioribus unguiculatis mar- gine hinc subrectis illic convexis apice rotundatis emarginatis aui'iculato appendiculato appendiculo a margine recta proeminente —insertio dubia partira calyci partim tubo staminiforo—laciniis calycis alternis. Filamenta lutea capillaria indefinito receptáculo sub germine
inserta (plurima ultra 300) corolla breviora basi in parvum tubum connata—1—antherifera marcescentia. Antherae luteae terminales medifixae ovato oblongae basi acutae apice bifidae biloculares loculis luteis segregatis a medio usque ad apicem lateris connectivi carnoso—trapezoïdei insertis longitud inaliter dehiscentibus. Pollen luteum. Ovarium unicum superum luteum villosum ventricosum muri-
cato verrucosum basi et apice attenuatum medio ventricosum (2 VOL. I. 2
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ECLOtóÊ PliAftTAfeüM NOVAftÜM
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turbinatum) b-feviter pedicellatum 3—loculare loculis 2—spermís
ovulis oblongis trigonis summae placentae insertis. Stylus 1 luteus villosus basi 3—gonus 3 sulcatus postea subtri-
gonus. Stigma lorbiculatumluteum obsolète trilobum trisuleatura. Capsula 3-gona pyramidalis non pedicellata 2 poli. longa 2 l/t
poli. lata submuricato-verrucosa praecipue ad ângulos per angulis se ãperiens 3 locularis 3 valvis loculis 1 an 3 spermis seminibus ovato oblongis aliquando subtrigonis summae placentae insertis perispermate praeditis corculo recto bicotylôdoneo radicato coty- ledonibus orbiculatis radice simplici truncato in ápice perisper- matis obvesse pósito. Valvis capsularum medio non septiferis per margines super pla-
centam 3 alatam sive 3—septiferam insertis—sumitati cicatricibus insertionis seminiorum praeditis. Arbor40ped. alta ramosa ramis alternis ciñereis aphylis ; ra-
mtttis aphylis pulvinulatis ; ramunculis foliosis luteis verrucosis sub 4 — angttlatis. Folia perinnantia alterna ovata oblonga (aliquando ovato lanceo-
lata) basi rotundata sed in medio acuta (ast in lanceolatis acutis) margine undulata cartilagínea integra reflexa lútea—ápice angus- tata rotundata emarginata in alus acuto acuminata acumine in ápice rotundato emarginato—superne viridia laete splendentia canaliculata concava minutissime excavato punctata ad nervos sul- cata nervo medio plano lúteo alus indistinctis subiente villosa pilís raris minimis castaneo luteis—subtus incana minutissime elevato ponctata pilis ad lentem supernis confertioribus nervosa nervis elevatis mediano lúteo lateralibus alternis prope marginem anasto- mozantibus—6—7 */s poli, longa 3—3 f/9 poli, lata—petiolata petiolo contorto arcuato rugoso superne canaliculato subtus con- vexo exstipulato circiter 1 poli. longo. HAB. Pará: fluv. Ahuatityba prope YamM-açulecta; floretDecembro
Cortice adstringenti odoris sui generis. Ex Lacerdei.
£>. C insidiosa (Barb. Rod. 1. cit. n. 653), arbore excelsa
I0m—20mxOm,50—0m,801g., cortice transversaliter rugoso cine- reo-flavescenti intus carne-rubeati. Ramis erectisv. suberectis laevigatis, coma densa. Foliis oblongo-lanceolatis acuminatis, brevipetiolatis, petiolo rugoso, basi acuta, subtus pallidioribus, pellucido punctatis glabris, costa medio lateralibusque prominenti- bus 0m,13—0m, 2lX0m,04—0m,07 lg. ; petiolo intus canaliculato torto 0m,005—0m,010 lg. Floribus et capsulis ignotis. HAB. in silois primaevis nunquam inundatis ad flumen Taruma-miry
in Rio Negro. Tamakoaré indianorum. Nota. Deixo de aqui fazer algumas observações, porquanto já largamente
destas especies tratei no meu opúsculo intitulado O Tamakoaré. especies novas da ordem das Ternstroemiaceas, da p:igina 7 a 23. |
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ÉCLOGA? PLANTAREM NOVAKÜM
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Gen. CARYOCAR. Kan.
Caryocar toxíferum (Barb. Rod. loe. <cit. n. 458), folias
longe petiolatis trifoliatis Miolis breviter petiolulatis obovaíibus v. ellipticis acuminatis laevrter crenulatis v. laevis titrinque glabris, subtus venarum prominulis, medio majore^ stipulae binis in ápice petioli iater pedicellos er-ectis ineurvatis ; drupa globulosa, mezo- ■eapio butyroso, endocarpio lignoso, muricato, in setas rígidas intra mezocarpium produetis 1-spermo. Tabula riostra VI.
Arbor 10m alta. Petiolo cylindraceoOm,(i)6 longo. Folióla subcoriacea,
superiora majora 0ra,H—13X'0m,067 longa, nervis secundarias suboppositis vel alterais utrinque-9—10. Drupa 0m,08 in diam. <HAB. insilvis umbrosis ad Tarumâ-uaçú,propê Manáos, et in rio Yau~
pery. Incolis Pekeá -rana nuncupata «erUariky a d Rio Braneo. Fructificad Aprili. Olbs. O velho genero Caryocar de Linneo ou Rhizobolus de Gardner, e Acan-
thocaryx de Arruda Cámara (1), constituiu a principio a familia das Rhizoboleaceas, creada por Pyramo de Candolle, porém Bentham e Hooker, nos seus Genera, inclui- rán! essa familia na das Ternstroemiaceas de Mirbel, sendo hoje uma sub-familia desta. Aublet em sua Histoire des Plantes de la Guyane Françoise, vendo a diffé- rence que havia entre as especies deste genero, dividiu-o em dois, dando para nomes distinctivos e seientiflcos os vulgares que tinha ; assim creou o Saouari (3-foIiatisJ e o Pekeá (5-foliatis), divisão que Da Candolle acceitou, conservando, comtudo, para ella o genero Caryocar. A especie em questão pertence aos Saouaris de Aublet, ou pekeà-ranas, isto é, teem as folhas ¡trifoliadas. Até hoje, nesta Âwir são estão descriptas 5 especies, que são os C. nuciferum, glabrum, viüosum, amy- (jdalifermn e bar.binerve, porém nenhuma delias éa.de que trato, como :se verá con- frontando as diagnoses, pelo que a considero nova e como tal aqui a consigno. B' uma bolla arvore das florestas dos rios Negro e Yauapery, de excellente madeira para construcçOes internas e marcenaria. Os indios aproveitam-se das cascas dos íructos, .que são ¡muito toxicas, para matarem peixe nos igarapés. Socadasas mesmas batidas em uma porção d'agua e derramada esta no rio, embriaga e mata peixes como o timbó (Paullinia pinnata) e conaby (Phyllantus :brasiliensis). Os indios Maku- chys empregam o mesmo proeesso com as folhas. Ordo K3Â.OINEAE Miers
Entre as plantas descobertas nos cincoannos (de 1786-1791), em que
de Palissot de Beauvois residiu em Guiné e reunidas sob o titulo de Flora d'Oware e de Benin, figura uma colhida em Chama, -nas -margens do rio Santo Yago .que serviu de typo ¡para um novo genero, a que o mesmo bo- |
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(1) Posto :que joven baixasse.á sepultura, o Dj. Manoel d'Arruda Caonaxa, natural de
Pernambuco, e que viveu mais ou menos de 1798 a 18.02, foi o .autor das Centurias Pernam- bucanas, ou Flora de Pernambuco, cujo manusoriplo desappareceu, indo parar ãs mãos do meu velho e sempre lembrado amigo conselheiro Ereire AUemão algumas estampas e notas incompletas, que, pela morte deste, também desapna.recaram. |
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tánico deu o nome de Lasianthera, e que levou para a familia das Ampe-
lidaceas,*onde o conservou De Candolle (Prodr. I. pg. 63), assim como Endlicher (Gen. Plan. pag. 797, n. 4571), entre os gêneros incerta sedis. Mais tarde Miers (Contr. I. pag. 27, edSeem.Journ.ofbot.il pag. 260), separando as Icacineaceas das Olacineaceas, entre aquellas foi incorporado o genero de Beauvois, pelos caracteres que firmou e que o separaram completamente dos da familia creada por Kunth, as Ampeli- daceas. O professor Bâillon {Adamsonia, III, pag. 367), quando mudou o nome das Icacinaceas para Mappiaceas, entre estas incluiu o genero afri- cano, para mais tarde, porém, levando a das Mappiaceas para a tribu da familia das Terebinthaceas (Hist. des Plant., V. pags. 279 e 329), ahi o incluir. Apezar dessas mudanças, Hooker e Bentham, nos seus Genera Plantarum (I. pag. 350) o incluíram entre as Olacinaceas (tribu Ica- cineas), onde também Walpers o conservou (Ann. Bot. syst. VII. pag. 561). O meu sabio amigo Odoardo Beccario, autor da magistral Malesia (I. pag. 107), trabalho em que elle descreve plantas colhidas em sua via- gem ao archipelago Indo-Malasio e Papuano, leva o genero em questão para as Icacineaceas, serie das .Mappieas, onde também o colloco, justificado por Adolpho Engler, que das Olacinaceas também separou aquellas, levando para entre ellas o genero Eummeria de Martius, queé entre os gêneros brasileiros ô que mais se approxima do africano. |
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Tribu MAPPIEAE Becc.
Gen. LASIANTHERA PaU. Beaur.
Lasianthera Amazônica (Bab. Rod. Zoe. cit. n. 337), ra-
mulis subflexuosis raro divisis alterneis ciñereis pubescentibus ; foliis subcoriaceis utrinque glabris, subtus prominulis reticulatis, nervis mediis atque lateralibus prominentibus obliquis oblongo- lanceolatis longé obtuse acuminatis, base acutis, petiolo crassius- culo supra profundé sulcato ; laminis multo brevioribus paniculis folio minoribus, pendulis, pubescentibus, calyce piloso ; petalis oblongis acutis glabris ápice inflexo uncinatis puberulis ; stami- nibus petalis aequilongis basi attenuatis, ad apicem dilatatis ibique intus pilis longissimis obsitis ; antheris lateraliter longitudinaliter dehiscentibus, loculis parallelis. Ovario glabro cylindraceo, glán- dula pistilloidea opposita ad basin aueto ; drupa assimétrica, oblonga, compressa, uno latere crustáceo sulcata angulis 3 dis- tincte prominentibus alió carnoso. Tabula nostra VII.
■ ¡S
Arbor tenuis, erecta, 4—5 m. alta, O'11,60 diam. cortex cinéreo laevis.
Rami valde propendentes, ramulis subflexuosis. Folia 0m, 29. . 0m,09 longa acumine 0m,02 exeuntia, petiolo 0m,05 longo. Paní- cula 0m, 10 longa, dívaricata, ramis 0m,01—0m,05 longis. Ala- bastra ohorata, 0m,002 longa. CalyxohcovãcViSh dentatus. Pétala ealyce multó majora. Drupa extus acuta 3—carinata, laevis, lucida 0m,020-0"\023x0"',011—0n\013. |
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IIAB. ad ïgarapé de Manáos, in prov. Amazonas. Flor. et fruct. in Majo.
Olbs. As especies deste genero foram sempre encontradas nas regiSes calidas
da Africa, Asia e Oceania, e mesmo aquellas descriptas por Miquel (Flor. Ind. Bat. I. p. 793, Prod. Flor. Suppl. p. 342), que foram depois reconhecidas pertencerem aos gêneros Gomphandra Wall. e Stemonurus Bl. também são exóticas. A especie qne serviu de typo para o genero, a L. Africana, é da Africa Occidental, &L. ausiro- Caledonia Baill. no seu nome especifico indica a patria e a L. Papuana Becc, é da Nova-Guiné. Restricto ô, pois, o numero de especies exóticas, e nova e única a especie que aqui descrevo que representa o gensro no Brazil. Entre as Icacinejceas brazileiras, as que estão descriptas pertencem aos gêne-
ros Emmotum Desv. Poraqueiba Aubl. Mappia, Jacq., Villaresia, Ruiz et Pavon e Kummeria, Mart. De todos, o que mais próximo está e mais afflnidade tem com a especie de que trato, ó o ultimo que Miers antes denominara Discophora (Ann. Nát. hist. 2. pag. 118), quff por uma única especie é representada no Brazil, o K. Brasiliensis Mart. ou Discophora Guianensis Miers. O Mappia de Jacquin ou Leretia de Frei Velloso representado por algumas especies no Rio Negro (Amazonas), tem ora um disco completo, ora o tem pouco desenvolvido ou mesmo nullo, circumstan- cia esta que faz com que alguns botânicos não admittam a synonimia e considerem o genero de Velloso distincto do de Jacquin. Tomxndo-se o genero Kummeria, e que- rendo-se para elle levar a especie amazónica, se tem alguma afflnidade nas folhas e no aspecto das flores, delle se afasta pela falta de disco que envolve o ovario naquelle, e sobretudo pela forma, disposição, tamanho e contextura dos fructos. A massa carnosa e pulposa, de um branco brilhante de porcellana, que cobre um lado da drupa assimétrica., que é um dos bons característicos do genero Lasianthera, falta completamente no Kummeria. Além destas différences, muitas outras existem nas flores, na disposição e,di-
recção da panícula e nas folhas, que seria fastidioso aqui comparar. As flores são do um branco sujo, e os fructos, quando maduros, roxO-negros de um lado e alvos como porcellana de outro. A materia corante que enche as cellulas do tecido dos fructos em contacto com o alcool, se dissolve dando a este uma bella cor de vinho. Não me foi possível saber o nome vulgar da planta, nem tão pouco conhe- cer as propriedades que o vulgo nella encontra. |
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ordo CLUSIAOEAE um.
UANANY, ANANY, ONANY
Entre as plantas uteis do Amazonas, figura o Anany ou Uanany, da
qual os indios e os tapuyas tiram grande proveito empregando a resina, em que se transforma o leite eôr de enxofre que escorre das cascas do tronco, no fabrico do cerol, com que ligam os bicos das flexas, enceram as linhas, calafetam as canoas, e em todos os misteres da industria indigena. Em 1765, Fusée Aublet (1) descreveu o mani ou moronóbo, dos
Caraibas, e para elle creou o genero moronobea, que éacceitoaté hoje, não contendo sinão a especie coccínea, que é a mesma do Amazonas. Bem descripta foi então a planta, e não menos bem representada ;
porém, nas observações que faz diz : « On observe des variétés par rapport aux fleurs. Les arbres qui croissent dans les marécages, ont la fleur plus petite ; ceux qui viennent sur les montagnes, l'ont presque deux fois plus grande, et les feuilles sont beaucoup plus petites.» |
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(1) Histoire des plantes de la Guyane Françoise, pag. 788. t. 313.
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Aubletachou differença no tamanho das flores, mas, não examinando
talvez a especie dos pantanaes, tomou-as como do mesmo genero, quando èdeum genero bem distincte Esta observação do notável botánico fran- cez tem feito com que muitos considerem as especies como sendo idén- ticas, quando nâo o são, comoveremos. Como na Guyana Franceza, existem no Amazonas as duas especies
que, com effeito, se distinguem logo pelo tamanho das flores e pelas cores : o uanany da terra firme eo uanany da vargem, que crescem, aquelle nos logares elevados e seceos e este nos terrenos baixos e que se alagam ; aquelle tem as flores mesmo na anthese, cónicas e cor de rosa, «este globulosasevermelhas (coccínea). Levado por isto Aublet adoptou o nome vulgar Moronobo do primeiro
para genero, e a cor do segundo para especifico e dahi Moronobea coccí- nea. Entretanto são especies de genero diverso, e razão teve Linneo filho
(1) para levar o uanany da vargem para o seu genero symphonia, dando- lhe o nome de S. glcbulifsra. As differenças que caracterisam bem as duas especies são as mesmas
que Bentham e Hooker apresentam no conspectús dos géneros da familia ; porisso deixamos de descrevel-as. UANANY DA VARGEM
SY1PMNTA $ Flores globosi. Androcei elongati lobi 5, integri, infra
oïffiniUPUa j apicem extrorsum, 3-4 antheriferi. |
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UANANY DA TERRA FIRME
I Flores ovoidei. Staminumphalanges 5, disco sub 5 lobo in-
M0R0N0BEA \ certae, singulae in filamenía 5-6 longe linearía circa ovarium ( spiralier torta, extrorsum fere a basi antherifera divisae. ¡Bâillon Jia sua Histoire des plantes diz : «La résine du latex d'une
Chtsiacée, rapportée longtemps au Moronobea coccínea, mais qui est ¡plu- tôt la Symphonia globulifera, c'est à dire,, le véritable bois à Cochon, » Conheço bem ambas as especies que, si sem as flores, pela folhagem e ,pelo latex se podem .confundir, com tudo anteas flores jamais se confundem. O pnaprio indio as distingue pelas propriedades do leite, que é muito
.mais proveitoso no da terra firme do que no da vaçgem, dónde vem terem o primeiro como verdadeiro. Deste empregam a resina em cerol e daquelle em .calafetar ¡canoas. «O Sr- Br. Saldanha da Gama, ma sua Configuração e estudo botânico
dos vegeíaes seculares (2;) descreve e figura bem a,S,globulifera, mas a ¡toma como ¡sendo a mesma de Aublet, pelo que faz a Moronobea coccínea synonima daquella, a pag. ,31- |
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{l)Suppl. 49.303.
(2) Rio do Janeiro, 1872 III parte. pag. 29, lah. XIX
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De Candóle, no seu Prodomus, baseado na dissertação que Choisy
publicou nas Memorias da Sociedade de Historia natural ds Paris, na parte 2a do Io vol., nao dá as duas especies como synonimas, porém apresenta a Symphoniaglobulifera, como sendo a Moronobea coccínea, sem razão alguma, e faz esta, descripta por Aublet, ser urna nova especie que Choisy denominou M. grandiflora, trazendo maior confusão. A M. coccínea, ainda depois disso, teve outro nome, o de M. montana, dado por Scklechtendal, na Linnea (1), adoptado por Planchón e Triana, nos Annaes de sciencias naturaes. (2) |
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ordo HIPPOCRATEACEAE iwa.
Gen. S ALACIA Linn.
Seot. RADDISIA Leand. do Sacram. Syn. TONTELEA Auhl. Salacia polyanthomaniaca (Barb. Rod. 1. cit. n. 6i7),
foliis oblongis acutis coriaceis; floribus 0m,5—0ra,7 umbellatis pedi- cellatis; sepalis reniformibus 0m,02 lg.; petalis subrotundis concavis, marginibus revolutis. Tabula nostra VIII
Altissimi scandens. Rami cruciati tereti, cortice cinéreo. Folia opposita
petiolata ; petiolum o"1,002long, crassum supra sulcatum ; lamina oblonga, integerrima, coriácea, nervo medio subtus prominente, ner- vis secundaris utrinque immersis, supra nítida, subtus opaca. Flo~ rum amillares, floribus 5-7 pedicellatis, pedicellis0m,014 lg. Sépala reniformiaOm,003gl. .carnosa. Pétala subrotundaOm,008XOm,007. Disco carnoso, ab initiorotundato, deinde ad margine tenui, diam 0m,004. Staminibus complanatis, basi dilatata, erectis deinde re- curvis. Antheris transverse dehiscentibus. Ovario inter discum immerso in stylum trigonum attenuatum ; loculis 3 ovulatis. Stygmalibus minutissime trilobatis. Drupa globosa, aurantiaca, trivittata, pulpa cotonosa, alba, eduli, 0m,051g. IIAB. in Rio Negro propé Manáos, ad ripas inúndalas. Flor et et
fructificat in mensibus Jun. et Jul. Incolis nuncupatur Tuyuè-tipi v. Bochecha de velho. Olbs. Entre as plantas sarmentosas que cresçam sobre as arvores dos logares
que se alagam, no tempo da enchente do Amazonas, se encontra esta especie que vulgarmente é conhecida por tuyuè-tipi ou bochecha de velho, congenere da itaymiyurü (bocea de velha) e a da Uariua tttpiâ (testículo de guariba). A uaymi- |
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(Í)VVIII, pag. 189.
(2) Liv. IV, pag. 291. |
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yurù é a Salada grandiflora de Peyeritsch, que pelas flores e mesmo pelo fructo
se assemelha á especie de que trato, porém delia se afasta por ser arvore e não cipó. As especies deste genero teem uma área geographica muito extensa, São de todo o Brazil e estendem-se ãs Guyanas e ás Antilhas. Para uma delias, colhida no Rio de Janeiro, creou Leandro do Sacramento (1) o genero Raddisia, como Auhlet, para outra da Guyana, creou o Tontelea, que ambos posteriormente foram incorporados co velho genero Salada de- Linneo. Todavia perpetúa ainda o nome do notável botânico brazileiro uma secção desta familia, a que pertence a especie que aqui descrevo. E' notável esta especie, não pelos seus fructos rugosos, de um amarello de
ouro, cujas sementes, em numero de tres, em cada lóculo são cobertas por uma massa branca, cotonosa e pulposa, que, apezar de insípida, se come, mas por um facto pathologico ou nosologico, que so pôde denominar pohjanthomania. E', por assim dizer, uma molestia stenica, occasiouada por um excesso de vida ou de suecos nutritivos. Normalmente, a planta apresenta na axilla de suas folhas 5 a 6 flores regu-
lares ; sahindo os pedicellos de um olho ou especie de pequeno carunculo que'se forma ; porém, acontece que em alguns galhos do cipó, este facto não se dá. Em- quanto um galho apresenta as flores, outros apresentam, sahindo das axillas, uma grande massa compacta, ás vezes de um decímetro de diâmetro, composta de flores pequeníssimas, em fôrma de botões. A inflorescencia, que naturalmente é uma umbella simples.torna-se racemosapelo alongamento do olho ou borbulha (gémma), que forma um rachis, de onde cruzadamente sahem as flores solitarias, ou apre- sentando novos olhos que constituem novas umbellas. Essa modificação da inflorescencia já por si sò seria uma aberração, mas esta se torna mais admirável, vendo-se como ella ainda se afasta do typo e se metamorphosêa em uma inflo- rescencia sympodica ou em uma especie de cymo. No seu estado normal as flores compoem-se de cinco sépalas e cinco pétalas,
alternas, de tres estâmes oppostos ás sépalas, e tres estylos unidos em uma columna triangular. Um disco, a principio enrodilhado e depois achatado, com as bordas adelgaçadas, circula os estâmes e os estylos, contendo em si o ovario trilocular, cujos lóculos são triovulares. Quando dá-se a aberração, cada flor íorna-se o centro de uma nova inflores-
cencia, da maneira seguinte: os tres estâmes se desenvolvem á custa do disco, que desapparece, e em vez de se terminar em uma outra flor munida de periantho apre- senta tres nas quaes o androceo e o gyneceo são metamorphoseados em seis outras flores, todas perianthadas, tendo tres ou seis tubérculos no centro, com rudimentos de antheras polliniferas. Estas flores, assim metamorphoseadas morphologica- mente, amda produzem a seu turno novas flores terciarias, que se originam dos tu- bérculos das secundarias. Nesse mesmo cymo, que se forma, nem todas as flores originam as tercianas ; algumas ficam em secundarias com os seus tubérculos. O facto que se dá com a proMcaçâo dos estâmes, dá-se também com os estylos
que produzem flores semelhantes a cheitogamas. Essas flores, desenvolvendo-se umas mais do que as outras, nunca desabrocham, conservando-se sempre em botões pequenos de 1 a 3 m. de diam., formando sobre o periantho da flor mãe um cymo compacto. Entretanto, uma ou outra vez, das flores secundarias, ou mesmo terciarias,
uma delias se desenvolve, toma o typo das normaes, com toda a regularidade e perfeição, munida de todos os órgãos, porém duplamente menor e estéril. Com o alongamento do olho, que se transforma em rachis, este torna-se fibroso, os pedicellos das flores mães transformam-se em pedúnculos também fibrosos, assim como os das flores secundarias e terciarias, que progressivamente tornam-se menores. |
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(1) Fr. Leandro do Sacramento era fllho legitimo de Jorge Ferreira da Silva e de
D. Thereza de Jesus ; nasceu na cidade do Recife, capital da provincia de Pernambuco ; professou na ordem Carmelitana em 5 de maio de 1793-; foi para Lisboa e matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde defendeu these e foi licenciado! em phiíosophia em 1S06, voltando para o Brazil neste mesmo anno ; foi depois nomeado lente de botânica da Academia n edico-cirurgica do Rio de Janeiro, e dava as suas lições em um dos torreões do Passeio Publico, do qual era inspector : em 1824 foi nomeado Director do Jardim Botânico. Falleceu em 1 de julho de 1829. |
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ECLOGAE PLAHTARUM NOVARUM 17
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Commummente os pedicellos não são todos distinctes, mas se coadunam em
grupos, apresentando flores unidas em massa, mais ou menos desenvolvidas. O rachis chega a ter de comprimento 8 cent., comum diâmetro de 7, e os pedicellos das flores mães 14 millim. com 4 no ápice. O aspecto geral de toda a massa floral ó o da inflorescencia do Brocoli
ou couve-flor. Vejamos agora como se dá essa aberração.
Como vimos, o polymorphismo começa pelo desenvolvimento do olho, a que se
prendem as folhas, e pelo augmento do numero destas. Por uma especie de poly- tomia, na extremidade dos estâmes ha um desdobre (diremptio) em flores, e o filete se transforma em pedieello, protegido pelo periantho que torna-se coriáceo ; e nor- malmente podemos dizer que esse desdobre do estame é em 6 partes, tendo cada filete, não uma anthera, mas sim uma flor em miniatura, perfeitamente organisada. O estylo também soffre o mesmo desdobre e no mesmo numero de partes, origi- nando o mesmo numero de flores em tudo iguaes ás produzidas pelos estâmes. Acontece porém às vezes unir-se o estylo aos estâmes duplicando então estes o numero das flores. Como disse, não pára nas flores secundarias a prolificação ; estas originam
também pela mesma forma flores terciarias, como aquellas, também munidas de todos os órgãos em embryão, menos o periantho, que sempre é symetrico e perfeito. No systema vascular das folhas carpellares, sahem de cada uma vasos que
vão se unir aos das folhas estaminaes, e destas partem outras que se unem aos daquellas, produzindo uma métamorphose heterogênea. Este primeiro desdobre origina normalmente as primeiras 36 flores, nas quaes se produz novo desdobre, que origina as flores terciarias. Esta gamomania produz uma monstruosidade es- téril, e se faz sempre no disco ou gynobaso, que desapoarece, sendo substituido pelos pedicellos das novas flores, que formam um verticilio, mais ou menos appa- rentemente trigrupado. Pelos factos que observei, theoricamente é esta a marcha da transformação
da flor em cymo,.mas acontece haver ssmpre grande irregularidade no desdobre que augmenta o numero de divisões dos vasos, já no mesmo numero de óvulos, já em numero superior e sem regularidade alguma. O estudo dos factos teratologicos, a que chamam erros da natura, e que se
dão nos vegetaes, contribuem poderosamente para o conhecimento exacto da origem e dependencia de certos órgãos, o que é reconhecido por varios botánicos notáveis que dessa parte da botânica se teem occupado. Pelos estudos das aberra- ções se vê que os óvulos fazem parte da folha carpellar e não do eixo floral, como quer Augusto do St. Hilaire. A. esse resultado se chegou pelos estudos de li. Brown, De Candolle, Hugo Mohl, Brogniart e outros. Auxiliaram-me muito o estudo organogenico das flores das Orchidaceas (1) que fiz, eos immensosfactos teratologicos que observei. Penso que o facto que aqui descrevo é uma boa con- tribuição para a sciencia, pois nos vem mostrar que o disco não é uma modifi- cação parcial e especial, produzida por uma inchação no receptáculo, mas sim uma subdivisão e desvio dos feixes vasculares dos verticilios carpellar e estami- nai, e d'ahi nascem os nectarios, os estaminoides e o nectar, que me parece ser também uma modificação da materia estygmatica. Nas flores normaes, os botões durante a anthese teem o disco com a fôrma de
uma rodilha, que mais tarde se achata adelgaçando os bordos, mas naquellas em que a aberração se dá, já os botões se apresentam sem disco e sem ovario, apresentando o que seria disco um verticilio, que se transforma em pedicellos de novas flores. Dos factos que observei posso concluir que os estâmes que rompem o rece-
ptáculo e formam os pedicellos, na aberração, não são mais do que as subdivisões que se não desviam, e por hypertrophia formam o disco nos casos normaes. Este facto confirma a opinião daquelles que outr'ora diziam que o disco não era mais do que a reunião de estâmes disfarçados. Comprova-me mais isso o facto de ser a inflorescencia nas Hypocrateaceas e
principalmente no genero Salada, quasi sempre cymosa e raras vezes fasciculada. A aberração como que tende a tornar a inflorescencia da especie em questão igual à das congêneres, procurando o typo da ordem, isto ó, dispor as flores em cymos. |
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(t) Structure des Orchidées. Rio de Janeiro, 1883.
VOL. I 3
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18 ECLOGAE PLANTABÜM NOVARÜM
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Si a estructura anatômica não produz, na especie que me dá assumpto, vasos que
naturalmente originem cymos, existem comtudo elles modificados, mas de tal maneira, que um excesso de vida, uma absorpção maior de elementos nutritivos, procura, talvez por atavismo, chegar ao typo primordial, a dichotomia. Um facto que mais comprova-me que a origem do disco depende muito das
folhas estaminaes, é o dos discos petaloides, ou em coroas, que bem representam uma monodelphia ; a sua posição, quasi sempre entre a corolla e o pistillo, tam- bém o confirma. A monstruosidade da Salada polyanthomaniaca veio esclarecer-me um ponto
da organographia vegetal, que, se bem que em desaccordo com os maiores botâ- nicos, comtudo me parece ser verdadeiro : o disco não é derivado da inchação do receptáculo, mas deriva-se tias folhas carpellares, e principalmente estaminaes, que, por uma modificação especial, desviando os feixes vasculares e subdividindo-os, produzem uma hypertrophia que modifica a forma. Por atrophiamento uns vasos aesapparocem e formam o disco, outros pouco se desenvolvem o formam as glân- dulas nectariferas, e alguns se levantam, rompem a massa geral e tornam-se estâmes. A união dos vasos das folhas carpellares com os dos estaminaes, pro- duzem no disco uma modificação que faz com que elle participe da natureza do androceo e do gyneceo, e d'ahi o nectar, que parece ser exhudado pelos vasos carpellares, como é a materia viscosa do estigma. |
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Sub. class. GALYCIFLORAEd. c.
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ordoLEGUMINOSAEj».
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Tribu ADENANTHERAE Benth.
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Gen. BNTADA Adans.
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Entada Paranaguana (Barb. Rod. loc. cit. n. 50,) inermis ;
pinnis 3-5 jubis, foliolis 5-15 jubis oblongis obtusis emargina- tisvc ; spicis terminalibus elongatis in racemo erecto densè coníertis- Tabula nostra VII.
Caulis lignosus alte scandens. Folia glabra 0m,10—20 long.. Pin-
nae 3-5 jugae, 0m,08 — 0m, 15 long. . Folióla 6-15 juga, oblonga obtusa-rotundata v. laeviter emarginata recta, O11',015 — 0m,030X 0m,008 — 0ra,010 basi obliqua, inaequilatera, costa media marginibusque nerviformibus subtus prominulis, utrinque glabra. Racemis seu panícula terminalis, densus, 0m,10--0m,20 long. Spicae 0m,06 — 0m,07, singulae v. saepius germinae basi, ebra- cteatae. Flores sessiles, albescentes. Calyx vix O'1',001 long. 5-dentatus, laeviter pilosus. Pétala a basi libera, oblonga, erecto-incurva, concava, sub obtusa, 0m,002 long.. Stamina alba, petalis demidio longiora, undulata. Antherae ovatae, basi emar- ginatae, glandulis brevi-granulosis coronatae. Ovarium sessile glabrum. Fructum non vidi. |
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BCLOGAE PLANTARUM NOVARUM
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HAB. m Brasilia in igapôs ad Rio Negro propè Manáos. Flor in Jan.
Incolis Gipó-oka nuncupatur. OTbs. Nos logares baixos e húmidos, innundados pelo Rio Negro represado
pelo Amazonas, cresce esta especie, que floresce em Janeiro agarrada ás arvores pelas gavinhas em que se transforma uma das ultimas pínnulas de varias de suas folhas. Muito próxima á sua congenere polyphylla de Bentham, afasta-se entretanto, pelo tamanho das folhas, pela falta de pellos nos foliólos, pelo tamanho e forma da panicula, pelos pellos do calice, pela forma dos entames e pela glándula granulosa que corôa a anthéra que ô perfeitamente globulosa e nectarifera, o que chama milhões de coleópteros microscópicas para suas flores. Cresce à grande altura. As Colhas apresentam alguma sensibilidade quando tocadas. Dedico esta especie, que julgo ainda não descripta, ao fundador do Museu Botânico do Amazonas, o Exm. Sr. Dr. José Lustosa da Cunha Paranaguá, presidente'da provincia, como pequena prova de muita gratidão. O nome vulgar gipoòha ou gipi-oka, para mim, significa o que espuma, o que se estende, não sendo mais que uma corruptela de yepi-og, derivado de tiguy-ok, espumar estendendo-se. Penso que não tem razão de ser o significado cipó de casa ou caseiro, derivado de gipó, cipó, e oh, casa, porque os indios sempre nomeiam os objectos dando-lhes nomes pelos quaes possam ser conhecidos. O nome de cipó de casa não determinaria, porque é geral, emquanto que o que espuma nos aponta uma das suas propriedades, como abaixo veremos. Não só os tapuyos como os civilisados do Amazonas e Pará empregam as raizes
desta planta como preservativo da caspa, que quando existe, extingue-se completa- mente. Ainda as raizes, que teem o aspecto de uma mandioca, maceradas e desfeitas n'agua, produzem espuma como a do sabão. São agri-doces. No Pará as empregam na lavagem de cuias, depois de pintadas, afim de fixar a tinta. |
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Gen. SWARTZIA Schreb.
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Swartxia cUrysaiitlla. (Barb. Rod. loc. cit. n. 149); foliolis
solitariis oblongis acutis glabris coriaceis tenuissime reticulatis, petiolo brevíssimo tereti ; racemis 4-5 floris ; alabàstris parvis sub- oblongis glabris; calyce irregulariter 4-fido ; pétala minuta cordato- ovata acuta ; staminibus magnis aequalibus incurvis ; ovario glabro stylo brevíssimo. , Tabula nostra IX.
Arbor tenuis, parva (3-4m) glabra. Rámuli laeviter pubescentes nigrieantes.
Folióla oblonga, acuta, coriácea, nítida, 7,m70^0,m145X0ra,24 —0,m60 longa. Petiolus crassiusculus, teres, tortus, 3—0m,05 longus, supra canaliculatus. Stipulae rigidulae, caducae, 0m,02— 0m,031ongae. Racemi in ramis annotinis axillares, vel ad nodos defoliatos subramosi, folia minori. Bracteae minutae, rigidulae, pedicello multo minorae. Pedicelli 9m longi. Alabastra oblonga, glabra, circa 5m diámetro. Calyx glaber per anthesin 4—5fidus. Petalum breviter ungniculatum, cordato-ovatum, acutum, conca- vum, incurvum 0m,01 long. Stamina aequalia, magna, filiformia, incurva, pétala et stylo multo majora, numerosa. Ântherae minu- tae, curvatae. Ovarium glabrissimum incurvo-falcatum, stipi- tatum. Stylo brevíssimo. Ovula 8—40. HAB. in ripas flum. Yauapery, ad Rio Negro, provinda AmazonensL
Florebat Aprilli. Indii vocant Kokidá. |
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OTbs. Entre as Swartzias, de Bentham, eomprehendidas na serie das Unifo-
liatae, não está descripta a de que se trata, embora em sua monographia das legu- minosas, publicada em 1870, se ache reunido tudo que se conhecia até então. E' certo que podia ter sido classificada posteriormente, mas, como dessa data em deante não consta-me viagem alguma de botânico ou collector pelo Rio Negro, e principal- mente pelo Yauapery, onde só a encontrei, e não vendo-a publicada em revista alguma moderna, a dou como nova, até que, por direito de propriedade, outra clas- sificação a leve á synonimia. Vulgarmente é conhecida por Kokidá. Os naturaes empregam as cascas em cozimento contra desmancho de barriga. E' arvore de igapós das terras firmes, onde vive vida social. Suas flores são de um amarei lo dourado brilhante. |
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ora» PORTULA0A0EAE j««.
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Gen CLAYTONIA Linn.
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1. Claytonïa odorata. (Barb. Rod. I. cit. n. 366) ; foliis alterais
nervosis petiolatis, summis minimis laté-cordiformibus v. renifor- mibus laeviter mucronatis, radicalibus magnis cordiformibus obtusis v. acutis ; recemis pendulis multiramosis secundis multi- floris ; pedicellis solitariis ; sepalis ovatis convexis obtusis ; petalis obovatis concavis ápice subrotundis. Radia; tuberosa, crassa, lignosa, cylindrica. Caulis scandens, teres,
fuscescens, glandulis minutis adpersus, ramosus. Folia carnosa, in petiolum antice canaliculatum producía ; summa 0ra,025X0m,030 ; radicalia 0m,15 0m,85X0m,085. Flores numerosissimi, minuti, 0m,007 diam, albi, odoratissimi : bracteae minutae, lineari-lanceo- latae, acutissimae. Sépala petalis minora, opposita, 0m,002 lg. Pétala pateatia, 0m,002 lg. Staminia filamentis longé triangulatis, in basi complanatis, erectis, ápice recurvis ; anlherae medifixae, basi fidisagittatae, introrsae. Stylus cylindricus ápice trifidus; stigmata convexa. Capsulas non vide. HAB. in silvis et capoeiras, super arbores seandens, in Rio Negro prope
Manáos, prov. Amaz. Flor, in Oet. Incolis Kumakaá-y nuncu- patur. Olbs. Poucos são os representantes desta ordem no Brazil, verdadeiramente,
indígenas, tanto assim que sendo uma das mais antigas, pois, foi creada quasi ha um século por Lourenço Jusssieu no seu Genera Plantarum ; comtudo, ainda na ultima monographia do Dr. Rohzback de 1872, apenas citam-se dous géneros brazileiros, o Portulaca e Talinum que contam 10 especies, sendo apenas duas deste ultimo genero. Tive a fortuna de encontrar mais uma especie e esta de um outro genero não men- cionado pelo Dr. Rohzback, o Claytonia, cujas especies são Australianas e da Ame- rica boreal, mas que é representada também nesta provincia pela planta de que me occupo. Entre as especies que De Candolle publicou no seu Proclromus e as que estão tratadas nos Annaes de Walpers, não está comprehendida, e comparando com algumas especies que possuo, seccas, da flora do Colorado, California etc., com nem uma se identiflca. A planta em questão cresce nos alqueives de Manáos, e outros logares da provincia do Amazonas onde ó conhecida pelo nome indígena de liurna- had-y, para se distinguir de uma outra especie de familia das Asclepiadaceas que denominam simplesmente Kumahad. Martins, no seu Glossário, tratando dos nomes |
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vulgares das plantas brazileiras, especifica esta, o que deu logar a différentes
autoras depois, fiados na sua autoridade, commetterem faltas, considerando-a como uma Apocyneacea, porque, disse o Bávaro botânico : «.Cumacahi (Amazonas) Apocynea lactescens». Por falta de observação propria e levado pelo nome vulgar, confundió as especies, porque a que vulgarmente tem o nome de Kumahad-y, é uma verda- deira portulacacea. Encontrándoos indios propriedades idênticas e semelhança nas folhas entre as duas plantas, deram-lhe o nome e empregaram para distinguil-as o diminuitivo y, pequeno. As flores em paniculas racemosas são branco-esverdeadas e de um aroma delicioso, pelo que já mereceram ser cultivadas nas cercas das hortas o nos jardins. O uso therapeutico do humakaá-y entre os naturaes é muito communi. Assim empregam as folhas batidas n'agua, em banhos, para fazer crescer os cabellos e contra a caspa, e applicam nas inchações as mesmas folhas. Na presumpção em que estou, de que trato de uma especie não descripta, pois não a encontro determinada em obra alguma, não sabendo si modernamente terá sido classificada, comtudo prefiro correr o risco de uma dupla classificação a deixal-a desconhecida. Entrei em duvida si a especie seria verdadeiramente indígena, mas certo de que se encontra também em logares perfeitamente virgens, não duvidei consideral-a como tal, mesmo porque em geral as plantas exóticas não são conhecidas por nomes indígenas, nem os naturaes dão outro nome, a não ser aquelles com que vem do exterior. |
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ordoPASS] FLORE A1ÎK..H.
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Gen. DILKEA Betith.
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Florea regulares dichlamj'dei hermaphroditi 4-5 meri. T-ubus cylindrato-
infundibuliformis coloratus (v. decoloratus), carnosulus ; limbus erectopatens. Sépala 4-5 oblonga mutica subcoriacea, maculis rubis notata (v. viridiusculis), tubo vix breviora. Pétala 4-5 sepalis conformia et subaequalia (v. duabus exterioribus latioribus) nisi tenuiora, cum iis alternantia, e fauce tubi exserta. Corona e tubo supra médium emergens, basi membranácea tumulata erecta, ad faucem in filorum series 5-6 divisa (v. muí ti divisa), filis externis liguliformibus plauis quam pétala paulo brevioribus, internis plurimis densim brevioribus tenuioribus, albidis ápice curvatis floccosis, intimis brevissimis setaceis... Stigmata majuscula reniformi-capitata vix inclusa (v. exclusa). Bacca
globosa (v. oblonga, cortice coriáceo carnoso, intus pulposo) Semina... Lianae (v. fructices) licuescentes ecirratae (v. cirratae) cirri
axillares plerumque simplices), ramis foliorum lapsu insigniler cicatrisatis. Folia alterna vel subopposita, integra í-costata, petiolo crassiusculo instruct, stipulis..... Flores rubri (v, albi)
ut videtur in glomerulis axillaribus sessüibus vel pedunculatis
agregan, pedicellis (v. pedunculis ?) brevibus, basi bradeis parvis subulatis ¿nsiructi. |
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Ex. Maxwell Masters.
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Dilkea Johannesii. (Barb. Roa. loe, cit. n. 560) ; foliis integris
oblongis acuminatis basi attenuatissimis ; inflorescentia glomerata subsessili ; sepalis duabus exterioribus viridibus duplo latioribus, interioribus petalisque subaequalibus albis ; bacca oblonga ápice styli vestigiis longiter notata. Tabula riostra X.
Frutex secandens, cirrosus. Rami teretes, cortice fusco, ruguloso. Folia
alterna, spiraliter disposita, coriácea, nítida, glabra, subtus palli- diora, ad petiolum brevem (0m,01—0m,03), basi incrassatum cor- rugatum, attenuata, (0m,24X0m,32X0m.05) longa, 1-nervia nervo, utrinque prominente, arcuato-venosa ápice abrupte longiusculeque acuminata. Inflorescentia glomerata ; pedicelli 0m,015 long, erecto-patentes, teretes; basi bracteolis triangularibus instructi. Floris tubus cylindratus, basi subventricosus, 0m,018 longus. Sépala 4 tubo longiora, carnosa, duabus exterioribus duplo-latiora, oblonga, obtusa, recurva, ápice concava, viridia, interioribus ligu- latis, recurva, minoribus, ápice subacuta alba. Peíala 4, sépala interiora aequalia, paullò angustata, alba. Corona supramediana tubuliíbrmia, exclusa, ápice in lacinias perplurimas divisa flocosa, pétala aequilonga, alba ; corona faucialis filamentosa filis 1-seria- libus, petalis subaequantibus. Füamenta ima basi connata, supernè libera, filiformia, erecta, tubum paulló minora ; antherae lineari-oblongae, filamenti triplo minores. Ovarium ovoideum, glabrum. Stylus filiformis cylindratus, filamentis aequilongus, superna in ramos 4-elongatus, erecto-patens, divisus, tubo exclusus. Stygmata crassa, áurea. Bacca flava, oblonga, cortice coriáceo, carnoso, intus pulposa. Semina 8-10 contemporánea, magna, ovata subcompressa, testa membranácea, aryllo pulposo incluta, albumine crasso, carnoso. Embryo in axis albuminis rectus ; coty- ledones magnae, carnosae ; radícula hilium spectans. HAK. in silvis densis et humidis ad igarapé de Manáos, in Rio Negro.
Floret et fructificat Aprili. Indii vocant akuti-kaá et páka-rupiá, Otos. O genero Dilkea foi estabelecido na Flora Braziliensis, pelo Dr Maxwell
T. Masters, em 1872, e perpetua o nome do barão Carlos Wentworth Dilke. Achando a planta, baseou-se em duas especies, cujos exemplares estavam imperfei- tos, porém mais tarde ajuntou-llie mais duas que não diagnosticou. Estas figuravam nos desenhos que G. Wallis levou do Amazonas ; achando-as différentes, as classi- ficou dando a uma o nome de seu descobridor a Dilkea Wallisii. Quatro, pois, são as especies até hoje conhecidas : D. retusa, acuminata, helliborifoHa e Wallisii, com as quaes não se identifica a especie encontrada por meu filho João, nas cabeceiras do igarapé de Manáos, especie que vem completar e modificar alguns dos caracteres geraes apresentados pelo sabio monographo inglez. Apresentei aqui a diagnose do genero de Masters, para que, comparada com a especifica que dou da especie em questão, se conheça a modificação que faço, ao mesmo tempo quedeve completar a do sabio botânico inglez. Este fundou seu genero baseado em individuos seceos, cujas cores se modificam, fazendo muitas vezes com que flores completamente brancas, depois da dissecação, tomem a côr vermelha, o que leva qualquer botânico a enganar- se facilmente. As modificações também as apresento entre parenthesis nos caracteres do Dr. Masters. O nome especifico que proponho perpetua o do descobridor da planta meu filho João Barboza Rodrigues júnior, que mais de urna especie nova tem encon- trado, quando commigo ou só tem ido herborizar. |
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Gen. TACSONIA Juss.
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Tacsonia coccínea. (Barb. Rod. I. cit. n. 164), foliis lanceo-
latis acutis, marginibus laeviter crenulatis ; petiolis apice biglan- dulosis ; pedunculis solitariis petiolis subaequantibus : bracteis nullis ; floribus erectis coccineis, tubu cylindrato basi subventri- coso ; sepalis oblongis acutis recurvis longitudinaliter subplicatis ; petalis subaequalibus ; corona faucili biseriata ; filis externis recur- vis complanatis, internis quádruplo minoribus uncinatis ; corona inframediana filamentosa ; ovario oblongo ovoideo glabro. Tabula nostra XI.
Frutex scandens, glaber, cirratus. Rami teretes. Folia subcoriacea,
apice obtosa, integerrima 0m,08—0m, HX0m,055 lg. Petioli cylin- dracei 0m,008—0m,012 lg., graciles, contorti, apice glandulis duabus sessilibus instructi. Pedunculi axillares teretes, 1 -flores. Alabastra cylindrata. Flores coccinei, 0m,06 lg. Tubus cylindra- tus, glaber, basi subventricosus, quadrisulcatus, ad apicem dila- tatus. Sépala 0m,022X0m,006 lg. Pétala recurva, sepalis angus- tioribus paullò minora. Corona faucialis ; filis prae petalis multo minoribus, externis 0,m003 lg. înternis 0m,001 lg. Corona infra- mediana filis linearibus tubo adpressis O1",004—0m005 lg. Qynan- drophorum tubo aequalium cylindraceum, glaberrimum. HAB. ad ripas igarapés in silois propé Manâos. prov. Amaz. Floret
mense Mart. Marakuyá ineolis nuncupatur. Olbs. O notável botánico suisso Pyramo De Candolle, em 1828, no seu Prodro-
mus systemalis, dividiu o genero Tacsonia de Jussieu em quatro secções, tomando para caracter distinctivo delias as bracteas que envolvem a base do tubo do calice, divisão que tomou os nomes de EuCacsonia, Bracleogama, Distiphona e Psilanthus. O Dr. Martius na mouographia, mais moderna que existe, publicada em 1872 na Plora Brasiliensis, adoptou as duas primeiras divisões e passou as especies das outras para as verdadeiras passifloras, não incluindo entre as Tacsonias nenhuma especie brazi- leira. Deixando de parte a divisão de Endlicher, em duas secções baseadas nos caracteres das coroas fauciaes, vejo-me forçado a admittir a quarta secção de De Candolle para nella incluir a especie em questão, que está entre as que tem « invo- lucrum nullum sub flore», ou entre as Psilanthus. Para incluir a Tacsonia coccínea, entre as passifloras, não está ella em nenhuma das secções desse genero de Martius nem de Bentham e Hooker. Posto que as Tacsonias estejam muito próximas das Passifloras, comtudo, Hooker bem as distingue quando diz : « Genus pro Passiflora pro máxima parte habitu et calycis tubo elongato valde distinctum » Entre as passifloras brasileiras da monographia de Martius e mesmo entre as de Frei Con- ceição Velloso, da Flora Fluminensis, nenhuma se descreve com o tubo alongado, prin- cipalmente de folhas simples, a não ser a P. spicata Mart. cujo tubo é muito menor. Para mim a especie em questão é uma verdadeira Tacsonia, o que não admira, porque não raras são as especies que se encontram nos paizes limitrophes como o Perú e Nova Granada. |
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Gen. PASSIFLORA Li
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1. I*»ssifloi*a hexagonocarpa (Barb. Rod. loc. cit. n. 304),
scandens, caespitosa ; foliis ellipticis acutis subtus puberuliá mar- gine undulatis, petiolis ad apicem biglandulosis, nervo medio ■': subtus prominente ; pedúnculo 1-floro, erecto; floribus campanulatis intus rubromaculatis ; corona 1-seriata, filis ápice falcato-dilatatis praemorsis arguté rubro-maculatis ; fructu elliptico hexágono. Tabula riostra IX.
Scandens, caespitosa, cirrifera. Rami teretes. Folia subcoriacea,
ellipticá, basi rotundata, supernè nitida, subtus minutissime pu- berula, 1 -nervata et arcuata venosa, 0m, 10—0m,13X0rn,05—0™,06 ]g.. Petioli tereti, 0m,02 lg., ad apicem glandulis 2-sessilibus magnis instructi. Pedunculi solitarii, axillares, teretes, introflexi, petiolis subaequantibus.i<Yorescampanulati, tubo 0m,024—0m,026, lg., extus albo, intus albo-rubro-maculato. Sépala patentia v. revoluta, oblonga, acuta v. obtusa, ápice attenuata, subconcava, virescentia, 0m,027X0m,006 lg. . Pétala aequantia, angustiora, acuta, revoluta, albida. Corona fauoialis filis patulis prae petalis duplo minoribus, liguliformis, ápice falcatis, anticè praemorsis, basi globulosiSjflavis, rubro-maculatis ; corona media e tubo infra médium emergens, filis 5-glomeratis, patulis ápice falcatis dilatatis, praemorsis 0m,005 lg.. Gijnandrophorum tubo paullò longius, gracile, glabrum, cylindraceum, ápice attenuatum. Filamenta complanata, 1-costata, glabra. Antherm linear i-oblongae, emar- ginatae. Ooarium trigonum, oblongum, 3-sulcatum, glabrum. Styli teretes, incurvi. Stigmata capitata. Fructus ellipticus, hexagonus, coriaceus, glabras, O'11,080X0™,032 lg., flavus. Semina ovata, acuta, compressa, testa scrobiculata, fulva. HAB. in silvis, capoeiras ãictis,propè Manáos,prov. Amaz. Flor, et fruct,
Januar et Mart. Vernacule Márakuyá-rana dicta. Entre as différentes plantas sarmentosas que embellezam as margens dos rios
do Amazonas e as capoeiras do Rio Negro, Dos folhudos festões estão pendentes
Pelo tronco trepando, os rascendentes Fructos da agreste flor, quadro imitante Do martyrio e paixão de um Deus amante (1) que muitas especies perpetuam.
Foi o missionário poeta Martin del Barco, que, descrevendo em verso, as plantas
do Paraguay, na sua Arjentina (2), e tratando da Passiflora cerúlea de Linneo, achou nella os instrumentos do martyrio de N. S. Jesus Christo, que depois tanto se vulgansou, vmdo a serem conhecidas as flores desta familia universalmente pelo (1) A Assumpção, por F. Francisco fie S. Carlos. Canto III
(2) Impressa eni Lisboa em 1002. Edição de Gottlieb.
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nome de flor da paixão, ou flor do martyrio, do qual se aproveitou Linneo para
fazer o seu genero Passifiora. Chegou a este immortal botânico o nome, mas creio que não sabia elle a significação, tanto que na sua Philosophia botânica, explicando os nomes dos gêneros, pergunta: « Passionis instrumentis ? » (1) Explicam diversamente os instrumentos do martyrio, para uns, como Martin dei
Barco de Centenera, a coròx faucial é a coroa de espinhos ; os tres estiletes, os cravos; as pétalas em ponta, a lança ; as gavinhas, o açoute; para outros, as pétalas roxas, a túnica; a coroa faucial, as cordas ; a coroa media, as disciplinas; a inferior, a coroa de espinhos ; as cinco antheras, as chagas; os estiletes, os tres cravos; o gy- mnoplioro, a columna, etc. Vulgarmente no Brasil as passiíloras têm o nome indígena de Murukuyá ou
Maracujá, corruptela do antigo inborukuyá ou morahuyá, de qua se aproveitou Tournefort para applieal-o scientiflcamente, denominação que De Candolle e mo- dernamente o Dr. Maxwell Masters adoptaram. E' notável esta especie não só pelas suas flores brancas com a coroa, verdadeira coroa ducal, côr de "ouro, como pela fôrma de seus fructos. Por estos assemelha-se á P. capsularis Lin,-a antígíi Pas- siflora folüs bilobis que na edicção de Burmam, estampa CXXXVIII, íig. 2, Plumier representa ; mas afasta-se inteiramente delia pela fôrma das folhas. Pela divisão Candoleana esta está entre as Decaloba, que Masters levou para o seu subgénero Pletostemma, emquanto que a de que trato pertence ã seccção das Astropheas, entre as Cirratae de Masters e as Foliis indivisis de P. Conceição Velloso. Os íructos quando maduros tem o epicarpo coriáceo e quebradiço e desde os seus primeiros tempos tornam-se notáveis pela ausencia completa damassa esponjosa a que se apegam as placentas nos outros congeneres. Habita as capoeiras sombrias, entrela- çando seus numerosos galhos, que partem de uma soqueira, pelos das arvores visinhas, occultando-se por entre a folhagem. Não é commum esta especie, porque as constantes derrubadas para cultura, teem feito desapparecer os individuos que havia, e difflcilmente consegui achai-a nas nascentes do igarapé do Aterro, em Manáos servindo de base para a descripção acima. íí. ï*, amalocarpa (Barb. Rotl. I. cit. n. 964), foliis membra-
naceis glabris subpeltatis trinerviis trilobatis, lobis lateralibus divergentibus oblongis obtusis, lobo intermedio multo minore vel sub nullo truncato ; floribus apetalis late campanulatis ; corona . fauciali filamentosa 1-seriali erecta, supra-mediana clayiformi, me- diana membranácea plicata incurva margine fimbriata, basilari carnosa annulari incurva ; fructu minimo longe oblongo atropur- púreo . Tabula nosíra XII.
Glabra. Rami graciles 5-angulati. Folia membranácea, nervo medio
subtus prominente lobis apiculatis,Om,09—0m,13X0m,02—0m,041g. Petioli foliis minores, teretes, eglandulosi, 0m,03, lg. Pedunculi solitarii, teretes, petiolis duplo longiores. Flores viridescentes, ex- pansi, 0"\05 diam. Tubus brevis, late-explanatus, arguté pube- scens. Sépala ligulata, obtusa, revoluta, membranácea, albo-viri- dia, glabra, tubo duplo longiora. Corona faucialis filamentosa, filis linearibus, erectis, ondulatis, albis ; corona supra-mediana 1-serialis, filamentosa, filis tenuissime claviformibus, incurvis ; corona mediana membranácea, plicata, duplo minora, incurva ; corona basilaris annuliformis, carnosa, incurva, pubescentia ad- spersa. Gynanãrophorum tère, erectiim", glabrum, album. Fi- lamenta paulló breviora, patentia, ad basin dilatata, alba. An- |
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il) Berolifti, 1781, png. Ifi3.
VOL. I |
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therae oblongae, medifixae, ad basin emarginatae. Ovarium longé
oblongum, album. Styli claviformes, dorsaliter sulcati, filamento aequali, ovario duplo longiori. Fructus, longé oblongus, atropur- pureus, pruinosus, mollis, 0m,045X0m>015 lg. HAB. ad ripas inúndalas igarapé do Curro, prope Manáos, in prov.
Amaz. Murukuyá pichuna, andirá murukuya v. marakujá preto ou de morcego incolisappelatur. Flor. et fruct. in mense Junio. Olbs. Entre as passifloras que Fr. Conceição Velloso (1) descreveu, ha duas
que pelo habitus, principalmente pelas folhas, se approximam desta especie ; a pertusa (P. Organensis de Gardner) e a porophylla, de que não faz menção o Dr. M. Masters, na sua monographia da Flora Brasiliensis. A minha se afasta da pri- meira, apezar da afflnidade em ser apétala, e ter quatro coroas fauciaes, sendo apenas as coroas media e basilar um pouco semelhantes ás da segunda, posto que tambom apétala, pela forma dilatada e não linear dos filamentos da coroa faucial que corresponde à supramediana da minha, pelas llores em racemo e não solitarias, e pelos fructos, que são longamente oblongos, lisos e não angulosos. Comparando com as especies conhecidas, que o Dr. Masters em 1872 publicou na parte Ia do 13" vol. da Flora Brasiliensis de Martius, nenhuma déliasse identifica com a minha, pelo que a dou como nova, salvo melhor juizo. Uma circumstancia notável devo aqui referir. Em geral todas as passifloraceas teem fructos com o epicarpo ama- relio, esverdeado ou avermelhado, coriáceo ou membranáceo, secco ; porém o da especie em questão, quando o fructo está maduro, é roxo-negro, pruinoso, pulposo e coberto com uma epiderme molle, que à menor pressão se desfaz, como baga de urna Grumichama, (Eugeûia brasiliensis). Vulgarmente esta especie é conhecida por Marakujá de morcego, não sei si por se assemelharem as folhas a vespertilhos de azas abortas, ou por serem ávidos estes animaes de seus fructos, que por isso raros são os que chegam a amadurecer. As flores são brancas. 3. ï». Irydroptiila. (Barb. Rod. 1. cit. n. 195), scandente, glabra,
cirrifera ; ramis cylindraceis ; foliis coriaceis ellipticis, obtusis, basi rotundatis v. laeviter cordiformibus posticé biglandulosis; pe- dunculis solitariis v. geminis petiolos minoribus ; corona fauciali duplici, exteriora filamentosa, filis pétala minoribus ; latis com- planatis ápice sigmoideis intus crenulato-praemorsis ; ovario pu- berulo. Tabula nosira XIII.
Frutex scandens ramosus glaber. Rami tereti. Folia 0m,18X0m,10 lg.,
coriácea, superne nítida, subtus pallidiora, 1-nervia, arcuato-ve- nosa, nervis subtus prominentibus ; petioli 0m,02—0m,25 lg. • cylindracei. Pedunculi solitarii axillares 1 -flori. Fios expansus 0m,U diam. Sépala subcarnosa, lineari-oblonga, obtusa, subcon- cava, extus viridia, intus alba. Pétala sepalis minoria et angus- tiora, ápicesobrotunda alba. Corona faucialis filamentosa, filis triseriatis, extimis latis, complanatis, ápice acuti-sigmoideis, ad (1) Fr. José Mariano da Conceição Velloso, que antes de professar chamava-se José
Vello» Xavier, nasceu na freguezia de Santo Antonio da villa de S. José, comarca do Rio das Mortes, em Minas Geraes, em 1742 ; era iilho legitimo de José Velloso do Carmo e D. Rita de Jesus Xavier. Tomou habito de S. Francisco em 11 de abril de 1761, no convento de S. Boaventura de Macacú, no Rio de Janeiro; professou em 12 de abril da 1762; orde- nou-se em 1766 ; foi eleito pregador em 1768 e nomeado mestre de historia natural em 1779. Terminou em 1790 a sua Flora Fluminense, que se compõe de 1640 ve^etaes, classificados pelo systema Linneo e foi publicada em 1825. Morreu em 14 de julho de 1811. |
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ËCL0GAE PLANTAïtUM NOVAR™
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basin fissis, intus crenulato-praemorsis, filis intirais parvis, apice
sobrotundis brunneis ; corona mediana carnosa, integerrima, in- curva rosea. Gynandrophorum elongatum, supra basin processu urniformi munitum. Füamenta cylindracea, rosea. Antherae oblongae. Ovariumoblongum puberulum. Styli cylindracei, rosei, Stigmata hemispherica. Fructus incognitus. HAB. in locis inundatis in Rio Negro. Flor. August. Incolis Marakuyâ
do igapó nuncapatur. Otos. Nos logares que o Rio Negro pela enchente alaga, encontra-se a planta em
questão, cobrin lo os galhos das arvores, que ficam acima das aguas, dando lindas flores brancas, muito aromáticas, que, segundo informações, produzem fructos grandes, porém, ácidos. Durante o tempo da vasante despe-se a planta de folhas e ficam somente os cipós. Consta-me que as sementes têm propriedades narcóticas. Não achando, entre as especies descriptas, nenhuma que com esta se identifique,
a considero nova pelo que aqui a apresento. 4i. ï». Barl>osa.e(Barb. Rod.) Nobsubpraes. tab, foliis suborbiculari
cordatis breviter emarginatis mucronatis petiolis glandulosis glan- dulis stipitulatis ; stipulis dimidiato cordatis petiolis subaequantibus vel majoribus ; bracteis 3 magnis foliaceis liberis ; floribus campa- nulatis, tubobrevi. Tabula nostra XIIIa.
Peronnis parva scandeus cirrifera. Rami gracilimi, cylindracei. Folia
subcoriacea, basi cordata, arcuato-venosa geniculata (1), 0,m025X 0m,025 longa., Pelioli teretes, graciles, lamina triplo breviores, glandulis stipitatis 2 instructi. Stipulae foliaceae,- acuminatae, erectae; 0,m 007—0,m015X0»m 005X0,008. Pedunculi axillares folia minori, uniflori, versus apice articulati, erecti, tribracteati. Bractece 3 foliaceae, lanceolatae, acuminata?, erectas, 0,m 009 X 0,m004. Tubus 0,m004 long., glaber, campanulatus, basi ventri- cosus, ad insertionem pedunculi intrusus. Sépala subcoriacea, ligu- lata, obtusa, apice parum concava, dorso corniculo brevi prsedita. Pétala sepalis conformia usque, breviora, ettenuiora. Corona faucialis biseriata, filamentosa, filis distinctis, arcuato-erectis, sépala íninoribus, purpureis. Corona mediana (operculum) car- nosa, infiexa plicata, crispifoliata. Corona basilaris e fundo tubi, carnosa, annularis, brevis. Gynandrophorum petalis brevius, gracile, tere basi cúpula carnosa excavatâ circumdatum. Fila- menta ligulata. Antherce oblongse, emarginatse, flavse. Ovarium longe obovoideum, stylis gracilibus, clavatis superatum. Stigmala orbicularia. HAB. ad Forte do Cabedello in prov. Parahyba, Maracujá de rato
incolis áppellatur. Flor. Febr. (1) Pela sua direcção ë gcnioulach, por dobrar-se na extremidade do peciolo a formar
com este a nervura central da lamina um angulo recto. |
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ÉCLOGAS PLANTARÜM NOVARUM
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Depois que às costas do Brazil aportou Pedro Alvares Cabral, os herbados e
os jardins Europeos se enriqueceram com mais de 20,000 plantas que d'aqui par- tiram representando um numero superior ao de todas as especies da flora de toda a Europa. Foi do começo do presente século, que começaram as grandes descobertas,
porque, si bem que Lery, Tlievót, Abbeville, Anchieta, Pisou, Yandelli, Velloso, Ruiz, Pavon, Arruda Câmara e Roiz Ferreira, que até o flm do século passado se occuparam da nossa flora, foi só depois de raiar a aurora do anno de 18U0 que as grandes descobertas se fizeram. D'ahi para cá viajantes, colleetores e naturalistas, uns nacionaes outros estran-
geiros, todos enviavam o fructo de sans labores paia a Europa onde eram estudados. Desde então, até hoje, só o estrangeiro tem se encarregado de nos dizer o que possuímos em riquezas vegetaes. Foi á custa de nossas plantas que se celebrisarame se perpetuaram muitos nomes.
Foi assim que appareceram Silva Feijó, Corrêa Serra, Bernardino Gomes,
Henrique de Paiva, Banks, Commerson, Chamisso, Longsdorff, Gaudichaud, Gay, Leschenault, Sieber, Koffmansegg, Westin, Sellow, Link, Sprengel, Lessing, S. Hilaire, o principe Maximiliano, Martius, Mikan, Schott, Pohl, Beirich, Riedei, Karwiski, Burchell, Lund, Regnell, Spruce, Wallace, Trail, Henschell, Mosen, Rossiter, Peckolt, Glaziou, Loffgreen e muitos outros botânicos e collectores nacio- naes e estrangeiros, que me escapam, que com suas remessas para a Europa, enri- queceram os herbarios e a litteratura estrangeira. Cinco patriotas comtudo se destacam dessa phalange trabalhadora, quatro
mortos e um vivo, o ür. Lacerda, Frei Leandro do Sacramento, Frei Custodio Alves Serrão, Conselheiros Francisco Freire Allemão e Barão de Capanema, que no paiz, com os recursos litterarios que a patria lhes faculta, descobriram, classifi- caram plantas novas, dando-ás a conhecer ao estrangeiro. Infelizmente porém, como aquillo que não nos vem, como o rapé, de torna-
viagem, com o baptismo europeu não presta, os trabalhos de Lacerda, estão desti- nados aos cupins, os de Frei Leandi'o passaram á synonymia, os de Frei Custodio desappareceram, os de Freire Allemão uns sumiram-se, outros foram usurpados, e os de Capanema, esses dormem o somno do esquecimento, porque, desgostoso, aban- donou a sciencia em que era mestre consummado, e delia se occupa por desfastio. Apezar, porém, das importantes remessas dos collectores, das minuciosas pes-
quizas dos naturalistas viajantes, e das indagações dos sabios, ainda a nossa natureza è tão prodiga, paga tão bem o trabalho daquelles que se encarregam de estudar as suas riquezas, qué diariamente ella lhes offerece alguma cousa de novo, para indemnizal-os. O botânico no Brazil não deve desprezar logar algum como indigno de sua
visita, porque por mais occulto que soja o logar, por mais que tenha sido visitado, não o foi em todas as épocas da florescencia de todas as plantas, o basta o abandono de alguns mezes para nova vegetação, inteiramente différente, apparecer. E' assim que muitas vezes nos logares mais batidos, se encontram plantas que
escapam á vista e à observação de muitos. O tor sido em logar explorado por um naturalista, por mais distincte que seja, não implica estar a flora desse ponto conhecida, do contrario disso temos exemplos diariamente. Eis porque, apezar de pei'corrido com avidez, o nosso paiz, por naturalistas
estrangeiros, ainda se deparam com plantas novas. A prova dessa asserção estaño que me obriga a escrever estas linhas.
De passagem para o Rio de Janeiro no dia Io de fevereiro de 1888, desembarcou
meu filho João Barbosa Rodrigues Junior, junto ao forte do Cabedello, na pro- vincia da Parahyba, e para não passar ocioso o dia que ahi esteve, entreteve-se em colleccionar algumas plantas. Posto que muito moço, foi sempre no Amazonas o meu companheiro de her-
borização, quando não as fazia só, e pelo gosto e habito, querendo dar-me uma prova de seu amor filial, sabendo quanto prazer me daria, enviou-me algumas plantas seccas, com observações, que foram portadoras das saudades que lhe iam n'aima. Perfeitamente conservadas me chegaram, e qual não foi a minha satisfação
encontrando entre as plantas remettidás, uma linda passiflora de flores roxas, e folhas miúdas, conhecida por Maracujá de rato entre os naturaes. Muito mais satisfeito fiquei, quando classifiquei a especie, porque pude dar um
perpetuo agradecimento àquelle que, quando descobriu a planta, tinha no coração e na imaginação a minha lembrança. |
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Dedicando, pois, a meu filho a especie que descrevi, de aecordo com as leis da
nomenclatura botânica, satisfaço um dever de amizade e de reconhecimento paternal. S. ï*, muralis Nob sub praes. tab. scandente ; foliis velutino —
villosis inembranaceis trilobis, lobis dentatis acutis ; stipulis parvis, laciniatis villosis pilis glanduligeris ; bracteis 3-4 — pinnatisectis, segmentis linearibus pilosis glanduloso-capitel- latis ; floris tubo brevi patelliformi ; piloso ; sepalis obtusis dorso sub ápice corniculo longi instructis ; petalis glabris membranaceis dorso 1-lineatis; corona basilari integra incurva crispifoliata, fauciali filis externis pétala brevioribus internis minimis 4-seriatis, mediana integra, incurva crispifoliata ; ovario ovato, glabro, styiis villosis. Tabula noslra XIII. b.
Scandens villosissima. Rarni teretes graciles. Folia brevi petiolata mem-
branac3a cordata trilobata, lobis ovatis acutis ciliato-dentatis nervo medio majore, utrinque velutina, pilis capitellatis in mar- ginibus ornata, 0,,n030 — 0,™035 X 0,™030 — 0,m040 lg.. Petioli lamina demidio breviores velutini teretes, eglandulosi. Síipulae parvae profunde laciniatae, laciniis linearibus velutinis pilis glanduligeris ornatae. Cirri simplices. Pedunculi axiflares 1-flores vellutini, teretes 0,m025 — 0,m028 lg. petiolis duplo longiores. Bracteae laciniatae flores subaequantae villosae pilis glanduligeris munitae. Alabastra ovata, lineata, velutina, ápice 5-aristata. Floris íubus urceolatus, basi intrusus, villosus, virescens. Sépala viridia, patentia, lineari-lanceolata obtusa concava, extus vil- losa, sub ápice dorso corniculo complanato instrucfca. Peíala paullo minora, membranácea, alba, lineari-lanceolata, obtusa, patentia. Corona faucialis filamentosa, filis externis pétala subaequantibus, lutescens acl basin rugulosa, filis internis minimis erectis ad centrum decrescentibus ; corona mediana membranácea, integra, margine crispifoliata, incurva ; corona basilaris cupuli- formis, membranácea, incurva, crispifoliata. Gynandropliorum villosum ad apicem attenuatum. Füamenta lata complanata. Antherae flavae supra medio dorso affixae. Ovarium ovatum, glabrum. Styli clavati pubescentes. HAB. in Forte do Cabedello, pron. Parahyba do Norte. Maracujá do
lagartinho vel de cobra incolis appellalur. Flor, el frucl. Mayi. Otos. Posto que esta especie, como a antecedente, não pertença á provincia
do Amazonas, comtudo não posso deixar de incluil-a neste pugillo de plantas novas que apresento. listando eu na provincia da Parahyba, não passei sem ver in loco a P. Barbosae que meu filho descobrira nas immediações do celebre forte de Cabedello, e correndo as ruinas deste, cobertas de vegetação, encontrei em fins de maio, crescendo sobre os pannos das muralhas a espacie de que me oceupo, cheia de flores e fructos. Os naturaes denominam seus pequenos fruotos ala- ranjados Maracujá de lagartinho ou de cobra, por crescer o vegetal sobre os muros, entre as pedras, por onde andam esses pequenos saurios e se occultam os peçonhentos ophidios. Suas flores são pequenas, extremamente delicadas, com as pétalas brancas e transparentes e com os sépalos verdes, tendo os filamentos da coroa amarellos. |
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KCLOGAE PLAXTARÜM NÛVARUM
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Procurando identificar esta especie com os da secçãoDysmodia de De Candolle, à quai
pertence, verifiquei que a nenhuma delias se identifica, pelo que a dou como nova, impondo-lhe nome especifico que caractérisa seu viver. Excepcionalmente também cresce fora das muralhas, como me informaram; isso, porém, não é commum. Attendendo-se ao polymorpliismo das folhas da P. fcetida de Linneo ou P. polyaden de Velloso, o Marakuyá chiriha dos naturaes do Amazonas, poderão alguns consi- derar esta especie variedade daquella antiga, que na verdade algumas apresenta ; mas o distinctivo não consiste M maior ou menor pubescencia, na forma dos lóbulos da folha, e sim na forma, tamanho e côr das partes componentes das flores e dos fructos e no seu habito. Pelas bracteas, por exemplo, seria uma variedade da P. clathracta, mas a isso se oppõe a forma das folhas e das flores ; assim também pelas folhas poderia ser tomada por uma P. villosa, si não fossem as estipulas, as bracteas e as proprias flores. Companheira e mesmo sócia da P. Barbosas, ambas, ás vezes, crescem entre-
laçadas, pendentes das muralhas do forte do Cabedello, sobre as aguas do Atlântico, onde qualquer viajante as pôde encontrar. G- I*. Cabedelensis ndb. sub praes. tab. foliis membranaceis
glabris trinerviis, extus inter nervos ad basin glandulis minimis praeditis, transverse ovalibus trilobis, lobis lateralibus oblongis divaricatis biglandulosis, inter medio truncato ; petiolis brevibus eglandulosis contortis ; pendunculis solitariis petiolis triplo lon- gioribus ; corona faucialis biserialis filis teretibus sépala multo minoribus ; fructu oblongo mínimo. Tabula nostra XIII c.
Glabra. Rami graciles teretes flexuosi. Folia membranácea, trinervia,
inter nervos prominentes glándulas duas orbicularia gerentia, triloba, lobis lateralibus divergentibus oblongis, obtusis, mucrone brevissimo armato, lobo intermedio lato, truncato, mucronulato. Petioli foliis minores, teretes, eglandulosi, contorti. Pedunculi solitarii teretes graciles, petiolis multo majores. Bracteae parvae dissitae. Alabastra pyramidalia basi dilatata. Flores viridescentes campanulatae. Tubus brevis, latus explánate, a basi intus pube- scente. Sépala subcoriacea, e basi lata oblonga, lanceolata, obtusa, ápice subcucullata, recurva, extus viridia, intus albida, ad margines utroque latere membranácea. Pétala milla. Corona faucialis fi- lamentosa 4 seriatis, filis externis 2-seriatis majoribus, erectis, violaceis, filis internis bi-seriatis, minimis, incurvis, ápice capi- tatis. Corona mediana incurva, membranácea, crispifoliata, den- ticulata. Corona inframediana e medio tubo emergens, annu- laris, carnosa. Gymnadrophorum glabrum, subcurvatum, tere. Anthérœ lato-oblongse. Ovarium oblongum, incurvatum. Styli clavati, ondulati, recurvi. Frutus oblongus, 0,m 030—0,m035X 0,m0l2—0,m024 lg. flavus. HAB. arenosis locis ad liltora maris, prope Cabedelo, prov. Parahyba
do Norte. Flor el fruct. majo. Otos. Nas proximidades das ruinas do histórico e celebre forte de Santa Catha-
rina do Cabedello, no Estado da Parahyba, crescendo nas areias das praias, encontrei esta especie, ostentando flores e fructos. Aquellas todas apétalas, fazem realçar os filetes roxos das suas coroas sobre o branco esverdeado das retorcidas sépalas, às qitaes se destacam dos longos e pequenos fructos côr de laranja. |
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Comparando esta especie com as da secção Dysmodia de De Candolle, incluidas nas
Eudecaloba, entre as quaes deve figurar, não encontro nenhuma que com ella se identifique. Entre as cincoenta e oito dessa secção, escriptas pelo Dr. Maxwell Mas- ters e publicadas em 1872, na sua monographia, incluida na Flora Brasiliensis, não vem ella mencionada, e, como não conheça outro trabalho posterior no qual se descrevam novas passiíloras, dou a presente também como nova. |
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Ordo MYRTACE^Ej»,
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Oea. MYRCIA D. C.
Myrcií* atramentifera (Barb. Rod. llerb. Mus. boi. Amas.
n. 45), follüs breviter petiolatis subcoriaceis oblongis lineari-acu- minatis supra-splendentibus subtus argutè pellucido-punctatis utrinqae reticulato-venosis limbinervis, venulis elevatis: paniculis subterminalibus et axillaribus folio sequalibus v. longioribus, brunneis subsericeis multifloris ; sepalis petalisque extus sericeis. Tabula nostra I Fig. A.
Arbor bm\0,m10—0m,601g. ; rami teretiusculi, cinerei. Folia novella
rubra, subtus sparsé arguté granulosa \petiolo 0m007—0,m010 lg., lamina 0,m08—0,m011X0,m03—0,ra05 ; nervo medio supra im- presso subtus elevato, venis plurimis, teneribus, rectis prominulis, arguté pellucidis; venulis interjectis pellucidis, recticulatis. Pa- nícula} erecta?, dense ramosas, pyramidatse. Alábastra O,m001 ; bracteolïs 2, lanceolatis, ovarium aequantibus, caducis. Ocarium dense pellucidum, 4 ovulatum, disco sericeo obtectum. Sepalab, inaequalia, extus sericea, celiolata, 0,ra001 lg., subotusa. Pétala 5, insequalia ; oblongo-rotundata, 0,002 lg. Stamina petalis duplo majora. Stylus stamina ajquans, basi sericeus. Bacca? HAB. in Prov. Amazonas et Pará in silvis cœduis vulgo kapoeira,
prope Mandos. Floret Januário. Kumaty v. cumatê nuncupatur. Olbs. Entre as plantas vulgares e úteis destaca-se a especie de que trato,
muito conhecida pelos naturaes das provincias do Amazonas e do Pará, que a aproveitam na industriadas cuias, porém, não é conhecida pela sciencia. Penso que Martius não a viu, nem a colheu, porque em seu Glossaria linguarum brasüiensium na parte em que falla dos Nomina plantarum in língua tupi, diz: ï Cumati (Amazonas) Apocyneoz vel asclepidea follicularis ? » Pertencendo ella à familia dos Myrtaceas, procurei vêr se a encontrava descripta por Berg na Linnaea e na monographia dó mesmo autor, publicada na Flora Brasiliensis, em 18 de maio de 1857, monogra- " phia organizada principalmente com os herbarios de Martius e Spruce, mas não a encontrei. Entretanto a especie atramentifera está incluida na divisão, do genero, Abrupte acuminatœ, approximando-se da M. Regeliana que, apezar do seu polymor- phismo, apresentando quatro formas variantes, de nenhuma delias se approxima, a não ser da variedade angustifolia, somente pelas folhas. Não sei se posteriormente seria descripta, porém, creio que não. O Dr. Nicolao Moreira, em seu Vocabulário das arvores brazileiras, publicado em 1870, diz: « genero ignorado. Tereben- thmacea? » Considerando-a, pois, nova proponho-lho o nome acima. |
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O humatij oflferece g-rande utilidade em suas cascas, que, pisadas o de infuzão
n'agua fria por espaço de 24 horas expostas aos raios do sol, dão uma especie de tintura arroxeada que applicada, sobre a madeira e expostas estas ás evaporações ammoniacaesda urina, torna-se de um negro de ébano, luzente como o xarão asiático. Os naturaes aproveitam essa tinta, para a pintura de remos e cuias feitas dos fructos do cabaceiro ou cui/eira (Crescentia cujeté) que são muito procuradas, constituindo uma industria, que infelizmente vai desapparecendo. Kssas cuias usam-se, em geral, para farinha e para se beber agua. Sobre o
fundo negro que serve de mordente, applicam, em variados desenhos, outras tintas como o karagirú, tauá, etc. A cor negra dura grande numero de annos, embora o uso das cuias seja con-
stante. O tronco que attinge 0,m60 de diámetro, é empregado em construcções de casas. Empregam também os naturaes as raspas das cascas do kumaty no calafeto das canoas, sendo mais duradouras do que a estopa. No Rio Negro, em geral, delias se servem os pescadores. Não se deve confundir esta especie com outra do mesmo nome, que cresce em Pernambuco e no Rio Grande do Norte, que é o Psidium albidum de Cambessodes, também conhecido em Minas Goraes pelo nome de araçd. |
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APOCYNACEyELi!HU.
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Gen. COUMA Anbl.
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douma macrocarpa (Barb, Rod. i. cit.n. 460), ramis teretibus
cinereo-ferrugineis aibido verrucosis; foliis cordatis acutis, basi inpetiolum ridigissimum crassé trigonum attenuatis, venosis intus nitidis atroviridibus extus nervis secundariis ferrugineis mullo pro- minentibus ; bacca magna flava. Tabula nostra I. Fig. B.
Arbor 8m—10mX-m02—0,m6 lg. Rami subteretiusculi, verrucoso-asperu-
li ; ramuli ternato-verticillati. Folia longa, atroviridia, rígida, ternato-verticillata, cordata, obtuso-acuminata, supra glabra, subtus mellina, riervi secundarii rigidi, prominentes, ferruginosi ; petiolo 0,m010— 0,m012 lg., ferrugineo. Flores non vidi. Bacca subglobosa, 0,m030—0,m35 in diam., epicarpio rígido immatura. Semina plurima, (5—15) oblonga, compressa, in pulpa fibrosa longa nidulantia. Epispêrma brunnea. Embryo reetus longitu- dine albuminis. HAB. ad Rio Negro, in silvis Tarumá-uaçu. Incolis Kumã-uaçu v.
Sorva grande nuncupala. Fruct. Mari. Olbs. O genero Couma foi estabelecido pelo celebre botânico J. B. Christophe
Fusée Aublet e publicado em 1775 no supplemento da sua ílistoire'des plantes de la Guyanne Françoise á pag. 39, acompanhado de uma estampi sob o n. 392. Caracte- risou o genero pela especie a que deu o nome de C. Guyannensis, acceita por De Cau- dolle, em seu Prodromus. Aublet, que, para quasi todos os seus géneros adoptou para nomes scientilicos,
com alguma razão, os vernáculos, como neste caso, ouvindo pronunciar o vocábulo indigena Kumã, como fraucez que era, o escreveu com o som de tua língua, de onde veio Couma, que, pronunciado por brazileiro, portuguez ou italiano, parecorá um |
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outro différente do indígena. O Dr. Martins, adoptando também, o genero de Aublet,
e, achando outra especie com o nome huma, mas que os portuguezes baptisaram por sorva, achando nella differenças, creou o genero Calophora para a especie utilis, commum em todo o Rio Negro. Bentham e Hooker nos seus Genera e o Dr. Müller d'Argovia, em sua monographia das Apocynaceas da Flora Brasiliensis, entretanto, reuniram este genero ao Couma, não apresentando a especie Guyannensis e descre- vendo outra oriunda da Bahia, o Mokwgê com o nome de C. rígida, apezar de De Candolle o conservar. Martins, creando'o genero Calophora teve razão porque, com- parando-se o habüus do seu Calophora com o do Couma, vê-se que é inteiramente différente. Com o habitus do primeiro, encontrei a especie acima infelizmente sem flores, sabendo apenas, por informações de um indio, que são ellas roseas, como as da utilis e da Guyannensis, porém maiores. A principio tomei-a pela especie de Aublet, porém, comparando os órgãos appendiculares, o habitus, e os fructos, encontrei differenças que me levam a apresental-a como nova. A especie da Guyanna é uma arvore pequena (arbuscula), de folhas largamente ovaes (late ovalibus), comos fructos interna e externamente russos (bacca intus et extus rufescens), emquanto que a de que trato é uma arvore excelsa, cujo tronco mede ás vezes o diâmetro de oitenta cen- tímetros, tem as folhas cordiformes, inferiormente pardacentas, e os fructos, mesmo maduros, verde-amarellos por fora e verde-esbranquiçados por dentro. Da C. utilis e rígida affasta-se então inteiramente. Vulgarmente é conhecida por Kumã-uaçu ou sorva grande. Dá abundante leite, rico em borracha e seus fructos são muito sabo- rosos e doces, tendo o epicarpo um pouco rijo, do qual se destaca a polpa que contém as sementes e que é a parte comestível. |
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Ordo LOGANIAOEyE Endl.
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Gen. STRYCHNOS Prog.
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sa0i. LONGIFLORiE mi
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1. Stryclinos macropliylla (Barb. Rod. I. cit. n. 249),
alte scandens cirrliifera, ramulis patulis junioribus pubescentibus, internodiis folio brevioribus ; foliis coriaceis ovato-ellipticis acu- minatis brevi petiolatis trinervatis supra glabris nitidis subtus pube minutíssima adspersis, nervis pubescentibus ; corolla hypo- craterimorpha, tubo extus pubescenti intus villoso lobis intus sul- catis tomentoso-barbatis sub triplo longiore. Tabula nostra II.
Frutea; alté scandens ; cirrhi pubescenti. Folia superiora 0m20—0,22X
0,m12—0,m13 lg., basi rotundata petiolo 0,m01. ]g. inferiora multo minora. Gymae&à ápices ramulorum. Calyx 0,m002 lg. Corolla tubo 0,m007, lobis 0,m003 lg., pubescentis. Stamina filamentis brevibus fauci inserta. Antlierae lineari inserta?. Ova- rium glabrum. Ovula 3—4. Stylus glaber fauci longitudine. Bacca globulosa, acuta. HAB. in silva inunãata aã ripas Igarapé da Gachoeirinha, prope
Manáos. Floreb. Septemb. Uirary rana vocatur vol. ï 5
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01>is. Encontrei, infelizmente, esta especie somente com flores seccas ; porém
comparando estas, assim como as folhas, com as especies descriptas, vi que a minha de todas se affastava, embora pelas flores se approxime um pouco ao S. rondéle- tioides Spr. B' um grande cipó, cuja casca suberosa é de um amargo fortissimo, tendo, quando macerada na agua a sua infusão uma bella côr de vinho velho do Porto. O uirary ou curare que preparei com as cascas desta especie apresenta uma cor negro-esverdeada, e de todos os preparados das especies aqui consignadas, é o mais forte, produzindo mais rapidamente a morte dos animaes em que é inoculado. A materia colorante toxica é mais solúvel no alcool do que na agua ; por isso os
alcoolatos apresentam cor mais carregada, différente por vezes da das infusões. S. S. ericetina. (Barb. Rod. I. et. n. 160), fructicoso-scandens,
cirrhifera ; ramulis oppositis suberectis griseo-velutinis ; foliis coriaceis subsessilibus ovato-lanceolatis acutis basi plerisque cor- datis trinerviis utrinque griseo-velutinis ; eymis axillaribus 3—4 floris ; floribus 4—meris ; lobis calycinis ovatis acutis convexis velutinis ; corolla hypocraterímorpha, tubo abbreviato cylindraceo lobis subsequilongo intus densissimélanato, lobis triangulari-lan- ceolatis acutis tubo paullo majore. Tabula nostra III. Fig. B.
Ramuli graciles, internodiis folio duplo brevioribus. Cirrhi axillares, folio
magnitudine, velutini, revoluti, superne incrassati. Folia 0m035X 0,0141g., superné nitida, lœviter gríseo velutina, subtus tomen- tosa, nervis nervulisque prominentibus eleganter reticulata. Cymce2—4 florae, floribus brevi-pedicillatis. Calyx tubo triplo brevior. Corollae albae, tubo paulo majore. Stamina ad faucem inserta, filamenta complanata, antheris majora ; antheris sub li- neari-lanceolatis, exsertis. Ovarium glabrum. Stygma longé exsertum, sub truncatum. Bacoa reniformiv. irregulariter oblon- ga, compressa, monosperma, aurantiaca, 0,m020X0>m012 v. 0,m017X0,m011. Semen compressum, testa pergamínea, atro- vinosa. Albumen corneum. Embryo centralis, cotyledonibus lan- ceolatis. HÀB. in sylvis cœduis sive Kapoeiraad Manàos. Flor. Set. Fruet.
Fébr. Indii Makuchi vocant Uirary Tarerem. Nom. vulg. Yua- káka pindá v. anzol de lontra. OTbs. Entre as especies brazileiras, torna-semais distincta esta, que â primeira
vista tem o aspecto de um jasmineiro. Posto que próxima ás congeneres subcordata e laneeolata, ambas de Spruce ; comtudo affasta-se delias por caracteres que tira de ambas, sem reunil-os em absoluto, circumstancia que a especifica distinctamente. As flores pela manhã desprendem forte aroma que se approxima ao das amên-
doas amargas. A parte cortical da raiz é bastante amarga, e, macerada n'agua, esta apresenta a cor de bom vinho Madeira secco. Pelo constante aborto dos óvulos, o fructosó apresenta uma semente.
Conforme a posição que occupa, em relação a placenta, o ovulo que se desen-
volve, dá assim uma fôrma ao frueto mais ou menos irregular. Em geral é reni- forme, comprimido de um lado e mais ou menos convexo de outro, porém, com a forma oblonga, mais ou menos regular, também se apresenta. Raríssimas vezes em um exemplar coberto de fruetos se encontra um délies dispermo. Uma forma que também ás vezes toma o frueto é o de uma lentilha muito con-
vexa na parte superior, ficando então, bem no ápice, diametralmente opposto ao pe- |
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dunculo o estilete do stygma, ou a sua cicatriz, coincidindo assim o ápice orgánico
com o geométrico, o que se não dá nas outras fôrmas, em que sempre o ápice orga- juico é mais ou menos lateral. 3. S. rivularia (Barb. Rod. I. cit.n. 698), seandens cirrhifera,
ramis erectopatentibus badio velutinis; foliis coriaceís ellipticis acutis supra nitentibus breviter petiolatis ; cymis axillaribus bre- vibus, flcribus tetrameris ; lobis calycinis lato-ovatis erectis, mar- gine brevis-ciliatis ; corollse intus densissimé lanatse, lobis lanceo- latis acutis tubo sequalibus ; antherse exclusse. Tabula nostra II. Fig. B.—IV. Fig. C.
Frutex seandens, lignosus, 0m,02diam. Rami scandentes longissimê, in-
ternodiis 0m,02 — 0m,03 lg. Folia basi acuta, 0m,055— 0m,065>< 0m,030—0m,040 lg. Cirrhi folliis minori, circinati, ápice íncrassati Bradeis pubescentibus. Cymce 6—9 floras, pubescente. Flores agglornerati, brevi-pedicellati. Calycc glabrescens, 0m,002 ait. Corolla hypocraterimorpha, alba, tubo extus velutino, 0m,014alt. Stamina ad fauce inserta, ñlamenta glabra, erecta, triplo tubo minora, a basi incrassata. Antherœ intorsse, lanceolataa, basi mar- ginata. Ovarium glabrum, subglobosum, biloculare, loculis plu- riovnlatis, 5—seriatis. Stigma subglobosum, exsertum. Bacca immatura oblonga, anticé compressa, posticê convexa, mono- sperma, 0m,017X0m,013 lg. HAB. inripas humidioribus aã igarapé do Curro, prope Manáos, olim
Barra do Rio Negro, ubi Yurupari pindá v. Anzol do Diabo vo- catur. Flor. Nov. Fruct. Febr. Ofos. A especie em questão é urna das que se comprehendem na secção que o
Dr. Augusto Sprogel, ultimo monographo das Loganiaceas, estabeleceu, adoptando para ella o nome de Rouhamon, que é o que os indios Galibis, da Guyana Franceza, dão ao Uirary, e que Aublet, aproveitou para o de genero. Com effeito, muito ella se aproxima do Rouhamon Gttyanénsis do mesmo Aublet, que Bentham faz synonimo do seu Sirychnos Rouhamon, mas que me parece não o ser, apezar da autoridade de Sprogel, porque, pelo menos a figura que da o botánico francez mostra ser especie distincta da que a Flora Brasiliensis apresenta. A fôrma das folhas e das flores, a inflorescencia e o numero de divisões da corolla, entre as duas estampas são dif- férentes e comparando-se mesmo as descripções vê-se que ellas se affastam. Pondo de parte isso, e admittindo serem synonimas, a planta por mim achada muito se approxima da que Aublet descreve e representa na sua Historia das plantas da Guya~ na, assim como do Strychnos lanceolata que Spruce achou nas cachoeiras de S. Ga- briel, no Rio Negro e no seu affluente Uaupós. O meu Strichnos rivularia affasta-se comtudo do do botânico francez em ter as folhas ellipticas e não sub-arredondadas ; em não serem inferiormente quasi cinzentas e sim pubescentes ; em ter as flores maiores e não serem dispostas aos pares ; em ter o tubo coberto de pellos e não os lóbulos da corolla ; e do do botânico inglez em ter as folhas ellipticas e não oblongo-lanceoladas ; em serem sempre triplinervias, pubescentes e não opacas inferiormente ; serem as flores tetrameras e não pentameras e ter as divisões da corolla iguaes ao tubo e não menores. Posto que a monographia que me serve de elemento para o estudo não seja mo-
derna, pois data de 1868, comtudo isso em nada penso influir, porque as especies descriptas depois, como a Crevauxii, Jaubertiana, depaiiperata e densiflora, descriptas por Planchón, e Bâillon, affastam-se também da que aqui me oceupo. Nos fruetos desta especie, acontece o mesmo que observei na antecedente, porém,
nunca tornam-se reniformes, são sempre oblongos irregularmente desenvolvidos. |
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36 EOLOGAE PLANTARUM NOVARUM
■4L. S. papilosa (Barb. Rod. I. cil. n. 680), scandens cirrhifera,
ramis erecto-patentibus flava-velutinis ; foliis submembranaceis lanceolatis obovatis oblongisve, basi in petiolum brevemattenuatis, triplinervis, subtus pallidioribus, ad venas tomentosis ; cjmis axil- laribus brevibus, fïoribus 5-meris ; lobis calycinis laté-ovatis acutis pubescentiims argute ciliatis ; corollse intus densissimé la- natse lobis lineari-lanceolatis intus papillosis recurvis tubo mino- ribus ; antheris exclusis. Tabula nostra IV.—Fig. B.
Truncus tortuosus, 5—6met. lg. Cortice suberoso, extus lenticellis cre-
bis verrucoso, intus ferrugineo. Rami scandenti, longissimi, in- ternodia 0m,022—0m,025. Folia Om,070XOm,020 lg., apice acuta, supra glabra ad vena media puberula, subtus raro pubescentia. marginibus puberula, petiolo 0m,005 lg. pubescenti. Cirrhi apice circinati paulo incrassati, puberuli. Cymae 3—7 florœ, pubes- centes ; bracteolis late lanceolatis, puberulis. Flores pedicellati, 5—meri. Calyoa pubescens, 0m,001 ait. medio attenuata. Corolla alba virescentia 0m,007 ait. medio attenuata. Antherœ longé ex- sertse, lineares, filamentis filiformibus basi dilatatis. Ovarium gla- brum, loculis multi-ovulatis. Stygma subtruncatum, exsertum, papillosum. Bacca subovata, anticé compressa, posticé convexa, monosperma, 0m,015X0m,011 lg., testa pergaminea, glabra. Semen oblongum, compressum ; albumen cartilaginosum. Embryo mini- mus, centralis, rectus ; cotyledonibus lanceolatis. HAB. in Iguarapé da Cachoeira, ad Cachoerinha do Teyú, Rio Negro
prope Manáos. Flor. Nov., fruot. Fébr. Olbs.— Entre os Strychnos que tenho descripto este é o que mais se approxima
do 5. Rouhamon Benth. pela forma das folhas, que, todavia nesta especie são sempre triplinervias, tendo a pagina inferior e as margens pubescentes, assim como as ner- vuras. A nervura media na pagina superior é toda pubescente, também como o é todo o peciolo. Nas flores as divisões da corolla são sempre em numero de cinco, sendo estas papilosas internamente, como o é também o stigma. O calyce é todo pubescente. A casca tem a epiderme acinzentada, porém a parte
suberosa é de um pardo avermelhado, sendo esta muito amarga. O lenho é branco. As flores, pela manhã, exlialam um aroma muito agradável e penetrante. Os fructos teem sempre uma fôrma muito irregular, predominando a oblonga, e
esta é mais ou menos alongada ou arredondada, apresentando elevações, que cor- respondem sempre á posição do ovulo, que fecundado se desenvolveu. 8. S. Manaoensis (Bard. Rod. I. cit. n. 257) alté scandens cir-
rhifera, ramulis rufo velutinis : foliis coríaceis glabris superné nitentibus oblongis acutissimis v. acuminatis 5—nervatis basi acutis; bracteis pedicellis majoribus spathulato-trapezoideis incurvis dorsaliter angulatis ; cymis axillaribus; floribus minutis tretameris ; calycibus glabris lobis ovatis acutis marginibus lseviter barbatis, corollaí tubo intus pauci lanato lobis lineari-lanceolatis, tubo bre- vioribus. |
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Tabula nostra V.
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Truncus tortuosus, 0,m10—0,m15 diam:, rami cortice pauci suberoso,
transversaliter rimoso, griseo ; ramuli elongati, patuli, velutini. Cirrhi hamati, superne paulló inerassati, rufo velutini. Folia ra- mulorum florigerum majora, 0,m13—0,m15X0,m048—0,m050 lg., pedicello 0,m013—0,m015 lg., velutino, illa ramulorum noTorum minora, 0,m05—0,m06X0>m014—0,m0251g., subtus puis minutis- simis sparsa, nervo medio subtus velutino. Cymae pedunculis communis 0,m008—0,m0101g. Carato tubus0,m005 ait. Stamina ad faucem inserta ; filamenta gracilia. Ovariutn uniloculare subro- tundum. Stylus 0,m006 lg.„ Bacca flavescens, globulosa, mono- sperma, 0,m017 diam. Semina 1, oblonga v. subglobosa ; cotyle- dones oblongse. HAB. in locis inundatis ad ripas Igarapé do Atterro, Manáos, olimBarra.
do Rio Negro. Flor. Ocl., Fruct. Fébr. Olbs.—Torna-se notável esta especie pelas suas gavinhas, que, quando os ramos
são novos, não os florígeros, alcançam grandes dimensões e grossura, chegando a ter quasi dous decímetros de comprimento, com as quaes se agarram ás arvores a que se apoia a planta para crescer. Encontrei esta especie representada por dous ma- gníficos exemplares já com fructos e muitas flores não fecundadas, porem todas sem corollas, á excepção de uma, cujas anthéras e stigmas tinham sido destruidos. As cascas do tronco, cujo lenho é branco, são muito amargas. Comparando esta especie com as diagnoses das descriptas até hoje, a nenhuma
delias se identifica, pelo que a considero também nova. De todas as especies aqui descriptas, é esta a que apresenta o fructo mais
regular, sempre mais ou menos globoso. O albumen é córneo.
6. S. Kauichana (Barb. Rod. I. cit. n. £#£),subarborea, ramis
elongatis junioribus cylindraceis, velutinis, cirrhis hamatis flavo- velutinis ; foliis membranaceis elliptieis, ápice acutis, basi acuta, brevissime petiolatis quintuplinêrviis, superne glabris ad nervos puberulis, subtus arguté pubentis. Radix cortice ferrugineo; truncus lm,lm,40X0m,015—0m,020 lg., tor-
tuosus, griseus, lenticellis crebris verrucosus, rami erecti, viridi, velutini, internodiis valde incrassatis, folio brevioribus. Cirrhi superne inerassati, velutini. Folia superne nitida viridia, subtus pallidiora, 0m,06—Om,10X0m,003—0m,04 lg., Petiolus 0m.003—0m,004 lg., Flores et baccam non vidi. HAB. In locis humidis ad Rio Tonantins. prov. Amaz. Indii Kaui-
chanas vocanl Pohecetá et Makakinha namby v. Orelha de macaco tapuyas nuncupatur. |
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Insertse sedis (1)
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T. S. gigantea (Bard. Rod. I. cit. n. 202), alté scandens, cortice
suberoso ferrugineo rimoso ; ramis glabris, junioribus virescentibus, (1) Aa reacções chimicas destas especies as levam para o quinto grupo, de que
adiante trato, ou para a secção Rouhamon, em que estão incluidos 03 uirarys dos Konibos e dos Amahuakas do Perú, feitos com o Stryehnos Rouhamon ; mas, pela inflorescencia, poderão períencer a alguma das outras secções. |
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38 ECLOGAE PLAÑTARUM NOVARDM
cirrhis spinisque nullis ; follis coriaceis amplis ellipticis quintu-
plinerviis acuminatis basi in petiolum brevem attenuatis. Tabula nostra III. Fig .A.
Truncus cœspitosus, 0m,12—0,40 diam. Ramis gracilibus, internodiis in-
crassatis, folio brevioribus. Folia caulinaria basi rotundata, ramea acuta, quintuplinervia, superiora majora, 0m,13—0,20X0m,04— 0m,07 lg*., nervis subtus prominentibus, glabris ; petiolo 0m,006— 0m,010 lg., currugato. Flores et baccam non vidi. HAB. in silvis inundatis ad ripas Rio Negro, Praia do Capitão, prope
Moura. Indii Mahuchy vocant Uirary kamaruâ. Olbs.— Esta planta que bem se pôde chamar o gigante dos Strychnos, dá
em soqueiras que, a principio, estendem galhos pelo chão, elevando-se depois ao cimo das mais altas arvores, confundindo suas folhas com a das ramagens destas, deixando só ver seus cipós que assemelham-se a grossas serpentes qus se enros- cam e sobem pelos troncos que lhe ficam próximos. A casca é de um amarello ferruginea, muito suberosa e de um amargo insup-
portavel. Na camada suberosa ô que reside o principio activo e toxico. S. S. Urbanii (Barb. Rod. I. cit. n. 228), arborescens; ramulis
glabris ; foliis amplis oblongo-ellipticis brevissime pedicellatis triplinerviis utrinque glabris acuminatis. Tabula nostra IV.— Fig. A.
Arbor gracilis 4 — 5 met. ait. Folia 0,m22X0,08 lg., papyracea,
nervis subtus prominentibus, petiolo 0,m004 lg. Flor. et fruct. non vidi. HAB. aã igapóu. silvis inundatis in Rio Yutahy, Prov. Amazonas.
Olbs. Esta planta foi achada pelo octogenario cidadão Manoel Urbano da
Encarnação, quando explorou o Rio Yutahy, em 1884, chegando-me, infelizmente, às mãos o exemplar incompleto. Entretanto, pelas folhas e pelo porte, distingue-se perfeitamente das especies descriptas pelo Dr. Augusto Progel. Desde que encontre a planta completa, será a descripção mais desenvolvida. O nome especifico per- petua o do descobridor do vegetal, um cidadão honrado e prestimoso, que muitos serviços tem prestado á província do Amazonas, como explorador intrépido. E' dever de gratidão perpetuar os nomes daquelles que são úteis á patria e á
sciencia, principalmente quando já se inclinam para o occaso da vida. ©. S. lethalis (Barb. Rod. I. cit. n. 713), fructex alté scandens
cirrhifera; foliis subcoriaceis ellipticis v. ovatis acuminatis, basi in petiolum brevem attenuatis quintuplinerviis, subtus ad venas minute puberulis. Truncus tortuosus 0,m05—0,10 in diam., cortice crasso, rimoso, spongio-
so, hepático. Folia 0,mll — 0,m15X 0,m05 — 0,m09 lg., superne nitide viridia, subtus opaca, pallidiora, prominule venulosa, petiolo 0,m01 lg. Flor. et baccam non vidi. j HAB. in silvis primaevis ad Rio Tonantins, Prov. Amaz. Indii
Kauichana vocant Kokoary. IO. S. Tonantinensis (Barb. Rod. t. cit. n. 714) frutex alté
scandens cirrhifera ; foliis coriaceis ovatis acutis» basi in petiolum brevem attenuatis quintuplinerviis, superne nitentibus subtus opacis utrinque glabris, nervulis subtus prominentibus. |
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Truncus tortuosus, 0,m07 — 0,m10 ia diam., cortice crasso longitudi-
naliter rimoso, hepático. Folia 0,m13 —0,m15X0,m09 —0,m10 lg., petiolo puberulo 0,m010—0,m0121g. Flor. Gtbaccam non vidi. HAB. in silvis ad ripas Rio Tonantins, Prov. Amaz. Indii Kauichana
vocant Kuacikuala. OTbs. Estudando as tres especies de strychnos, que vi empregadas, que infeliz-
mente estavam sem flores ou fruetos, e procurando identifical-os com os conhecidos, apezar de não colher exemplares completos, todavia, com nenhum délies se identi- ficaram, apezar de sempre presumir que, dous pelo menos, fossem os que o Sr. Jobert diz serem dos Kauichanás, posto que visse fazer o curare no Caldeirão, que é habitado por Tikunas. Este meu achado vem provar que os ditos indios teem na flora da paragem que
habitam, varios Strycbnos, que ora empregam uns, ora outros, tanto que empre- gando à vista do Sr. Jobert só dous, á minha empregaram tres e différentes, cujos exemplares existem no Muzeu, e com as cascas dos quaes preparei extractos para analyses e experiencias que fiz. Comparando-se os Strychnos Jobertiana e depauperata com os tres acima descriptos
vê-se que não se identificam, bastando para isso comparar-se as diagnoses, das quaes os caracteres específicos se distanciam bastante das minhas especies. Assim, o Jobertiana, que, diz Bâillon, não parece ser cipó tem a haste tetragena, as folhas glabras, membranáceas com 0m,20 X 0m,10, com as tres nervuras grandes divergindo logo da base, com mais duas lateraes, que se fundem nas margens, tendo o peciolo de um centímetro. O depauperata ê cipó, tem a haste rugosa, os ramos avelludados, as folhas
subsesseis quasi cordadas na base, com 0m,04x 0m,02, avelludadas em ambas as faces e com cinco nervuras. Comparem-se estes caracteres com os das minhas e ver-se-ha que são distinctos.
Os lenhos nas minhas especies Kauichana, lethalis, Tonantinensis são brancos, nas
primeiras e amarellados na ultima. Os venenos que obtive dos indios e os que preparei pelo mesmo processo que
elles empregam, me deram reacções que os levam para tres grupos distinctos, da classificação que adoptei, como se vê do quadro junto. Dos tres strychnos que entram na composição toxica dos Kauichanás o único
que fere de morte o animal é o Kohoary, pelo que lhe appliquei o nome espe- cifico de lethalis. Às experiencias que nestes dous últimos annos tenho feito com estas especies
confirmaram as que fiz em 1873, para conhecer a composição e o antidoto do curare, experiencias estas que me levaram a afflrmar nas conferencias publicas que fiz no Rio de Janeiro em 25 de agosto e Io de setembro de 1878, nas da aula de medicina legal, da Escola de Medicina do Rio de Janeiro, em 17 de setembro do mesmo anno, assim como pela Gazeta de Noticias, de 23 de fevereiro de 1879 que: è sempre um strychnos que produz a morte do animal ' e o cortejo de symptomas que a pre- cedem. As plantas que entram no fabrico do uirary indígena, por superstição, em algumas tribus, porque outras empregam simplesmente um strychnos, apenas ser- virão para activar a absorpção, sendo sua energia devida â especie da flora do local em que habitam os fabricantes. 0 aspecto vernicoso que algumas especies de curare apresentam, como por
exemplo, os da Guyanna, não ô devido a plantas mucilaginosas, como Ároideaceas, mas sim peculiar a alguns strychnos. Preparei varios uirary s com S. Urbanii e com macrophylla, o do primeiro com cascas seccas e velhas, o do segundo com cas- cas verdes, e ambo3 apresentavam o aspecto de terem sido preparados com verniz ; o mesmo aspecto apresenta os S. Manaoensis, rivularia e papillosa aqui descriptas. De todas as especies e com exemplares adultos e fortes * fiz infuzoes theiferas,
alcoolatos e extractos, preparando também o curare pelo processo indígena. Feitas 1 Esta affirmação foi anterior á creação do laboratorio do Muzeu do Rio de Janeiro,
por conseguinte, cmuito anterior ás experiencias dos Drs. Lacerda e Coufcy. * Utilisei-me somente das cascas do tronco e das raizes. Não experimentei as folhas
e as flores, porque os indios não se aproveitam delias para o fabrico dos seus venenos. |
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as experiencias em animaes, estes apresentavam os symptomas próprios do enve-
nenamento pelo veneno indígena, sobrevindo a morte mais ou menos retardada, segundo a especie, acontecendo mesmo ser o veneno iluminado pela urina, depois de produzir os primeiros effeitos. 5 ' Entre os stryehnos ató hoje descriptos, comprehendidos a Gubleri e o Crevauxii
achados pelo infortunado Dr. Crevaux e descriptos por M. G. Planchón, no Journal de Thérapeutique, que disso deu noticia á Academia de Sciencias em 22 de dezembro de 1879, não encontrei uma só especie que se identifique com as que agora apresento. Por essa razão as dou como novas. Depois de grandes esforços, outr'ora e hoje, consegui formar uma collecção,
particular, de especies de uirarys ou curares, de todas as tribus brasileiras que o fabricam ou usam, assim como das da Guyanna Ingleza, Venezuela e Perú, não só em panellinhas, cabaças, canudos ou carriços de takuara, como em flechas, de zarabatana, hurabys o murukus. De différentes localidades procedem os preparados tóxicos pertencentes a diffé-
rentes tribus e se distinguem pela côr, consistencia, forma do vazilhame em que são guardados, e pelos instrumentos em que são empregados. Possuo tudo classi- ficado, tendo obtido os venenos directamente ou por amigos, dignos de toda con- fiança, instruidos por mim, pelo que duvida alguma pode haver sobre as proce- dencias. Tenho apenas duvida sobre dous, quanto á tribu, e não quanto à localidade, Comparei, por meio de reacções chimícas, os venenos de vazilha com os de flechas e depois de identificados por tribus, passei a analyzal-os tribu por tribu, regis- trando por meio de pintura, á aquarella, as cores das diversas reacções em um grande quadro, acompanhadas de observações. ~\ Não podendo aqui publical-o apresento um outro que resume o primeiro, por
onde se poderá ver que différentes são as especies de stryehnos que entram na composição pela differença das reacções. O estudo comparativo da energia do veneno pela experiencia a que os submetti,
a côr do pó, dos alcoolatos, e das soluções aquosas de cada um, assim como as cores resultantes das suas reações chimicas, com os mesmos reagentes, me fizeram dividir os ourares de diversas tribus e procedencias em quatro ordens, comprehen- dendo a, primeira dous grupos, ás quaes denominei : Tikuna, Kamara.ua, Lamisto, Tiyüakino e Falsos. A estas divisões se filiam os stryehnos conhecidos. A primeira comprehende
os venenos mais fortes e que matam não sò quadrúpedes como aves, com prom- ptidão ; a segunda os que produzem os mesmos effeitos da primeira, porém, com lentidão ; a terceira os que matam os quadrúpedes e não as aves ; a quarta os que, como os da primeira, matam indiferentemente, com menos promptidão ; 6 a quinta os falsificados que ou matam, o para os quaes o chlorureto de sodium não é anti- doto, ou absolutamente não produzem a morte em nenhum animal. A Tikuna, pertence ás tribus brazileiras do Solimões ; a Lamisto ás tribus
peruanas do Rio Ucayale ; a Kamarauá ás tribus brazileiras do Rio Negro ; a Tiyuahino, as das quebradas do Huallaga e a Falsa ás tribus civilisadas de ambos os paizes. Não conheço a planta do Tiyüakino, e sim os fructos aos quaes dão o mesmo
nome que tem a planta, o de A'mbiuasca, isto è, cipo venenoso. Estes fructos, não só os animaes, como os homens comem, por serem muito doces, porém, não ô o stryehnos brachiata de Ruiz e Pavon, cujos fructos, também comestíveis, differem muito em tamanho, sendo os deste quasi do tamanho de uma laranja, emquanto que os d'aquelle tem o de uma uva. O Tiyuahino ó feito pelos Tarapotinos de Tiuyaho, e não desce ao departa-
mento de Loreto, pelo que ahi é completamente desconhecido. 0 Lamisto oM Pishiuayno ' e o Tiuyahino 'l sempre são guardados em colmos
de taquai'a ou carriços, de um palmo de comprimento. A divisão do Lamisto comprehende os venenos mais fracos, como o de Pebas,
e a do Tikuna os mais fortes. A Tiuyakino é a intermediaria. Tive occasião de vêr varias falsificações: ora enchem uma panella ou carriço
com uma substancia inocua, a qual cobrem com Tikuna ; ora misturam os dous, ou mesmo fabricam o Lamisto incluindo n'elle nicotina, que extrahem das folhas de tabaco, quando não é feito só de Cocculus, Abuta ou Onomospermum, que são 1 O Pichiuayno, 6 feito no pueblo de richiuayaco, perto das cordiUieiras.
2 0 Tiuyakino é feito pelos indios das quebradas tle Tíuyaco.
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Quadro das reacções dos venenos conhecidos pelo nome de « curare »
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ACIDO SULPH.
BICHROM. DE POT, |
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CHLORURETO
DE OURO |
PERCHLORURETO
DE FERRO |
BICHROMATO
DE POTASSA |
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ACIDO AZ0TIC0
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PROCEDENCIA
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Io grupo
Miranhas, pote ; Tíkunás, pote ; Yuris,
flecha ; Omauas, pote................. Mahakus, pote ; Mayankongs, flecha ;
Ipuricotós, flecha ; Uakys, cabaça ; Arikunás, Makuchys, Uañanás, flechas e kurabys, Tukanos, cabaça ; Kubeuas, pote ; Pauíchianás, pote ; Piarrhoas, cabaça ; Strychnos lethalis, planta. 'Cauichianas, pote; Cauichlanas, cabaçae
flecha; Uaupé, pote e cabaça grande. Guyana, cabaça 2o grupo
■ Katukinos, aechas ; Katauïchys, kurabys ;
Ipurinás, kurabys.................... |
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Rios Yapurá e Içá. ...
Rios Parimá, Mahú,
Uaupés, Padauary, Tonantins, Solúnões, Maraviá, Sipabo, Ore- noco e fronteiras de Venezuela, Tonantins, Padauary, Uaupés... |
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Côr de vinho e cor
de telha. |
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Cor de violeta
amarellada e ro- sada. |
Verde folhasecca,
violáceoe pardo |
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Amareílo oscuro <
amareílo sujo. |
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Côr de vinho sujo
e pardo. |
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17,'
3
4
4 6 2 4 4, 3
53
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Pardo amareílo.
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Rio Purús.
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Côr de vinho.
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Pardo .
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Verde folha secca
e claro......... |
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Amareílo.
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•^ Mahakus, * Akangatares, Tarianás, De-
£^ çanás, pote e kurabys............... II es -----
|JGruyana, pote Strychnos Kauichiana,
t£j\ erioetina e Tonanttnemis, plantas. -.. 0[ Lamas, carriço ; Piros, Chontakiros,
•%\ murukus; Yahuas, carriço ; Mayoruna, III g/ murukus ; Passés, pote. |
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Rio Uaupés e aífluentes
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Côr de violeta azu-
lada........., |
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Verde escuro___
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Pardo roxeado..
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Verde folha seeca
e amarellado... |
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Ríos Negro e Tonantins
Rios Marañon, Uallaga,
Ucayali e Yutahy. |
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Amareílo pardo.
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Verde esmeralda
e verde vegetal |
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Côr de telha.
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Pardo amarellado
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Verde folha secca
escuro. |
Amareílo sujo e
amareílo claro. |
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trychnos Tlfbanü e macrophyíla, plantas
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g Konibos, Amahuakas, murukus; Tikunas,
■%\ pote; Mayorunas, carriço. IV | ----- pJStrychnos Manaoensis, gigantea, rivula-
H >. ***3, papulosa^ plantas................. |
Rios Ucayali, Negro e
Javary...,........... |
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Cor de calé.
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Cor de telha.
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Pardo amarellado
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Verde foíha secca
escuro ......... |
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Amareílo vivo.
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Manáos.
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v % JTikuna, pote ; Abuta, Onomospermum.
~á) pTantas................................ |
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Rio Içá e Tonantins.
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Côr de sepia ou
pardo escuro |
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Pardo rosado ou
amarellado.. |
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Pardo escuro...
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Total.
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Verde folha secca
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Amareílo.
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Observações
A»— As soluções foram feitas com 5 dec. de producto para 10 cent, cúbicos d'agua distillada.
U.— A côr das reacções dadas aqui são as mais intensas, variando para mais claro, segundo a tribu. C«— A lettra P no alto das columnas indica que as cores nellas mencionadas são dos precipitados que sempre se formam.
!>•— O uirary ou curare é usado somente pelos indios do Perú, de Venezuela e da provincia do Amazonas. Os da provincia do Pará não o usam, o o curare
que se exporta desta é importado daquella. O curare conhecido como sendo dos Mundurukus è dos Miranhas. Aquella tribu desconhece completamente esse veneno. * Este curare separa-se deste grupo por ter as reacções com o chlorureto de ouro e perchlorureto de ferro — côr de vinho. |
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ECLOGAE PLANTARÜM NOVA RUM 41
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tomados também por strycJmos, não sei se conscienciosamente ou por especu-
lação, como acontece com o fabricado no Rio Içá, que vendem por Tikuna. Também se aproveitam do vasilhame dos Tikunas ou dos Miranhas para enehel-o
de materia falsificada ! Aqui dou as cores das reacções dos uirarys, com cinco reagentes, e o seu agru-
pamento, deixando de mencionar as reacções com o iodureto de potássio, clilo- rureto de platina, bióxido de chumbo, clilorureto de baryum, sulpho-cyanureto de potássio, para não augmentar o quadro e não serem as suas reacções tão clara e distinctamente caracterisadas como as que apresento, sempre uniformes em cada grupo, variando apenas mui levemente a entonação das cores. Pelas reacções se vê, que, como provindo dos Tikunas existem dous venenos
inteiramente diversos: um propriamente Peruano e outro Brasileiro. Este, pre- parado pelos Tikunas que ainda existem no Brazil, é confundido com o dos Miranhas e vae para o Perú e para as cachoeiras do Rio Branco e Guyanna In- gleza. E' o mais forte de todos, sendo mais fraco o do Perú. As plantas com que se prepara o curare de cada grupo são différentes, entrando especies com as mesmas propriedades no fabrico. A parte empregada é sempre a casca, quer dos troncos, quer das raizes, que nas especies que conheço são sempre muito amargas. As reacções dessas especies caractérisant perfeitamente os grupos a que pertencem. A contra-prova tive nas reacções dos diversos strychnos aqui deseriptos, que
se filiam a diversas de grupo différente, pelo que me parece, qu3 influencia alguma teem as plantas de outras familias, que porventura entrem na composição do uirary indígena não alterando ellas as cores das reacções, servindo talvez para modificar, apenas, a gradação para mais claro ou mais escuro, sendo isso mesmo, creio, devido ã especie que é usada, que ó sempre a encontrada, como disse, na flora do local da tribu. Em geral os indios empregam uma só Loganiacea no seu preparado, sendo raro incluírem duas, assim como em geral ó também feito unicamente com essa só planta, entrando as vezes outras supersticiosamente, ou com o fim de activar a absorpção. A's vezes entram as Menispermaceas, para este fim, ou por serem tidas por stryohnos, pela semelhança que apresentam as folhas de algumas especies. Para mim as Menisperniaceas representam um grande papel no veneno indí-
gena, quando o querem fortalecer, isto é, quando deve servir, não só contra qua- drúpedes, como contra aves. O papel das Piperáceas penso que é duplo, acti va a absorpção da curarina, pela sua acção estimulante e impede o escoamento do sangue pela ferida deixada pela frecha, coagulando a fibrina e obliterando os pequenos vasos, porque, sempre que o animal é ferido, noto que immediatamente o sangue coagula-se e a ferida fecha-se. O escoamento do sangue diminuiria a acção do veneno, e por isso o indio, com a
intelligencia e dom de observação de que ó dotado, incluiu no seu preparado plantas cujas propriedades conhece, que lhe dão um veneno com os predicados que deseja, que lhe facilitam a preza viva, com rapidez, si a quer para domesticar ou aprisionar, ou produz a morte, si a quer para alimento. Vai nisso apenas a vontade, porque si quer o animal vivo, applica o antidoto,
que ó o chlorareto de sodio, por elle também preparado com diversos vegetaes, e assim obtém com facilidade os animaes, que tornam-se cherimbabos. Tanto é pela acção estimulante das Piperáceas que tornam mais violento o seu
uirary, e quando este está velho, fazem um cozimento, quasi extracto, das cascas das Otonias ou Arthantes e nelle dissolvem o veneno, que recupera a sua prímit- tiva força, isto é, com rapidez é absorvido e produz os seus lethaes effeitos. Por este processo tornam assim o seu veneno forte os indios Ipurinàs, Katauichys, Kauichanas, Tikunas e outros. Os Lamistos peruanos, em geral, são feitos com strychnos cuja acção é seme-
lhante á de algumas Menispermaceas, cujas reacções chimicas são ás vezes iguaes ou muito semelhantes, pelo que teem a sua acção de entorpecimento ou eataleptisa- dora antes sobre o systema nervoso do que sobre o systema motor. O Tikuna brazileiro, pelo contrario, tendo os strychnos que o compõem muita
curarina, ataca logo o systema motor, sem fazer paralysar. os movimentos do co- ração, ' vindo o effeito das Menispermaceas atacar o nervoso e também o cerebro. A acção toda da curarina tem por vehículos os glóbulos sanguíneos que, quanto 1 O coração do animal qú3 mirra curarUaio, ain la depois ria morts e de extrahido >
pulsa por algum tempo. VOL. I 6
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ECLOGAE PLANTARUM NOVARÜM
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mais redondos são, tanto mais rapidamente apresentam os effeitos, chegando a não
produzir a morte quando elles são grandes e oblongos, como acontece com certas aves, como os pombos. Dahi vem o Lamisto entorpecer, mas não matar as aves e o tikuna o fazer. Este por um lado ataca o systema motor e por outro o nervoso e nelle actua mais a acção sobre o nervoso, não tendo a curarina o poder de atacar completamente o systema motor, por ser logo eliminado, sendo a sua acção quasi impotente nos glóbulos oblongos e forte nos redondos. A absorpção é mais rápida quando o curare tem a addição de certas Menisper-
miaceas, porque então os principios tóxicos das duas plantas actuam simultanea- mente. As Menispermiaceas teem um principio amargo toxico e sabemos pelos tra- balhos de Mr. Boulay, que certos Cocculos teem alcalis orgânicos crystallisaveis, entre os quaes existe a picrotoxina e a menispermina, que os professores Orfila e Goupil mostraram á evidencia que tem propriedades toxicas e se filiam ao grupo dos venenos narcoticos-acres. sendo a sua acção physiologica toda cataleptisadora, sobre o systema nervoso e também sobre o cerebro e coração. Os uirarys do Io grupo que estabeleci, os Tihunas, todos são um mixto de Stry-
chnos, que por si só causam a morte, com a addição de Cocculos ou Abutas ou Onomospermum, além de outras plantas, que entram mais por superstição, e os La- mistos são feitos só de strychnos, de Menispermiaceas, ou um mixto, porém cujos strychnos não são ricos de curarina ou mesmo não a teem. Como se sabe, a pedra de toque para a força do uirary são as aves ou os batra-
ceos, porque si estes não foram mortos é signal que o veneno ó fraco, isto é, só tom na sua composição strychnos, que não actuam sobre os glóbulos oblongos das aves ou ó feito de strychnos cujas propriedades são semelhantes quasi á das Menispermia- ceas. São os que se consideram falsos. A'cerca da acção dos uirarys sobre os glóbulos sanguineos tenho um trabalho, que
mais tarde publicarei, no qual minuciosamente me occupo do assumpto, mostrando que a acção do curare é toda produzida pela decomposição do sangue. A acção do Onomospermum e da Abuta tive occasião de estudar, empregando
nas minhas experiencias os extractos das cascas, cujas reacções são idênticas ú de alguns strychnos, como as dos S. Manaoensis, papilosus, e as dos curares do Rio Içá, dos Mayurunas, de Itakoahi e do Tikuna, peruano. Empregado o curare como jà tem sido por varios médicos, na Europa, princi-
palmente pelos Drs. Leouville e Voisin, na sua clinica da Bicêtre, contra o tétano, com resultados vantajosos, ô de meu dever apresentar estes esclarecimentos, para pôr de sobreaviso aquelles que o empregarem, por não serem a energia e as quali- dades as mesmas. Conforme a especie de curare assim será o resultado, podendo ser favoráveis
em uns casos e fataes em outros. Cumpre que, obtendo-se bons resultados com um, seja este chimicamente com-
parado com outro, que se queira applicar, para ver si as reacções são as mesmas, e no caso contrario ser rejeitado. A forma da vasilha também não serve de guia, porque os falsificadores aproveitam-se do vasilhame verdadeiro, já servido, para o encher de substancia diversa e passal-a assim ás mãos de outras tribus, das quaes o viajante a obtém crente de que é legitima. Legítimos são comtudo os verdadeiros Tikuna, kamaraiuà, Lamisto, Tiuyakino
apezar de terem propriedades diversas, porém de todos elles existem falsificações contra as quaes o medico deve estar previnido. A proposito corre-me o dever de destruir uma falsa informação, que levou o
illustre Sr. Carlos Morren a dizer, nos Annalles de la Société d'Agriculture et de botanique de Gand, que o uirary da Demerara, que ó o mesmo brazileiro, como ve- remos: « c'est un jus préparé avec les Catasetum, mais on ne dit pas si le suc des Orchidées y entre seul », affirmação esta que foi aceita pelo Sr. E. de Puydt, que a repete na sua obra intitulada Les Orchidées. Os Catasetuns não teem propriedade alguma toxica, e o gluten que deitam os
seus grossos pseudobulbos, quando cortados, é tão innocente e util que outr'ora, e ainda hoje, no interior de algumas provincias, os sapateiros e os violeiros, ser- vem-se delle, em vez de colla, nos misteres de sua arte. As orchidéas, tão procuradas pela belleza e exquisitice de suas flores, são tão
innocentes que até hoje o indio, que dá applicação medicinal a todas as plantas, ainda não descobriu nellas virtude alguma. O uirary ou curare é o extracto de um strychnos, e nada mais.
Dos différentes strychnos nasce a energia dos différentes preparados, energia
não só devida á especie como ao local em que crescem ; argilloso secco, argiloso Eu- |
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ECLOGAE PLANTARÜM NOVAKUM
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mido e silicoso humido. Pareceu-me a principio que a disposição das flores em
corymbos terminaes ou axilares, a forma das flores, principalmente das corollas, que deu logar ás secções estabelecidas no genero, influíssem ; mas tive occasião de verificar que isso se não dá. As plantas da secção Rouhamon, por exemplo, não dão uma só reacção ; ora dão
do 2o, ora do 3o, e mesmo do 4o grupo, tudo no tempo da florescencia, devido ao local em que vegetam. As secções, pois, do genero teem especies, que, segundo a natureza do terreno, não se filiam a um só grupo. E' admirável como, produzindo todos os uirarys os mesmos symptomas de enve-
nenamento, com mais ou menos intensidade, isto é, atacando sempre, pelos glóbu- los sanguíneos, o systema motor, os do grupo 4° e 5o não dêem as reacções azul- violeta que caracterisam a curarina, mas sim verdes e pardas, quando atacados pelo mesmo reagente, nas mesmas condições. As reacções côr de café, pardo es- cura, que passa ao amarello e depois ao verde indicam presença de igasurina, como a vermelha de sangue, antes de passar ao amarello côr de canario em que se trans- formam as reacções do Io grupo com o acido sulphurico e o bichromato de potassa, parece indicar a presença de brucina ; desta vem talvez alguns curares produzirem ligeiras contracções tetânicas e vómitos. Em geral os Stryelmos da secção Longiflorce conteem maior quantidade de iga-
zurina, do que de curarina, como os do Io grupo conteem brucina. No 3o e 4o grupos predomina um alcaloide cuja reacção com os ácidos azotico e sulphurico, com o bichromato de potassa produz immediatamente uma bella côr verde, às vezes de esmeralda, que passa depois a mais claro ou mais escuro, segundo a especie. Sendo um producto ás vezes composto, ô diífieil no uirary indígena obterem-se
puras as reacções que caracterisam os différentes alcaloides, pelo que se não pôde também afflrmar ser elle composto de uma só especie vegetal. No do uso próprio dos Mahacus, entram duas especies, uma do Io e outra do 3o grupo. Pelo quadro que apresento ver-se-ha que incluidos nos différentes grupos, exis-
tem 44 preparados cada um com a sua reacção propria, differençando uns dos outros pela gradação da côr. Salvo influencia de outra planta, é de crer que entrem na sua composição mais de trinta especies vegetaes, empregadas segundo o local, vindo dahi a differença de energia e o se ter vulgarisado, sem razão, haver uma especie para a caça e outra para a guerra. Todas as tribus aqui apresentadas conhecem o fallado uirary, mas servem-se
também além do próprio, do dos Tikunas, por ser mais forte do que os que prepa- ram com as plantas que possuem. Informações a esse respeito me teem sido dadas por indios, com que tenho lidado,
e que pelo seu procedimento são dignos de fé. Secretamente, á minha vista, teem elles preparado o seu veneno, e pelo seu pro-
cesso o tenho fabricado com as plantas que tenho colhido. Deixo de fazer outras observações sobre o veneno produzido pelos strychnos
brazileiros, porque delle largamente trato em outro trabalho em que especialmente me occupo também com o seu antidoto, o chlorureto de sodium. Muito debatida foi a questão do antagonismo das substancias, quando em 1878 eu me apresentei pro- vando praticamente, em reuniões publicas, e em conferencias, que o individuo curarisado, logo que fosse tratado pelo chlorureto de sodio, escaparia da morte. Tomaram parte nella, além de varios médicos distinctos, a Escola de Medicina,
a Imperial Academia de Medicina e a Sociedade Medica e como não me permitta este local tratar do assumpto, termino estas ligeiras observações com o que diz na sua Botânica geral e medica, quando trata dos strychnos, o ¡Ilustrado conse- lheiro Caminhoâ, testemunha ocular de muitas experiencias que fiz. Diz elle ã pag. 2709 : « Em nossa presença as experiencias feitas em varios porquinhos da Índia em casa do mesmo Sr. Barbosa Rodrigues e em presença do professor de toxico- logia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, o Dr, Souza Lima, os casos de cura foram admiráveis e sem excepção ! » O ¡Ilustrado medico Dr. Affonso Pereira Pinheiro, também, na sessão publica de
1 de Setembro de 1878, presidida pelo Sr. Dr. Barão de Ibituruna, pediu que fosse inserida na acta da mesma sessão a seguinte declaração, que fez por escrigto : « Tendo assistido, em Pariz, no Collegio de França, ás experiencias feitas com
o curare pelo Dr. Claude Bernard, e tendo ouvido dizer áquelle eximio physiolo- gista que ainda não conhecia o antidoto do terrível veneno, foi cam o maior prazer e a mais profunda satisfação que assisti hoje ás experiencias feitas pelo meu intelligente conterrâneo o Illm. Sr. Dr. Barbosa Rodrigues, pois vi desapparece- |
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ÉCLOGAS PLAKTARUM NOVAKUM
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rem todos os phenomenos tóxicos, quando, a tempo, combatidos por meio de chlo-
rureto de sodium. » • Devo aqui observar que existe a crença, na Europa, de que os curares que vão do Amazonas são dos indios Mundurulcus. E' inteiramente infundada. Os indios Mundurulcus são habitantes do rio Tapajós, no Pará, e não usam nem nunca usaram o uirary. Não só Germain de Saint-Pierre, no seu Diccionario de botánica, como outros, o tem dito, creio que baseados em falsas informações do Pará. Outr'ora a Provincia do Amazonas estava unida â do Pará, e no seu mercado quasi que todos os productos indígenas que desciam do Alto Amazonas figuravam como sendo de procedencia dos Mundurulcus, por constituírem estes a maior tribu do baixo Amazonas e ser a que mais serviços presta. Os únicos indios que usam o curare são do Alto Amazonas, da região que constitue desde 1852 a Provincia do Amazonas, pelo que o que tem sido usado na Europa nunca foi originario do Pará, e sim ex- portado do seu mercado, como producto commercial, importado do Alto Amazonas. Dou aqui a traducção littéral de uma lenda, complemento a este trabalho, qual os indios me referiram em tupy, denominando: |
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O Uirary
Contam que antigamente os velhos quando caçavam, viam os gaviões,
antes de irem buscar as prezas, arranhar a arvore do veneno e, indo buscal-as, rapidamente as matavam. Os velhos então experimentaram ; rasparam a casca da arvore e esfregaram na ponta das flechas. Depois disso rapidamente embebedavam a caça que frechavam.
Disseram elles:
— Será bom, talvez, fazer ferver para engrossar ; fizeram ferver e,
experimentando, com mais rapidez embriagavam a preza. Fizeram depois ferver mais, coaram no turury e ficou bom para elles. |
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„o ASOLEPIADAGE^Elú
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. ASCLEPIADEAE
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Tribu ANOPHORB^E Tourn.
Gen. ELCOMARHIZA BarU. «o... Calyx 5— partitus, eglandolosus. Corolla urceolata, profundé fissa,
intus ad basi físsurce laeviter velutinis incurvis. Corona staminea inter se libera, phjllis a basi dilatatis intus bitubërculosis ápice incurvis, gynostemium crassé stipitatum superantia. Antherae cochleariformae lateraliter cartilaginae. Stigma convexum sub papillosum. Pollinia erecta parva basi attenuata, eandiculis graci- libus horisontalibus, retinaculis lineari-lauceolatis patentibus. Frútices soanãentes, glabresosníes ; foliis oppositis orassis eüipticis v.
lanceoalis, cymis axillaribus. floribus parvis inconspicuis. |
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ECLOGAE PLANTAttUM NOVARUM
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Especie única
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Elcomarhiza amylacea (Barb. Rod. I. cit. n, 715), caule
scandante lignoso ab initio viridi deinde fulvo glandulis sparsi, foliis oblongis v. lanceolatis acutispetiolatiscarnosis ; pedúnculo petiolum duplo majore, cyma bina umbellata densiflora, pedicellis gracilibus ; calycis profundé fissis, sepalis lineari-lanceolatis acutis ; corollae carnee tubo lobis minore, lobis lato ellipticis emarginatis concavis erectis incurvis ; coronae phyllis carnosis ; antheris dorso carnoso supra stigma inflexis polliniis erectis parallelis. Tabula nostra VI.
Fruteas volubilis. Ramuli virides. Folia 0,m10—0,m14X0,m35—l'"055,
lg. inferiora majora, petiolo 0,m015 — 0,m25 lg. supra piano subtus subrotunqo. Flores 7—9 contemporanei. Pedicelli cylin- dracei 0,ra010—0,m012 lg. incurvi. Calycis lobis 0,002XO.m001 lg. Corolla tubo 0,m002 lg., lobis 0,m003XO,m003 lg. Folliculi mihi ignoti. HAB. m Rio Negro, ad igarapé Tarumá uaçu. Indu vocant Kumakaá,
v. Cumacaá. Flor. Apr. Otos.—Entre as plantas communs do valle amazónico, pelo seu emprego na
medicina caseira e como amavio, figura em logar distincto a de que me occupo, conhecida, não só na Provincia do Pará como na do Amazonas, pelo nome indígena de KumaJtd, Kumakaá ou Cumacá. Toda a planta é leitosa, e das raizes tuberculosas se extrañe uma linda fécula,
empregada vantajosamente, tal qual se obtém, no curativo de ulceras e feridas. E' muito preconisada contra o pterigio, engrossamento da conjuñctiva, ordina-
riamente no canto interno do olho, pelo que ultimamente o distincto pharmaceutico o Sr. Abel de Araújo preparou a Cumacaina, que emprega com vantagens nessa affecção. Em pequenos vidros, bem acondicionadas em uma elegante caixinha, é vendido o medicamento pelo mesmo pharmaceutico, na sua pharmacia â Rua de S. Matheus n. 14, na cidade de Belém do Grão Pará. Os resultados obtidos são magníficos, pelo que o seu emprego é aconselhado pelos melhores médicos. Se por este lado ó procurada, muito mais o é pela gente supersticiosa, que
acredita que toda a planta tem virtudes sobrenaturaes ; assim o juiz que assignai' uma sentença com tinta que tiver em dissolução a fécula do Kamacaá, nunca a dará contraria ao réo ; aquelle que pelo coração quizsr ter preso outro, ou receber sem negativa, um favor escreverá com a mesma tinta ; a mulher ou homem cuja roupa for gommada com o mesma fécula, tornar-se-ha constante o extremoso amante ; as moças que entre os cabellos esconderem uma folha da planta, terão o poder de se mostrar sempre lindas,embora sejam feias, e assim muitas outras crenças que tornam notável e procurada a planta, não fallando ainda na virtude que tem o leite para curar beiicles. Desde 1872 conhecia a planta, sem a poder classificar, por me faltarem para isso
os órgãos reproductores, que nunca, por mais esforços que fizesse, pude vêr; entre- tanto em fins de novembro de 1884, tive a felicidade de encontrar florido um bello exemplar que forneceu-me os elementos de que resultou a presente noticia. Procu- rando os géneros conhecidos, pelos trabalhos de De Candolle, Robert Brown, Endlicher, Decaisne, Walpers, Bentham e Hooker, o que pudesse caracterisar a planta em questão, com nenhum délies pude identiflcal-a, e, posto que possa estar em algum trabalho mais moderno, comtudo não trepido cònsideral-a como especio typica de um novo genero. .- |
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ECLO&AE PLANTARTJM NOVARUM
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A ordem das Asclepiadaceas de Líndley, outr'ora incluida entre as Apocinaceas,
esteve dividida em 5 tribus, por todos que delia se occuparam, porém os sabios Bentliam e Hooker, em 1876, nos seus Genera Plantarum, tantas vezes por mim citado, acc rescen taram mais duas: a das Marsãenieas e a das Ceropegieas, estando pois a especie de que trato naquella tribu ou na das Gonolobeas de R. Brown. B' uma linda trepadeira cujas flores não aromáticas, tornam-se notáveis, não pelo seu tamanho e brilho, pois que são pequenas, de uma côr de carne arroxada, mas pelo seu agrupamento sempre em duas umbellas formando um cymos corpioide, tendo cada umbella, invariavelmente, 7 a 9 flores. O nome genérico que proponho, Elcomarhiza, é derivado de Elcoma, a ulcera, a
ferida, e rhizos a raiz, por serem empregadas as raizes medicinalmente contra as chagas, ulceras e outras feridas de máo caracter. Estavam estas notas escripias quando me veio âs mãos a monographia do
Dr. Eugenio Fournier, publicada em 1855 na Flora Brasiliensis, que veio confirmar ter eu razão, quando, como genero novo, considerava o Kumakaá. O Dr. Fournier incluo todas as especies brazileiras na sub ordem das Asãepiaãeas verdadeiras e divide-a em tribus com oito subtribus, caracterisando aquellas —as pollinias em relação aos estigmas. Divide em Catophoreas, ou as que tem as pollinias pendentes sob o estigma ; em Hypophoreas, as de pollinias e caudiculas horisontaes em roda do stigma, e, em Anophoreas, as que teem as pollinias erectas, com as caudiculas sobre os estigmas, A esta ultima pertence, portanto, a especie que descrevi, não sendo ella nenhuma das descriptas nos seis gêneros que compõem a tribu, incluindo mesmo os novos por elle creados. |
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Ordo BIONONIAOEJE Endl.
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Tribu BIG3T0NIEAE Bojer.
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Gen. LEUCOCALANTHA Barb. Rod.
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Calyx cupuliformis, truncatus, Iseviter dentatus, scissus, glandulae
adspersus. Corollœ tubus gracilis, teres, elongatus, extus ad apicem glandulosus, limbo 5— partito, lobis subsequalibus, ellipticis, obtusis, anteriore majore, corrugato. Stamina 4, inclusa, fertilia didynama, quinto sterili, ad médium tubo inserta ; filamento, basi nuda; antherœ loculis divaricatis. Disons carnosus, subrotundus, gynobasicus, glaberrimus. Ovarium cylindricum, pilosum. Stylus cylindraceus, filiformis, pilosus. Stigma billamellatum, lobis dilalatis obtusis intra papillosis. Capsula siliquseformis, acuta, com- pressa, linearis, elongata, Isevis, glandulosa, septo valvis parallèle Semina plana, transversa, utrinque alata; alis sobrotundis, translucidis, a latere seminis produetis ; hylus prominens, brevis, cordiformis. Embryo complanatus ; cotyledones basi et ápice cordata?, \ Frútices scanãentes. Rami teretes ad nodos glandulosi. Folia opposita,
bifoliata, cum cirrho simplici intermedio. Folióla elliptica, margine integra, venís súbtus prominentes. Inflorescentia terminalis in racemis multiflóribus ; floribus eaducis, álbis. |
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ECLOGAE PLANTARUM NOVARUM
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Especie única
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Leucoealantli» aromática (Barb. Rod. I. cit. n. 633),
ramis teretibus ad nodos glandulœ utriaque numerosissimis tectis, lœvis cylindraceis violaceis ; foliolis ellipticis v. oblongo-lanceolatis obtuse acutis nitentibus petiolatis; racemis foliis raajoribus mul- tifloribus, bi-trifloribusoppositis; corolla intus minuté velutina. Tabula nostra VU.
Rami flexuosi, supra arbores scandenti, adulti nodosi, longitudinaliter
argutê striati, grisei. Folia coriácea penninervia, nervis secun- dariis ex utroqué latere nervi medii 5 — 6, expansa, 0,in090— 0,m110X0,m050 — 0,m055 lg; petiolus cylindraceus, 0,m02— ■ 0,m03 lg; petiolus divaricatus, cylindraceus, 0,m012 — 0,m015 lg. Cahjœ0,m0\0—0,m015X0,m005 —0,m006 lg. CorollaO,m\0 lg., lobis 0,m025—0,m030X0,m012 —0,m025, tubo 0,m007X 0,m004 lg. Stamen in medio corollae insertum, 0,m023 — 0,m030 lg., stérile subulatum, brevissimum. Antherce apice in con- necctivum elongatse subtriangulatum recurvum. Capsula 0,m60 — 0,m80X0»m02 lg., mucronata. Semina 0,m014X0>m024, ala flavescentia, membranácea, 0,m008 lg. apice subrotunda, integra. HAB. in capoeiras prope Manâos, in Rio Negro, Prov. Amazonas.
Flor Jul.
Otos.— Entre as plantas que cobrem as margens do Rio Amazonas, as que
mais o enfeitam, dando-lhe ás vezes aspecto phantastico, são as Bignoniaceas, que trepando pelos madeiros seceos, cobrindo a copa das arvores, ou cahindo sobre às ribanceiras, formam columnatas, arcos, ogivas, caramanchões de for- mas caprichosas, tudo esmaltado de flores brancas, amarellas e carmezins que embalsamam a sombra que produzem. Para essa construcção exquisita, tecem as especies com seus imnumeros cipós a entrada das florestas, em que não penetra o homem sinão á mão armada, para destruir a rede immensa que se forma. São essas as gigantes da familia, porque outras não dotadas pela natureza de
grande desenvolvimento, apparecem pelas culturas abandonadas e pelas capoeiras que depois se formam. As especies, de que me oceupo aqui, pertencem á duas divisões : uma é das
florestas das barrancas do Rio Negro e outras das capoeiras do interior de suas margens. A primeira ô, para mim, um genero novo, que se distingue de todos os que
até hoje conhego. As flores que pelo comprimento e forma do tubo e do limbo á primeira vista
se parecem com as de algumas Apocynaceas e Rubiáceas, apenas pelo tubo se approximam éntreos Bignoniaceas, ao Millingtonia do Linneo filho. Não é comtudo so esse característico que se nota ; outros muitos, como veremos, se apresentam, que, me levam a considerar a especie como typo de um novo genero. As Bignoniaceas que Linneo e Adanson incluiram na sua ordem das Personóle,
só em 1789 teve os gêneros, que andavam diversamente distribuidos, reunidos em um centro, que constituiu a ordem das Bignoniaceas estabelecida por Lou- renço de Jussieu, porém cujos limites não foram definidos. Coube essa gloria em 1810 ao illustre Robert Brown, secundado em 1830 pelo Dr. John Lindley. |
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Em 1837 Jorge Don, na Inglaterra, e W. Bjjer, na Franca, quasi ao mesmo
tempo, sem que um tivesse conhecimento dos trabalhos de outro, fizeram appa- recer seus estudos, com pontos de contacto, ambos modificando as classificações anteriores. N'esse mesmo tempo trabalhava também Endlicher, e só em 1840 apresentou a sua nova classificação, que foi em 1845 seguida d'outra de De Candolle, que resumia tudo quando até então se sabia, comprehendendo mesmo os estudos de Barttling, Kunth, Fenzal e Reichenbach. De 1850 a 1862, M. Brogniart, Jolm Miers e Seemann, publicaram diversos estudos, porém, a ulti- ma monographia foi a que em 1864 publicou o Dr. Eduardo Bureau. De então para cá um ou outro artigo do mesmo Bureau, a descripção de uma ou outra especie tem apparecido, porém nenhuma monographia moderna existe que me conste. O trabalho mais moderno data de 1876 ; ó o de Benthin e Hooker, incluido nos
seus Genera Plantarum. As especies brazileiras que existem foram colhidas pelos - botánicos viajantes Martius, St. Hilaire, Weddell o Spruco, e todas essas estão descriptas. Modernamente muito se devem ter augmentado os herbarios europeus, não só
pelas especies que possam ter ido desgarradas em algum herbario, como pelas collecções que enviaram o pharmaceutico Corrêa de Mello l (especies de São Paulo) e o meu finado amigo Dr. Andró Regnell 2 (especies de Min is) que tan- tos e tão valiosos serviços prestaram à sciencia sobre a flora do Sul. Grandes con- tribuições houve, devidas ao zelo desses beneméritos, porém da flora do Norte não me consta que houvesse um só. Baseado nos trabalhos que existem até 1883, época em que Hooker publicou o seu Addenda ao Genera Plantarum, aqui dou como novas as especies acima descriptas, passando a fazer sobro ellas algumas consi- derações . O genero Lenco cálanlha é notável por affastar-se da regra quasi garai ; todo o
tubo é completamente glabro internamente, mesmo na base dos estâmes e sua inserção, o que ainda se não notou, que me conste, emquanto que externamente é todo pubescente. Em geral ô na face inferior das folhas juato ás proximidades da nervura média, sobre o calice, e poucas vezes sobre a haste, bracteas, corolla, ovario e fructo, que se apresentam as glândulas, porém no genero aqui deseripto é na parte interna do peciolo primario que ellas se agrupam, e na parte externa da corulla, isto é, no ápice do tubo e na base das divisões da corolla, formando dous grupos parallelos, aos lados do feixe vascular central. 1 Joaquim Correa de Mello, que especialmente se occupou das Bignoniaccas, nasceu em
S. Paulo em 10 de abril de 18Í6. Era filho do capitão Fortunato Correa de Mello, brasileiro adoptivo. Receben o diploma de pharmaceutico e.m 1836, e morreu em 21 de setembro de 187o. Era membro da Real Sociedade Botánica de Edimburgo e da British Pharinaceutical Conférence de Londres. Pelos seus trabalhos obteve duas medalhas de prata, uma do Jardim de S. Petersburgo e outra da Sociedade d'Hortieultura de França. 2 O Dr. André EVederico Regnell, medico notável e botânico distinctisiimo, a quem as
provincias de S. Paulo e Minas Geraes devem o descobrimento de centenas de especies da sua flora, era natural da Suécia, donde veio para o Brazil em 1843, em procura de um clima saudável que lhe desse a vida, que uma tuberculose rebelde ia minando. 1'obre, para ter meios de viver, chegando ao Rio de Janeiro, para clinicar, defendeu these em latim, na Escola de Medicina, e tão brilhante foi a sua defeza que se lhe offereceu depois uma das cadeiras da mesma escola. Não convindo á sua saúde a demora no Rio de Janeiro, a ex- pensas do Consul sueco, em S. Paulo, o Dr. Westiu, partiu para abi e depois para Caldas, em Minas Geraes, fixando nessa cidade sua residencia. Fallecen em 12 de setembro de 1884, na idade de 82 aunos. Para chegar a essa idade passou as maiores privações, vivendo sempre em rigorosa dieta, não bebendo sinão agua morna. Estudou os meios de conservar uma tem- peratura uniforme no corpo, embora o frio fosse intenso ou o calor abrazador, por meio de roupas de linho, algodão ou lã, e de ventiladores na casa. Comsigo sempre trazia um thermo- metfo e um barómetro, que constantemente observava, obrigando-o a vestir-se ou despir-se, e a abrir ou fechar as janellas e ventiladores, etc. Seria longo biographar aqui a sua vida passada obscuramente ao serviço do Br tzü. Como medico deixou um vacuo, e coico butanico descobriu centenas de plantas das quass a maior parti perpetuam o seu nome, home- nagem que lhe foi prestada por varios sabios seus amigos e monographos distinctos. Nos herbarios das Universidades de Stockolmo e de Upsala eitão as suas plantas. Como medico grangeou uma immensa fortuna, que em parte empregou em beneficio da sciencia e do Brazil. A expensas suas fundou uma Universidade em Upsala, que tem o nome de liegiieüia, tendo um fundo de 200:000? para á custa dos juros virem botânicos suecos ex- plorar o Brazil. A' casta desse peculio já vieram ao Brazil os Drs. IIjalmar Mosen e Sa- lomón Henchen. Cumpro aqui um dever de confrade e de amigo, patenteando, posto que ligeiramente, os serviços que ao Brazil prestou esse modesto benemérito da humani- dade e da sciencia. |
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O tubo é extremamente longo e perfeitamente cylindrieo, até a divisão do limbo
onde apenas se alarga um pouco, occultando completamente os estâmes. As antheras uniloculares tem a sua dehiscencia antes da anthese da flor e deixam
cahir pelo tubo o pollen, cuja forma aqui represento. As flores são aromáticas e de um branco de leite. Apezar da inflorescencia
ser em panícula, apenas desabrocham uma ou duas flores pela madrugada, não se conservando mais do que 6 horas. As corollas são extraordinariamente caducas. O nome scientiflco que proponho é derivado de lemos, branca, calos, bella, e anthos, flor. |
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c.o... OSMHYDROPHORA BaA.Kod.
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Calyx tubulosus, anticè glandulosus, brevissime bideutatus, lateraliter
paucifissus. Coroüae tubus longissimus, cylindraceus, arcuatus, ápice in fauce paulo ampliatus ; limbus 2— labiatus, labio postico majore breviter bilobo antico trilobo. Slamina. 4 didynama, fila- mentis contortis glabris, infra médium tubum affixa, exserta ; stamen quintum stérile hamiforme , antherse, loculis oblongis linearibusve divaricatis. Discus carnosus, crassus. Ooarium sessile ; ovula in quaque placenta 2 — seriata. Stylus flliformis, glaber, exsertus ; stigma bilamellatum. Capsula ignota. Frútices alte scandeníes, glabri. Folia opposita, bifoliata v. sœpius
folioli terminali in cirrhum simplicem mulato, foUolis petiolu- latis integerrimis. Flores magni, alb\, speciosi, ad apicis ramorum raeemosi. Olbs. — Entre as Bignoniaceas Amazonenses destaca-se, pelo tamanho e pela
forma da flor, esta de que me occupo, que me parece pertencer a um ge- nero inteiramente novo, pelo caracteres que a separam de todos os que são conhecidos. As flores são munidas de um longo tubo, tres vezes maior do que os lóbulos da
corolla, tendo de notável uma circumstaneia que a affasta do geral de todas as Bignoniaceas. As flores desta familia, quer aquellas cujas corollas são campa- nuladas, quer as que são munidas de um tubo, sempre os lóbulos que formam o labio posterior são menores do que os do anterior ; entretauto nas flores desta es- pecie o labio é muito mais longo. Entre os géneros de corolla unida de tubo cy- lindrieo e longo, mencionados não só por De Candolle, Bureau, Benthan e Hooker com nenhum se identifica, pelo que proponho para o genero, da especie que ca- racterisei, o nome de Osmhydrophora, de Osmi, cheiro, aroma, hydro, agua, e phorus, trazer, allusão ao liquido que sahe dos cauleB quando cortados, cujo aroma se assemelha muito ao das amêndoas amargas. Osmhydrophora nocturna (Barb. Rod. I. cit. n. 38),
ramis teretibus ad nodos eglandulosis lœvis cylindraceis viridis ; foliis bifoliatis cum cirrho intermedio foliolis triplinerviis ellipticis acutis supra nitentibus petiolulatis ; racemis terminalibus. Tabula nostra VIII e IX.
Alte scandens. Rami flexuosi, virenti, adultifuscescenti.longitudinaliter
striati. Folia bifoliata cum cirrho simplici ssepe caduco ; petiolus 0,m04—0,m06 lg., cylindricus ; petiohdus 0,m05—0,m06 lg., fo- lióla elliptica, acuta, basi subrotundo-retusa, triplinervia, nervsi VOL. I 7
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secundariis penninerviis, subtus prominentibus. Inflorescenlia
laxa, pauciflora, terminalis, 5—10—florae. Flos 0,ml 1—0,m141e. Cali/x 0,m01 lg. Corolla alba ; lobis patentibus, subovatis, ob- tusis prope basin glandulosis. Stamina 0m,10 lg. infra médium tubum inserta ; stérile minutissimum ; anlherae lobulis lanceo- latis, acutis, divaricatis. Disons subannuliformis, minimus. Ooa- rium longe, conicum, lateraliter subsulcatum. Ovula in utroque lóculo biseriata. Stylus filiformis. Fructus ignotus. IIAB. in silvis primœvis ad Rio Purùs et in lotis arvensis ad Mandos
Prov. Amaz. Flor. Fébr. Otos— De longa data conheço esta planta, empregada pelos nituraes, como
pai te componente dos vegetues que entram nos perfumes que fazem os tapuyos para uFômatisar os banhos, e os pós que preparam para a roupa. As flores, e principal- mente os cipó?, teem um aroma forte e muito semelhante ao das amêndoas amargas exudando os caules um liquido alvo e transparente, com o mesmo cheiro, que também ó empregado para aromatisai- os cabellos. Vulgarmente ó no Amazonas conhecida esta planta por Korimbó da matta, que se não deve confundir com o korimbò uagu, do Pará, conhecido abi também por CaneUade yakamim, que é uma Piperacea do genero Arthante. nom tão pouco com o cipó Korimbó, ou Cipó paya que é uma Ipomoea, cujas folhas tem o mesmo aroma do da seiva da especie de que me occupo. Cresce extra- ordinariamente esta planta, chegando a cobrir litteralmente grandes arvores, que desapparecem sob as suas folhas, e torna completamente fechado o espaço. E' uma das plantas que Linneo denominou nocturnas, pela circumstancia das flores desabro- charem só á noite. Esta circumstancia levou-me a não poder classificar esta especie por espaço de tres annos, apezar do maior cuidado que tinha em visitar sempre um magnifico pó existente em Manáos, no sitio Caehangá. As corollas das flores são oxtremamente caducas, abrem á noite e logo depois de raiar o dia despegam-se e cabem, ficando occultas entre a densa folhagem, apparecendo uma ou outra por terra sempre roida pelos insectos, que se apossam logo delias, atrahidos pelo aroma. Dá além disso muito poucas flores, que nos racemos se abrem umas após outras.
São de um branco puro, na anthese ; porém logo que estão para cahir tomam uma
côr levemente amarellada ou de marfim velho. Mui raro é encontrarem-se glândulas nas corollas das flores desta familia, quando entretanto, é vulgar vêl-o sobre o calyce ; apezar disso a especie que aqui descrevo, como a Leuoocalantha aromática de que* já me oceupei, torna-se notável pela sua presença. Pouco acima da abertura dos lóbulos do labio interior, desta especie, cada um destes tem dous grupos alongados de glândulas do lado externo, que terminam os quatro feixes de vasos que percorrem o parenchyma de todo o tubo da corolla. Os lobuios do labio posterior tem a fenda que os divide só até ao meio do compri-
mento das dos outros ; por essa razão os grupos de glândulas são abaixo da abertura no mesmo cyclo dos outros. Semelhantes a estes grupos são também os quatro que ornam a parte anterior do
calyce. |
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Geri. TYNANTHUS Miera,
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Syn. SGHISOPSIS Bureau.
Ty lianttins igneus (Barb. Rod. loc. cit. n. 662) foliolis ciñereis
velutinis elipticis ; inflorescentia longé paniculata, axibus pubes- centibus ; calyce cylindraceo v. obconico quinqué dentato, dentibus excurrentibus velutino ; tubus corniculatus extus velutinus ; petalis lineari-lanceolatis acutissimis, utrinque velutinis. |
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ECLOGAE PLANTARUM NOVÊRUM 51
C
Tabula nostra X.
Rami teretes. Folia 3—folia ta v. cum cirrho intermedio foliolis longiore;
petioli petiolulique laterales pubescenti, cylindracei ; folióla elli- ptica, acuta, basi subrotunda, penninervia, nervis secundariis obliquis cum costa subtus prominentibus, utrinque gríseo velutina tardé glabescentia ; cirrhus filiformis, apice uncinatis ad basi griseo velutinis, lignosus. Inflorescentia terminalis et axillaris, laxa, paniculata, folio plerumque multo longiores, axibus gracilibus griseo velutinis, secundariis angulo recto patentibus v. divaricatus. Calyœ 0,m006—0,m007 Ig. Corolla ignea, ex tus velutina, labii inferioris lobi lineari-lanceolati, acutissimi, recurvi, lobis supe- rioribus ad basin connatis, erectis, apice recurvis ; tubus intus infraque staminum insertionem pubescens. Slamina 0,m012 a basi corollae inserta, fertilium filamenta pauló arcuata glabra ; anthera loculis oblongis, divaricatis. Ovarium cylindraceum, basi incras- satum, glabrum ; stylus glabrus ; stigma lamellis ianceolatis, acutis. Fructus siliquœformis, glabris, nitentibus, 0,mOOXO,m015 lg. HAB. inlocis arvensis ad ripas Rio Negro prope Manàos, prov. Amaz.
Flor. Aug. Sept. Olbs— O genero Tynanthus foi estabelecido em 1863 por Miers, em uma
memoria, hoje rara, que publicou nos Proceedings ofthe Royal Horticulture Society of London ', tratando das plantas encontradas por M. Weir. Mais tarde, em 1865, Eduardo Bureau, no quinto volume da Adansonia, não tendo conhecimento dos trabalhos do botánico inglez, estabeleceu o genero Schisopsis, no qual reuniu sete especies, que descreveu. Avisado por um artigo de Seeman, publicado no Journal of Botam/, tendo conhecimento da memoria de Miers, foi o primeiro a respeitar o seu trabalho e no volume 8o da Adansonia, de 1868, á pags. 273, passou todas as especies do seu Schisopsis para o Tynanthus, conservando os mesmos nomes específicos que o primeiro havia dado. Até 1876, época em que Hooker publicou a parte dos seus Genera, que comprehende os desta ordem, somente as mesmas sete especies eram conhecidas, porém como desta data ao presente tenham decorrido dez annos, é provável que o seu numero se tenha augmentado, porém, como esteja eu no caso do Professor Bureau, isto é, não conhecendo trabalho algum que noticie novas especies, arrisco-me a dar a presente como nova quando possa ser jà conhecida. Em todo o caso nunca será trabalho perdido, porque com isso aproveitará a parte geographica da botánica. A inflorescencia fôrma grandes paniculas, desabrochando, entretanto 2—4 flores apenas, de um bello amarello gemma d'ovo, ou côr de fogo. Ás corollas são muito caducas e não duram mais de 12 horas, e com o mais leve movimento na planta ellas se despegam. Não são aromáticas, mas pela côr e numero das flores e do acinzentado das folhas, tornam-se muito recommendaveis, como plantas orna- mentaes, para grades, caramanchões e alpendres de jardins. |
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Gen. BIGNONIA Linn.
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1. Kignoriia platidactyl» (Barb. Rod loc. oit «... 670) scandens,
glabra, foliis 3—foliolatisv. 2—foliolatis cirrhosis ; cirrho di- viso apice divisionis glanduligero ; foliolis ellipticis-subcordatis subtus velutinis marginibus laevibus v. laté-serratis ; racemis |
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1 III. n. V, 1853, pag. 179.
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vexillaris multifloris,calyce longo longe-obconico obtusè-tridentato
tubo corollae longitudine demidio minore posticé carinato. Tabula nostra XI.
Arbuscula scandens ramosa. Rami tenui rufescenti, glabri, juniores cum
petiolis petiolulis lamter pubescentibus. Folia alia trifoliata, alia bifoliata chirrifera, cirro diviso cum glandulis qui ab arboribus adhserescunt. Petiolo subcylindrico, velutino, 0,m015 lg.; petiolulus lateralibus cylindraceus velutinis, 0,m020—0,m025 lg., médius minore, in cirrho bi-tricbotomo divisus, foliolis minore. Folióla acuta v. acuminata utrinque velutina, 0,m050—0,m070X0>m045 —0.m040 lg. Racemo axillari, laxo, 14—16 florae, folio majore. Flos 0,m00—0.mll lg. Cdlyx membranaceus, lseviter velutinus, 0,ra035—0,m045 lg. et0,">011 in diam. Corolla longe infundibu- liformis, tubo ad médium cylindrico abasi dilatato, superne campa- nulato compressso antice extus longitudinaliter bi-sulcata, intus ima stamina pilosa, lobis magnis, subrenifsrmis, interdum emargi- natis convexis, recurvis, subcrispifoliatis. Stamina infra médio tubo inserta ; fertilium filamenta arcuata, a basi complanata, con- torta, glabra; stérile breve, filiforme, ápice plus minus dilatato. Disons carnosus, anuliformis. Ooarium cylindraceum, arcuatum pilosum. Ovula in utroque lóculo 4—seriata. Stylus erectus, gla- ber. Stigma rhomboidale, angulis lateralibus obtusis, superiore acuto, lamellis intus pubescentibus. Fructus 0,m60X0,0m12 lg. siliquseformis, complanatus, novellis laeviter pubescentibus, basi acutis, ápice acutis; valvae dorso norvo medio angusto prominenti percurso. Semina 0,m009X0,m006 ; ala tenuissima, albescenti, pellucida, obtusa. HAB. in locis arvensis prope Manáos,olim Barra do Rio Negro, in Prov.
Amaz. Flov. in mense quintüi. Otos.—Entre as numerosas especies de différentes géneros, que representam a
familia das Bignoniaceas, no Amazonas, distingue-se a que acima descrevo, propria dos logares cultivados e que em geral orna as cercas de madeira e as arvo- res seccas. K' muito notável esta especie, não por suas bellas flores amarellas lavadas de
carmim, na parte interna do tubo, mas pela singularidade de transformar-se o fo- liólo central, dos tres que compõe cada folna,não em cirrho ou gavinha, como se dá commummente, ou em garras ou unhas, como acontece na Bignonia unguis, Linn., pelo que tem esta no Sul o nome Unhas de gato (1), mas por se dividir em tres ramos que terminam, quando novos, em uma pequena glândula, que se agarra como uma ventosa e que á medida que a planta cresce e vigora vae-se estendendo circularmente sobre a madeira a que se apega, donde não é possível destacar- se sem rebentar os ramos. Estes ramos, muitas vezes, ainda se subdividem, irregularmente om dous ou tres ramúsculos, todos também munidos de glândulas, que igualmente crescem e se alargam até um diâmetro, que nunca excede do um centímetro. O Dr. Eduardo Bureau, na sua magistral Monographia das Bignoniaceas, estudan-
do organographicamente as especies e tratando largamente das folhas, apresenta todas as suas transformações, mas não trata desta, que me pirece ser inteiramente desconhecida á sciencia ; pelo menos não tive ainda occasião de ver tratada essa moiitieação das folhas em compendio ou tratado algnm de botânica, e o facto não ó tão somenos para se passar por elle despercebido, As folhas são trifoliadas,porém geralmente se alternam a serum grupo trifoliado
e outro cujo foliólo central se transforma em cirrho glanduloso, ficando assim um grupo bifoliado o outro trifoliado. |
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ECLOGAE PLANTARUM NOVARUM 53
Por essa disposição a planta sobe sempre em linha recta até onde chega o seu
apoio, começando dahi a curvar-se sol) o próprio peso, a se esgalhar e a se apegar sobre si mesma, formando lindos festões. Logo que deixa de ter um ponto solido ondeas glândulas se agarrem, o ramo
desta se alonga e forma uma gavinha commum, em espiral, para alcançar um ponto de apoio e logo que este encontre pela glândula que leva sempre na ponta, se fixa e segura o vegetal, que assim vae se sustentando. Não é planta que cresça ou se alongue como muitas de suas congeneres ; em
geral não cobre um espaço maior de 6 metros, que se veste de ramos de flores de um amarello còr de enxofre, com inflorescencia indefinida. As placas que formam as glândulas até certo tempo são sempre verdes, porem depois seccam continuando os seus ramos verdes, para mais tarde, na parte mais antiga, também seccar. Essas placas como que nos lembram os dedos das osgas (geckos) como as unhas da B. un- guis nos lembram as unhas dos gatos. Pelo seu porte, suas folhas e suas flores, é uma planta que muito se recommanda
aos floricultores. 3 B. vespevtilia (Barb. Rod. loc. cit.n. 192) scandens, caule
ramoso glabro, foliis conjugatis, petiolo in cirrhum trífido-uncina- tum rigidulê incurvum brevem producto, petiolulis petiolo demidio brevioribus, foliolis primo ovatis acu&ssimis post planta adulta lanceolatis obtusis reticulato-nervosis, racemis axillaribus v. ter- minalibus mnltifloribus nutantibus, calyce laxé campanulato trun- cato crispifoliato anterioriter ad basin triglanduloso, capsula lineari longíssima lineari longissimâ compressa utrinque longitudinaliter angulosa obtusa. Trbula riostra XII.
Fruteoo altissimé scandens. Folia ramorum pluriflorum bifoliata.cirrhosa,
chirris trifidis, uncinatis. Petioli 0,ra015 lg. petiolique, médius 0,m003,laterales0,m01,cylindracei,incurvi.7'1otote0,m15X0.n'027, post. 0,m084><0,m830. Cálix 0,ra01 ait. CoroUa flava, infundibu- liformis ; lobis subrotundis, répandis, admarginibus crispiíbliatis ; tubo utrinque glabro, rectiusculo, depresso, ad faucem bisulcato, ad basin attenuato, infra insertionem staminum pilis brevissimi puberulo hinc subgloboso-dilatato, 0,m03 lg. Stamen stérile ondu- latum, 0,m01 lg. Staminum fertilium íilamenta cylindracea, gla- bra. Antherœ loculis linearibus. Discus carnosus, annuliformis. Ovarium compressum, bisulcatum, glabrum ; Ovula in utroque lóculo 4—seriata. Stylus cylindricus, glabras. Sligma lamellis rhomboidalibus, glabris. Fructus 0,m5—0,m5X0,m013—0,014 lg., justa complanata, 0,m002X0>m044 lg. in alam pellucidam obtusam utrinque producta. HAB. in silvis Rio Negro, prope Moura. Incolis vocatur Andirá poam-
pé v. Unhas de morcego. Flor Qctobri. Olbs.—Vulgar e muito conhecida, é principalmente no Sul do Imperio, a Bigno-
nia unguis L. que pela conformação dos cirrhos o povo denominou Unha de gato, po- rém,comquanto essa especie tenha uma área geographica bastante extensa, comtudo não é a especie de que trato, que, como ella tem também o foliólo medio transfor- mado em eirrho truncado, donde lhe veio o nome dado, coin mais propriedade, pe- los tapuyos, o de Andirá-poampé ou Unhas de morcego. Pelas formas das folhas, do calyce, do tubo da corolla, do do disco, pela inserção
das flores, pela inflorescencia e pelas formas e tamanho dos fructos afasta-se esta especie da de Linneo ; e mesmo com as variedades gracilis e radicans não se iden- tifica. |
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ECLOGAE PLANTARÜM NOVARÜM
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No Rio Yauapery, quando pacificava os selvagens Krichanás, encontrei uma outra
especie, infelizmente sem flores, que pelas folhas também delias se affasta. A de que trato encontra-se no Rio Negro e fácil é vel-a pelos seus grandes
cachos de flores côr de ouro, que depois enfeita-se de innúmeros longos fruetos, que ficam pendentes. Posto que os cirrhos sejam trífidos e não quinquifldos, comtudo lembram muito os dedos dos morcegos, pelo que, a exemplo do vulgo, denominei-a vesperíilia. |
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O PHYCOSTEMA
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Oü O DISCO DAS BIGNONIACEAS
^ * .............
Estampas XIV e XV
Durante o mez de março as capoeiras dos arredores da cidade de Ma-
nàos cobrem-se de flores de urna trepadeira, descripta por De Candolle, a Lundia densiflora, que apresenta no colorido e na consistencia da corolla de suas flores duas variedades, as quaes derramam na atmosphera urn aroma inellifluo o suave que a embalsama. Uma apresenta a corolla com- pletamente branca, outra côr de camurça ou de marfim velho, com o tubo pela parte externa o a fauce de um amarello gemma d'ovo ; aquella tem as flores maiores o menos consistentes. Ambas as variedades desta especie forneceram-me factos, que reprodu-
zidos, chamaram a minha attenção e levaram-me a observal-os cuidado- samente . Elles vieram-me confirmar o juizo que por observação propria eu
formava, acerca dos discos, considerando-os verdadeiros phycostemas. Apresento aqui o desenho ( Est. XIV ) detalhado de uma das varie-
dades da Lundia desinflora, a de tubo amarello, assim como seis exemplos ( Est. XV ) de flores anormaes que vão de encontro ao typo normal e que apparecem principalmente, quando cresce a planta em logares em que a terra contém muito humus. Ha occasiões, que as suas panículas apresen- tam essas anomalias ou monstruosidades em todas as suas numerosas flo- res. Essas monstruosidades, estudadas convenceram-me deque o disco é um verdadeiro verticilio de órgãos, em que os estâmes predominam, po- dendo só elles formarem-n'o. Além do que expendi sobre o assumpto, quando me occupei da Salada polyanthomaniaca, neste mesmo traba- lho, passo a fazer um ligeiro histórico sobre o disco, para que melhor comprehendam o assumpto, aquelles que não são versados na sciencia de Linneo. Quando dessa Proteacea tratei, disse, baseado no estudo que sobre o vivo fiz, que, para mim. o disco não era mais do que um vertici- lio de estamos disfarçados, opinião que aqui agora confirmo, apresentando as provas em que para isso me baseio. |
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Não sou o primeiro a descobrir isso, mas presumo que o estudo que
agora faço vem confirmar a opinião de Robert Brown, que não foi acceita ; e mostrar que em erro andaram todos, quando só elle tinha descoberto a verdade, que perfeitamente occulta e mascarada anda, mas que, por uma traição da natureza se mostra. As anomalias e monstruosidades, para um espirito observador, são fachos de luz que esclarecem muitos factos não só da organização essencial e fundamental de certas partes dos vegetaes, como diz Brogniart, como sobre a structura particular de alguns grupos de plantas, mostrando a verdadeira natureza de certos órgãos, suas relações, e a analogia que ha entre elles, a patentear as diversas partes que os con- stituem . O nome disco, que a maioria dos botânicos clássicos toma por necta-
rios, o sarcoma de Link, foi dado em 1763 por Adamson, considerando-o uma especie de receptáculo dependente do eixo. Quasi da mesma opinião foram De Candolle, Schleiden, Decaisne, Le Maut, Schacht e outros. Payer, por exemplo, diz, que a reunião dos nectarios fôrma o disco como a dos estâmes o androceo. Ainda Bâillon, em 1886, no seu Diccionario de botancia, diz que: o
disco não pôde se derivar senão de uma modificação parcial e especial produzida no tecido de um dos órgãos preexistentes da flor ; que o disco provem de uma inchação do receptáculo ; e finalmente que não conhece caso algum bem verificado de disco que provenha do calyce, da corolla ou dos estâmes. Vem pois os factos que dei da Salada, e que agora aqui apresento, comprovar que o disco é um verdadeiro verticilio estaminai modificado. Dunal, quando mudou o nome de disco para o de torus, entreviu a ver-
dade, porque para elle essa parte não era mais do que um dos verticilios dos órgãos fioraes. Torus, o leito conjugai, o logar em que se inserem os órgãos da fecun-
dação, não é eomtudo propriamente o disco, e sim a modificação que este soffre apresentando outras fôrmas. Depois deJBrown ter visto a verdade foi que Turpin, com justa razão,
querendo perpetuar a opinião do notável botânico inglez, passou a dar a denominação de Phycostema. Ainda A. Richard perguntou: «qualé a natureza do disco ? » não querendo que fosse produzido por estâmes. Sachs e Van Tiegehn no seu magistral Tratado de botânica, dividindo
os nectarios em duas categorias, querem que o disco seja um nectario da segunda, ou antes protuberancia dos receptáculos que não são folheares. Lindley; entretanto, também era da opinião de Brown.
Augusto de Saint Hilaire, na sua Morphologia vegetal, não admitte que
o disco seja somente a reunião de estâmes disfarçados, porque então po- der-se-hia também dizer que a corolla era um calyce disfarçado e, define-o como sendo um verticilio completo ou não, que se acha entre os estâmes e o ovario. Para elle é um nectario, sem dizer qual a natureza dos órgãos que o formam. Se a opinião não foi acceita geralmente, se até hoje a natureza do disco
esteve encoberta, foi por falta de observação e por não ter havido occa- sião de ser ella verificada em alguma flor, que clara e disti neta mente mos- trasse os estâmes que ella tem em si disfarçados. Por um desses casos, antes uma d'essas revelações em que o Creador
se patenteia, tive a ventura de, em mais de uma planta, vêf desvendado o |
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mysterio, que tem intrigado muitos botánicos, o da natureza do disco,
e que me leva a adoptar o nome de phycoslema proposto por Turpin, por que é o único que verdadeiramente exprime o que elle é. Depois d'esta ligeira exposição sobre o que se pensa ser o disco e estame,
para sustentar a minha opinião, mostrando o que ha de verdadeiro, tratarei das anomalias da Lunãia em questão que mais claramente me mostraram, ainda uma vez o que em outras plantas tinha observado. Todas as Bignoniaceas teem sempre quatro estâmes didynamos, apre-
sentando em alguns gêneros um quinto, rudimentar, abortado. O genero Catalpa comtudo só tem dous perfeitos, sendo os outros tres
estaminodios, ao estâmes abortados. Sendo o numero cinco o que cara- ctérisa todas as divisões de suas flores, entretanto organogenicamente é o numero dez que se occulta n'ellas, como mostrarei. São os estâmes que me obrigam a assim pensar, levado pela lei da symetria e da alternancia, que se mostra em todas flores. Quando mesmo disfarçados os estâmes em phycostema, vemos em al-
guns gêneros este em vez da fôrma annular ou outra, apresentar às vezes cinco protuberancias, que não são mais do que os cinco estâmes modificados. Como disse Saint Hilaire, o disco ou plrycostema só se apresenta quando a flor tem perdido a sua energia vital, e, éisso uma verdade, por que sempre que as plantas de flores munidas de phycostema, como tenho visto, tem um excesso de vida, pela cultura ou pela natureza do sólo, principiam a apresentar flores monstruosas, em que os estâmes se apresentam, mais ou menos normaes, ou petaloides, modificando-se então a fôrma do phycostema, apparecendo a modificação na parte que alterna com os estâmes onde em alguns gêneros existem as protuberancias. Sendo os estâmes sempre oppostos ás sépalas e alternando com as pétalas,
claro está que nas Bignoniaceas, essas protuberancias que são estami- nodios, devem também se oppôr a outras tantas sépalas e alternarem com outras tantas pétalas que organogenicamente estão por concreção intima- mente ligadas, não formando mais do que um corpo, mas que se distingue em algumas pétalas, que por isso quasi nunca são agudas e sim lobuladas, sendo cada lóbulo uma pétala disfarçada. Quando observamos as flores das Bignoniaceas, fallando em geral,
vemos sempre, como disse, o androceo composto de cinco estâmes, dos quaes um aborta, inseridos em uma corolla gamopetala, quasi sempre bilabiaba, cujo limbo tem cinco lóbulos geralmente retusos ou emarginados e raras vezes agudos. Conforme o genero essas flores são providas ou não de disco. Quer n'um quer n'outro caso, apparentemente, a fôr tem a mesma es-
tructura, quando assim não é. Nas Bignoniaceas brasileiras que tenho examinado, todas anatomicamente mostram que as corollas são formadas de dez pétalas que se alternam com dez estâmes, dos quaes cinco visiveis e cinco occultos. Quando a flor é ornada de um disco, eis como se dividem os feixes de
vasos próprios da corolla e os que formam os estâmes: \ Dábase do tubo, inteiramente unido a elle, sahem quatro feixes de va«
sos quemáis ou menos acima da altura do calyce dous se destacam e formam os dous estâmes maiores, e logo acima destes, quando não na mesma altura, se separam os outros dous que são os dous menores. Um quinto estame de entre estes feixes também se destaca vindo os va-
sos que o formam também unidos do tubo. |
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Os feixes libero -linhosos dos vasos dos estâmes maiores se desligam
todos da corolla, e os dous menores, parte fica unida a esta, e d'ahi o serem menores ; e quanto ao quinto dá-se o seguinte : os vasos se dividem em sete partes, ficando seis unidas á corolla, e a sétima, a central, forma oestamiiiodio. São esses os cinco estâmes visíveis, porque os outros cinco destacam-se da corolla, atrophiam-se e formam o disco, não com todos os vasos que formam cada feixe, mas com menos um ou tres que se ligam à corolla e seguem, sem se ramificarem, atravessando todo o tubo até à extremidade do lóbulo da corolla, formando assim, como que a nervura media da pétala. Parallelos a esse vaso percorrem o tubo da corolla, dous feixes de
outros vasos próprios das pétalas, que se alternam com os estâmes visíveis, sem se ramificarem até aos lóbulos, onde cada um se bifurca, a tornar cada lóbulo quinquilinhado. Quando a flor é destituida do disco dá-se o mesmo facto que observamos acima com os estâmes visíveis, porem quanto aos invisíveis esses passam todos para a corolla, formando também a nervura mediadas pétalas, sem se desunirem. Os vasos próprios das pétalas soffrem também uma modificação, em vez de dez feixes distinctos, só se apresentam seis, quatro seguem até ao ponto em que o tubo se divide em lóbulos e ahi se bifurcam, indo um ramo para um lóbulo e outro para outro, para, por sua vez, depois cada um se bifurcar e dous correrem parallelos ao estami- nodio, seguem até a divisão dos dous lóbulos do lado posterior indo um para um, eoutro para outro, para n'ellesentão se bifurcarem. Esses dois feixes com as divisões dos vasos do estaminodio são que dão
a forma bilabial da corolla. Esses cinco feixes de vasos estaminaes que se concretam á corolla são
geralmente marcados na base, entre os estâmes visíveis, por uma linha de pellos. Essa união de todos os órgãos, que formam os dez estâmes, com a corol-
la dá-lhe maior espessura e torna os lóbulos mais retusos ou emarginados. Os estâmes, como se nota nas corollas das flores sem disco, organogenica- mente dividem os lóbulos em duas verdadeiras pétalas, que formam assim o numero de dez, que alternam com os dez estâmes, sendo cinco livres e cinco concretos á corolla, quando não ha disco, eu em parte destacados quando existe este. Quando tratei da Salada polyanihomaniaca, deixei propositalmente
de me estender mais sobre a formação do disco para apresentar as provas, que aqui apresento, que me levam o tomal-o como um verdadeiro phycos- tema. Estas provas, em seis exemplos dos que me forneceram a Lundia em questão, aqui os apresento, que, como outros de. outras congeneres, quasi sempre apresentam factos de monstruosidade em que os estâmes clara- mente se mostram. Porque razão se dão esses factos com as Lundias e não com especies de
outros gêneros ? Porque estas, sendo destituidas de disco, todos os vazos que formam os
estâmes estão na corolla e um excesso de energia vital faz com que elles procurem se destacar cio todo e tornarem-se livres, apresentando-se com anthêras, e essas munidas de pollen. Com esta separação os vasos próprios da corolla ficam isolados, divididos por conseguinte, os lóbulos em duas porções, tendendo a corolla a apresentar-se com dez divisões, ou dez ver- dadeiras pétalas (dialypetala), que alternam com os dez estâmes : Osexem- VOL. I 8
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pios que aqui represento (Est. XIV) faliam melhor que toda e qualquer
explicação, e bem nos provam, que, se as Lundias não teem disco, é porque sendo este formado de estâmes, e estes não se separando da corolla, elle não pode se formar, como em outros gêneros, era que não ha exemplo das corollas apresentarem mais estâmes do que os normaes. Entre muitos exemplos que tenho tido, apenas represento aqui seis,
pelos quaes se me dará razão para afflrmar que o disco é um phycostema ou um vertioiíio de estâmes disfarçados. Se o facto que aqui apresento se desse em especies de gêneros caracterisados por discos, razão alguma teria, mas reproduzindo-se elle sempre em especies sem discos, vê-se que são os estâmes que o formam. Nas Bignoniaceas a falta de disco augmenta o numero de estâmes na
corolla; na Salada dá-se o contrario : os discos se transformam em estâmes ; quer dizer que a natureza do disco é toda estaminai. Com a desappariçâo do disco e a presença de maior numero de estâmes
com anthéras perfeitas e férteis, as corollas tendem também a tornar-se dobradas, apparecendo, nas flores monstruosas, casos em que o limbo em vez de cinco divisões apresenta dez, sendo algumas imperfeitas e irregulares, mas apresentando outras, posto que não em numero de dez, porém em que as divisões apresentam pétalas com os limbos regulares, iguaes aos lóbulos das divisões normaes, e longamente unguiculados, como se fora de uma corolla polypetala ou dialypetala. Esse facto nos mostra além do numero, também a fôrma das pétalas,
que organicamente se soldaram á formar a corolla gamopetala, que cara- ctérisa as especies da familia das Bignoniaceas, mostrando-a como o autor da natureza organizou as suas flores, que pela adaptação em meio différente posteriormente se modificaram, como fizeram também as flores das orchidèas e outras. As pétalas são longamente unguiculadas, e pela união das unhas se
forma o tubo, como da união dos limbos a corolla, passando a ser mono- petala a flor dialypetala. Não podia deixar de registrar aqui essas obscuras observações, para
que outro mais hábil melhor desenvolva e esclareça o facto, baseando-o em outras observações, porque, me parece, que ellas contribuem para expli- car a verdadeira natureza desse órgão, até aqui tido como sendo um ne- ctario, ou fazendo parte do receptáculo, continuação do eixo das flores. Si, por ventura, factos posteriores me provarem qüe estou em erro, serei prom- ptoem reparal-o, porém até então não deixarei de considerar esse órgão, senão como Um verticilio de estâmes atrophiados e degenerados, para o qual o nome de phycostema é mais expressivo e apropriado do que o vul- gar de disco. Pelo que se reproduz nesta Lundia, o phycostema não é mais do que
uma anomalia, porque os factos da appariçâo de estâmes e pétalas no ca- so vertente, não constituem uma monstruosidade, pois em vez de ir contra a natureza, se reproduzem de accordocom as leis invariáveis dasymetria e da alternancia. Não é uma dessas anomalias accidentaes que modificam a organisação propria de uma especie que constitue um facto teratologico, mas dessas que do génesis, por hereditariedade, se perpetuam disfarçando a verdadeira structura. Se essa monstruosidade nos rompe o véo que mysteriosamente occulta-
va os dez estâmes das bignoniaceas que se disfarçam completamente em |
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cinco, como é o seu caracter absoluto, poderemos considerar monstruosi-
dade aquillo que nos patenteia a structura ? O caracter normal não é antes a anomalia. ? O facto que se nos apresenta não é mais do que um atavismo bem caracterisado. As flores das bignoniaceas foram polypetalas ; e pela lei do progresso ou aperfeiçoamento, a ieleosis, de Haëkel, tornaram-se gamopetalas, confirmando assim o que diz o notável naturalista: as flores polypetalas precederam as gamopetalas, e que o aperfeiçoamento, quer no reino animal quer no vegetal, depende do numero de órgãos, assim as flores que tem numerosos estâmes são mais imperfeitas das que as menos ricas destes órgãos. Para mim a forma actual da corolla das Bi- gnoniaceas é anômala, e o resultado de estudos que tenho em mão, talvez melhor me esclareça e me leve a considerar como tal também a forma das corollas das Gesnereaceas, Labiadas, Verbeneaceas, Acanthaceas, Gentianaceas etc, que me teem fornecido materia para estudos mor- phologicos análogos. |
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ordo CONVOLVULÁCEA h. b.
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Iribú CONVOLVÜLINAE Meisn.
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Sub. trib. ARGYREIEAE Choisy
Gen. MARIPA Aubl.
Mapipa panículatíi (Barb. Rod. loo cit n. 368)—foliis coriaceis
oblongis obtusé acutis supra lucidis subtus distincte nervosis, paniculis elongatis, terminalibus v. axillaribus, ramis brevis plurifloris pubescentibus, sepalis subrotundo-ovalibus lœviter emarginatis cano-velutinis, interioribus emarginatis marginibus ciliatis ; corolla infundibuli-campanulata lobulata, striis 5 exlus sericeo-villosis, tubo albo marginibus violaceis. Tabula noslra XVIÏ.
Caulis volubilis, teres, elongatissimus. Folia ssepe suboposita, petiolo te-
reti, transversaliter rugoso, supra canaliculato, 0,m010—0,015 lg.. limbo 0,m05—0,m18X0,m03-0,m09 lg., nervo medio supra in- sculpto subtus fortiter prominente, nervis lateralibus prominentibus arcuatim, venulis crebis tenuissimis. Panícula terminalis v. axil- laris, elongata, stricta, sub-aphylla, 0,m010—O,m30 lg., rachi glabra, ramis alternis v. suboppositis, bracteis cadueis, floribus O,m005--0,m010 lg., cymosis, pedieellis 0,rD003—0,m0051g. Sépala coriácea 0,m005—6,m007 lg., convexa, dua exteriora densé cano velutina paullo minora. Corolla limbo plus minus lobata, lobulis |
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obtusis, tubo intra calycem angusto cylindrico, supra infundibuli-
campanulato, 0,ni023 lg. Stamina corollse duplo breviora ; fila- menta basi triangulari-dilalata, lateraliter ciliata ; antherœ oblonga? subsagittatse. Stylus stamina superantis; stigmate sub disciformi capitato. Fructus ignotus. HAB: in Rio Negro, prope Manàos ad ripas Igarapé do Aterro. M. Octo-
bre florens. Otos. Os sabios professores Hooker e Bentham. em 1876, nos seus Genera plan-
tarían, dão como conhecidas, unicamente nove especies, excluindo a Maripa specta- bilis de Clioisy, que é a Prevostea spectabilis de Meisner. Oito dessas estão des- criptas na Flora Brasiliensis, sendo que tres já o estavam por Choisy, no Prodromus de De Gandolle, que na sua monographia inclue a scandens que servio de typo a Aublet, para o genero que na sua Histoire de plantes de la Guyanne Françoise creou, aproveitando-se para nome scientiflco do vulgar que teem as especies entre os Karaübas, nome que também dão aos indios da Guyanna a uma palmeira, a Maxi- miliana maripa do Drude, que antes o Dr. Martius classificara como Attalea. A especie de que me occupo cresce nos logares húmidos das margens dos
igarapés, sobe a grandes alturas, agarrada pelas arvores, e cobrindo as suas copas de basta folhagem orna-se de panículas de llores branco lilases. Entre as especies, fructicosac e scandentes, minuciosamente descriptas na Piora, não existe esta, e como não conheça trabalho algum que modernamente noticio novas especies, a considero nova, até que o contrario me seja provado. |
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Gen. OPERCULINA Manso
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Opei-culina violácea (Barb. Rod. loe. cit. n. 645)—undique
glabra, foliis ellipticis acutis basi rotundatis, racemis lateralibus multifloris; pcdicollis terotibus pubesccnlibus ; sepalis coriaceis apico rotundatis v. cmarginatis, cxtus dense cano-velutinis ; corolla magna cœruleo-violacea extu quinqué vittata, vitta extus cano-argentata.____
XV!
Tabula nos/,-a XVl){. Caiais lignosus, ramosus -; ramis in cirrbus terminatis. Folia arcuata
0,m10—0,17 X0im06—0,m9 lg.; petiolo cylindraceo, super piano, rugoso, contorto, 0.m02—0,04 lg, Racemo elongato, erecto, 0.m30—0,m60 lg. Peduneuh cylindracei, multiflori. Bracteœ primaria caduca, secundaria? persistentibus ; pedicelli 0,m01 lg. Sépala convexa 0,0m012—0,014X0,011—0,015 lg. Corolla hypo- craterimorpba, cœruleo-violacea, plicata, marginibus crenulata, 0,m08—0,,u10 in diam. Stamina inclusa ad faucem inserta, subsi- gmoidea, ad basin muricata ; antherae oblonga?. Discus lseviter annularis ; ovario lsevi ; stylo atténuato, lsevi ; sligma bilobatum,- lobis subglobosis. Capsula depresso-globosa, diam. 0,035, calyce cmcta, Isevis, bilocularis 2—4 spermis, Vértice acuminato, 2—4 gibba. |
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HAB. ad ripas igarapés prope Manáos, prov. Amaz. Flor. Aprili.
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Otos.—O genero Operculina foi creado por A. L. P. da Silva Manso, em.
183G, na sua Dissertação das plantas brasileiras que podem promover a catharse, servindo de typo a Batata de purga, que denominou: O. convolvulus, mas que o Dr. Martiüs na sua Materia medica ley on para o genero Piptostegia de Choisy, denominando-a P. Gomesii, como prova de consideração dada ao Dr. Bernardino Antonio Gomes (1). Antes porém, de Manso, ja Plumier em 1755 a tinha descripto, (2) como Convolvulus foliis pedato-palmatis. O genero Operculina não tem sido recebido por alguns botânicos, tanto que o Professor Endliclier o faz synonimo do genero Batatas de Rumphio ; De Candolle o inclue no Ipomea de Linneo e Bentham, Hookor também querem que deva fazer parte desse ultimo, todavia o Dr. Frede- rico Meissner, o ultimo monographo da familia, o considera e com muita razão, genero distincto. Com effeito attendendo-se para a conformação da flor, forma e posição dos
estâmes, structura dos friictos etc., só muito forçadamente o incluiremos entre as Ipomeas, posto que faça necessariamente parte da tribu das Convolvulinaceas. O Dr. Martius levando a Batata de purga para o genero Piptostegia não consi-
derou que o genero de Manso estava publicado, emquanto que ode koffmannsegg então era manuscripto. Entre a meia dúzia de especies de Operculinas conhecidas, só a de Manso
pertence ao seu genero, porque as outras apresentam mais caracteres de Ipomeas, tanto que o próprio Dr. Meissner as leva para o genero de Manso, duvidosa- mente . Os caracteres desta especie não deixa a menor duvida que pertença ao verda-
deiro Operculina, pelo que é a segunda especie que se apresenta. E' uma planta que vem disputar um logar distincto entre as da sua familia,
pelas suas bellas flores de uma jinda còr de violeta, pelos seus botões prateados, dispostos em grandes racemos, offuscando mesmo outras plantas sarmentosas e ornamenta.es, pelo tamanhoe numero deflores. Se não apresenta propriedades medicinaes, tem os de encantar a vista e pres-
tar-se a cobrir grandes caramanchões de jardins, tendo a vantagem de conservar as suas flores abertas todo o dia, o que não acontece com as Ipomoeas. Segundo me informam é uma planta venenosa, não se me sabendo dizer qual
parte delia, o que faz excepção entre as suas irmãs, que em geral são medicinaes» Verdade ou não, ella tem ms suas flores uma cor que a torna muito suspeita.
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Gen. IPOMOEA Linu.
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s.et. STROPHIPOMOEA *àuT.
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Ipomoea supersticiosa (Barb. Rod. loc. cit. n. 634,—
petiolis pedunculis calycibusque arguté pubescentibus, foliis pro- funde 7—partibus lobis e basi angustata lanceolatis acutissimis exterioribus triplo minoribus ápice subrotundis, limbo supra arguté piloso, pedunculis foliis minoribus ápice densè—5—8 floris ; sepalis subrotundis concavis obtusis, carolla infundibuliformia limbo lobulato, 0,055. Tabula nostra XVIII.
Caulis altè-volubilis basi lignescens, ramosus. Folióla 0,m009—0,01 IX
0,m016—0,m221g., nervis supra et subtus prominulis, utrinque (1) Autor das Observações botaniõo-meãióas sobre algumas plantas do Brasil, publicadas
em 1812, nas Memorias da Real Academia de Sciencias de Lisboa III. Ia pag. (2) Plantarían Americanarum pag. 80Tab. XCI. flg. I.
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lseviter arguto pubesentibus. Petiolus 0,m025 — 0,m060 lg.,
arcuatus, supra canaliculatus. Peduneuli 0,m03—0,m6 1g, Sépala herbaceocoriacea, sub aequalia 0,ra0066 ]g., interiora nitentia exte- riora paululum breviora. Corolla rosea, glabra, 5 vittata, tubo limbo subasquante lobis latis, emarginatis. Capsula ignota. HAB. m Rio Negro et in Rio Yauaperj, prov. Amaz. M. Apr. Jun.
et Dec. florem. Incolœ Tamakoaré-y nuncupatur. Otos.—Entre as plantas procuradas pelos indígenas, não é raro encontrar-se
cultivada a Ipomoea de que aqui me occupo, o Tamakuarê-y, não só porque as suas flores, de corolla rosea e tubo carmesim, servem de ornamento, como por ser uma das que a crença popular liga virtudes, mais supersticiosas do que medicinaes. ü'essas virtudes já tratei quando me occupei das Caraipas ou Tamakuarês por
isso só me resta dizer que as raizes da especie em questão são purgativas e em- pregadas contra as gonorrháas ; sendo devida essa propriedade á resina que contem. A fécula, que também encerra, ein pequena quantidade, é uzada somente
quando d'ellase quer tirar algum proveito, sempre como amavio. Em geral são as mulheres da classe baixa, para prenderem os amantes, que d'ellas se servem. Comparando a especie amazonense com os diagnoses e descripções das que o Dr.
Meissner, na sua extensa monogi aphia, publicada em 1869, menciona com nenhuma pude identifica-la. Comprehendida no seu sub-genero Euipomoea, na secção Stro- phipomoea de Choisy, e serie de folhas apalmadas afasta-se de todas as especies ahí incluidas rela forma de suas folhas, sempre 5 palmadas, tendo nos dous dentes externos um appendice que as torna sub 7 — apalmadas, cujo dente nunca chega a ter um terço do comprimento d'aquelle ao qual se liga, e ó sempre muitoobtuso e não agudo, posto que seja cortado por uma nervura. A falta de um herbario devidamente classificado e mesmo de uma bibliotheca
onde possa consultar todas as Revistas modernas, me "obrigam a em duvida apresentar as minhas especies novas, mas antes passem ellas para a synonymia, se realmente não forem novas, do que por incuria continuem desconhecidas. |
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o,do SOLANACEES juss.
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Trib. HYOSCYAMEJE Senth ei Hook
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Gen. DATURA Linn.
Datura însîgnîs (Barb. Rod. loe. cit n. 658)—arborescens ;
foliis longe petiolatis oblongis acutis basi raro obliqua integerrimis supra sparsê minute pubentibus subtus in nervis dense pube- scentibus ; floribus maximis sub nutantibus ; calyce infundibuliformi angulato arguto pubente, dimidiam corollse tubi partem arquante, regulariter 5 — dentato ;corolla3 tubo plicato, ad de midium angusto- cylindrico extus pubente, abinde infundibuliformi ampliato, limbo magno longo acuminato ; staminibus tubum majoribus ; antlieris conglutinatis ; stylo recto cum stigmate elongato exserto. Capsula non vidi. Arbúsculo? 2—3 met. altas. Folia cum petiolo pubente laminam minore,
0,m19-0,ra22X0,n,06—0,m09 lg, petiolo 0,06-0,14' lg. pube- scente Flores 0,'"33 lg. Pedicelli 0,m030—0,ra035 lg. pubescenti. |
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G3
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Galyœ 0,m135 lg., dentibus 0,m03 lg. lanceolatis acutissimis, aequa-
libus. Corolla 0,m33 ]g., limbi diâmetro 0,m19, roseo-sanguinea. Slamina 0,215 lg., antheris 0,m025 lg. Stylo 0,m26 lg., antherse exserto. Sli/gma 0,m025lg. HAI3. in locis humidioribus aã ripas Solimões et Marañon. Planta spe-
ciosissima. Florébat Aug. Toé v. Thoó v. Marikaua incolis vocata. OH>s. Entre as plantas toxicas occupa lugar proeminente a ordem das Sola-
náceas, que fornece a atropina, a nicotina e a daturina, venenos enérgicos que residem nas suas folhas e nos seus fructos. A daturina ó uma substancia amarga e acre, obtida das Daturas, e que se cris-
talisa ; ó volatil, solúvel n'agua, no alcool e no ether, e excessivamente venenosa, com a propriedade de dilatar as pupillas. Este principio narcotico-acre é mais enérgico que o da atropina e penso que para não se afastar de suas congeneres, a especie em questão também devo as propriedades que possue a esse mesmo principio. Os indios peruanos das margens do Amazonas, no territorio em que este toma
o nome de Maranhão, isto é, de Tabatinga para a republica do Perú, tem em muita consideração a planta que elles denominam Toe, Thoè ou Manhaua, e pelas virtudes que n'ella encontram, servem-se sempre d'ella nos seus dias de tristeza e de alegria. Fui informado que quando os indios querem vêr um parente, um amigo ausente ou morto, um facto que está se passando longe ou se passou ; quando desejam lembrar-se e assistir a uma victoria de suas guerras ; achar um objecto perdido, passar, emlim, horas agradáveis om que só sensações boas sintam, tomam um meio calyce da infuzão de 5 ou 6 folhas, o que produz um lethargo e embriaguez durante o qual o espirito adquiro lucidez hypnotica. Sabemos que a belladona, o strámonio e o tabaco produzem o narcotismo com
visões, delirios, cephalalgia e sensações desagradáveis e más; porem, a embriaguez que occasiona o Thoè, ó como a do hashisch dos arabes, o liamba ou diamba dos africanos (Cannabis indica L.) toda voluptuosa, cheia de prazeres e bem estar, alem de tornar o individuo um verdadeiro médium lucido. Essas propriedades narcóticas das Daturas de longa data ó conhecida, tanto que
as cortezas da índia, segundo Acosta, para roubarem os seus amantes deitavam o pó das sementes da Datura stramoniumh., a nossa Figueira do inferno, em qualquer bebida agradável, para durante o somno lethargico commetterem os crimes. Em Paris, o mesmo pó misturado com o tabaco ou no vinho, era empregada, outr'ora, pelos ladrões, para adormecerem as suas victimas. A propriedade do Thoó de fazer ver o que está occulto é a mesma, que segundo Humboldt e outros naturalistas, tem a Datura sanguínea de Ruiz e Pavón, também do Perú, porque, segundo este sabio, os oráculos de Bochicha do templo do sol, em Lagamosa, mastigavam as sementes d'esse vegetal, assim como aquelles que procuravam riquezas ou os mysterios dos sepulchros. O nome que tinha então esta Datura era Luacacacha ou Berva dos sepulchros, com os fructos da qual também preparavam a tonca, que era a bebida predilecta dos Maesas, Sacerdotes que conversavam com os Conobas ou penates. A embriaguez do Thoé prolonga-se tanto quanto o deseja o individuo, porqu-i
logo que quer deixar o mundo de phantazias em que se mette, provoca vómitos e com estes cessa o effeito do vegetal. Se perde de todo a consciência, se o estado Iiypnotico ó profundo, os compa-
nheiros, então, provocam-lhe os vómitos. Aquelles que tomam o Thoó, passam depois um mez em rigorosa dieta, durante
o qual não bebem bebidas alcoólicas. O Thoé nos lembr.i a Herw da admnhação introduzida no Mexico. Como o effeito desta ó igual ao do Thoé, transcrevo aqui o que disse á respeito
um jornal : « Toma-se em différentes doses e em poucos insta ntes sobrevem um adormecimento
semelhante, em todos os seils symptomas, ao sonho hypnotico, e pode até dizer-se idêntico, porque o paciente responde com os olhos fechados ás perguntas que fazem, estando em completa insensibilidade. O estado pathologico em que faz cahir a herva a qualquer que a tome, proporciona
uma especie de condão de advinhar e de dupla vista. Ainda mais o sujeito perde a vontade propria e fica inteiramente escravisado ao mando de qualquer por modo |
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EOLOGAE PLANT.VRUM NOVAKUM
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tal, que pôde precipitar-se de uma jauella, disparar um tiro ou cravar um punhal
em si, se isso lhe for ordenado. Voltando a si, não se recorda do que fez durante o somno provocado pela herva
da aãvinhação. O Thoè é unia arvoreta de dous a tres metros de altura emittmdo às vezes mais
de um tronco fraco, molle, e medulloso com a casca esbranquiçada dividindo-se em galhos bi ou trifurcados, verdes, pubescentes quando novos, cobertos de folhas alternas distanciadas, as quaes são ellipticas, acuminadas no ápice, agudas na base, inteiras, com as nervuras e a pagina superior pubescentes tendo na inferior só as nervuras e seus retículos pubescentes. As folhas superiores são menores terminando-se a base do limbo obliquamente. São pecioladas, sendo os peciolos da metade do comprimento das folhas e pube-
scentes. As flores são axillares e solitarias. O calyce é verde corniculado, curtamente
quinquedentado, com cinco nervuras pubescentes e salientes na parte externa. A corolla tem o tubo, muito maior do que o calyce, cylindrico, o limbo infundi-
buliforme, 5—6 dentado, com os dentes longamente acuminados, tendo cada divisão tres linhas salientes e pubescentes ñaparte externa,sendo o tubo branco amarellado e o limbo de uma bolla cor de rosa sanguínea. Nem as folhas e nem as flores teem aroma. O genero Datura è um dos creados por Linneo e quasi todas as suas especies são
classificadas pelo mesmo sabio, mas, posto que antigo, o numero de suas especies não se tem augmentado, tanto que, apenas 12 eram conhecidas em 1876, quando Hooker publicou no seu magistral Genera plantaram, a familia das Solanáceas. A monograpia do Dr. Otto Sendtnor, se bem que já antiga, pois data de 1846, só menciona seis especies encontradas no Brazil e uma peruana, a D. sanguínea, conhecida no Peru por Floripondio-encarnado, segundo Ruiz e Pavon, que a descreve na sua Flora Peruviana et Chilensis. O Dr. Otto dividiu as Daturas em duas secções : a do antheras ligadas ou adhérentes o a de antheras livres. Nesta divisão apenas cita a D. suaveolens Humb. o Bompl., antiga Brugmansia,
em que está incluida a especie de que trato. Pela cor so aproximada D. sanguínea, da qual Ruiz e Pavon não diz se as
antheras são ou não ligadas, mas affasta-se pelo calyce, que não ó oval, pequeno e variegado ; pelas folhas que não são glabras e luzentes na parte superior, nem angulosas ; pelo peciolo que não é duas vezes menor do que a folha ; pelos pedún- culos que não são terminaes e pela altura da arvore que tem mais de quadriorgyalis. Eu aqui dou o Thoè, como especie nova ; os sabios porém que decidam.
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sectioACOROLLIFLOMlD.c.
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Ordo LAURÍNEA Vent.
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i Gen. NECTANDRA Roll.
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rVectranda elaioplioi*» (Barb. Rod. loe. cit. n. 646) arbor ;
íoliis sparsis coriaceis e basi acuta suboadulata oblongis acutis supra nitidis subtus prominulo-reticulatis ; bacca magna ; cúpula cónica sub rugosa striata, margine crasso reflevp quinquedentato. Tabula noslra XVIII.
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KCLOGAE PLANTARUM NOVARUM 65
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Arbor, raiais stricteis albido-cinereis, rimulosis. Folia rígida, reflexa, pe-
tiolata, petiolo contorto, supra canaliculato, subtus convexo, 0,™02 lg., margine ondulata, costis 7—10 suboppositis, supra immersis, subtus prominulis,0,m13—0,m15X0.m15—0,06 lg. Flores ignoti. Pedunouli a.xiax'ûla,ves et subterminales, solitarii,0,m04—0,m071g. Cúpula verrucosa-rugosa, crassa, 0,m02 alta, 0,m025 diam. Bacca oblonga, obtusa, lœvis nitentis ; endocarpio carnoso, sulphureo, resinífero, odore fortiter therebinthinaceo. HAB. ad ripas Rio Negro, in Prov. Amazon. Incolis Namu\, Nhamuy,
vel Louro, Louro Rosa, Louro precioso, Pau-rosa. Frucl. Jun. OTbs.—Entre as plantas úteis da provincia do Amazonas, tenho convicção que,
esta será uma das que pira o futuro bons serviços prestará não só a medicina como á industria. E' conhecida no Valle do Rio Negro pelos tapuyos por Namuy, Nhamuy, nome dado a quisi todas as Lauríneas, como paios de Louro rosa, Pão rosa o Louro precioso que lhes dão os civilisados. O seu lenho é empregado em c:mòas, porém ahi não está o seu melhor emprego,
e sim no oleo que em abundancia dá quando se fere o tronco. Este è excessivamente claro, transparente, aquoso, muito aromático, tendo o
cheiro da terebentina, ardendo como esta, dando fumaça negra e espassa. Esta propriedads faz com que se dê também o nome de Gaz vegetal, porque em geral o tapuyo em vez do petróleo, do qual tem a consistencia, o emprega em suas candeias. A não ser como combustível, ou usado contra empingens, frieiras, queimaduras e para matar os bichos da cabeça, esse oleo não tem, por ora, outro emprego ; mas creio que conhecidas as suas propriedades chimicas será de grande uitlidade, quer na medicina, quer na industria. Foi baseado nisso que mandei pelo chimico deste Museu, o Dr. Francisco Pfaff, em 1« de abril de 1887, analysal-o, mâo grado meu, e contra toda a minha espectativa começou a analyse, mas não a concluio. l Não é só esta expecieque fornece oleo, ha ainda outra do Rio Autás, que também
o dá, porém de uma cor trigueira. O principio que dá o aroma forte ao oleo está em toda a planta desde o tronco até
aos fructos. Estes, de que são ávidos os peixes, principalmente o Tambahy, o tem em tal quantidade, que no tempo dos fructos, que ó o tempo da enchente, a carne dos peixes fica de tal maneira impregnada delle, que se não pôde comer, pelo gosto e cheiro que tem de terebentina. A pezar de esforços, não consegui ver ainda suas flores, porém na primeira
opportunidade com ellas me occuparei, e talvez possa breve completar a des- cripção. Muitas são as Nectandras conhecidas, mas penso que entre ellas não está a de
que me oecupo, pois que entre as 59 descriptas pelo professor Carlos Frederico Meissner, na sua monographia da Flora Brasiliensis, nenhuma d'ellas se identifica com a minha. Posto que a monographia do illustre Professor de Basiléa seja já antiga, pois data de 1866, comtudo, também não encontro, em publicação mais recente especie alguma que possa identificar-se com a que aqui descrevo, pelo que como nova a offereça á consideração dos sabios. Consta-me que depois de ter sido por mim entregue ao Chimico o oleo para ser
analysado, este, particular e occultamente obteve amostras das plantas e, infrin- gindo o Regulamento deste Museu, as remetteu para Europa, não sei se com flores, por isso talvez fo3se alli classificada ; porém, desde já aqui protesto contra toda e qualquer denominação que por ventura se tenha dado, porquanto, quando se deu esse facto já por mim estava a planta classificada sabendo perfeitamente isso o Chimico, porque, por mais de uma vez, interassando-me pela analyse, lhe declarei que desejava publicar esta com a descripçâo, por ser uma especie nova. A demora da publicação foi devida ao facto de se me demorar a analyse, que
nunca foi concluida. 0 genero Hectandra estabelecido por M. Rollander em 1778, servio de typo para
Nées, d'Esembeck, em 1836, estabelecer a tribu das Nectandrece, passado depois, em 1864, por Meisner para a das Oreodaphnce, e por Bailion para a das Ocoteeee. 1 Nos primeiros ensaios achou no corpo bruto dois oleo.s, sendo um mais pesado do que
a agua, segundo me informou, e posteriormente obteve tambam. um principio cristalisavel. VOL. I 9
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ECLOGAE PLANTARÜM NOVARÜM
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Endlicher no seu Genera, o conserva na mesma tribu de Nées Esembeck, porém
Hooker e Bentham, levaram-o em 1880, para a das Perseaceae, baseados em bons caracteres. B' um dos gêneros, que maior cópia de productos fornece à actividade humana,
já pelo lado da medicina, já principalmente pelo da industria, o presumo que com o novo producto que agora apresento mais notável so tornará. |
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Ordo PROTEAOEAE jUS3.
Trib. GREVILLEAE endi. ûen. ROUPALA Aubl.
sec. SIMPLICIFOLIAE
1. Roupala Yauaperyensis (Bard. Rod. loo. cit. n. 223),
foliis lineari-oblongis subobtusis v. acutis plañís utrinque pube- scentibus breve venis leviter prominulis petiolatis, racemis axilla- ribus et terminalibus densifloris folia superantibus ferrugineo pubescentibus, sépalas extus pubescentibus, pedicellis calyce ma- joribus, glandulis hypogynis triangulatis, stigmate clavato. Tabula nostra XIX. Fig. A. ' ¡¡
Arbor 4—5 met. ait. Ramis junioribus fulvo pubescentibus. Folia
excluso petiolo 0,m08— 0,m14X0,021—0,m036 lg., rígida, supra lsete viridia, subtus fulva. Racemi axillares, 0,m10—0,m141g., recti, terminales folia superantes, basi parum tumidulus, obtuso. Sépala lamina concava, recurva. Filamenia basi sepali inserta, ápice atenuata, complanata, recurvata. Squamulse hypoginœ 4 carnosse, triangulare, brevissime. Ovarium sub sessile hirsutum. Stylus calyce breviore. Stygma obtusum. Capsula ignota. HAB. ad ripa s Rio Negro, prope Moura et in Rio Yauapery in locis
inunãatis. Flor. Nov. sec. PINNATAE D. c.
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». R. arvensis (Bard Rod. loc. cit. n. 695), foliis polymorphis
serratis supra nitentibus subtus tenuissime elevato-venosis glabris aliis simplicibus ovato oblongis, aliis pintiatifldis pinnatisve, liberis, acuminatis longi petiolatis, racemis folio majoribus densi- floris, pedicellis, subliberis calyce minoribus tomentosis, glandulis hypoginis oblongis, ovario hirsuto, stigmate clavato. |
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ÉCLOGAS PLANTARUM NOVARUM
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Tabula nostra XIX. Fig. B.
Arbor 4—5 met. ait. Ramis juvenilibus albo tamentosis. Foliaalia, indi-
visa serrata basi acuta, alia pinnatim 5—7 foliata, foliolis distinctis, terminali majore, lateralibus alternis oppositis, oblongis, obtuse acutis, brevissimé petiolulatis, ramorum fertilium excluso petiolo, 0,m07—9,m13X0,m035—0,m067., coriácea, indivisa ovato-oblonga, serrata, utrinque acuminata, glabra, nitida, subtus elevato-venosa. Racemi axillares, solitarii, 0.m10—0,m13 1g.. folia superantes. Calyx 0,006 lg., pedicello duplo longior, clavatus. Sépala linearia, apice dilatata, concava, acuta, interioriter mucronata, extus pu- bescentia, recurva. Filamenta supra medio sepaliinserta, incurva. Squamulœ hypoginse, oblonga?. Ovarium byrsutum. Stylus clavatus. HAB. in Rio Negroprope Manáos, Prov. Amaz. Flor. Jul.
Obs.— O genero Roupala foi creado por Aublet, na sua Histoire des Plantes
de la Guyane, mas como alguns autores o fazem derivar do grego pówXov, a clava ou massa, pela forma do stylo, e vulgarmente o escrevem Rhopala, ropala, rupala, que se ô conforme a orthographia grega, comtudo modifica a do botânico francez. Com Bâillon e Hooker, conservo a primeira orthographia, porque segundo as leis da nomenclatura botânica, o nome de um genero deve subsistir tal qual foi creado, salvo o caso de uma correcção de erro puramente typugraphico, facto que Se não dá aqui. Duas especies deste genero Ruiz e Pavon levaram para o Embothrium de Linneo,
o emonospermun e a pinnatum, como se vê na Flora Peruviana e Chilena e estampas 98 e 99. Pertencem a este genero alguns Kutuhañee ou Cutucanhem, e as carnes de vacca, do Rio de Janeiro, porém algumas especies, com este nome vulgar são também do genero Adnostephanes de Klotzsch em que está incluido o Becnekeria de Velloso, e mesmo ó dado a especie de familias différentes, como tive occasião de verificar no Rodeio, provinda do Rio de Janeiro onde com esses nomes vi uma Myrsinea. O Dr. Saldanha da Gama, ua sua Configuração dos vegetaes seculares do Rio de
Janeiro, descreve a, Rhopala Brasiliensis Kl. com o nome de Ratuhanheê 'e a representa, porém, comparando-se a sua descripção e figura, com as que o Professor Meisner apresenta na Flora Bsasiliensis, vê-se que a do botânico brazileiro forma uma variedade. São notáveis as plantas deste genero pela rigeza e grande duração do seu le-
nho, que é muito empregado nas construcções civis em obras ao ar. Não são arvores de grande diâmetro, e as fibras do duramem ou cerne são grossas e em geral côr de carne crua( donde vem o appellido das especies, de Carne de vacca. Em geral Só se aproveita o tronco quando novo, porque quando velho se torna ôco. As flores pela manhã são excessivamente aromáticas. |
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ordo THYMELAEACEAE M^n.
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L>en. LINOSTOMA Wall.
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Linostoma albifolium (Barb. Rod. loc. cit. n. 63), foliis
ovalibus obtusis oppositis supremis albescentibus ; pedunculis brevibus apice corymbosis ; pedicellis brevissimis ; calycis tubis cylindricis gracilis intus puberulis extus pubescentibus. 1 Kuty ou akuty, cotia, haa, folha, cê, doce ou hutuk ferir haë seccar—o que fero
quando aecco. |
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ECLOGAE PLANTARUM NOVARUM
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Tabula nostra XX.
Ramuliteretes, graciles, brunneo-fusci, et leiiticellis albidis transversa
puncticulati. Folia 0,m30—0,"045X0.m017—0,m023 1g., petiolo Q,n,02—0,m03 lg. tereti caniculato supra veridia opaca, subtus albescente, nervo supra caniculato subtus prominulo, venis paten- tissimis parallelis vix 0,m001 ab invicem distantibus subtus lae- vissimis prominulis. Paniculœ ramis oppositis sub angulo recto ortis, foliorum paria 2—10 gerentibus, supremis albescentis, 2—12 floris, 0,m02 lg., pedicellis, 0,m002 longis ebracteatis. Galysa caducus, tubi tenui, apice vix dilatato, limbo labio expansis sub obtuso. O vario cónico, puberulo. Stylus glaber ad médium tubo attingens. Fruotus crustaceus, pyramidato-pediculatus, profundé sulcato.-dentatus, perianthio papyraceo persistente basi inflato inclusus. HAB. in Rio Negro, circa Manáos. Florei m. Januário
Otos.—Encontrei esta especie na margem esquerda do Rio Negro, em terreno
arenoso, que desapparece com as enchentes. E' uma pequena arvore copada, que se esgalha desde o sólo, apresentando em todas as summidades dos galhos, próximo aos corymbos, duas folhas terminaes branco-amarelladas que a tornam distincta. E', muito próxima, a sua congenere calophylloides, mas d'ella se afasta no tamanho e numero de folhas, na forma destas, no comprimento do pedúnculo, na pubescencia do tubo calycinal e no comprimento do estilete. Na especie em questão as folhas são pequenas, ovaes e não acuminadas, dis-
postas nos ramos aos pares em longa extensão ; os pedúnculos são curtos ; o tubo do calyce pubescente na parte externa, assim como a parte externa das divisões calycinaes ; o estylo que genericamente vae ás antheras dos estâmes menores não attinge nesta senão o meio do tubo, justamente onde terminam os pellos cotonosos, que impedem a queda do pollen para o fundo do tubo e favorecem a fecundação. Considero esta especie nova, porque não encontro outra descripta além da quejá
citei do Rio Negro e outra da índia. A monographia das Thymelaeaceas escripta pelo sabio Meisner, sò menciona
essas especies. São passados quasi trinta annos de publicação e entretanto nem uma especie foi addicionada ao genero, que me conste. Walpers, até 1868, não addiciona especie alguma em seus Annales Botanices, e não a encontro descripta em outras publicações, como a Linnaea. Impuz-lhe o nome albifolia, porque, na época de flores- cencia, as duasfolhas terminaes dos ramos são brancas, destacando-se notavelmente das outras verdes. Bentham e Hookor nos seus G enera Plantarum, publicado em 1880 nas Thymaeleaceas, mencionam no genero de que me occupo duas especies, uma a de Meisner e outra que não conheço, mas que deve figurar no herbario do Museu de Kew. Será a especie acima? Os fructos das especies conhecidas até hoje variam de uma para outra, pelo que
não foi ainda o genero bem caracterisado. Aqui represento o desta, em estado de madureza, porém não secco, que torna-se notável pela fôrma curiosa que apresenta. |
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Ordo MONIMIACEyE Llndl.
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Gen. SIPARUNA Aubl.
Siparuna fceticia. (Barb. Rod. loc. cit. n. 686), ramis ex fas-
ciculisminimis sparsim punctatis, foliis obovato-oblongis acuminatis basi subacutis brevissime petiolatis supra glabris subtus petioloque fasciculis minimis pilorum conspersis, cymis petiolo triplo longio- |
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ribus pubescentibus recurvis perigonio mase, obovoideo v. subro-
tundo fasciculis minimis pilorum adspersis lobis 4 lunatis brevibus intus glabris, staminibus 4—6 et ultra exclusis, fem. oblongo lobis 4 pilorum adspersis, fructu pyriformi. Tabula riostra XXI.
Arbuscula 2—3 met. ait., monoeca. Ramifoliosi ; novelli trigoni, rufo-
tomectosi, medullosi, seniores glabrati, virescenti. Folia opposita vel decussatim-opposita, patentia, obovato-oblonga, abrupte-acu- minata, basi-subacuta, brevissime petiolata, supra-glabra, subtus pellifera, 0m,09—0,m13X0,m04—0,m06 lg. ; venis secundariis exillibus, cum media subtus prominulis ; peliolo brevissimo, 0,m003— 0,m005 lg., sub erecto, pilloso, supra canaliculato, subtus sobrotundo. Ci/ma (anthemia) modo unisexualia, modo bisexualia, una unaquaque axilla, 0ra,010—0,m015 lg., rufo-tomentosa, Sim- plicia, raro bifurca, circiiiata, petiolo longiora, 5—10 flora, flo- ribussubsecundis. Mase, perigonium obovoideum v. subrotundum, densissime pilosum, apertura et 4 crenatum, andrœceum exsertum et4—6-andrum. Fem. perigonium obiongum, 4—crenatum, den- sissime pilosum, intusque 4—10 locellatum. Carpidla sessilia, obovalia, superneque ob pilos erectos adspersa in stylum solidum breviter exsertum singillatim desmentia uniovulata. Ooulum ana- tropum. Fructus immaturus pubet ; maturus flavus, glabrus. HAB. prope Parintins olim Villa Bella da Imperatriz, ei ad Manáos, in
urbis viecinia. Flor. Aug. Olbs.— O genero Siparuna è muito antigo ; foi estabelecido em 1755 por
Fussée d'Aublet, nas suas Plañías da Guyana Franceza, porém, sem razão, foi para elle adoptado o nome de Citrosma, que, em 1798, Ruiz e Pavon propuze- ram, ignorando, sem duvida, que existia o do botánico francez. O sabio Renato Tulasne, na Monogmphia Monimiacearum, publicada nos Archivos do Museu de Pariz, corrigindo etymologicamente o nome genérico de Ruiz e Pavon, o modi- ficou para Citriosma. O legislador da botânica, porém, o notável professor Al- phonse De Candolle no seu Prodromus, reivindicou para o botânico francez, por direito de prioridade, o nome que elle propuzera, o que foi aceito pelos sabios professores Bâillon, Bentham e Hooker. A posição desse genero, na familia tem sido diversamente entendida ; assim o professor Endlicher o colloca na tribu das Monimeas, o monographo Tulasne (1855) e Bentham e Hooker, (1880) na das Atherospermeas ; Bâillon (1869) nadas Tamburisseas e Analmente De Candolle (1868) creou uma nova tribu, a das Siparuneas, oude o inclue. Estudando as Monimiaceas esses diversos botánicos, baseados em caracteres différentes, es- tabeleceram tribus, adoptando para ellas nomes anteriormente creados ou dan- do-lhes outros, porém distribuindo diversamente as especies por ellas, cada um baseado no que entondeu ser mais natural. Os caracteres das antheras, dos ovarios, dos óvulos e dos fruetos serviram de
base para a classificação. As especies brazileiras conhecidas até 1857 foram todas mencionadas na
monographia da Flora Brasiliensis por Tulasne, e mais tarde, nove annos, Wal- pers nos seus Annaes, ainda as relaciona apresentando apenas mais duas novas, colhidas por Seeman, em Santa Catharina. Em 1868 De Candolle no seu Pro- dromus diagnostica todas as especies conhecidas até então, e d'ahi para cá ató 1880 não me consta que novas especies tenham sido descriptas. O Dr. Hooker apenas cita 60, que são as mesmas de De Candolle. Na duvi-
da de estar esta especie classificada, prefiro correr o risco de uma dupla classifi- cação, a deixal-a desconhecida. |
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A Siparuna fœiida é conhecida vulgarmente por Kaâ-pitiù, isto é, planta que
exhala máo cheiro, de haá, folha, planta, e pitiù, morrinha, cheiro de peixe, cheirodesagradavel.com effeito, toda a planta, quer as cascas, quer as folhas, teem um aroma forte e mào, sentindo-Ee entretanto alguma cousa que nos lembra o do oleo de limão e o da goyaba madura. B' sabido que as Monimiaceas, principalmente as Siparunas, são plantas que
quasi todas teem virtudes antifebris, diuréticas, carminativas, tónicas, diapno- reticas, e estimulantes, pelos óleos essenciaes que conteem alóm de acido cítrico e tannico, pelo que a especie de que trato não se afasta de suas congé- neres e é reputada como muito medicinal e empregada como antifebril poderoso e estimulante. Usam-se as folhas postas de infusão aos raios solares ou em cozimento, para
banhos. Toma-se internamente em infusão theifera (*). Contra as hydropesias e o beri-beri se tem tirado magníficos resultados, podendo por experiencia propria afflrmar a sua grande virtude. Empreguei os banhos do Kad-pitiù, sempre depois de ter sinapisado as pernas
com as raízes do Cipó-taia, o Caparis urens, que descrevi, misturadas com as da Muhura-had que no sul do Imperio teem os nomes de Raiz de Guiné e de Her- va-pipi (Petiveria alliacea). Logo depois do banho sente-se grande allivio, desapparecendo a dormência, o formigamento, o peso, as dores e a inchação, que voltam depois menos fortes, indo assim desapparecendo paulatinamente o mil até o completo restabelecimento. Não são já poucos os casos de beribericos ' completamente curados por estas
plantas, que são muito empregadas em Parintins, pelo meu amigo o Coronel José Augusto da Silva, que tornou-se o benemérito dos doentes atacados d'essa terrível enfermidade, caridosamente tratando indistinctamente todos os que do seu préstimo se utilisam. Cresce nas capoeiras ou matas de nova apparição e próximas dos logares
cultivados. E' uma pequena arvore, que não attinge a mais de 4 metros de al- tura, esgalhando desde o solo, com 5 a 10 centímetros de diâmetro. O tronco ô meduloso e de madeira branca, a casca fina, lisa, sendo verde nos ramos novos, que são exparsa e levemente pubescentes. Os ramos são semi-erectos e oppos- tos, oblongos, rostilhados, com as margens lisas, luzentes na lamina superior e mais clara na inferior, onde é toda glandulosa, quando nova, com pellos compos- tos exparsos, tendo as nervuras salientes. Inflorescencia em pequenos cymos semi-scorpioides de llores masculinas e femininas. |
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cao ARISTOLOCHIACEAE undi.
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(¡en. ARISTOLOCHIA Linn.
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Seot. UNILABíATAE § ECAODATAE Mast.
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1. Aristoloclii» silvática (Barb. Kod. loo. cit. n. 625),
perennis volubilis glabra ; foliis obovato-lanceolatis breviter acumi- natis basi intequalis subtus venoso-reticulatis ; floribus e caule suberoso supra annulis enatis solitariis nutantibus, perianthio basi ventricoso, medio sub-arcuato cylindrato, fauce in labium carnosum oblongum papillosum geniculatum abeunte. (') Não poucos são os casos cm que tenho obtido boas curas em febres rebeldes.
1 0 bcri-bcri no Amazonas não é molestia nova, tanto que em 1780, como attesta_o
naturalista Rodrigues Ferreira, grassou no Rio Negro com intensidade, sendo então tratado com banhos de Mangericão braco, nome hoje desconhecido e que se não sabe a que planta pertenceu. |
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ECLOGAE PLANTARUM NOVARUM
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Tabula nostra XXII et XXIII. Fig. B.
Caules lignescentes, teretes, suberosi, sulcati. Folia 0,m15—0,m20X
0m,05—0,m07 lg., 7-nervia, nervis subtus prominentibus, utrinque glabra ; petîolus glaber, cylindraceus ; 0,025 lg. Pedunculi axil- lares, solitarii, elongati, bracteati, unifloro raro triflori. Perian- thium glabrum, 0m05 lg., basi ventricosum, pars ventricosa justa pedunculus acuta, lseviter bilineata, 0m, 12 lg., pars media cylindrata, glabra, 0,02 lg., annuli ins pars ventricosam produ- ctam, labium geniculatum, incurvum, oblongum, emarginatum, canalieulatum, intus papillosum, lateraliter revolutum. Columna genitalis 0,m003 lg., obconica, in lobos triangulari-acutos, 6-di- visa, lineis stigmatosis crassis, papillosis. Antherœ oblongas, obtusa?, parallelse, basi loborum attingentes. Capsula péndula, post dehis- centia 0mllX0m,08 lg., glabra, insex valvas coriáceas extus nervo medio prominente percursas, intus transversaliter sulcatas cum totidem partitionibusextremi pedunculi continuas. HAB. insüvis primœms ad Cachoeira Grande in Rio Negro, prope
Manáos. Floreb Aug. S. A., clirysoclilora (Barb. Rod. loc. oit. n. 78), perennis vo-
lubilis; foliis sagittatis, lobis obtusis v. subrotundis, supra giabris metalinis aureo marginatis subtus glaucinis puberulis ; floribus basi ventricoso utrinque puberulo, medio arcuato cylindrato bar- bato, fauce in labium incurvum, extus quinquelineatum abeunte. Tabula nostra XXIII. — Fig .A.
Caules lignescentes, teretes, virescentes. Folia 0,m06—0,m09X0,m06—
0m,08 lg., nervis subtus prominentibus, pubescentis ; petiolus sub asperus, cylindraceus, 0m,03—0m,05 lg. Pedunculi axillares, solitarii, pubescenti, uniflori, arcuati. Perianthium 0m,ll lg. basi ventricosum, pars ventricosi oblonga, extus lineata, 00m,20X0m,014 pars media cylindrata, incurvata, 0m,03 lg., aunuli in parte ven- tricosam transversaliter obstructi, labium incurvum lanceolatum, acutum, anticè concavum, pillis elongatis marginatum. Columna genitalis 0m,005 lg. usque ad tertiam longitudinis partem superne 6 loba, lobis angustis, triangularis, intus incurvatis, lineis sti- gmatosis papilosis. Antherae oblongas, obstusse, parallelse, basi loborum attingentes. Capsula péndula, glabra, longé-obovoidea, sexangularis, dehiscentiá basilari pedúnculo 6-partibili,0m,04X0,15 %• HAB. in loeis arvensis ad Taruma, in Rio Negro, Urubu-kaá incolis
vocatur Flor. Sept. Olba.— A ordem das Aristolocliiaceas, a antig-a Sarmentacea de Linneo, é
representada no Brazil, segundo o Dr. Maxwel Masters, sómente pelos géneros Holostylis de Duchartre, que contém uma só especie, e Aristolochia, que conta muitas em todo Brazil, conhecidas por Melombe ou Milome, que adulteraram para Mil homens, mais ou menos consideradas pelas suas virtudes contra o -veneno ophydico e propriedades emmenagogas. As propriedades emmenagogas que dizem ter as Aristolochias não são baseadas
em observações indígenas ; são simplesmente o resultado da tradição importada, |
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ECLOGAE PLANTARÜM NOVARUM
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porque desde a mais remota antiguidade, no Egypto, se considera as plantas desta
familia como tendo o poder de facilitar a expulsão da placenta e de facilitar o corri- mento lochial. As mesmas propriedades, que dizem ter, contra o veneno ophydico, também são fructos da mesma tradição, divulgados pelo emprego da A. Serpentaria, de que se servem no Egypto os domadores de cobras, paraentorpecel-as. No Amazonas, em geral, são ellas conhecidas pelo nome vulgar de Urubu-kaá e
reputadas excellentes nas molestias de garganta, nas inchações, etc. l São plantas dosalqueives e apenas na floresta virgem encontrei a que aqui descrevo. Considero novas as duas especies, por não se acharem diagnosticadas, nem na
monographia que em 1864 Duchartre publicou no Prodromus de De Candolle, nem na ultima publicada pelo Dr. Martius em . 1876, na Flora Brasiliensis. Publicações posteriores também não mencionam estas especies. A A. chrysochlora, pelo numsro de suas flores e pelas suas folhas, de um verde
metallino, marginadas de uma côr de ouro fusco, muito se recommenda aos flori- cultores como sendo uma das trepadeiras mais dignas de apreço. Suas flores são verdes, maculadas e mosqueadas de pardo-arroxado. Museu botânico do Amazonas, em 1 de junho de 1887.
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1 Tomadas em gargarejos, chá e banlios.
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V
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ADDENDA
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Por motivos independentes Ja minha vontade salie, depois de um anuo
no prélo, o presente volume que devia sahir em Dezembro de 1887 ; como, porém, não ha mal que não traga o bem, favoreceu-me essa falta o poder incluir aqui uma declaração necessária. Tendo publicado uma memoria sob o titulo O Tamahoaré, especies
novas da ordem das Ternstroemiaceas, na qual descrevi as que aqui na Eclogae plantarum junto, por ter sahido com alguns erros, a Revista Pharmaceutica do Rio de Janeiro, sem razão, achou que essas especies não eram mais do que as que o dr. Henrique Wawra von Fernsee apresentou na sua monographia, que chegou á Corte do Imperio, na mesma data em que ahi appareceu a minha memoria, pelo que fui obrigado, por compromisso anteriormente tomado pela imprensa, de publicar no Jornal do Commercio de 25 de junho de 1888 a declaração abaixo que agradecido, transcrevo como a Gazetilha do mesmo jornal a apresentou ao publico. « Botânica.— E'sempre com prazer que abrimos espaço a com-
municações interessantes para a sciencia, tenham por fim ventilar ponto questionado, dar noticias de estudos novos ou firmar ou defender o direito que brazileiros hajam adquirido á precedencia de descobrimentos. Desta ultima cathegoria é a seguinte communicação que nos manda do Amazonas o Sr. J. Barbosa Rodrigues, o qual tem alli, na incomparável flora da vasta região, campo fecundissimo de estudos úteis da sua especialidade. » « A 24 de abril quiz essa redacção publicar uma reclamação minha
acercada classificação que havia eu feito, de cinco Caraipas novas, e que taes não pareceram à Revista Pharmaceutica por se presumir que estavam descriptas na monographia que a respeito das Ternstroemiaceas escreveu na Flora Brasiliensis o meu sabio amigo Dr. Wawra von Fernsee. vol. ï. 10 |
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EOLOGAE PLANTARUM NOVARUM
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Venho agora desempenhar-me da promessa que então fiz a essa redacção,
invocando mais uma vez o grande zelo com que ella se dedica a fomentar os interesses da sciencia, e do qual tenho muitas provas recebido na minha não curta vida de trabalho. « Logo que me chegou às mãos o fascículo da Flora, publicado a
Io de abril de 1886, dei-me immediatamente ao estudo da questão e consi- dero-me feliz por me ser dado declarar de modo cathegorico que nenhuma das minhas cinco especies de Caraipas foi indicada pelo Dr Wawra. Apresenta este tão somente oito especies e nenhuma se identifica com aquellas que, portanto, são verdadeiramente novas. « Felizmente, nem careço de entrar em particularidades ou explicações
para o provar, porque para isto me fornece elementos o Dr. Wawra. Com effeito, no seu Conspectus specierum, divide o notável botânico as oito especies em dous grupos: um de panículas glabras, outro de panículas tomentosas, incluindo duas especies no primeiro grupo e seis no segundo. Ora, em algum dos dous grupos, devem de achar-se as minhas cinco especies, a terem sido mencionadas por Wawra. Examinemos, pois. « As minhas espécies todas teem panículas tomentosas e folhas
pubescentes ou glamdulosas. Não podem, portanto, achar-se no primeiro grupo. Restam as seis do segundo. Vejamos se são idênticas ás minhas. « Divide Wawra o segundo grupo em duas secções pela fôrma das
panióulas, sendo as da segunda subdivisão, que abrange quatro especies, todas folia de unãique glaberrimà. No numero daquellas não estão, pois, as minhas, que teem folhas interiormente glanãulosas e peitudas. 4. Restam duas especies de Wawra, uma de folia hirtinervia e outra
de paibicula tomêntella, não dizendo o autor no Conspectus nem na dia- gnose, ou deseripção, si as folhas São pubescentes ou pelludas. Também a estampa que representa a planta, não menciona nenhuma pubescencia. Pdf esta duvida, e apezar de tal omissão, fica tão somente em combate uma especie, porque a de folia hirtinervia nada tem que ver com as minhas, as q[,uaes não teem somente cobertas de pellos as nervuras, mas sim toda a pagina inferior. Ainda mesmo, pois, que uma especie, a C. grandifolia de Martius, se identificasse com alguma das minhas, quê são cinco, quatro sahiram victoriosas, sendo proclamadas distinctase novas. « Confrontemos, no entanto, com a C. grandifolia, a minha palustris
ou Tãmakoaré dó igapà, que se approxima daquella. Não posso presumir quê Wawra não fizesse cabedal desta pubescencia, que é especial por ser formada de pellos estrellados que lhe dão aspecto particular, quando do simples tomento se utilisa o eminente botânico para distinguir algumas |
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ECLOGAE PL.'VNTARUM NOVARDM.
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especies do segundo grupo, e até para distinguir este grupo do primeiro.
Já por este lado afasta-se da de Martius a minha especie. « Dado, porém, que este caracter haja sido posto de parte, o que nãoé
para acreditar, a confrontação de outros os caracteres não chegará a resul- tado divarso. As folhas da grandi folia são caudalo-acuminatis, e as do palustris são acutis ; o ovario daquella é vittato e pubescente e o desta é laevi e glabrum; a inserção e disposição dos estâmes, é inteiramente différente nas duas plantas : as antheras também muito différentes ; os óvulos toem estructura completamente diversa, não fallando da fôrma e posição das sépalas e pétalas, nem de muitas outras particularidades que fora longo enumerar, mas que resaltam bem do exame da estampa, a qual sahiu por equivoco com a denominação rupeslris em vez da de palustris. Só o aspecto geral é comnnim . A diagnose comparada afasta toda a iden- tificação. Assim arredada esta approximação, ficam do pé as minhas cinco especies, cabendo-me portanto, perfeitíssimo direito do assegurar que o Brazil possuo 13 especies de Caraipas conhecidas, das quaes oito classi- ficadas por botânicos estrangeiros e cinco por botânico brazileiro. » |
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./. Barbosa Rodrigues.
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EXPLICAÇÃO DAS ESTAMPAS
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^Ptl^VEEIS-.A. SEME
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EST. I — Cymbopetalum odoratissimüm, Barb. Rod.
1. Flor aberta, de tamanho natural.
2. Botão novo.
4. Pétala exterior, de tamanho natural.
5. Dita interna, idem.
8, Calyce, disco e estâmes, idem.
15. Fructo, idem. 17. Semente vista pela parte superior ; a, a mesma, pela parte anterior ;
b, a mesma, pela parte lateral e uma cortada verticalmente, tudo de
tam. riat. 18. Uma sépala, idem.
20. Folhas em um galho, idem.
EST. II — Capparis urens, Barb. Rod.
1. Flor aberta, tamanho natural.
2. Botões em dous gráos de desenvolvimento¡ idem.
G. Uma pétala, idem. 7. Escama do disco.
9. Corte vertical de uma flor, mostrando a posição de dous estâmes, e o
estylo, idem.
10. Estigma, cinco vezes augmentado.
11. Ovarios cortados vertical e horizontalmente, o primeiro cinco vezes
augmentado e o segundo dez.
12. Estylo, tam. nat.
13. Antheras vistas de frente e pelo dorso, oito vezes augmentadas.
13. Fructo cortado verticalmente, mostrando a massa ea posição das
sementes, estando algumas cortadas, tam. nat.
20. Uma folha vista pelo dorso, idem. EST. III — CoRYNOsTYLis palustre, Barb. Rod.
1. Uma flor aberta, de tam. nat.
2. Um botão, idem.
4. Sépalas vistas pelo dorso, idem.
6. Pétalas, idem.
8. Estâmes envolvendo o estylo, idem.
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11. Ovarios cortados vertical e horizontalmente, tendo aquelle o estylo
também cortado, tudo tres vezes augmentado.
12. Ovario e estylo, visto exteriormente, idem.
13. Anthe ras vistas pela parte interna, em estâmes unidos mostrando o
esporão barbado, tudo duas vezes augmentado.
20. Uma folha, vista pelo dorso, tam. nat. EST. IV — Fig. A — Securidaca rosea, Barb. Rod.
1. Uma flor vista de lado, nove vezes augmentada e a mesma cortada
verticalmente, para mostrar a posição do ovario e dos estâmes. 8. Estâmes, vistos internamento, 20 vezes augmentados.
81. Os mesmos vistos de lado, idem. Sem numero. Uma sépala exterior e a carina, 20 vezes augmentada. Fig. B—Bredemeyera Isabeliana, Barb. Rod.
1. Uma flor de tamanho natural e outra cortada verticalmente, quatro
vezes ougmentadas.
8. Estâmes e pétalas, vistas de frente, e de lado, idem. 11. Ovario visto de lado e cortado horizontalmente, 16 vezes augmentado.
12. Estigma, muito augmentado.Por engano na impressão ficou invertido.
13. Antheras vistas de frente e quasi de lado, 20 vezes augmentadas.
15. Fructos vistos de lado e verticalmente cortados. EST. "V — Fig. A — Caraipa palustris, Barb. Rod.
A. Ramo florido de tamanho natural.
ï. Flor apétala, tres vezes augmentada. 2. A mesma cortada verticalmente, mostrando o receptáculo e o ovario,
idem.
3. Uma sépala, vista pelo exterior, idem.
4. Dous pellos da sépala, muito augmentados.
5. Corte vertical do ovario, mostrando a posição dos óvulos, seis vezes
augmentado.
6. Dito horisontal do mesmo, idem.
7. Estame visto pelo dorso, muito augmentado.
8. Anthera, de frente, idem.
9. Fructo immaturo, de tamanho natural.
10. Corte transversal do mesmo, idem.
11. Uma semente vista pelo dorso, idem.
12. Uma cotyledone, com o embryâo, idem.
13. Uma porção da folha mostrando as glândulas e um pello estrellado,.
muito augmentado.
14. Diagramma da flor.
15. Pollen inteiro, com o valor micrometrico Vœj-
16. Dito partido, idem.
17. Fructo secco depois da dehiscencia, tamanho natural.
Fig. B— C. silvática, Barb. Rod.
1. Uma folha vista de frente, tam. nat.
2. Uma porção da mesma, mostrando as glândulas.
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Fig; C— C. spuria, Barh. Rod.
1. Uma folha vista pela pagina superior, tam. nat.
2. Fructo immaturo, idem.
3. Corte transversal do mesmo, idem.
4. Uma semente, idem.
5. Uma cotyledone e radícula.
6. Uma porção da folha mostrando as glândulas e um pello claviforme
ramoso, muito augmentada. EST. VI — Cariocar toxiferdm, Barb. Rod.
3. Calyce persistente no fructo de tam. nat.
15. Fructo inteiro e cortado verticalmente, mostrando os espinhos da semente, idem.
20. Uma folha, tamanho natural. EST. VII—Fig. A — Lasianthera amazônica, Barb. Rod.
1. Uma flor, 10 vezes augmentada.
3. O calyce, idem.
6. a—Uma pétala vista pelo interior, idem.
9. a—Estame visto de frente, idem.
9. I—Dito visto de lado, idem.
11. Ovario visto exteriormente e cortado verticalmente.
13. a—Anthera no estame, vista de frente, mais augmentada. 13. I—Dita vista de lado, idem. 15. Um galho de frutos e os mesmos cortados vertical e horizontalmente, tam. nat.
17. Uma semente, idem. 20. Uma folha presa ao galho, vista pelo dorso, idem. Fig. B — Entada paranaguana, Barb. Rod.
1. Uma flor muito augmentada e outra de tamanho natural.
2. Um botão, muito augmentado.
6. Uma pétala, idem. 12. Ovario e estylo, idem.
13. Anthera vista de frente, idem.
Fig. G — Swartzia chryzantha, Barb. Rod.
1. Uma flor, tam. nat.
6. Pétala, idem.
11. Ovario cortado verticalmente, idem.
13. Ántheras de frente e de lado, augmentadas. EST- VIII — Sal acia polyanthomaniaca, Barb. Rod.
1. Flor aberta e botões naturaes em um ramo e uma pequena
porção dos ramos de flores produzidas pela multiplicação dos
estâmes.
10. Um grão de pollen, muito augmentado.
# 11. Ovario, estylo e estâmes cortados verticalmente mostrando o disco na
flor natural, depois da anthese e em botão, tudo muito augmentado.
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ECLOGAB PLANTARÜM NOYARUM
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13. Estame e anthera visto de frente, no botão, muito augmentados.
13. a — Anthera depois da anthese vista de frente, 10 vezes augmentadas.
13. I — Dita vista pelo dorso, idem.
15. Fructo, tamanho natural.
16. Dito cortado verticalmente, mostrando a disposiçãs das sementes
idem
17. Uma semente cortada verticalmente, idem.
20. Folhapresa a um galho florigero, vista de frente, idem
D — Diagramma da flor. EST. IX—Passielora hexagongcarpa, Barb. Rod.
1. Uma flor n' um ramo, de tamanho natural e outra cortada vertical-
mente, duas vezes augmentada. || Sépalas por engano, na estampa está o signal 11.
6. Pétalas.
11. Ovario.
12. Estigmas.
13. Antheras.
15. Fructos, inteiro e cortado horisontalmente.
20. Folhas.
22. Coroa faucial.
23. Dita mediana.
EST. X. — Dilkea JOHANNESii.Barb. Rod.
1. Flor em um galho, tam. nat., e outra cortada verticalmente, duas
vezes augmentada*
2. Botões.
4. Uma sépala.
6. Pétalas. 13. Anthera.
15. Fructo inteiro e corte transversal do mesmo, tam. nat.
17. Sementes vistas,de frente, de lado o. partidas transversal o vertical- mente, idem. 20. Uma folha, idem. EST- XI — Tacsonia coccinha, Barb. Rod.
1. Uma flôr n'um galho de tamanho natural e outra cortada vertical-
mente, duas vezes augmentadas, mostrando o gynandrophoro, o ovario, os estâmes, uma anthera e os stigmas. 10. Um grão de pollen, muito augmentado.
15. Fructos, inteiro e transversalmente partido, tam. nat.
20. Folhas, idem
22. Coroa faucial.
23. Dita mediana.
•ESSr. XJEI—.Passiflora amalgcarpa, Barb. Rod.
4. Sépalas. 6. Pétalas. 12. Stigmas. 13. Anthera. 11. Ovario. 22.
Coroa faucial, duas vezes augmentadas. 4. Sépala. 6. pétalas. 14. Fructos, inteiro e cortado transversalmente, de tam. nat.
20. Folhas pelo dorso e de frente,, idem. |
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ECLQGAE BLANIARUM rNOVARÜM
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22. Coroa faucial.
23. Dita mediana, e uma parte muito augmentada.
24. Dita basilar
Sem numero — Uma sépala, tam. nat.
E8T. XIII — Passiflora hydrophila, Barb. Rod.
1. Uma flor cortada -.verticalmente, tam.. nat.
4. Sépalas. 6. Pétala. 10. e 12. Stigma. 13. Anthera. 15. Ovario.
22. Coroa faucial. EST. XIII a—PassifloraBarbosae, Barb.Rod.
1. Galho, folhas, gavinhas e botão, de tamanho natural.
2. Corte vertical de uma flor, duas vezes augmentada.
3. Corte de uma metade da flor mostrando as coroas, muito augmentado.
4. Um fructo de tamanho natural.
5. Corte transversal do mesmo.
EST. XIII 1> —Passiflora müralis, Barb. Rod.
1. Folhas, ga vinhas,botões e fructo, de tamanho natural.
2. Corte vertical de uma flor, tamanho natural.
3. Uma bractea, tam. nat.
4. e 4 a. Sépalos visto pelo dorso e de face, duas vezes augmentadas.
5. Pétala vista pelo dorso, duas vezes augmentado.
6. Anthera, vista de face, duas vezes augmentada.
7. Dita vista pelo dorso, com um estame, ibidem
8. Fructo maduro, tam. nat.
9. Corte transversal do mesmo.
EST. XIII c — Passiflora cabedelensis, Barb. Rod.
1. Uma folha vista pelo dorso, tam. nat.
2. Um botão, ibidem.
3. Corte vertical de uma flor, duas vezes augmentado.
4. Coroa mediana, muito augmentada.
5. Fructo, tam. nat.
6. Corte transversal do mesmo.
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SEGTT2ST:D_A. SDB.R.IE
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Est. T. A — Myrcia atramentifera, Barb..Rod.
1. Uma flor muito augmentada, cortada verticalmente,
2. Uma pétala, vista pelo dorso, muito augmentada.
3. Uma anthera, idem.
4. Corte horisontal do ovario, idem.
5. Um grão de pollen. -
Vol. I <*t*
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ECLOGAE PLANTARUM NOVARÜM
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B—Couma MACRocAKPA, Barb. Rod.
1. Fructo cortado verticalmente, de tamanho natural.
2. Uma semente despida da massa que a envolve, idem.
3. A mesma mostrando o embryão.
Folhas de tamanho natural. Est. II. A — Strychnos macrophylla, Barb. Rod.
Folha, vista pelo dorso, de tamanho natural, e uma gavinha.
1. Uma flor de tamanho natural.
2. A mesma, duas vezes augmentada.
3. A mesma, cortada verticalmente.
4. Calyce, duas vezes augmentado.
5. Anthera, quatro vezes augmentada.
6. Fructo, de tamanho natural.
7. Dito cortado verticalmente.
B— Strychnos rivularia, Barb. Rod.
Folhas e gavinha, vistas pelo dorso e de tamanho natural.
1. Uma flor, de tamanho natural.
2. A mesma, tres vezes augmentada.
3. A mesma, cortada verticalmente.
4. Anthera, vista de frente, augmentada.
5. A mesma, vista pelo dorso, idem.
6. Ovario, cortado transversalmente.
Est. III. A— Strychnos gigantea, Barb. Rod.
a. Uma folha, de tamanho natural, vista pelo dorso. B — Strychnos ericetina, Barb. Rod. 1. Uma flor, duas vezes augmentada.
2. Calyce aberto, visto pela face externa, idem.
3. Corolla aberta, vista pela face interna, idem.
4. Dita, vista pela face externa, idem.
5. Anthera, vista de frente, muito augmentada.
6. Dita,vista pelo dorso, idem.
7. Dita, depois da anthese, mostrando o pollen.
8. Ovario, muito augmentado.
9. Stygma.
11. Fructo de tamanho natural.
12. Dito, cortadado verticalmente.
13. Dito, cortado horisontalmente.
a Uma folha, de tamnho natural, vista pelo dorso.
1. Outrofructo.de tamanho natural.
2. O mesmo, cortado verticalmente.
3. Dito, cortado horisontalmente.
4. Um cotyledone, mostrando o embryão.
EST. IV — Strychnos Urbanii, Barb. Rod.
a Uma folha, de tamanho natural, vista pelo dorso. |
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B— Strychnos papillosa, Barb. Rod.
a Uma folha, de tamanho natural, vista pelo dorso.
b Uma folha,, idem, idem, idem. 1 Uma flôr, de tamanho natural.
2 Dita, quatro vezes augmentada.
2 Corolla aberta mostrando a parte interna, quatro vezes augmentada.
3 Uma pétala, vista pela parte interna, cinco vezes augmentada.
4 Ovario, idem.
5 Stygma muito augmentado.
6 Corte transversal do ovario, dez vezes augmentado.
b. 1. Fructo, visto pelo dorso, de tamanho natural. 2 Dito visto de lado, idem.
3 Corte vertical do mesmo, idem.
4 Corte transversal do mesmo, idem.
6 Embryão, tres vezes augmentado. C — Strychnos rivularia. Barb. Rod.
1 Fructo, visto pelo dorso, de tamanho natural.
2 Dito, visto pela frente, idem.
3 Dito, visto de lado, idem.
4 Corte transversal do mesmo, idem.
Est. V—Strychnos manaoenses. Barb. Rod.
a. a. Uma folha, vista pelo dorso, de tamanho natural.
B. b. Outra, idem, idem. 1. Haste de flores, depois da anthese, duas vezes, augmentada.
2. Bractea, dez vezes augmentada.
3. Uma flôr e ovario, de tamanho natural. .
4. Dita, cinco vezes augmentada.
5. Calyce, dez vezes augmentada.
6. Corte vertical do ovario, dez vezes augmentado.
7. Corte transversal do mesmo, idem.
8. Fructo, de tamanho natural.
9. Corte transversal do mesmo, idem.
10. Corte transversal do mesmo, idem.
11. Embryão, quatro vezes augmentado.
Est. "VI— Elcomarhiza amylacea . Barb. Rod.
a Uma folha, vista de frente, de tamanho natural.
b Galho de flores, de tamanho natural. 1. Uma flôr, tres vezes augmentada.
2. Coroa estaminai, vista de cima, vinte vezes augmentada.
3. Corolla aberta, mostrando a parte interna, tres vezes augmentada.
4. Coroa estaminai, vista de lado.
5. Phylloide, visto de frente, muito augmentado.
6. Antheras e stygmas, vistas de lado.
7. As mesmas, vistas de cima, vinte vezes augmentada.
8. Pollinias e stygmas, vinte vezes augmentadas.
9. Ditos, soltos, vistos pela parte anterior, muito augmentados.
11. Retínaculo, visto de frente. |
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msmm pla-ntarum novarum
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Est. Vil—Lïïucocalantha aromática, Barb. Rod.
a. Peciolo e foliólo vistos pelo dorso, tamanho natural.
1. Uma flôr, de tamanho natural.
2. A mesma, aberta.
3. Parte do tubo e da corolla, mostrando externamente as glandiilas.
4. Anthera, vista de frente, cinco vezes augmentada.
5. Dita, vista pelo dorso, idem.
6. Ovario e stigma, idem.
6 a. Dito, cortado transversalmente, idem.
a Pollen, muito augmentado.
B Pollen da Datura insïgnis, muito augmentado.
Est. VIII—OSMHYDROPHORA NOCTURNA, Barb. Rod.
a. Peciolo, foliólo e gavinha, de tamanho natural.
b. Ramo e flôr, de tamanho natural.
C. Diagramma. Est. IX.—Osmhydrophora nocturna, Barb. Rod.
1. Uma flôr, aberta, de tamanho natural.
2. Corolla da mesma, vista pela parte externa, idem.
3. Calyce e filete, de tamanho natural.
4. Ovario, idem.
5. Dito, cortado verticalmente, muito augmentado.
6. Dito, mostrando os óvulos, idem.
7. Dito, cortado transversalmente, idem.
Est. X—Tynanthus igneus, Barb- Rod-'
a . Peciolo e foliólos, de tamanho natural.
a. Grão de pollen, muito augmentado..
1. Uma flôr, de tamanho natural.
2. A mesma, aberta, idem.
3. A mesma, cortada verticalmente, idem..
4. Calyce, muito augmentado.
5. Aüthera, vista pela frente, muito augmentada.
5 a. A mesma, vista pelo dorso, idem.
6. Corte vertical do ovario, muito augmentado.
6 a. Dito transversal do mesmo, idem.
7. Stygma, muito augmentado.
Est. XI — BíGNONiAPLATYDAe.TYLA, Barb. Rod.
a) — Folhas e gavinhas, de tam. nat.
1. Uma flôr, ibidem.
2. A mesma aberta, ibidem.
3. Base do tubo da corola,, ibidem.
4. Calyce, ibidem»
5. Ovario, ibidem.
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ECLOGAE PLANTARUM NOVARUM
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6. Stigma, duas vezes augmentado.
7. Corte longitudinal do ovario, ibidem.
8. Dito transversal do mesmo, ibidem.
9. e 10. Antheras, augmentadas.
11. Anthera, vista de face. Est. XII — Bignonia VESPERTILÍA, Barb. Rod.
a)— Uma folha, tam. nat.
b)—Gavinhas e folhas, tam. nat. Estas duas figuras mostram o
dimorphismo das folhas. 1. Uma flor, tam. nat.
2. Corte da base do tubo da corolla mostrando os estâmes, tam. nat.
3. Corte longitudinal do ovario, e stigma, cinco vezes augmentados.
4. Corte transversal do ovario.
Est. XIII — Bignonia vespertiua, Barb. Rod.
1. Uma porção do fructo aberto, outra do que resta depois da queda das
válvulas, mostrando os filamentos, e uma semente com o grão do
lado do hilo, e as azas. 2. Bignonia platyãactyla, Barb Rod.
Uma porção do fructo fechado, outra do que resta do mesmo depois da
queda e uma semente, tam. nat. 3. Leuoalantha.
Uma porção do fructo fechado, outra do que resta do mesmo depois de
aberto, duas sementes mostrando o grão e o hilo e um grão desta- cado, tam. nat. Est. XIV — LUNDIA DENSIFLORA, D. C.
a) — Uma folha e uma gavinha, tam. nat.
1. Botões em dous graus de desenvolvimento, de tam. nat.
2. Uma flor, tam. nat.
3. Dita aberta, mostrando os estâmes, tam. not.
4. Base do tubo de uma flor, com o calyce, cortada verticalmente, mos-
trando o ovario, e este cortado transversalmente tres vezes
augmentado. 5. Um pello do ovario, tres vezes augmentado.
6. Estylo tam. nat.
7. Stigma, tres vezes augmentado.
Est. XV — Flores monstruosas da lundia densiflora, D. C.
1. Flor aberta mostrando os cinco estâmes normaes e cinco unidos for-
mando duas pétalas, tam. nat.
2. Outra com seis estâmes distinctos e quatro petaloides, tam. nat.
3. Outra com seis estâmes distinctos e quatro petaloides.
4. Outra com seis estâmes distinctos e tres petaloides e uma pétala.
5. Outra com sete estâmes distinctos, duas petaloides e uma pétala.
6. Outra com seis estâmes distinctos, um petaloide e duas pétalas.
Todos os estâmes normaes são proliferosos as figuras de tam. nat. |
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IÎCLOGAE PLANTARUM NOVARUM
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Est. XVI — À. Maripa paniculata, Barb. Rod.
a) — Folha, vista pelo dorso, tam. nat.
1. Flor, tam. nat.
2. e 3. Sépalos, ibidem.
4. Corolla aberta, ibidem.
5. e 6. Estâmes e antheras, vistos de face o pelo dorso, muito
augmentados.
7. Ovario, estylo e estigma, quatro vezes augmentados.
8. Corte transversal ao ovario, quatro vezes augmentando.
B — Opercülina violácea, Barb. Rod.
1. Haste com botões, flores abertas, e murchas, tam. nat.
2. Secção vertical da flôr, mostrando o ovario e a posição dos estâmes,
duas vezes augmentada.
3. Uma porção ao estylo com o stigma, duas vezes augmentado.
4. Corte transversal ao ovario, idem.
5. Um grão de pollen, muito augmentado.
6. Corte transversal ao fructo, maduro, de tam. nat.
7. Corte de uma semente tam. nat.
EST. XVII — Ipomoea sdperstitiosa, Barb. Rod.
A. Galho, folha e flôr, de tam. nat.
1. Uma flôr, aberta, tam. nat.
2. Base de um estame, tres vezes augmentado.
3e4. Antheras, vistas pelo dorso e de frente, depois da antheso, cinco
vezes augmentadas. 5 e 6. Antheras, antes da anthese, idem, idem. 7. Ovario, stylo e stigma, duas vezes augmentados.
8. Grão de pollen, muito augmentado.
EST.XVIII — Nectandra elaiophora, Barb. Rod.
1. Folha, fructo, tamanho natural.
2. Fructo aberto longitudinalmente, idem.
3. Semente, mostrando o embryâo, idem.
4. Embryão, muito augmentado.
EST. XIX — A. RouPALA yaüaperyensis, Barb. Rod.
A. Folha, tam. nat.
1 e 2. Flores de tamanho natural e trez vezes augmentadas.
3. Flôr fechada, idem.
4. Pétala e estame, seis vezes augmentados.
5. Estylo, seis vezes augmentado, a. Grão de pollen, muito augmentado.
EST. XX — LiNosTOMA ALBiFLORUM, Barb. Rod.
a. Folhase fructo de tamanho natural.
1 e 3. Flores de tamanho natural. |
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ECLOGAE PLANTARÜM NOVAUUM 87
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2. Flôr aberta, duas vezes augmentada.
4. Uma porção da flôr, aberta, quatro vezes augmentada.
5 e 6 Antheras de frente e pelo dorso, oito vezes augmentadas.
1. Stigma tres vezes augmentado.
8. Ovario, tres vezes augmentado.
1. Fructo, tam. nat.
2. Corte vertical ao mesmo, idem.
3. Corte transversal ao mesmo, idem.
EST. X.X.1 — SiPARDNA FOETiDA, Barb. Rod.
a Galho e folhas, tam. nat.
Ie2. Flores fêmeas, de tam. nat. e muito augmentadas.
3. Corte de uma flôr femea, muito augmentada.
4. Ovario, muito augmentado.
5. Flôr masculina, idem.
6. Corte da mesma.
7. Antheras, ídem.
8. Fructo, tam. nat.
9. Corte vertical ao mesmo.
10. Dito horizontal do mesmo. EST. X.XII— Aristolochia silvática, Barb. Rod.
1. Galho e flôr, tam. nat.
2. Corte vertical de uma flôr, idem.
3. Antheras e stygmas, tres vezes augmentados.
4. Corte transversal.
5. Fructo, depois da dehiscencia, tam. nat.
EST. XXIII—Aristolochia chrysociilora, Barb. Rod.
A. Folha de tam. nat.
1. Flôr de tam. nat.
2. Corte vertical da mesma, tam. nat.
3e4. Corte transversal, idem. 5. Fructo, tam. nat.
6. Corte transversal do mesmo.
B. A. silvática, Barb. Rod.
Uma folha, tam. nat. EST. I — Porte do Astrotarydm manaoense, Barb. Rod.
EST. II—Masimiliana longirostrata, Barb. Rod.
1. Ápice de um foliólo, tam. nat.
2. Porção de um foliólo, idem.
3. Spatha, muito reduzida.
4. Ramo de flores, fêmeas e masculinas, tam. nat.
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88 ECLOGAK PLANTARÜM NOVARUM
5. Flôr masculina, tam. nat.
6. Flôr augmentada.
7. Gyiieceo abortivo muito augmentado.
8. Flôr fêmea, tam. nat.
9. Pétala, tam. nat.
10. Calyce, idem.
11. Androceo abortivo, idem.
12. Corte transversal do ovario, idem.
13. Fructo, idem.
14. Corte vertical do mesmo.
15. Corte transversal do mesmo.
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VOL. I
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Palmae Amazonensis novae
AUCTORE
J. Barbosa Rodrigues
Direct, Musei bot. Ámàz.
1884-1886 |
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orco PALMAE Eüdll.
T,ibll OOOOINAE Marl ■ (;eU)GEONOMA wuld.
Geonoma Beccariana Barb. Rod. (SertumPalmarum, MSS.(*)
et in Herb. Mus. bot. Amaz. n. 154.) Caudex elatus gracilis caes- pitosus 6-10 foliis contemporaneis;folia Simplicia bifîda utrinque 19-20 nervis, triangulari-falcata acuminata longé mucronata; spadix bre- vissime pedunculatus multi-ramosus, ramo inferiore ramiflcato, pe- dúnculo brevi cylindraceo rachi duplo majore, ramis patentibus in- curvatis apice laeviter mucronatis ; alveolis immersis in spira tristi- chis ; flores fem. calyce trisépalo, sepalis oblongis concavis obtusis marginibus argutè serratis, petalis connatis usque ad médium con- cavis subacutis. Caudices 4-10 contemporanei, 2-2m50X0m,006—0m,010 remote-annulati,
flavidi. Folia arcuato-patentia ; lamina 0m,54X0m,ll lg.; nervis utrinque elevatis. Spadicis pedúnculo 0m,035 lg.; rachis 0m,070 lg.; ramis 10-contemporaneis0m,20—0m,271g. HAB. in silvishumidis ad ripas Rio Negro,propè Krnrera; prov. Ama-
zonas. Otos. Em Setembro de 1884, encontrei esta especie sem flores ou tractos, tendo
alguns exemplares apenas os espádices perfeitos, porém seceos, pelo que não pude (.*) Esta obra que ainda se conserva manuscripta, tem sido, comtudo, exposta em varias
Exposições Nacionaes, e contém quasi duzentas estampas coloridas, representando as partes das plantas de tamanho natural, pelo que forma um in-folio de grande dimensão, que com- prehende todas as minhas especies novas. Nota do Autor.
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PALMAE AMOZONENSIS NOVAE
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examinar senão algumas flores femininas, já com os ovarios estragados. Apezar orem d'essa falta, que mais tarde compensarei, apresenta ella caracteres que a istinguem de todas conhecidas até hoje, em vista do que me apresso em apresentar sua diagnose para não perder o direito na prioridade da classificação. Dedico a ao meu illustre amigo Eduardo Beccario, botânico florentino, a quem o mundo scientifico deve o conhecimento das novas palmeiras da Malasia e das ilhas da Pa- pua, publicadas em sua Malesia, trabalho de grande valor scientifico e que revela a maior erudição no autor. |
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Gen. DESMONCUS Mart.
1. DeemoncuB macrocarpus (Barb. Rod. loo. oit. n. 142.)
Caudex crassus validus scandens caespitosus foliis magnis approxima- tis vestitus ; folia erecto-patentia longa,vaginâ et ochreâ cylindraceâ aculéis setulosis nigris pungentibus a basi callosis densi obtectâ ; pe - tiolo valido brevissimo intus et extus aculeatissimo dorso convexo-an- guloso, rachi aculéis setulosis nigris tecto, intus bifaciali-anguloso, extus convexo, foliolis4-5-jugislanceolatis acutissimis suboppositis v. sparsis ad basin aculéis nigris compactis armatis, nervura media utrinque aculéis magnis armatâ, flagello valido inermi spinis 6-7 jugis magnis, spatha exterior brevis laevis, interior lanceolata mu- cronata cculeis nigris erectis dense armata ; spadix longé peduncula- tus erectus ramosus, pedúnculo usque ad rachis dense aculeatos, ra- chis inermis; rami 14-16 validi; flores ignotae. Drupa magna oblonga, mesocarpio succulento putamine osseo fusco. Caudex flexuosus 5-6 m. altus et 0m,025—0,0m030 in diam.Folia lm,80
=Im,851g,. Flagellum 0m,62—0m,65 lg.. Folíola 0ra,T8—0m.28X 0m,03—0m04 lg. Spinae infimae Om,020 lg., patentes v. reflexae. Aculei vaginam investiunt erecti, pungentes, acuti 0m,002—0m,006 lg.,supra petiolum erecti compacti 0m,01—Om,02Ig.. Spatha interior usque ad rachin 0m,22X^m>05 %-• Spadioo ochreis inclusis. Pedun- cw¿ttStotusOTO,23 lg., parte libera 0m,07 lg.. Rami0m,05—0,08 lg.. Drupa oblonga in vértice brevissime apiculata Gm,025xOm,0151g,, rubra; mesocarpio flavo. Putamíne QmO,022~y<Qm01llg. HAB. in Brasilia aequatoriali, in silvis aboriginibus, ad flum, Yaua-
pery, qui in Rio Negro influit. Indii Makuchy vooant Uaiapé. Fruct in Junio. Otos. Esta magnifica especie, que forma grandes soqueiras, a que os indios
vulgarmente denominan Yacitara, éñ Y-acê-tára, o que prende os individuos, cresce nos lugares húmidos, á margen do rio Yauapery, e muitas vezes fica dentro d'agua, subindo ás arvores das margens, agarrada pelos ganchos de suas folhas. Os fructos são os maiores do genero. Cabe-me aqui a dar uma ligeira noticia da vegetação do rio Yauapery e dos re-
sultados botânicos das escursõeò que n'elle fiz. Incumbido, em Janeiro de 1884, pelo Governo Provincial do Amazonas, por conta
do Ministerio da Agricultura, de pacificar uma tribu de selvagens que habitam o rio Yauapery, afluente do Rio Negro, tribu que ha longos annos, por suas correrias, e malvadez, trazia em sobresalto as povoações do mesmo rio, dirigi-me em Março do mesmo anno para esse porto, afim de desempenhar essa commissão. Posto que essa obra fosse unicamente humanitaria e não scientifica, não deixei,
comtudo, de fazer alguns estudos todas as vezes que o tempo e as circumstancias m'o permittiam. |
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Percorridas as margens pelos selvagens, ignorando-se o logar de suas habita-
ç5es, sabendorse apenas que silenciosamente aceompanhavam, longe de olhares es- tranhos, as canoas que sulcavam as aguas, não podendo-se por isso navegar senão pelo meio do rio, afastado das margens, sendo-se obrigado a dormir sobre as aguas, chegando-se até a preparar comida dentro da propria canoa, não me foi possivel tentar uma só herborisação, durante minha primeira excursão, até o dia em que en- contrei os selvagens pela primeira vez. Contentava-me em ver as lianas suspensas e as arvores esmaltadas por flores
variegadas. Respeitava-as, entretanto, deixaudo-asguardadaspela ponta das flechas selvagens que imaginávamos existirem por toda a parte. Depois do primeiro encontro, tendo tido depois a, felicidade de pacificar os sel-
vagens da tribu, cujo. nome, Krichand, até então era desconhecido no baixo Rio Negro, ainda não me sobrava tempo para entregar-me hres herbaria. Durante todo o dia, ou parte üelle, rodeado de selvagens,em explicações diversas,
nada podia fazer. As horas que me restavam serviam para descanso e restabeleci- mento das forças perdidas no exercicio bárbaro de dansas forçadas, ao rigor do sol em praias arenosas. Nas excursões que se seguiram, emquanto esperava os selvagens aproveitei o
tempo correndo as mattas, sem me afastar dos poucos companheiros que ficavam de guarda á canoa, sempre ao alcance da voz de chamada, não podendo afastar-me para longe, já pelo receio que tinham os meus quando délies me separava, já para não deixar de receber os selvagens logo que se approximavam, e tranquilisal-os com minha presença. Apezar disso, porém, consegui juntar uma colleção nao destituida de interesse.
Seria ella maior si a época da florescencia me protegesse. Infelizmente raras eram então as plantas ao alcance da mão que se apresentavam
floridas e difflcil se tornava a obtenção de outras, que, em grande altura, só se po- deriam possuir cortando troncos a machado. Restringi-me, pois, àquillo que as margens me offereciam, durante a passagem
enão pequena foi a messe, que constitue pava a sciencia uma boa contribuição. Vou dar aqui, em rápido esboço, uma ideia das margens do rio e da vegetação que
as cobre. O Yauapery corre em um valle de terrenos de alluvião moderna até algumas
leguas acima da foz, alluvião formada pelo antigo Rio Negro, cujo leito tem-se mo- dificado pela grande diminuição das aguas. Isto faz com que a vegetação seja toda igual à desse rio e só se encontrem florestas primitivas em ama ou outra ponta de terra firme que se adianta para o rio. Essas margens baixas que formam vargens e que se alagam pela repreza das
aguas que tudo destroem e onde não apparecem as madeiras reaes e só cresce uma vegetação rasteira, são invadidas por gramíneas que, apogsando-se dos terrenos, osesterilisam. Só mais tarde, quando a grande camada de restos putrefactos começa' a formar
humus, surgem hervas e arbustos que, transformando-se com o correr dos annos, formam uma floresta baixa, intrincada pelos cipoáes de Banisteras, Jpomoeas. Jac~ quemontias, Allamandas, Bignonias e Sapindaceas que cobrem os galhos, fazendo de- sapparecer a ramagem, matando muita vezes a arvore protectora e dando um aspecto exquisito á paisagem que toma formas caprichosas de montanhas, columnas, atrios e alpendres de verdura trepadora- Abi vêm-se as Cecropias ,o Salix Humbold iana, as Swartias, os Bombax (pirlqui-
teira) as Eugenias, os Tríplaris (tachy), algumas Lúcumas, as Plumertas(makukú). as TabemaemarUanas, as Guatterias e Rollinias, o Astr.ocaryun Jauary, o Baetris bi- dentula, um ou outro Desmoncus, algumas Geononas, a Clitoria Amazonum e as Clu- sias matadoras, quando a floresta vai adiantada em annos. Elevando-se deste modo o terreno, solidificado pelas raizes onde se accumulam os
detritos que as aguas acarretam, começa a formação das terras altas onde appare- cem as Melastomaceas. Alchomeas, Artanthes, Ottonias e Piperomias; os Ingds, Cássias e Pipladenias e as Parhias, as Seringueiras, como as Hevea Spruceana, Brasiliensis e Guyanensis que dão a gomma elástica ordinaria, vendo-se comtudo a Eevea discolor Muell., que dà a verdadeira borracha. Unindo-se esses terrenos á terra firme, notamos a Pentaclethra filamentosa Mart.,
a Maximiliano regia, a Euterpe edulis, a OEnocarpus bacoaba, as Qualeas, OS Orchi- deas representada por varios gêneros, os Philodendruns, cujas raizes pmdem das ar- vores, os Hyospathes, as Geomonas pychnostachys e acaule, em sociedade, e os Astro- caryuns rnumbaca e gymnacanthum. |
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94 PAI.MAE AMAZONENSIS NOVAE
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As madeiras cujo cerne a mercenaria,as construcçSes e a industria reclaman, têm
eomo representante o pào roxo (Peltogyne), oCopaifera, os Acrodiclidiuns, conheci- dos por itaúba, as Nectandras e Aydendruns (louros e puchiris) e os Mespilodaphnes. Torna-se notável a Boiaagu, (Oreodaphne Cayanensis), cujas folhas de um bello tom argentado se destaca do verde escuro da folhagem. As Leguminosas, Lauríneas, Euphorbiaceas, Sapotaceas, Apocynaceas, Myrtaceas,
etc., formam o docel da floresta, á cuja sombra crescem os Rubiáceas, asMarantas, as Eelosis, as Voyrias, e uma multidão de pequenos arbustos, typos de différentes familias, cuja enumeração seria longa, Finalmente, encontrei pelas matas, representados por cinco especies dos gêneros
Couratari e Tecoma, os tauarys, cujo liber os naturaes aproveitam para mortalhas de cigarros. E' enorme a riqueza vegetal dessa região, quer a tomemos pelo lado scientiflco,
quer pelo commercial. Entretanto o trabalho não encontra compensação, em con- sequência da distancia que separa os individuos. Havendo boas seringueiras,, co- pahybeiras, pão cravo, etc, não existem seringaes, copahybaes, etc. O trabalho nesso ponto poderá ser sempre bem recompensado, porém nunca
com a presteza e facilidade em geral exigidas. Como recordação desses lugares que percorri, onde por vezes minha vida pe-
rigou, consigno nestas paginas não só a especie acima, como outras que se acham distribuidas por familias différentes. S. O. aemorosus (Barb. Rod. loe. cif. n.° 150.) Caudex tenuis
caespitosus longé scadens; folia gracilia, vagina aculeatâ aculéis mi- nimis erectis e basi gibbosis, conicis, ochreâ dense aculeatâ aculéis brunneis arguté setosis, petiolo mínimo laeviter setoso costâ super angulosa subtus convexa aculéis incurvis e basi gibbosis conicis ar- mata, foliolis suboppositis 4—jugis 1—2 aproximatis elliptico-lan- ceolatis acuminato-cuspidatis, flagello sparsim aculeato aculéis unci- natis basi gibbosi spinis 8—4 jugis e basi valida tumescente gracilibus subulatis; spadix longé et incluse pedunculatus parte emersa quam costa multo breviore 5—6 ramosus, rachi gracili ramos tenues; spa- tha exterior minutissime aculeatâ, interior longe vaginans, in basi parve setulosa deinde in parte aperta usque ad apicem rostrato acu- minata aculéis e basi gibbosi tenuibus rectis vel incurvis dense ar- mata ; florum fem. calyx annularis truncatus tridentatus, corolla triplo majora urceolata tridentata; ovarium corolla longé emergens ampullaceum stigmatibus recurvis; drupa minima coccínea. Caudex 3—6 ni. altus, 0m005— 0m,006 díam. Folia 0m,60 lg.; ochrea
0m,08—0m,091g.; folióla 0m,115—0m,165X0m,015—0m,030 lg., su- btus in nervura mediana aculeatâ, Spatha parte aperta 0m,166X0m, 0,20 lg. aculéis brunneis 0m,001—0m005 lg. armata. Spadix omnino laevis 0m,002 diam,, rachi 0m,06 lg. HAB in silvis ad ripas flum. Yauapery in Rio Negro. Florebat in 0-
ctobri. Indii Makuchy vocant Kamuá. Otos; Para um olhar pouco acostumado à observação minuciosa, esta especie
seria tomada pelo D. phéngophyllus de Drude, que, em duvida, levou â synonimia desta o meo D. oîygacanthus, que se afasta de ambas. O phengophyllus tém os acúleos da vagina das folhas longas e erectos, quando os da especie de que se trata são pe- quenos filiformes, com a base gibbosa. Os foliólos daquella são alternos e os desta inermes por pares, tendo a nervura media superiormente aculeada, na base e inferiormente munida de 2-3 espinhos longos ; a spatha em uma tem os acúleos erectos e incurvos, em outra recurvos; na minha especie o espádice tem 4-8 ramos, na de Drude 16-20. Existem ainda outras differenças nas flores e nas bracteas. Entre o meu oligacan-
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thus e a que agora descrevo, além la forma da espatha que é différente. Este ór-
gão n'aquella é pendente e nesta erecto, como também ô no phengophyllus. O oliga- canthus tem os espinhos do peciolo gancheados (uncinatus) e os da vagina de 0m,0l— 0m,02 de comprimento. Entre as tres especies ha differenças que as separam. 3. D. caespîtosus (Barb. Rod.loc. cit.) Caudex tenuis scandens
caespitosus ; folia longé vaginantia, vaginà in ochream aculeolis seti- formibus brevibusbasibusincrassatis tectâ, pstiolo brevíssimo canali- culato inermi, rachi supra plano subtus subanguloso aculéis uncifor- rnibus ad basin incrassatis tecto, foliolis irregulariter jugatis 10—12 utrinque lanceolatis acuminatis marginibus undulatis basi attenua- tis; spadix longé inclusus, pedúnculo erecto arguté aculeato, rachi brevi inermi ramis 12-13 contemporaneis ad basin compressis ; spa- tha exterior inermis, interior late-lanceolata acuta dense argute acu- leolata; florum mase calyx tricuspidatus brevissimus,pétala lanceolata acuta androcaeum pluries superantia, staminibus in fllamentis brevis- simis disco, insertis ; florum fem. calyx annularis truncatus triden- tatus, corolla urceolatatruncata calycem quádruplo excedente ad oram puis ciliata; gymnaeceum e corolla longé emergens stigmatibus tridentatis. Caudex tenuis, 3—5 m. altus, 0m005—0m007 in diam.. Petiolum 0m,70
lg., flageUum 0m,31 lg., spinae 6-juga e inferiora foliosa. Spadicis pedúnculo 0m,29 lg., parte libera 0m05, spatha exterior laevi acumi- nata interior 0m 14><0m,05 lg.. Flores lutei. Drupa ignota. HAB. in silvis capoeiras in Serra do Rodeio, prou, Rio de Janeiro. Floret
in Decemb. 4L. I>. Philippiana. (Barb. Rod. I. oit. n. 212.) Caudex tenuis ;
folia gracilia vagina primitiva pauci aculeatà, aculéis basi incrassatis patulis horridis petiolo brevíssimo vel sub-nullo, rachi ad basin ca- naliculato post bifaciali dorsaliter aculeato aculéis uncinatis basi gib- bosis, foliolis oppositis aculéis distitutis, 8-utrinque contemporaneis lineari-lanceolatis acuminatis, flagello rachi aequaliter aculeato, acu- léis e basi gibbosa uncinatis, spinis subulatis 5-jugis armato ;- spadix foliis quádruplo brevior 6-7 ramosus , spatha interiori lineari-lanceo- lata mucronata aculéis minimis uncinatis e basi gibbosa pauci armatâ; florum mase, calyx minutissimus tridentatus, pétala lanceolata acu- minatissima; fem. calyx tridentatus, corolla profunde tridentata duplo majori. Drupa ? Caudex 5m—6mlg.,0m006—0m008 in diam.. Folia 0m80 lg., foliolis
0m12—0m,20X0'°,016— 0m032 aculéis nigris, minimis utrinque ar- matis. HAB. in silvis humidispropè Manàos, proo. Amazonas. Florebat men-
sibus Setembri. Yacitara in lingua gêner ali. Olbs. A confrontação da especie acima com as que já se acham descriptas, pe-
los caracteres da diagnose supra, me leva a consideral-a desconhecida da sciencia, pelo que, como homenagem ao sabio amigo Director do Jardim Botânico de Santiago do Chile, autor do Catalogus plantam m vascularium Chilensium,o Dr Frederico PM- lippi, á elle a dedico. |
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PALMAE' AMOZONENSIS NOVAE
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S. D. macrodon (Barb. Rod. ho. cit. n. 0f4.'..) Caudex tenuis;
folia gracilia, vagina et ochreà minuté aculéis brunnei setiformibus obtectis, petiolo sub nullo, rachi elongato aculéis minimis e basi gibbosâ reflexis in acumen subtile nigrum productis hamatam excur- rente.flagello graeilimo rachi sub triplo minore versus* apicem inermi, spinis 3-jugis subulatis armato, foliolis irregulariter 7-8-jugatis pla- ñís liiieari-lanceolatis longissime acuminatis et cuspidatis; spadix costa duplo minor, spathâ superior longé vaginans; aculéis in parte'apertâ usque ad apicem e basi gibbosâ canescente brunneo-aeuminatis reflexis pungentibus dense armatâ, rachi gracili ramos tenues 8-contempo- raneis-.laxe etdistiehe exserentes inferioribusrachi triplo minoribus ; floram fem. calyx corollâ'triplo minor annularis tridentatus, corolla cupulliformi cónica tridentata dentibus elongatisdigitiformibus co- rolla duplo minoribus stigma excedentibus ; drupa globosa mínima coccínea. Cauãex 3m—5m lg... et 0m0Q3—0m0 04 in diam., caespitosus scandens; Folia
0m,5Q lg., rachi 0m,30 lg.,, flagello 0m,20 lg.; foliolis in acervos suboppositis 1-2, raro 3-4jugis 0m,10—0m12X0m,010—0m„015 lg.. Spadix supra ochream 0m,12— 0m,24 lg., rami 8-10 exserentes 0m,04 —-©F,â8,. rachi op,13—0^,17 lg.. Flores fem..6-117 contemporanei 0^002—0m,Q03 lg., in scrobieulis densis dispositi. HÀB. in.éumetisad marginibus lacús Yauary, propè Itakoatiara, in
flum. Amazonas, Florebat Octobri. CMbs. Entre as especies Eudesmoncus consignadas por Drude na Flora Brasi-
liensis, cujas espathas têm aculéis a basi gibbosa eonicis induratis uncinatis hórrida, divisão que comprehende os D. polyacanthus Mart., phengophyllusíDr., leptoelonos Dr esetosus: Mart. onde incluo o; nemorosus, o Phüipyiana eo oligocanthus-,, espe- cies minhas ja descriptas, não se encontra a de que trato que é bem caracterisada pelos longos dentes da corolla que excedem o estigma. A armadura das vaginas, a disposição dos foliólos e seu tamanho, o pouco comprimento do espique, o aspecto geral, emflm, a separa de. todas as especies conhecidas. O nome especifico: que pro- ponho caractérisa a particularidade dos grandes dentes da corolla, semelhantes a tres dedos. |
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Gen GUILIELMÂ Mart
Gruilielnra specios» Mart. var. coccïnnea Barb. Rod.
Enum. Palm. Nov. pag. 23 ; var. flava Barb. Rod. loo. cit. pag. 23 ; Mart. Flor. Bras., pag. 363. "Var. ochracea (Barb, Rod. loc. cit. n° 303.) drupa oblonga ad ba-
sin truncata 0m,038X0m,036; cálix corolla persistentes, calycem an- nuliformem corolla multo minorem marginibus irregulariter fissis*, basi drupae subconcava qua condictur corolla, epicarpio glabro lu- cente flavo-ochraceo, mesocarpio amylaceo oleoso-flbroso flavescenti, endocarpio subrotundo marginibus pororum erectis fibris, reticulato; albumine corneo excávate; embryo cónico mínimo; HAB. in silvis primáveis flum. Yauapery, in Rio Negro. Fructi matit-
rescunt April. Indii Krichaná vocant Tepiré. |
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Destas variedades do Guilielma speciosa Mart., as duas primeiras foram reconhe-
cidas e publicadas na Flora Brasiliensis. Addiciono agora mais uma terceira que os indios Krichanás cultivam para alimentação, servindo-se delias cozidas, em massa ou em vinho a que dão o nome de uahurô. 0 nome pupunha que Martius pela pro- nuncia alemã chama bubunha è uma corrupção de pipiynha ou pelle vermelha, côr de fogo, de pir, pelle epiderme e pyê, braza. A variedade mitis Dr. cultivada no Passeio Publico do Rio de Janeiro, communicada pelo Sr. Glaziou é o typo do G. speciosa Mart., que ô a mais cultivada, apresentando por isso geralmente o espique sem espinhos. Todas as variedades crescem em soqueiras.
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Gen. BAGTMS Jacq.
1. Bactris Gastoniana (Barb. Rod. loo. cit. n. 362.) Caudex
brevissimus inermis ; vagina aculéis minimis sparsim vestitâ, petiolo rachique aculéis longis subulatis armatis, foliolis utrinque bijugatis, supremis latioribus ; spadix recurvos rachi breviore, spathâ aculea- tissimà ; drupa oblonga obovoidea magna glabra vértice acuto nigro- purpurea. Caudex solitariusOm,l—0m,2X0m,10—0m,12 lg., inferné nudus superno
vaginis aculeatis obtectus, inermis. Folia 0m,95 lg., 5-6-contempo- ranea, longe petiolata; peliolo 0m,35 lg. tomento brunneo tecto, acu- léis compressis nigris, horridis, subulatis, 0m,03—0m,05 lg., 1-5-zo- natis armato ; rachi tomentoso, supra bifaciali, subtus plano, acu- léis magnis sparsim armato; foliolis marginibus aculeolatis, lineari- falcatis, acuminatissimis 8-9 utrinque, bijugatis.jugis alternis inferio- ribussub erectis (0m,27—0™,22X0°1,02—0m,03) mediis patentibus, (0m,24X0m,038—0m,040) omnibus uninervis, supremis 5-nervosis (0ra,27—0U1,055—0m,075) nervis supra prominentibus in supremis ad apicem aculeolatis. Spatha exterior liiieari lanceolata, acuta, bialata badio tomentosa, inermi, 0m,10—0ra12X0m,014—0m,016 lg ; interior triplo major, arcuata, aculéis ater-brunneis minimis dense armata, acuminata. Spadix arcuatus, gracilis, pedúnculo badio-tomentoso in. apicem dense aculeato aculéis minimis,0m,17X0m,002 lg.,rachi multo minore crassiori, densiflori, Florum fem., post anthesin calyx co- rolla subaequalis urceolatus laeviter tridentatus inermis; corollâ ba- dio lepidotâ, ovario aequali laeviter tridentata, ovarium ovatum, basi attenuatum, glabrum. Drupa O"1.030 0m,014 lg., brevissimê rostellata, umbonata ; epicarpio tenui, fibroso ; putamine osseo, fla- vescenti, oblongo, ápice acuto, supra médium foraminibus evolventi- bus fibrae plurimas cum mezocarpio cohaerentibus ; albumine solido, corneo ; enibryo minimus, conicus. HAB. in silvis primaevis propè Manáos, ad Cachoeira-grande. Fruct,
Decenibri. Olbs. Pelos fructos e pelo porte esta especie se approxima muito do meu Bactris
oligocarpa, porém afasta-se na disposição e forma dos foliólos, pela espatha interior aculeada, epelo padunculo do espádice curvo e aculeado. Entre as especies de espádices simples, que o sabio professor Drude, apresenta
na sua monographia publicada em 1882, não se encontra esta. Com este caracter apenas onze especies são conhecidas, pelo que vem mais esta mostrar qne a pro- vincia do Amazonas e a que se orgulha de ter em seu seio maior numero de mem- VOL. I 13
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bros d'esta familia, caracterisada por Linneo como sendo a dos pi'incipes da flora
universal. Devo dar a razão da denominação especifica que impuz a esta palmeira, uma das mais elegantes e pro pria para ornamantação de jardins e salões. Em 1886 herborisando eu e procurando alguma planta ornamental que podesse figurar na Ex- posição de floricultura que, annualmente, fazem Suas Altezas Imperial e Real a Sra D. Isabel eo Sr. Conde d'Eu na cidade de Petrópolis, tive a ventura do encontrar esta especie, representada por muitos exemplares, infelizmente só com fructos. Transplantei um pé, que por não ter havido em 1887 a dita exposição, só em Maio de 1888 figurará. O facto de ter sido o achado motivado por um pedido de Sua Alteza e de ter de figurar ella em uma Exposição promovida pelos mesmos regios prote- ctores da floricultura, e symbolisando as palmeiras o poder, a grandeza e a ma- gostado, entendi dever denominal-a Gastoniana, dedicando-a ao Augusto Principe Gastão de Orléans, Esposo da mesma Imperial Senhora. S. O. Krichaná (Barb. Rod. loo. cit. n.î52.) Caudex gracilis ca-
ospitosus aculeatus tomento tabacino tectus; folia 12-14 contempo- rânea, vagina dorsaliter aculeatâ aculéis basi incrassata racurvis tomento tabacino tectâ, petiolo super aculeato sulcato rachi inermi super bifaciali, foliolis inferioribus 2-jugatis lineari falcatisacumina- tis longe cuspidatis superioribus connatis 9-nervatis furcatis lato-fal- catis acuminatis omnia marginibus arguté setulosis; spadix in ramis 4-partitus. Spatha aculeatâ aculéis brunneis. Caudices 9—10 contemporaneis, lm—lm,40XOm,010—0m,015 subtuscica-
trices internodiorum aculeati, aculéis 0m,010—0m,025 lg. compressis. brunneo-nigris, horridis. Folia 0m,77—0m,78 lg. ;vaginâ 0m20, lg., subinermi; petiolo 0m,15 lg.; foliolis inferioribus 0m,019—0m,022X 0m,30—0m,040 lg., parte cuspidata 0m10—0m,12 lg,. superior 0m, 44X0m,12 lg., cum nervis supra elevatis ; spadix 0m, 12 lg. HAB. in silvis primaevis ei humidis ad Rio Yauapery et ad ripas R io
Negro propè Kuireru. OTbs. Quando, no mez de Setembro encontrei esta especie, não vi um só exem-
plar florido ou com fructos; apenas encontrei espathas e espádices imperfeitos. Apezar disso, porém, notando caracteres que a distinguem das especies descriptas por Martius, Spruce, Trail e Drude, e, tendo-a por nova como tala diagnostico. Se- gundo o exemplo do saudoso mestre o sabio Dr. Martius, que entre as Lauráceas deu a varias especies novas nomes de tribus salvagens, como os Sparantanthelium Borororum, Tupiniquinorum, Botucudorum ¡procedendo do mesmo modo Humboldt que deu a umaBignonea o nome de Carichanenses por tel-a encontrado em uma al- deia de indios Kriehanás, nas margens do Orenoeo, dei á de que se trata o nome de Krichaná, não só por encontral-a na região dominada pelos selvagens desse nome, como por empregarem elles, o espique d'esta palmeira nas hastes das flechas que usam na pesca. 3. O. penioillata (Barb. Rod. loe. cit. n. 213.) Caudex 1—3 m.lg.
ad internodia aculéis complanatis nigris per acervos armatus ; petio- lus et vagina tomentosi aculéis brunneis complanatis dense armati, foliolis irregulariter dispositis 2—5 utrinque in apicce lamina magna bifldâ, lanceolatis—falcatis longe acuminatis; spatha exterior inermis, interior lanceolata mucronata tomentosa aculéis brunneis penicillatis armata; spadix pedúnculo inermi v, arguté aculeato 6—8 ramosus ; flores mase, calyce brevíssimo longe trífido, corolla calyce duplo ma- jore ; fem. ante anthesin calyce inermi tridentata duplo corollâ majore post triplo minore, corolla tridentata setulosa ante anthesin dupli- minore calyce post triplo majore; drupa ignota. |
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Caudex caespitosus 1—3 met. lg., 0m010—0ffl18 in diam., remotê annu-
latus aculéis 0m,0l0—0m,035 lg,. subulato-compressis, nigris ar- matus,- Folia 1 met. lg. inaequaliter pinnatisecta, petiolo et vaginâ 0m,40 lg. aculéis brunneis 0ta,010Xl°>025- retrospectantibus; rachi inermi rara ad basin aculeato : foliolis 0m,20X0m,50, alternis, ad basin oppositis, 0m,04—0m19 inter se distantiâ, foliólo summo integro, 7—8 nervato, nervis supra salientibus. Spadix patens, denique nutans, 0m,20—0m,22 lg., pedúnculo compresso, 0m,10 —0m,12 lg; rachi 0m,020—0m,022 lg.; Spatha exterior0m, 10 lg., in- terior 0œ,26 lg,, denseaculeata, aculéis brunneis, comprêssis, peni- cillatis, imbricatis, Flores ma.sc. densissime congregati fem. omnino obvelantes, qui prioribus delapsis ramorum tertio inferiore apparent. I)rupa ? HAB. in silvis aboriginibus ad igarapé da Cachoeira, prope Manáos,
prov. Amazonas, Florebat Octobri, 4. Ifc. formosa (Barb. Rod. loo. cit. n. 601.) Caudex solitario v.
raro 3—4 caespitosus tenuis pauci aculeatus fusco-tomentosus, vagina atro -aculeata fusco-tomentosa; petiolus brunneus tomentosus inermis longe-cylindraceus; foliolis linearibus concinnis acuminatis sub oppo- siti utrinque 30 fere aequidistantibus secus nervos et margines in fa- cie inferiore minutissime setosis ; spadix parvus pedúnculo dense setoso infiexo patente ramis 2 densifloris ; spatha lancêolata mu- cronata erecta dense aculeata; corolla fem. calyce minutissimo multo major densâ hirto-setulosa tridentata, ovarium setulosum ; drupa ? Caudex tenuis annulatus, vaginis persistentibus dense aculeatis involu-
tus, fusco-tomentosus, aculeatus, aculéis minimis appressis, 1—2m X0m,012—0m0151g., internodiis 0m,04—0m,0061g., Folialm,201g., gracilia 3—4 contemporánea ; vagina 0m,l 6 lg. ad basin badio-flocoso- tomentosa, aculeata, aculéis minimis appressis ; petiolo foliis majore, 0m,60 longo, inermi; rachi0,44 lg., supra minutissimebrunneo-setu- loso, subtus inermi folióla superiora minora, Oœ,12XOm.0O6, media et inferiora aequalia, 0m,25X0m01 omnia lineari-lanceolata, acumina- tissima, supra glabra, subtus in nervis setosa. Spadix parvus, 0m,l lg., pedúnculo compresso, arcuato, dense setoso, ramis 0m,04—0m,05 lg., scrobiculato. Flores fem. virides, calyce minutissimo, annuli- formi, tridentato, inermi; corollâ cylindraceâ dense setosà, triden- tata, urceolatâ. Drupam non vidi. HAB. in silvis primaevis ad Tarumà-miri, in Rio Negro, prov. Amazo-
nas. Floret Aprili. Olbs. Forçadamente poderia identificar esta especie com a minha B. syagroides
ou com a minha variedade da mesma a UnearifoUa, porque si, pelas folhas como que se approxima, pelos acúleos da vagina e principalmente pelo numero de ramos do espádice, semelhante ao do B. cuspidata Mart., a afastam da syagroides, que os conta de 5 a 8. A mesma disposição das folhas para quem conhece as plantas, pelo vivo, a afasta muito de todas as especies conhecidas já pelas formas e aspecto, já pela elegancia que ostenta chamando a attençao de quem por ella passa, pelo que ap- pliquei o nome especifico acima, que hem a distingue. |
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£5. B. Tarumanensis (Barb. Rod. loc. cit. n. 266.) Acaulis :
folia longíssima, potiolo inermi, vagina aculeatissima, foliolis impari- pinnulatis per acervos dispositis alternis linearibusfalcatislongissime acuminatis ; spadix spathâ aculeatâ, rachi brevi ramos 33 contempo- ráneos tenues graciles quam ipsa majores densifloros exserente ; co- rollâ fem. calyco aequante aculeatâ ; drupa subglobosa coccínea acu- leolis nigris densa obtecta. Planta solitaria. Folia2"\C>0 lg., patentia et sub-erecta, irregulariter
pinnatisecta, foliolis per acervos dispositis alternis, 1—3—5 contem- poraneis; petiolo vaginante (vaginâ 0m,40., aculéis nigris, compressis 0m,01—0"',04 lg. armatâ) inermi, cylindraceo, 0m,60 longo, rachi inermi, trígona lm,60 lg., dorsaliter brunneâ tomentosa, foliolis e basi conduplicatâ, nervo medio superne prominente, inferioribus 0,02mX0'n5001g.,lincaribus,caudato-acuminatis,medianisOm,20XOm, 45 lg. acuminatissimis, terminalibus 5 conjunctis 0m,07X0m,40 lg., marginibus inermis. Spadix 0m20—0m,22 lg., spatha inferiore 0m, 12X0ra,04 lg., tomento brunneodense obtectâ, superiore ventricosâ, mucronata, aculéis tenuibus, setiformibus. 0m,004—0m,005 lg., brunneis, dense obtectà, pedúnculo valido, cylindraceo 0m,008 in diam., tomento brunneo et aculéis minimis dense obtecto, rachi brevi 0m,08 lg., ramos tenues flexuoso 0m,05X0m,010 lg., Flores mase, non vidi; fem. vix 0m,0031g., calyce cupuliformi, laevi, obscure tri- dentato, corolla magnitudine; corollâ capulari tridentatâ, setis mini- mis armatâ,germine oblongo, ad basim setulifero, apice stigmatifero. Drupa glbboso-turbinatâ, vértice depresso, diámetro 0nl,012, peri- carpio coccíneo, aculeolato, aculeolis atris sparsim obtecto. mezocar- pio pulposo albo, endocarpio ossoo, nigro. HAB. insilois primaems ad Rio Tarumá, in Rio Negro, prov. Amazo-
nas. Florei et fructipcat Aprili. Otos. Sendo à primeira vista, pelos fructos, muito parecida com a B. acantho-
carpa, de Mart., afasta-se todavia em ser perfeitamente acaule, viver solitaria, ter as folhas imparipinnuladas, o rachis inerme, os foliólos glabros e inermes infe- riormente, em ter o pedúnculo do espádice muito aculeado, o calice das flores fê- meas igual á corolla o esta setosa, A' primeira vista, pelas espathas e pelos fructos toma-se-a por uma aaanihocarpa, porém, examinada mais attentamente, encontram- se diflferenças que a levam para longe da de Martius. O professor Drude estabeleceu para a especie de Martius uma variedade, a crispata da. qual suppõe a minha B. .acanthocarpoides synonima, quando é especie inteiramente nova e différente, já no habitus, já em todos os detalhes dos órgãos appendiculares e repro- ductores, tendo além disso tamben différente a còr dos fructos, amarellos e não ver- melhos. Si o notável professor e director do Jardim Botânico de Dresda visse os exemplares vivos jamais entraria em duvidas. Não levo a considerar qualquer varie- dade, baseado em pequenos detalhes, como especie, pelo gosto de multiplicar e crear novidades ; pelo contrario, restriûjo muito, considerando mesmo o que para muitos é especie como simple variedades. Não acompanhando a doutrina evolucionista, se- ria considerado retrogrado, mas como Linneo ainda digo : Speoies tot sunt diversae. quod diversae abintio creavit infinitum ens. O que considero especie ó sempre a que se reproduz com os mesmos caracteres qualquer que seja o terreno, qualquer que seja a latitude. Apresentando esta nova especie, aproveito a occasião para reivindicar aqui aiiida uma vez a especie minha acanthocarpoides, de que ó muito distincta. 6. B. bífida Mart. Palm. Bras. 105 tab. 73 C; Kunth Enum.
plant. III. pag. 265.; SprucePalm. Amaz.150; Trail in Journ. of |
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Bot. 1877, pag. 47; Drude Flor. Bras. vol. III. pars II, pag,
, 332 ». 2. Sp'atha exterior lanceolata acuta tomentosa 0m,140X0m,17, glabra, inte-
. rior incurva lanceolata badio tomentosa aculéis brunneis tenuibus in- curvis obtecta et illis triplo major ; flores mase, plurimi dense con- grégate fera, omnino obvelantes qui prioribus delapsis racheos in di- mideo inferiori apparent, calyce mase, trifido laciniis triangulari- bus acuminatis, petalâ subtriangulatâ acutâ y. obtusa, staminibus inclusis, fem. calyce urceolato anguloso argutê tridentato, corollâ ovatâ tridentatâ calycis longitudine tomentosa-spinescente, ovario corollâ paullo majore ovato argutè et sparsè spinescente, HAB. in sylvis Rio Negro, propè Yanauary, in Manáos. Prov. Amazonas.
Flor ébat Noveníbri. Olbs. Não descrevo d'esta especie senão as espatlias e as flores, que, tendo es-
capado á observação do Dr. von Martius, flzeram com que a descripção da palmeira ficasse incompleta. Este sabio disse flores et spatha non observan. O Dr. Spruce, que depois do venerando palmagrapho descreveu outras palmeiras amazonenses, tra- tando da especie em questão, apenas ligeiramente tratado calyce e de corolla persis- tente? no frueto, por não ter tido occasião de vêr as flores. Posteriormente o Dr. Ja- mes Trail, que encontrou duas variedades da mesma especie, o que ó vulgar no mesmo terreno, também não descreveu as flores, pelo que na moaographia das Pal- meiras que faz parte da Flora Brasiliensis, escripia pelo Dr. Oscar Drude, este sabio professor nada disse em relação aos órgãos reproductivos. Felizmente encontrei a especie com flores, o que me permittiu completar a descripção. Por isso aqui à menciono. |
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Gen. ASTROCARYTJM M«yer.
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Muito antes de ser publicada a Monographia das Palmeiras do sabio Dr. Drude,
que sahiu à luz em Maio de 1882 e que vem na parte II do volume III da Flora Brasiliensis, já eu tinha estabelecido para este genero tres secções, tanto que, em 14 de Julho de 1879, mostrando o manuseripto das minhas palmeiras, assim como as estampas coloridas que representam de tamanho natural as diversas partes da planta, á Sua Alteza o ¡Ilustrado Principe D. Fernando de Saxe Coburgo, actual Rei da Bulgaria e ao sabio Dr Wawra von Fernsee, botânico notável e medico do infeliz imperador Maximiliano, do Mexico, por occasião de uma visita particular com que mehoararam nesse dia, fazendo eu algumas considerações sobre o genero, apresentei-lhes a minha subdivisão, que é a que adiante apresento, por me parecer mais pratica. Vejo agora quanta razão tive para isso, porquanto o mesmo professor Drude,
subdividindo o genero, achou-se de accordo quando tomou para a sua subdivisão o principal caracter que eu havia tomado. Dividiu Drude o genero em 4 secções ás quaes dau os nomes vulgares de especies
typicas, as mesmas que tomei par.i typos das minhas, e que facilmente torna as espe- cies reconhecidas por aquelles que praticamente as conhecem. Denominou-as: Mum- baca, Ayri, Tucumá e Malybo.iAmbn, subdivisão encontrar-se-ha mais adiante. Entretanto, a ultima secção de Drude não tem razão de ser, porque as especies
acaule Mart. e caudescens Barb. Rod., pertencem à sua secção Tucumá e à minha Leiocarpeae, e a terceira, a humilis, deWallace, está fora do quadro, por ser a Bac- tris acanthocarpa Mart., vulgarmente conhecida no Pará por Yurupary Yu espinhos do diabo. Não comprehendo no meu quadro o plicatum e o segregatum, por serem da
Guyana, nem o minus por ser simples variedade do Rodriguesii. Eis minhas palavras, depois de algumas considerações sobre asespathas, estigmas
e androceo abortivo das flores femininas : |
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« Estudando este genero, tres divisões naturaes se me apresentaram sempre
com caracteres que poderiam estabelecer tres géneros différentes.Entretanto, apro- veitei-os para uma simples subdivisão. Quem compara oA.üfwíw&acaMart., o ver- dadeiro fructo ou noz estrellada (áutpov estrella e Kápuov, noz), de Meyer, com um A YauaryJAart., ou com o A. Ayri Mart., encontra logo, sem fallar dos caracteres das flores, differenças muito notáveis, não só no fácies, como nos fructos. O pri- meiro tem o pericarpo dehiscente, o segundo indéhiscente e setuloso, e o ultimo glabro e luzidio. Essas differenças bastante sensíveis me levaram a estabelecer um quadro analytico, que comprehende todas as especies brazileiras, quadro baseado nas flores femininas e nos fructos. Eil-o : Tabula analytica speeierum generis
ASTROCARYI I. Astrocarpeae. Flores feminei solitarii, calyce et corollâ densè aculeatis. Fruc-
tus parvus, stylo longo et persistente, pericarpio dehiscente in lacinias irregu-
lariter diviso et endocarpium submittente. a. Epicarpio inerini.
Calyce annuliformi et corollâ urceolatâ.
Androceo abortato libero. Drupâ ovatâ miniata................. A. aculeatum Meyer,
— obovatà, aurantiacâ............ A. Mumbaca Mart.
— oblonga coccínea............... A. gynacathum Mart.
p. Epicarpio aculeato.
Calyce et corollâ tridentatis.
Androceo abortato corollâ adnato
Drupâ oblonga, coccineâ............... A. Rodriguesii Trail.
— — aurantiacâ............. A. acanthopodium Barb. Rod
II. Acanthocarpeae. Flores feminei solitarii, corollâ aculeatà. Fructus magnus,
pericarpio indéhiscente, tomentoso, setuloso, setuloso ant spinescente, raro inermi «. Epicarpio rostrato lignoso, setuloso aut spinescente,
Drupâ obovatâ, vinoso-fuscâ, setulis castaneis.. A. Ayri Mart.
— turbinatâ, fuscescente, — nigris..... A. farinosum Barb. Rod.
— — .rubiginosa — -—....... A. sociale Barb. Rod.
— — , fuscescente, — brunneis... A. Yauaperyense Barbe Rod.
— obovatâ; — — nigris. ...A. rostratum Hook
— oblonga, flavo-fuscescente, setulis nigris.. A. Paramaca Mart.
— pyriformi, dense setosa aculeatà..........A. horridum Barb. Rod.
(3. Epicarpio tenui, setuloso; mesocarpio carnoso-mueilaginoso.
Drnpâ pyriformi, compresa, miniatâ............ A. Murumuru Mart.
-[. Epicarpio tenui, inermi; mesocarpio carnoso-mueilaginoso.
Drupâ elongato-pyriformi, aurantiacâ........... A. Chonta Mart.
III. Leiocarpeae. Flores feminei 2—5 contemporanei; calyce glabro corollâ acu-
leatà aut inermi. Fructus parvus, pericarpio inermi, lucente. a. Epicarpio lignoso.
Drupâ obovato-globosà, luteâ....,............. A. Yauary Mart.
— subglobosà v. subovatâ,flavescente viridi. A. acaule Mart.
— obovatà, subcoccineà.................... A. Caudescens Barb. Rod.
— ovato-subglobosâ, flavo aurantiacâ.......A. Huaimi Mart.
— obovato-rostratâ, virescenti.............A. campestre Mart.
— ovatâ-miniatâ.......................... A. vulgare Mart.
— obovatâ pyramidato-rostellatâ........... A. Weddelii Dr.
— ovatâ conico-rostratâ, flavo virescenti___A. pigmaeum Dr.
— obovatâ rostellatâ...................... A. Manaoense Barb. Rod.
¡3. Mesocarpio lignoso, mucilaginoso.
Drupâ oblonga, flavescente.................... A, Tucumá Mart.
— globosa, aurantiacâ..................... A. Princeps Barb. Rod.
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Sect. ACANTHOCARPEAE Barb. Rod.
1. Astrocaryum Yauaperyense (Barb. Rod. Sert. Palm.
Eerb. Mus. Bot. Amaz. N, 141.) Caudex speciosus longissimé acu- leatus; folia patentia v. erecto-patentia 12-14 contemporánea aequa- liter pinnatisecta concinna, petiolo basi persistenti cylindraceo cana- liculato dense aculeato, rachi anticé bifaciali aculeata posticè convexa longé aculeatafoliolis oppositis v. sub oppositis 132 utrinque inaequa- liter acuminatis, facie ini'eriore albo tomentosa margmibus aculeolis parvis hinc inde ciliati; spatha interior compacto-aculeatissima acu- léis ater-brunneis minimis ; drupa turbinata fusca aculeata. Caudex solitarius 10m,—12m,X0m18 alto. Folia 8 m. Ig., vaginâ et pe-
tiolo 2m,50,; foliolis majoribus lm,40X0m,075 lg-> Spatha interior lm, 25 1g- HAB, in silvis hwnidis flum. Yauapery, ad Rio Negro. Prov. Amazo-
nas. Indu Kriclianás vocant Kaikumanà Olbs. Espero mais tarde dar uma descripção detalhada desta especie que é uma
das mais elegantes, já pelo porte altaneiro, já pela disposição das folhas longas, de um verde negro na parte superior e brancas na inferior. Ã. A., sociale (Barb. Rod. too. cit. n. 567.) Acaule, 6 foliis
erecto-patentibus-aequaliter pinnatisectisconcinnis, petiolo longo cy- lindraceo refuscenti-tomentoso in dorso aculéis validissimis congre- gatis nitide armato, raehipauci sparsé aculeata foliolis linearibus acu- tis-ruminatis secus marginis laevibus ia facieinferiore tomento albido adspersis ; spadix inter folia erupeiis erectus, pedúnculo aculeato ru- benti-tamentoso, spathà dense aculeata ; drupa magna turbinata acu- leata rostrata. Folia 6—7 contemporânea, 4m,50—5m, lg.; petiolus lm,50 Ig., aculeatus
aculéis in grege annulari, mediis longissimis, 0m,05—0m,06X0°\0O3 lg. ad basin versus margines zonis sensim decrecentibus ; folióla li- nearía, plicata, utrinque 60, intervallibus ad basin latioribus et an- gustioribus ad apicem inferiora 0m,71X0m^013, media 0m,70X0m,030, superiora 0m,43X0m,020,terminalia 4—6 in lamina conjuncta, angulo 10°, nervo medio superne argute prominente, inferne prominente, nervis lateralibus 3—5 utrinque plicas folioli referentibus. Spadix 0m>601g.; rachi 0m,07—0m,08; spathâ 0m,30—0m,35 lg. lanceolatâ, acuminatâ dense aculeata. Flores fem. 0m,008 lg. calyce corollâ ma- jore, aculeato, tridentato; corollâ tomentosa, setulis minutissimis ap- pressis armatâ; ovario cónico, tomentoso, setulis minutissimis, ap- pressis armato. Drupa turbinata 0m,05X0m,035 ait, ad basin indu- viis0m,018 lg. setulosis; epicarpio fusco tomentoso, setulis minimis appressis armato; mezocarpio pulposo, lúteo; endocarpio 0m,033X 0m027 lg., ósseo, ater-fusco 0m,002—0m,003 crasso; albumine corneo, excavato. Embryo minimus, oblongus. HAB. in silvis aboriginibus aã igarapé Tarumá-mirí, in Rio Negro,
prov. Amazonas. Murumurú indianorum. |
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Otoa. Esta especie afasta-se do meu A. farinosum em ser acaule, ter o nu-
mero de folhas menor, os foliólos também menores e sem acúleos nas margens, o pedúnculo do espádice menor e menos aculeado, a espatha com as cerdas menos duras e com o aspecto do pello de um animal, e em ter os fructos menores. Os indí- genas, com os grelos tecem chapeos que, depois de seceos, tomam còr vermelha, co- mo se fossem tintos. Vive socialmente. 3. A., horridum. (Barb. Rod. loe. cit. N. 720.) Caudex spe-
ciosus inermis foliis erecto-patentibus aequaliter, pinnatisectis con- cinnis, petiolo costâque horridi aculeatissimis tomento destitutis, foliolis acquidistantibus aproximatis lineari-acuminatis acumine praemorso in facie inferiore albidis ( et intra tomentum sparsim microscopicè setiferis ) secus margines remote aculeatis. Spadix erectus longe pedunculatus pedúnculo corneo aculéis longis vali- dis ad apicem contortis hórrido, rachi ramos plurimos exserente inermi, spathâ inferiore setis fuscis dense velutina ut pellem ani- malis referat, superiore duplo majore lanceolatâ ad basin pilis tristis ad médium setis ater-brunneis dense vestitâ, apicem versus aculéis ater brunneis contortis flocoosis armatâ; flores fem. longe bracteati ovoidei stigmatibus emergentibus, calyce tridentato dense setuloso eorollam aeque dense setulosam includente, androeceo rudimentario annuliformi, germine ovatoattenuato; drupaepyriformes dense seto- aculeatae in vértice conico-rostratae, (putamine obconico e basi acutâ. Caudex 2—6m. ait. etOm,150—0m,200 in diam., annulis perminentibus,
internodiis congestis, inermis. Folia 10—12 contemporánea 3 m. lg., petiolo 0m,90 lg. aculéis validis 0m,05—0,30 lg., hórrido, costa minus aculeatâ; folióla utrinque 60—80, inferiora 0m,64X0m,02 lg., media 0"\85X0m,035 lg., superiora 0m,30X0m,13m lg,, 3—4 con- junctanervo médium utrinque prominente. Spadiaj0m,80—0m,951g., pedúnculo tereti compresso 0m,40—0m,50X0m,03—0m,035 lg., ad basin tomento carneo obtecto, inermi versus rachin aculeatissimo, aculéis nigris, contortis,0m,02—0,m03 lg., ad basin carneolanatis, pungentibus, patentibus; rachis 0m,18 lg., inermis multiramosus, ra- mos densissime confertos erectos cum flore fem., basilari solitario, in- feriores breviores (0m,08—0m,09 lg.,) deinde longiores (0m,12—0m,13 lg.) cum pedicelo 0m,02—0m.05 lg. ; Spatha exteriora 0m,40X0m,10 lg., utrinque dense setulosa, interiora marcida 0m,60X0m,16 lg., Flores mase, nonvidi. Flores fem., Om0I5X0m,O08 lg., calyce co- rollâ aequante, tridentato, dense setulis contortis armato; oorolla laeviter tridentata, setulis contortis aeque armata; cum androceo ru- dimentario subtridentato cohaerentibus , ovario incurro, sub cónico, setis apressis armato.Drupa 0m,06X0m5035 lg.,aculeis ater-brunneis pungentibus armata, mezocarpio flavo; endocarpio 0m,46X0m027 lg., ater-fusco, 0m,002 crasso, albumine corneo, excavato. Embryo oblongus. 1IAB. in silvis primaeois sicoioribus ad Rio Javary. Uanapo v
Uikungo incolarum Fruct. Bec. Otos. Subindo-se o rio Javary, antigo Yauary, passando-se a quarta corre-
deira, que apparece no tempo da vasante antes de se cnegar ao seuaffluente Uirary |
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«ncontram-se nas terras firmes e elevadas quer da margem brazileira quer da pe-
ruana esta magnifica palmeira. Não attinge a altura da Chambira ou Tucum o seu congenere Astr. vulgare,
porém apresenta a sua fronda magestosa sahindo por entre os galhos das outras ar- vores, mostrando os seus cachos de fructos compactos, ouriçados de acúleos pungen- tes que ferem o incauto que d'elles lança mão. Confrontando esta especie com as já conhecidas não encontro nenhuma que com
ella se identifique, porquanto, mesmo o A. pliaatum de Drude, que mais se approxi- ma, offerece caracteres que a afastam muito. •€onsidero-a não descripta e nova para a scioncia, pelo que como tal aqui a pu-
blico. |
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Sect. LEIOCARPEAE Barb. Rod.
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•4. A. Manaoense (Barb. Rod. loc. oit. N. 701.) Acaulis v.
depressus inter annulos dense aculéis validis horridus, foliis longe vaginantibus arcuato patentibus-5 serialis dispositis, petiolo costâ- que aculiatissimis, foliolis 3—6 natim irregulariter dispositis in facie inferiore pallidis linearibus oblique acuminatis. Spadix ma- ximus multiramosos. Spathâ interiora caduca incurva acuminatâ aculeolis setiformibus ar mata ad apicem horridissimà, rachi albo to- mentosa ramos plurimos dense exserente nutantes longe bracteatos; flores fem. in parte inferiore 3-4 bracteis cuspidatis suffulti ovoidei, ovarium in stylum longe conicum angustatum exserens, androcei rudimentarii annulo crasso impresso brevissime 6-dentato. Drupa ex induviis obovoidea in vértice rostellata. Cándeos, si adest, 2m,20X0m,22 ait., zonis 0m,16 latis acuieorum dense
congesTorumfereOm,15 lg., obtectus. Folia 5m,50 6m lg., vaginâ petiolo costâque aculéis nigris 0m,01—0m,16 horridis armatis, petio- lus lm,55 lg. subcylindraceus aculeatissimus; folióla utrinque 100— 120 in grèges 3—6 aproximata, inferiora 0m,80X0m,30, media lm, 35X0m,55, superiora 0m,23X0m,015 superne nitida, in facie inferiore pallidiora, subtileter striata, aculéis marginibus fere 0m,001—0m,002 lg., remote insertes. Spadix erectus, lm,40 lg.et longior, pedúnculo cylindraceo, 0lA,80—-0m,90+0m,045—-0m,50 lg. brunneo tomentoso, acculeis erecto-patentibus usque ad 0m,02 lg., cum minoribus mixtis nitide atris per zonas consociatis vestito; rachi inermi, albo- tomentoso, 0m,60X0m,701g., Spathâ interiore lanceolatâ, ad basin attenuatâ, mucronata, incurva, aculéis nigris 0m,001—0m,06 lg, dense hórrida armatâ. Flores mase, non vidi, fem. turbinati fere 0m, 015 lg., bracteâ cuspidatâ, calyce urceolato tridentato, setis mini- mis appressis, corolla majore; corollâ tomentosa, setulis minimis ap- appressis armata, tridentata, marginibus ciliata; ovario longe cónico, albo tomentoso, sub inermi; androecae rudimentario laeviter triden- tato. Drupa? endocarpio Om,037XOm,029 lg. ósseo, subnigro, 0m005 crasso: albumine solido; embryone minimo, cylindrico. HAB. in Manáos ad Rio Negro, prov, Amazonas. íncola Tukumá-y uaçu
noncupant. Floreb. Oclobri. vol. ï 14
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PALMAE AMAZONENSIS NQtVAE
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Com o nome da Tukumá-y, isto é, tukumá pequeno, existem na provincia do
Pará e do Amazonas, algumas variedades do Astrocaryum acaule de Martius, algu- mas, principalmente a dos terrenos arenosos, cujos individuos são sempre acaules e muito pequenos,, e outros dos terrenos húmidos e argülosos, que também acaules, comtudo tomam grande proporção, vindo com, o correr dos annos a terem um pequeno tronco. Em geral estes teem as folhas muito crespas, porém os cachos são sempre iguaes
e os fructos que, sempre, são pequenos, não são comestíveis por terem omezocarpio flhoso e seco. Confundido com tukumás-y encontrei a especie acima, conhecida pelos indígenas
por Tuhumá-y-uaçu, nome dado pelo tamanho dos fructos, que são muito grandes. Não sendo propriamente acaule, porque com o correr de muitos annos, mais de
vinte, apresenta um espique, comtudo nos primeiros tempos de seu viver tem o ha- bitus do tukuma-y e d'ahi vem a denominação indígena. Posto que habitus seja o d'essa especie, comtudo apresenta caracteres nas
folhas, flores, fructos, que o tornam bem distincto. Os fructos assemelham-se aos do tuhumã uaçu (Astr. princeps. Barb. Rod.) e
são muito saborosos, pelo que os naturaes muito os estimam. Infelizmente com a devastação que vae destruindo todas as florestas, esta es-
pecie vae desapparecendo, porque sendo acaule, não é respeitada pela fouce destrui- dora, como d'ella escaparam algumas de espique. Considerando-a nova aqui a apressnto á consideração dos sabios.
Torna-se notável esta especie pela disposição das folhas em cinco ordens muito
regulares. S. A. princeps (Barb. Rod. Enum. Palm. nov. pag. 22 ; Rev.
Hort.n. 2. pag. 25;Gardn. Chronicle, Apr. 1 1876, pag. 442; Kerchove Les palmiers, pag. 242; Mart. Flor. Bras. pag. 387, n. 26, Tab. LXXXI, flg. IV.) Var. a. aurantiaeum Barb. Rod. Sert. Palm. mss. Drupa pyriformis
vértice rotundato piramidato-rostellato 0m,050X0m,033; calyx paulló corollâ majore ; epicarpio tenuissimi viridi-flavescenti laevi striato- rimoso punctato, mezocarpio carnoso aurantiaco efibroso dulci 0m,008 endocarpio osseo ater-brunneo obovoideo basi acuto 0m,002 albumine corneo paulló excavato 0m,006. Indii eam vocünt Tukumá Piririka.
Var. p. flavum Barb. Rod. loe. cit. Drupa globosa compressa apice
rotundato piramidato-rostellata, calyx multo majore corolla 0m,050 X0m,045 epicarpio viridi tenui laevi; mesocarpio carnoso flavo insí- pido 0m,004, endocarpio osseo ater-brunneo globoso compresso basi obtuso 0m,004 ; albumine corneo excavato 0m,006. Indiieam vocantTukumk uaçú rana.
Var y- vitellimim Barb. Rod. loe. cit. Drupa oblonga v. globosa
apice piramidato longé rostellata; calyx sub duplo corollae longitu- dine 0m,040X0m,Q36, epicarpio ochraeeo badio maculato tenuissimi, mesocarpio carnoso vitellino 0m,003 endocarpio osseo ater-brunneo globuloso 0m,003—0m,004; albumine corneo pauló eucavato 0m,005 —Cra,007. Indii eam vocant Tukumá purupurú.
VarS. guIphureumBarb. Rod. loe. cit. Drupa oblongo-globulosa
apice brevi rostellata, calyx corollae longitudine 46X42; epicarpio alboviridi paulló rimoso, mesocarpio sulphureo dulci 0™,0Q4,globu- |
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PALMAE AMOZONENSIS NOVAE
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loso basi acutissimo ater-brunneo ; albumine corneo excavato 0m,005
Om,007 Indii eam vocant Tueumà arara.
HAB. in silvis Rio Negro, propè Manàos, mprov. Amazonas. FructipZ-
cat Jun. vel Jul. Otos. Todas essas variedades crescem nas mattas de nova apparição (capoeiras)
e nos terrenos cultivados da cidade de Manáos, sempre isoladas, não attingindo o porte da especie typica, que cresce nas immediaçSes de Villa Bella da Imperatriz, hoje Parintins. O habito é inteiramente igual, havendo differenças apenas nos fructos. Poder-se-hiam estabelecer quatro especies como o Dr. Drude o fez involuntariamente com o Astrocaryum tucumáÍA&rt. creando uma nova o A. tucumaoides que não é mais que a especie de Martius cultivada no Passeio Publico do Rio de Janeiro, da qual o Sr. Glaziou, que não conhece a natureza viva da especie de Martius, enviou amos- tras a Drude. Estudando-as ambas, comparei-as e encontrei differença influenciada somente pela cultura. 0 Astrocaryum princeps, vulgarmente conhecido por tukumà uaçu, apresenta variedades que não escaparam ã observação dos selvagens que as distinguem por nomes apropriados e característicos tirados dos fructos. Assim o A. aurantiacum é chamado tukumà piririha, que significa o tàhumã que se abre ou cuja pelle (epicarpo) se fende ou se rompe ; o vitellinum è o purupurü, isto ó, ó manchado maculado, o sulphureum, o arara, porque a côr do mesocarpo é, a da arara amarella scientificamente conhecida por ara arauna. Todos esses fructos são procurados pelos naturaes, que muito os apreciam, comendo-os com farinha. O mesocarpo é polposo e oleoso. Gen. ACROCOMlA Mart.
Acrocomia microcarpa Barb.Rod. I. cit. n. 5(59.Caudex ex-
celsus cylindricus vaginis petiolorumque basibus dum novus obtectus post internodiis paullò aculeatis annulis approximatis; folia multa contemporânea cernua crispata ad petiolos et rachi aculéis atris hor- ridis sparsim armata densè tomento fusco ad basin obtecta ; foliolis op- positis irregulariter dispositis subtus pallidioribus v. glaucis laevibus linearibus acutis ; spadix maximus nutans, spathâ lignosa lanceolatâ rostrata tomento denso fusco tectâ ; drupa mínima globosa laeviter puberula monosperma olivaceo-flavescens. Caudeoc 5m.10X0m,25—0m,30 altus. Folia multi contemporânea, 3m,50
— 4™, lg., in comam densam crispatam congesta ; petiolo lm,45 lg., supra concavo, subtus convexo, supra plana aculéis erectis armato 0m,01—0m,09 íg., rachi ad basin subtus convexa lateraliter concava, apicem subtus convexa, sopra carinata; folióla regulariter et equidis- tante disposita, inferiora0m,50X0m,006 lg., media0m,60X0m=0261g. superiora0m,20X0m,05 lg., 124 utrinque. Spatha exterioramihi igno- ta ;interiora lm,X0m.18—0m,28; spadix 0m,30—lm lg., pedunculi compressi, tomento albo obtecti, recurvi, 0m,40 lg., aculeati, aculéis nigris, compressi, 0m,01 ~0m,02 armati; rachis 0m,4 lg. ramos 300— 400 contemporaneis 0m,20—0m,25 longos, incluso eorum pedicello 0ra,03—0m,04 lg., mutua pressione angulatos, 0M,004—0m,005 in diam. Flores mase. 0m,006—0m,007 lg., calyce quam corolla 7-plo breviore, sepalis lanceolatis, acutis; petalis lanceolatis, subacutis, ápice cuculatis ; antheris excertis; germinodio mínimo oblongo, trí- fido. Flores fem. recti v. purum obliqui 0"1,009 lg., 3—6 contem- |
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PALMAB AMAZONENSIS NOYAE
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poraneis; calyce corollâ triplo minore sepalis subreniformis; petalis
convolutis, lati-reniformibus, acutis, imbricatis, cum androceo rudi- mentalis urceolato sex dentato cohaerentibus; ovario cónico puberulo, sepalis paullô majore. Drupa globulosa, compressa, in vértice bre- vissime mucronulata, 0m,03X0m,281g., epicarpio cartilagíneo, 0™,001 . crasso, mesocarpio miniato, gommoso-pulposo, 0m,005 crasso, endo- carpio osseo,0m,018—0m,020 diam. et 0m,003 crasso; albumine solido; embryo oblongo-cylindricus. HAB. in Rio Urubú, prope Çarakà in prov. Àmaz. Flor Jan. Fruci.
April. Mobkayà-y in lingua generali. Otos, Entre as Acrocomias conhecidas, que não passam de tres, a especie em
questão é hoje muito rara e apenas quatro exemplares conheço em uma só locali- dade do Amazonas, no districto de Silves, no logar denominado « Enseada » próximo á foz do rio Urubú. Pelas folhas, espatha, flores e fructos distingue-se bem esta especie das que desde minha infancia conheço do Rio de Janeiro, Minas Geraes e Per- nambuco, onde o vulgo as distingue pelos nomes de Coco de catarrho e Mahaüba ou Mahayba e Mokayá. A proposito do primeiro d'estes nomes, cumpre-me aqui esclarecer um engano
do professor Oscar Drude que disse que se originava por ser empregado contra affec- tiones catarrhales, quando o nome se deriva da polpa gommosa amarellenta que contém o mesocarpo que muito se assemelha, quando mastigada, ao catarrho humano, A especie de que trato comparada com as descriptas, approxima-se da glaueo-
phylla, de Drude, no que pude comparar, somente pela espatha, afastando-se pelas folhas e pelos fructos. O porto é semelhante ao da sclerocarpa,de Martius e nada tem de semelhante á figura que o mesmo palmologo nas suas tabulae physiognomicae (XXIII) apresenta, que o sabio monographo da Flora Brasiliensis pergunta se pertencerá á sua glaucophylla. Essa figura bem representa a especie que o mesmo Drude deno- minou intumescem, (a Makaubá) que é o cocos ventricosa que o Dr. Arruda Câmara descreveu na sua Centuria das Plantas de Pernambuco, e que vem em sua Disserta- ção sobre as plantas do Brazil, publicada no volume IX (1841) á pags.274 do Auxilia- dor da industria nacional que se publica no Rio de Janeiro. Esta especie vi em Pernam- buco ,• é de todas a mais elegante. O indígena- que denomina as suas plantas por ca- racteres botânicos que lhe saltam aos olhos, distingue também esta. Elle denomina a uma Mokayá e a outra Mohayd-y ou Mokayá pequeno, como separa o inayá do inayá-y. O nome Mokayá é composto de mobha e yuà, isto é, fructa que arrebenta, referencia que faz ao fructo, que, para ser comido, deve-se arrebentar o epicarpo. |
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Gen. SYAGRTJS Mart.
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Syagi-us Chavesiana (Barb. Rod. I. til. n. 267. Beccari, Mal-
pighia, I, Fase, VIII.) Caudex parvus remóte annulatus vaginis denudatus; folia erecto-patentia arcuata, foliolis per acervos 2—4 orum congregatis alterais lineari-lanceolatis acuminatis ; spadices androgini; spatha inferior inferiorè bialatâ tomento brunneo ad basin obtectá, superior fusiformis mucronatis ; ramis plurimis tenuibus ; flores mase, calyce minutíssimo, petalis lanceolatis acu- tis coriaceis ; staminibus monadelphis inclusis, germinodio minutís- simo tridentato; flores fem. mase, paullò minores irregulariter ovoi- dei calyce corollam convolutam includente coriáceo, androeceo magno urceolato sexdentato paullò germine minore, germine subgloboso |
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PALMAE AMAZONENSIS NOVAE 109
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stigmatibus sessillibus apiculato; drupa oblonga ad basïn rotundata in
vértice cónico subumboriata, endocarpio utrinque acuto oblongo extus inter foramina poroso lare vittato, intus vittis latis cum prioribus al- ternantibus laevibus nitentibus ; semine trígono ellipsoideo vittato ; embryo rectus. Caudex2—3 met. altus vix 0m,10—0m,12diam., ligno versus periphe-
riam duríssimo, flavo. Folia 20 contemporánea, adulta, 3m,90 lg.; vagina reticulato-filamentosâ, tomento cinnamomeo obtectâ0m,301g.; petiolo 0m,40—0,501g.; anticè silicato, tomentoso, rachi 2m,60 lg., subtus convexa, in facie superiore carinaiâ, sectione transversali triangulan; foliolis 90—95 utrinque, 36—38 gregariis dispositis, in- ferioribus linearibus, acuminatís, 0m,75X0m,0l lg., mediis latioribus, 0m,87X°m;04 lg., superioribus minimis, 0m,28X0m,01 lg. nervo medio supra elevato. Spadices 2—3 contemporaneis, lm,05 lg., pedúnculo 0m,801g., tomento cinéreo obtecto, rachi 0"\25 lg., ramos 36—40 excerentes 0m,36—0,55 lg., bracteâ tridentatâ; spathâ exteriori 0m,751g., interiori lm,10 lg., extus longitudinaliter striatà. Flores mase, ochroleuci 0m,009—0m,010 lg., caiyee trífido, laciniis acutis; petalisconcavis, acutis, staminibus, feré duplo majore, includentibus, fem. 0"\006 lg., virescentes, in spadice andrógino a basi ramorum usque ad ápice cum 1—2 mase, consociati. Drupae 0m,055X0,030 —0m,038 lg.; mezocarpio fibroso, mucilaginoso ; semine 0"',025— 0,035X0"\017—0m,021 lg.. HAB. in silvis propè Manáos. Fructif. Januarii. Incolae Pupunha-
rana nuncupant. OTbs. Em 1873 tive occasião de descrever uma palmeira que então se encon-
trava facilmente nas mattas dos arredores de Manáos, hoje destruidas, á qual dei o nome de Cocos aequatorialis, por não pertencer ao genero Maximiliano,, para o qual a levou Spruce classificando um individuo que encontrou na foz do Rio Negro, com o nome especifico de Inajai, agora apressnto uma outra, que com aquella cresce e que por poucos exemplares é hoje representada, porque a destruição que fez, quasi, des- apparecer o Cocos aequatorialis, também attingiu a que acima descrevo. O Cocos aequatorialis, (syagrus aequatorialis B. Rod.) l sem razão, foi pelo professor Drude levado à synonimia do C. lnâjai de Spruce, porque mesmo se fosse guiado pelo que publicou em 1877 o Dr. Trail, nas Descriptions ofnew species of palm collecled in tlie Valley of the Amazons, havia de vêr que o mesmo Dr. Trail, se bem que apresente o Cocos inajai como de Spruce, diz nas considerações que faz « Dr. Rodrigues lias gi- ven the name Cocos aequatorialis to this species. Iquote Ms reasons lohich seem to me to need no comment. » Quando o Dr. Spruce no seu herbario corrigisse o engano, não o publicou e o primeiro que o fez fui eu, em 1873, publicando em 1875 dous annos antes do Dr. Trail. A especie de que trato, vivia em sociedade com a outra, como em sociedade vivem différentes Geonomas, Bactris, etc, pelo que então me passou desapercebido as differenças que apresenta, tomando-a por uma e mesma especie. Hoje, porém, que estão fora da floresta, crescendo nos primitivos logares, mas
no meio das culturas, pude e póde-se bem avaliar as differenças que apresentam comparando-as. Não se pode attribuir á mudança de terreno, cultura, e meio diffé- rente porque são filhos das florestas e ambos soffrem a mesma acção do tempo e cresçam em iguaes terrenos ás vezes um individuo junto a outro. Comparando-se as descripções vê-se bem em que uma se afasta da outra. Aqui
não se dá o facto do C. Oeribd do Sul, que pela cultura de centenares de annos modificou a especie typica que ainda se encontra, a ponto de dar logar a considerar- |
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1 Protesto, appendice ao Enumeratio palmaram novarum, Rio de Janeiro, 1879, pag. 33 ;
Le, palmiers, Rio de Janeiro, 1882. pag. 19. |
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se novas especies o que não é mais do que uma modificação devida ao novo meio era
ue, actualmente vivem. Essa modificação deu logar aos pseudo C. aerocomioides e Martiana de Drude.
O nome especifico que proponho, é um d'aquelles a que são obrigados a dar os
que como eu, recebem auxilio, protecção para a sciencia que cultivara, segundo se tem resolvido em congressos. Fundando o Museu Botânico do Amazonas, em lutas com difficuldades de todo o
genero, deve este estabelecimento o poder fazer acquisiçâo de muito material e po- der montar o seu laboratorio ao auxilio relevante que a elle prestou o Exm. Sr. Dr. Ernesto Adolpho de Vasconcellos Chaves, então Presidente da Provincia, facultándo- me e facilitî ndo-me os meios de poder herborisar e trabalhar ; é pois um dever de gratidão perpetuar o nome d'esse benemérito da sciencia, é o que faço, a exemplo de todos que trabalham e teem coração. O notável botánico Eduardo Beccari publicou esta especie, com uma diagnose
sua, feita pelos fruetos que lhe remetti. |
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Gen. ORBIGNYA Mart.
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Oi»bigii5'a> sabulosa (Barb. Rod. loc. cit. n. 484.) Acaulis; folia
3—4 contemporânea concinna arcuata brevissimè petiolata foliolis pectinatis linearibus ad basin paullò attenuatis, ad apicem abrupte et caudato-cuspidatis obtusis; spadices longe pedunculati; masculi femi- neis multo graciliores ramos breves spiraliter dispositos exserenti flores densè onustos staminibus 9—13 intra pétala oblonga acuta evolventibus; spadices fem. masculis robustiores, rachi simplici, floribus mase, distituti; drupa ovoidea vértice umbonato. Folia 1—2 m. lg.; petiolis 0m,30—0m,401g. canaliculatis; rachi lm,20—
lm,60 lg., primum canaliculata, deinde carinata; foliolis utrinque 40—55 inflmis 0m,35><0m,008, mediis Om,40XOm,027, superioribus 0m,lX0m,008. ¿?padz'£cmasc.0m,40 lg.; spathâ superiore crassè li- gnosa, lanceolatâ, ad basin invaginante, mucronata, profundé-sulcaiâ Gxtus fusca, tomento brunneo adspersâ, intus flava dein castaneâ, 0m,25X0m,05 lg.; ramis 14erectis, 0,05lg., dense scrobiculatis. Spadiœ fem. 0m,60 lg., spathâ superior crassè lignosa, lanceolatâ, ad basin invaginante, longe mucronata, profunde sulcata, extus fusca, tomento brunneo adspersâ, intus flava, .dein castaneâ 0m,20X0n\08 lg. ; ramis 3—4 floribus, 17—18 contemporaneis, 0m,03 lg., Flores mase. 0ir*,0121g. calyce brevissimo 0m,001 lg. ; corolía tripétala con- vulata androeceo corollam i/3 aequante discum in fundo floris lati stel- latum formante, antheris oblongo-convolutis, crassis, filamentis inaequalibus circum germinodium longé ovatum trifidum disco in- sertum congestis , flores fem. 0m,0r8 lg. bradeis 2, cordatis, acutis quam sépala triplo minoribus sufulti; sepalis cordiformibus, acutis ápice carinatis, petalis cordiformibus, sépalisque aequalibus, tridenta- tis; urceolo 0m,006 ait.; annulato, brunneo-tomentoso; Stylus ovsttus, tomentosus, stigmatus ante anthesin erectis conniventibus longe ex- certis. Drupa monosperma, ovoidea, umbonata, tomento brunneo adspersâ, enduviata 0m,40X0m,03 lg. ; epicarpioindurato ; mezocar- pio carnoso, paucifibroso, dulci, aurantiaceo; endocarpio ósseo, su- |
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PALMAE AMAZONENSIS NOVAE
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per acuminato, subtus obtuso, 0ra,035X0m,006 crasso, mellino ; al-
bumine Om,020XOraJ011 lg., solido ; embryo obliquus, sub conicus, 0m,005 lg.. HAR. in gregaria in pascuis sabuiosis ad Rio Tarumâ-uaçu, in Rio Ne-
gro, prov. Amazonas. FructifioatMartio. IncolaeInayà-y velKu- ruà-y numcupant. Obs. O tempo e a observação vieram confirmar o que eu disse quando protes-
tei contra a expoliação que tinha soffrido em minhas palmeiras novas. Tratando de meu Cocos aequatorialis que o Sr. Dr. Trail denominou Cocos inajai, depois de ter re- conhecido ser eu o classificador d'esta especie ', em meu segundo protesto assim me exprimi : 2 « Les indiens sont très observateurs, et dans leur langage ils ont, pour « les plantes, une classification très juste. Ils font de la botanique à leur façon, mais «elle sert bien d'auxiliaire au botaniste. Ils emploient pour distinguer les plantes, « des mots tirés de la couleur, de la dureté, de la, forme, de l'utilité, de la grandeur, «etc., comme un botaniste toujours un caractère saillant les guide. Dans le cocos en « question ils ne donneraient jamais le nom de Inayâ-y á la Pupunha-rana, car le « premiar nom veut dire Inajá petit, e le fruit de ce cocos, en outre de n'avoir aucune « ressemblance avec le inayd (Maximiliana regia), est encore plus grand. » O nome Inayá-y não me era conhecido e nunca v> ser applicado a palmeira alguma, quer no Pará, quer no Amazonas durante minha longa estada nessas provincias, até 1875 ; voltando, porém, em 1883 ao Valle do Amazonas, tratei logo de conhecer qual a palmeira que tinha esse nome, porque o Sr. Dr. Spruce não o podia ter inventado. Depois de muitas pesquizas, em Março de 1884, fui achar esse nome no Rio Negro, entre os habitantes de seu affluente Tarumá-uaçú. Apenas o soube, quiz logo ver si o nome inajá-y se identificava ao Cocos que tinha descripto, e qual não foi meu contentamento verificando que não só não era elle dado à minha especie, que Trail quer que seja Inajài, como confirmou a minha opinião de que os indios, em seus no- mes, perfeitamente caracterisam as plantas. Ainda mais, vi que se tratava de uma especie nova que se me offerecia coberta de flores e fructos ! Com effeito, os fruc- tos da especie em questão são muitos semelhantes aos do Inayá (Maximiliana regia Mart.), porém menores, o que na lingua vernácula so traduz por Inayà-y. Vê-se, pois, ainda uma vez que o notável professor de Aberdeen ligou o nome vulgar de uma especie a outra mui différente. Deu nome vulgar de uma Orbignya a um Cocos! Grato sou, comtudo, ao Sr. Dr. Trail, porque, se não fosse elle não teria eu mais esta especie nova que encontrei, levado pelo nome vulgar que m'a deu a conhecer. Ella veio dar-me mais uma confirmação favorável á classificação indígena. Em outros logares, como no Tarumá-uaçu, no próprio Rio Negro, os indios dão a esta palmeira também o nome de huruã-y, isto é, huruá pequeno, e com muita razão. A planta tem na verdade o aspecto de um kuruá (Altalea), porém menor, não só no" porte como nos fructos. Ambos os nomes são, pois, bem applicados a essa palmeira, semelhante ao huruá, porém menor (y) e com fructos parecidos aos do inayà, porém pequenos. Nunca teve nem terá, pois, o Cocos (Syagrus) aequatorialis o nome de inajá-y, que foi dado por Spruce, quando o achou e publicou como Maximiliana 3 e por Trail, quando, dopois de mim, o levou para o genero cocos. Não sendo praxe estabelecida em botânica dar-se para nome scientifiCo de uma especie o vulgar que faz conhecer outra inteiramente différente, razão me dará o Sr. Dr. Oscar Drude vendo-me ainda uma vez reivindicar o direito que tenho ao Cocos aequatorialis, se não por ter descoberto a planta, ao menos por tel-a levado para o genero a que pertence, ao Cocos (Syagrus). Depois de escripias estas observações chegou-me ás mãos o fascículo VIII da
MALPiGHiA, onde o eminente professor Eduardo Beccario, dè Florença, no seu estudo Le palme incluse nel genere cocos, restitue-me o meu Cocos aequatorialis e passa para a synonimia deste o Cocos Inajai de Trail. A pag. 16 do mesmo estudo, que foi tirado em avulso, poder-se-ha verificar o que afflran. |
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1 Journal Soc. Linu. Vol. XI. 1869, pag. 163.
s Les Palmiers. Rio de Janeiro. 1882. Pag. 22.
3 The Journal of botany. Vol. V. 1776,Pag. 80. Obs. 3.
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PALMAE AMAZONENSIS NOVAE
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MAXIMILIANA Mart.
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Maximiliana longirostrata. (Barb. Rod. I. cit. n. 900.)
Caudex procerus petiolis superne persistentibus foliis amplis erectis pinnatisectis, foliolis 3-4 aggregatis in gregibus suboppositis. Spadix. maximus, masculus androgynus spathâ supra profunde sulcatâ lon- gissime rostrata, rostrum anceps acutum ; flores mase, plurimi con- ferti graciles, calyce minutissimo, corollâ subcylindricâ, staminibus 6 epitaJorum filamentis corollae majoribus quam antherae triplo bre- vioribus; flores fem. 5 — 10 in ramis androgynis dense aggregati ovoideo-oblongi, calyce vix 2/3 corallam aequante, sépala mucronata, androcei abortivi cúpula í/s corollae aequante sex dentato ; drupa su- pra basin induviata oblonga sensim acuminata, pntamine acuminato forarnina a basi remota evolvente bispermo. DESCR. Caudex 4™, 5m ait et 0m,30 in diam., superne petiolis persisten-
tibus in diametrum majorem incrassatus. Folia suberecta, con- temporana 5m—6,1\ lg., petiolo 0m,90 ]g.,costâ4m, 80—5m, lg.; folióla per gregis sub-oppositas, inferiora 0ra,73X0m, 161g., me- diana lm,16X0a\042, superiora 0m,50X0m,015, linearía, oblique acuta, nervo medio super prominente. Spadices 0m,07—0m,08 lg., pedúnculo 0l,1,40—0m,50 lg., compresso, 0m,05 in diam.; spatha inte- riora extusfulvo tomentosa in rostrum 0m,46—48 longum attenuata ; rami plurimi; flor mase. 0m,010—0m,012 lg.; calyx 0m,001 lg.; co- rollâ 0m,003 alta ; filamenta 0,m002 lg., antheras 007—0m,009 lg.; Flor. fem. 0",03 alti, calyce firme convoluto, sépala dorsaliter cari- nata manifeste mucronata. Corolla pétala breviter mucronata?d mar- gines eroso-denticulata androceo 0m,06—0m,007 ait., sexdentato, den- tibus triangularibus. Drupa cum induvia 0m,05X0m,25, mezoearpio albò, insípido; indocarpio 0m,35X0m>017, oblongo acuminato. HAB. in silvis propé Manáos. Flor. Jun et Fruct. Decem.
Otos. Por diversas vezes encontrei esta bellissima palmeira, porém sempre
em occasião que via-se despida de flores e de fruetos. Isoladamente, vi também por vezes os seus fruetos nas maõs de crianças, entre-
tanto nunca pude estudal-a. Ultimamente, encontrando um exemplar, na chácara de meu amigo o Sr. Te-
nente-Coronel Bacury, por elle fiz os meus estudos. Espontaneamente ahi nasceu e ficou, como representante da vegetação que foi destruida quando se preparou o terreno, para a edificação e cultura. D'entre as Maximilianas descriptas, se destacava esta que vivia desconhecida, e
só hoje appareceu augmentando o limitado numero de suas congeneres, achadas no Amazonas, na Colombia e na Bolivia. A spatha d'esta especie ô empregada pelos indios como panella. Para isso mo-
lham-a antes de ser levada ao fogo. Os tapuyos também servem-se d'ella como banheira para as crianças. Os fruetos cujo endocarpo é de um branco sujo, e de um gosto insipido e acre,
distioguem-se facilmente dos da M. regia, que tem o endocarpo amarello e doce. Museu Botânico do Amazonas, Setembro de 1886.
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GENERA ET SPECIES
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Orchidearum novarum
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U
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VOL.
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Genera et Species orchidearum
novarum
AUTORE
J. Barbosa Rodrigues.
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Trim. MALAXIDEAE g PLEUROTHALLIDEAB o„di.
PLEUROTHALIS R. Br.
Hymanodanthae. ¡ Pelaphylla ¿árt. Roa, (i)
a ** Flores solitarüs. « Caule primario brevi, secundario clongnto.
* Spicafoliis minore 1. IMeurothalis longisepal» Barb. Rod. Icón des Orch.
du Brés. Pl. 849. (2) Caule secundario ad basin uni-articulato, subtriangulare, antice sul-
cato, erecto, foliis majore ; folio lanceolato, tridentato, erecto ; scapo sub-nullo ; sepalis, superiore lineare-oblongo, acuto, basi concavo ápice convexo, inferioribus duplo miuoribus latioribus, ápice bideutato ; petalis sub rhomboïdalibus, marginibus dentatis, acutis, sepalis minoribus, labello trilobo, lobulis lateralibuserectis, miuimis, marginibus argute denticulatis, lamellae carnosis erectis, papillosis, lobo medio linguilbrmi papuloso. Gjnostemio clavato — montoso, ápice denta to. |
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1 Genera et gpeci&i orchidiirnm nyvarum, II, pag. 9.
2 Conj ó titulo Iconographie des Orçh idées du Brésil, conserva-se ined'ta a obra que
contém as descripco.s e as estampas, copiadas do natural, e acompanhadas dos detalhoi bo- tánicos. Comprebende não só as especies do Genera et Spccies orchiCcarum novarum, como tambeni as publicadas por outro-* autores. Tem figurado C3sa obra era varias exposições nacionaes. Do Al.TOlt.
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116 GENERA ET SPEOIES ORCHIDEARUM NOVARUM
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HAB. perto ãs Uatukurà, no rio Yauapery, affluante do rio Negro,
provincia do Amazonas. Floresce em abril. Otos. Os sépalos desta espesie são amarellos; o superior trilinhado de oscuro
e os inferiores trilinhados com a base da mesma côr. Os petalos são amarellos unilinhados de pardo, com o tabello violáceo. 2. I». albifloraBarb. Rod. 1. cit. Est. 860.
Caule secundario biarticulato, subtrigono, folio aequale ; folio lineari-
lanceolato, ápice tridentato, erecto, dorso carinato ; spica folio triplo minore, péndula, 4—6—floribus contemporaneis ; sepalis superiore lanceolato, acuto, dorso carinato, inferioribus bi- dentatis, dorso bicarinato ; petalis paulo minoribus, subtrapezo'i- dalibus, obtusis ; labello petalis subaequale, inter lobulis late- ralibus bi-lamellato, trilobo, lobulis lateralibus rotundatis v. oblongis, lóbulo medio linguiforme, acuto, ápice recurvo. Gy- nostemio clavato, marginibus clinandri serrulatis. HAB. nos grandes troncos das mattas do rio Yauapery, provincia
do Amazonas. Cresce em soqueiras. Otos. As flores são inteiramente brancas.
p ** Flores solitariis.
3. I*. Yauaperyensis Barb Rod. 1. cit. PI. 851.
Caule primario repenti triarticulato, squameis ochreatis tecto ; caule
secundario exarticulato, folio longitudine, sulcato ; folio elliptico, ápice tridentato, 0,m 04 X 0,m 02, scapo minimo ; sepalis, superiore lanceolato basi attennato, sulcato, ápice convexo, recurvo, in- ferioribus triplo latioribus, basi excavato intus argute granuloso connatis, ápice bidentatis ; petalis oblique rhomboidalibus, mar- ginibus serratis ; labello unguiculato, trilobo, lobulis lateralibus acutis, erectis, laevis, lamellae carnosae, erectae, laevis ; lobo medio papuloso, marginibus ciliatis. HAB. perto de Chichiuahu, no rio Yauapery, affiuente do Rio Negro.
Floresce em abril. Otos. Os sépalos são brancos Unhados de violeta-vinhoso, com os ápices intei-
ramente desta ultima côr ; os petalos são róseos unilinhados de violeta-vinhoso ; sendo também desta ultima côr o labello. 4. I*. jrosephensis Barb. Rod. 1. cit. PL 825.
Caule primario repenti ; caule secundario paulo minore folio, antice
excavato, uniarticulato ; folio, lanceolato, ápice tridentato ; flore solitario ; sepalis superiore ligulato, acuto, erecto, ápice subrecurvo, |
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GENERA ET SPECIES ORCHIDEARUM NOVARUM
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quinquelignato, inferioribus connatis usque médium, acutis, con-
cavis, dorso bicarinatis; petalis lanceolatis, acutis, basi attenuatis, marginibus in apicem sub-serratis ; labello basi utrinque unidentata, in centrum calloso, trilobato, lobulis lateralibus, minimis, argute dentatis, subrotundis, erectis, medio linguiformi, obtuso. Gynostemio claviformi, clinandri marginibus dorso dentatis. HAB. nas rochas dos logares húmidos da matta da Serra de S. José
d'El-Rei, provincia de Minas Geraes. Floresce em Agosto. OTbes. Sépalo superior verde quinquelinhado de púrpura-escuro; inferiores
da mesma côr com 6 linhas. Pétalas verdes e trilinhados da mesma côr ; labello verde com veios purpureóse trilinhado. Esta especie é muito próxima á P. translúcida.
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LEPANTHES Sw.
Longicaulae Barb. Roa.
a. Scapo elongato fractiílexo folio majore.
1. Ju. Yauaperyensis Barb. Rod. 1. cit. PL 846.
Caule secundário cylindraceo, biarticulato ; folio duplo majore caule,
elliptico ad basin attenuato, ápice tridentato, convexo basi sulcato ; scapo filiforme, fractiílexo, unifloro, inflorescentia indefinita ; se- palis, superiore elongato, acuto, concavo, dorso corinato, ápice recurvo, inferioribus connatis, ápice retuso, concavis ; labello sub panduriformi, ápice truncato, unguiculato, centrum pubescente, dorsaliter trilamellato. Gynostemio ad basin mentoso, clinandri marginibus cuculla tis denticulatis, antice exeavato. HAB. nas cascas das arvores das mattas do rio Yauapery, perto de
Chichiuahu. Floresce em Abril. Olbs. As flores teem os sépalos amarellados, manchados de um escuro pur-
puroo. a. * Floribus multi-contemporaneis; sepalis inferioribus connatis.
2. L* Blumenawü Barb. Rod. 1. cit. PI. 822.
Caule secundario cylindraceo-clavato, uniarticulato, antice sulcato, folio
minore; folio oblongo-lanceolato, ápice obtuso, basi, conduplicato, sulcato, erecto ; scapo triplo majore folio, erecto fractiílexo, mul- tifloro ; floribus 4 a 6 contemporaneis, secundis ; sepalis, superiore ápice recurvo, convexo obtuso, dorso carinato, concavo-sulcato ad basin, ad médium piloso, inferioribus connatis usque ad apicem, bidentato, concavis ad basin, ad médium compresis, pilosis, margi- |
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GENERA ET SPECIES ORCHIDEARUM K0VARÜ-M
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natis, geniculatis, dorso bicarinatis ; petalis unguiculatis, rliomboi-
dalibus, acurainatis ; labsllo lanceolato, recurvo, subacuto, apice carnoso-granuloso, silicato. Gynosternio claviformi. incurvo. cli- nandri marginibus denticulatis. HAB. o Tubarão, perto de Itajahy, provincia de Santa Catharina. Flo~
resce de Março a Maio. Obs. Caule vermelho escuro ; flores esverdeadas com os sépalos trilinhados
na base e manchados de carmim escuro no apice. Petalos trilinhados ; tabello trili- n liado na baso o manchado no apice. |
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a. Plantão mediocris.
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3. L. funérea Uarb. Rod. 1. cit. PI. 813.
Caule secundario minimo, folio triplo minore ; folio lanceolato ad basin
attenuatissimo, apice tridentato, erecto, scapoerecto, apico breviter fractiflexo, unifloro, inflorescentia indefinita ; sepalis, superiorc lanceolato, acuto, dorso carinato, erecto, inferioribus aeq.iialibus, ad basin coalitis, apice recurvis ; petalis duplo-minoribus, lanceo- latis, acutis, apice recurvis, labello duplo majore petalis, trilobo, lobulis lateralibus minimis, erectis, truncatis, medio linguiforme, recurvo. Gynosternio clavato, apice cristato, lateraliter unidentato. IIAB. os ramos delgados das arvores das maltas do rio Yauapery.
Floresce em Março. Olbs. Todo o periantho é cor de borra do viuho carregado.
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Brevicaulae. Barb. Rod.
p. ** Sepalis basi conaatis laevis.
4. I., plurifolia Barb. Rod. 1. cit. PI. 852.
Planta mediocris, caespitosa ; caule secundario sub millo ; folio oblanceo-
lato, ápice tridentato ; scapo duplo folio majore, ápice fractiflexo, erecto, flliformi ; floribus 10 - 12 contemporaneis, distichis, al ter- nis, sub-secundis ; sepalis, superiore lanceolato, aícuminato, con- cavo, laeviter carinato, apice recurvo, inferioribus connatis apice bidentatis, acutis, recurvis, carinatis ; petalis duplo minòribus, oblongis, obtusis ; labello oblongo, laeviter subtrilobo, apice sobro- t.undo, billamellato, inter lamellae pubescente ; gynosternio cla- vato, apice tridentato, ad basin mentoso. |
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GÊNERA ET SPEClÉS ORCHIDEARÜM NOVARÜM 1Í9
HAB. em soqueiras nos troncos das arvores das florestas virgens
do rio Yauapery, afflwnte do Rio Negro, provincia do Amazonas. Floresce em Março. Olbs. Todo o periantbo é branco amarellado. As folhas teem 0,m05 — 0,03
X 0,005 — 0,006. As flores teem 6 mili, de extensão. |
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Phyllocaulae Barb. iio<i.
«. Scapo elongato fractiflexo. Inflorescentia indefinita.
5. tu. qmartzicola. Barb. Rocl. loe. cit. PL. 829.
Caule secundario 6-arüculato, squameis tecto ; squameis vaginantibus,
striatis atque ostio explanato ovato, marginibüs ciliolatis ; folio caule secundario minore, oblongo, ápice tridentato ; scapo triplo majore folio, fractiflexo, uni-blifloro ; inflorescentia indefinita ; se- palis superiore subrotundo, acuminatissimo, basi concavo, ápice recurvo, inferioribus connatis basi usque ápice bidentato, lanceola- tis, basi concavis, ápice recurvis ; petalis sepalis minoribus, cunca- tis, ápice emarginato dentato, erectis ; labello recurvo, trilobato, lobulis lateralibus unciformibus, erectis, minimis, medio lingui- formi, obtuso, convexo, ad basin bicalloso. HAB. nas pedras das florestas da serra de S. José d'El-Rei, provincia
de Minas Geraes. Floresce em Agosto. Ofos. Sépalo superior amarello-óca, trilinliado de purpura; inferiores da
mesma côr, quadrilinhados ; labello da mesma cor, quadrilinhado. ¡3. Scapo erecto; floribus multo contemporaneis
6. L.. densiflora Bar. Rod. loe. cit. PL. 828.
Planta pusilla, caespitosa. Caule secundario folio paulo minore, triarticu-
lato squameis tecto ; squameis vaginantibus, striatis, ápice dilata- tis lato-lanceolatis acutis, marginibüs pauci-fimbriatis ; folio oblongo, ápice tridentatis ; scapo filiformi, erecto, multifloro ; flo- ribus compactis, distichis, alternis; sepalis superiore ovato-acumi- nato, concavo ad basin, ápice recurvo, inferioribus minoribus, con- natis usque ad apicem, bidentatis, revolutis, basi concavis ; petalis minimis, reniformibus, concavis ; labello sepalis inferioribus paulo minore, lanceolato, sub-acuto, ápice recurvo, basi concavo-striato. HAB. as arvores dos lugares sombrios e húmidos da malta que
circunda o cume da serra de S. José d'El-Rei, provincia de Mi- nas Geraes. Floresce em Junho e Agosto. Otos. Sépalos amarello-esverdeados, com o ápice purpureo. Petalos amarello-
esverdeado; labello purpura. |
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120 GENERA ET SPECIES ORCHIDEARUM NOVARUM
y. Seapo sub nullo 1-4 contemporaneis. Floribus solitariis
7. JL. cryptantha Barb. Rod. loo, cit. PI. 838.
Gaule secundario folio majore, teneritate tecto vaginis imbricatis, nervu-
ris parallelis salientibus, pubescentibus, quinqué articulato ; folio elliptico, marginato, apice tridentato ad basin contorto; scapo sub nullo, 1—3 contemporaneis, uni-bifloro ; floribus, minimis ; sepa- lis, superioro lanceolato, acuto, concavo, erecto, inferioribus basi connatis, saccatis, acutis ; petalis minoribus, oblongis, acuminatis- simis, marginibus serratis ; labello linguiformi, obtuso, margini- bus arguto ciliatis, in médium depresso, minimo ; gynostemio clavato, mentoso, clinandri marginibus denticulatis, apice cristato, lateraliter unidentato. HAB. o tronco das arvores das florestas do rio Yauapery, provincia do
Amazonas. Floresce em Março. Otos. Os sópalos são brancos, de apice violáceo. Petalos brancos unilinhados
de violeta. Labello violáceo. |
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STELIS sw.
Patuliflorae Barb. Rod.
a. Scapo folio majore * floribus monosepalis 1. S. plurispicata Barb. Rod. loe. cit. PI. 847,
Caule secundario cylindraceo, folio minore, uni-articulato, novo squamâ
invaginante acuta tecto; folio oblongo, basi attenuato, apice triden- tato, erecto; spatha brevi, lanceola ta, acuta, compressa ; scapo folio majore, 1—4 contemporaneis ; floribus secundis ; sepalis basi con- natis, superiore majore, oblato, acuto, convexo, inferioribus subro- tundis, acutis, omnia puberulis ; petalis oblato-sagittatis, obtusis, carnosis, minutis ; labello petalorum eadem longitudine, carnoso, cucullato, centro sulcato, apice obtuso, marginibus lateralibus erectis ; gynostemio minutíssimo, clavato, clinandri marginibus sinuato. HAB. nas velhas arvores das mattas do rio Yauapery, affluente do Rio
Negro, provincia do Amazonas. Floresce em Maio. • ¡il
Otos. Flores verdes manchadas ele purpura. 2. 8. Yauaperyensis Barb. Rod. loe. cit. PL 861.
Caule secundario cylindraceo, biarticulato, triplo folio minore ;
squamâ longa, invaginante acutâ tecto; folio oblongo, basi atte- |
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GENERA ET SPECIES ORCHÏDEARUM NOVARUM 121
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nuato, ápice tridentato; erecto ; spatha brevi-lineari lanceolata,
acuta; scapo folio majore ; sepalis connatis aequalibus, triangula- ribus, subobtusis, convexis, laevibus ; petalis carnosis, oblatis, apice emarginatis ; labello carnoso, centro sulcato, marginibus erectis, apice incurvo apiculato, gynostemio minimo, clavato, apice cristato, crista incurva. HAB. as velhas arvores do rio Yauapery, provincia do Amazonas.
Floresce em Abril. Otos. As flores são verdes.
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MASDEVALLIA R*. Pav,
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M. Yauaperyensis Barb Rod. loe. cit. PL 836.
Caule segundario nullo ; folio oblanceolato, erecto, subacuto;
scapo folio longitudine ; sepalis connatis, cupuliformibus, cum aristis longe-productis, recurvis ; petalis carnosis, antice cana- liculatis, postice convexis, unidentatis in marginibus externis, apice truncatis, apiculatis ; labello recurvo, unguiculato, sulcato, lateraliter in médium bicalloso ; gynostemio erecto, mentoso. HAB. em soqueiras nas arvores das maltas húmidas do rio Yauapery
Floresce de Janeiro a Março. Olbs. Os sépalos são brancos trilinhados de purpura, com arestas amarellas ;
labello branco levemente manchado de purpura ; gynostemio branco na parte posterior e purpura na anterior B' uma especie lindíssima. |
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OCTOMERIA R. Br.
Planifoliae b Rod. .-'-
a, Floribus fasciculatis, raro solitariis, sepalis liberis.
Macrophyllae. b. Pauciflorae. * Foliis carnosis. 1. Octomeria xanthina Barb. Rod. loe. cit. Pl. 842.
Planta caespitosa ; caule primario sub nullo ; caule secundario
cylindraceo, erecto, quadriarticulato, folio longitudine ; folio oblongo ad basin attenuato, apice, obtuso, erecto ; floribus 1-2 coae- taneis ; sepalis petalisque conformis, lanceolatis, acutis, recurvis ; labello late unguiculato, trilobo, lobis lateralibus erectis, falcatis, obtusis, lamellis antice convergentibus, erectis, lobo medio rhom- boidali, emarginato, recurvo. vol. i. 16 |
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123 GENERA ET SPECIES ORCHIDEARUM ÑOVARUM
HAB. os troneos das arvores velhas das maltas do rio Yauapery, perto
de Tauakuera. Floresce em Março, Olbs. Todo o periantho é araarello, menos o labello que tem as palhetas cor
de vinho. |
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Teratefolias Barb. rua.
p. Micix>phyllae. ** Sepalis inferioribus liberls", 2. O. Yauaperyensis Barb. Rod. loe. cit. PI. 837.
Caule primario uullo ; caule secundario triarticulato, cylindraceo-
complanato, sub triplo folio majore ; squameis ad basin tecto ; folio cylindraceo , antice plano longitudinaliter sulcato, acuto, incurvo ; floribus 1-2 coaetañéis ; sepalis liberis, superiore lanceolato, acu- to, erecto, inferioribus oblique lanceolatis, acutis latioribus ; petalis lineari-lanceolatis, acutis, erectis ; labello trilobo, cura duabus callis carnosis inter se, lobulis lateralibus, erectis, acutis, lobo medio oblongo, acciso, cuín tribus carinis carnosis ellevatis ; gynostemio erecto, clinandri marginibus crenatis, rostellum, eminens, convexum. Polliniis 4-6 coaetaneis. HAB. em soqueiras nas arvores dos arredores do rio Chicliiuahu,
no rio Yauapery. Floresce em janeiro e, algumas vezes, cul- tivadas, alé maio. Olbs. Os sépalos e os petalos são amarellos e o labello "violáceo marginado
Ue amarello. O gymuostemio é manchado de violeta. Especio muito notável. |
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EPIDENDREAE u
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EPIDENDRUM Linn.
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Encyclium § hymenochila i-mai.
«. Lobo intermedio acutissimo v. acuminato. Lindl. 1. Epitiendrum Yauaperyense Barb, Rod. 1. cit. PI. 855.
Pseudobulbis conicis-eloiígatis diphyllis ; foliis elongatis acutis ; scapo
paniculato 1—3 pedali. foliis minore ; sepalis oblongis, acutis ad basin attenuatis ; petalis oblongis, acutis, unguiculaiis, incurvis ; labello sepalis paulo minore, trilobato, lobulis lateralibus alifor- mis, ápice recurvis obtusis, striatis, gynostemium basi amplectens, |
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GENERA ET SPÈCIES ORCHIDEARUM NOVARUM 123
lobo medio majore lanciforme, acutissimo, ápice recurvo, longi-
tudinaliter ondulato-striato ; gynostemio lateraliter compresso ; anthera cristata, emarginata. HAB. as arvores das mallas virgens do rio Yauapery. Floresce em
março OTbs. Sépalos e petalos verdes, labello com lobos lateraes, amarellos com
linhas purpureas, eo medio branco com bordos amarellos. Gynostemio amarello com linhas purpureas. 2. E. Rnndii Barb. Rod. I. cit. PL 841.
Pseudobulbis conicis, rugosis, diphyllis ; foliis elongatis, oblique acutis;
racemo foliis minore, erecto, paucifloro ; floribus magnis ; sepalis oblongis, acutis, ondulatis, reflexo-incurvis ; petalis obovalibus, unguiculatis, ondulatis, reflexis ; labello sepalis majore, trilobo, lobulis lateralibus oblongis, magnis, acutis, ápice recurvo, lobo medio reniforme, emarginato, magno. HAB. as mallas de Teñó, rio Solimões. Floresce em outubro.
Ofos. Sépalos e petalos levemente striados de carmin ; labello branco com
veias pronunciadas de carmin. As flores muito cheirosas murcham somente depois de 4a G semanas. Especie notável. Dedicada ao Sr. EDWARD SPRAGUE RAND, autor das « Flowers for the parlor and garden » e das « Orchideas » que descobrio-a e delia fez-me communicação. Lanium unai.
3. E. Yatapuense Barb. Rod. I. cit. Est. 834.
Caulibus ramoso-pseudobulbiferis, articulatis ; pseudobulbis compressis,
anceps, trifoliatis ; foliis envaginantibus, vaginis anceps, oblongis acutis, marginibus recurvis ; scapo erecto, squamato, compresso,- anceps, paniculado ; triplo foliis majore ; floribus minimis ; se- palis oblongis acutis, ápice recurvis ; petalis linearibus, acutis ; labello carnoso, lateraliter complánate, trilobo, lobulis lateralibus aliformibus, acutis, medio linguiforme, majore, recurvo, acuto ; gynostemio mínimo, clavato. HAB. as arvores das praias húmidas do rio Yatapù, onde a en-
contrei em 1873, e no rio Yauapery, onde florescia em janeiro. Olbs. Pouca attenção merece esta especie. Suas flores são inteiramento
verdes e muito pequenas. Planifolia umbellata um.
4. E. nnyrmeeopliorum Barb. Rod. I. cit. Est. 859.
Caulibus caespitosis ápice foliatis ; foliis distichis lanceolatis acutis ; ra-
cemo minimo umbellato ; sepalis, superiore oblongis, concavis, |
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GENERA ET SPECIES ORCHIDEARUM NOVARUM
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acutis, inferioribus latioribus oblique acutis ; petalis linearibus,
acutis, supra gynostemium convergentibus ; labello repaudo, an- tice sinuato, emarginato basi, quadricalloso ; gynostemio cla- vato. HAB. o igapó do rio da Cachoeirinha, em Manáos, provincia do
Amazonas. Otos. As flores são inteiramente verdes e sem attractivos. Torna-se, porém,
notável esta especie pela grande quantidade de raizes que se entrelaçam, formando uma figura espherica, suspensa as lianas, onde cresce, servindo sempre de ninho ás formigas. |
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ORLEANESIA Bsrb. Rod.
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1. O- Yauaperyensis Barb. Rod. I. cit. PI. 835.
Caule erecto cylindraceo, basi squamato, 4 — phyllis ; foliis distichis,
envaginantibus, concâvis, linearibus, oblique acutis ; scapo erecto, longíssimo, paniculato ramis distichis, basi squamato, squameis envaginantibus ; plurífloro ; floribus minimis ; sepalis, superiore oblongo, acuto, marginibus recurvis, inferioribus latioribus; oblique-oblongis, acutis, reflexis marginibus recurvis ; petalis linearibus, acutis, erectis ; labello obovali, subretuso, revoluto. gynostemio sub clavato, mentoso, ápice cristato, antice, sulcato, Ovario pubescenti. HAB. as margens do rio Yauapery, perto de Tanakuera. Floresce em
Janeiro. Otos. As flores têm todas as lacinias vermelhas, côr de vinho. Esta especie
estabelece uma divisão para o genero, pois na especie Amazónica, publicada em 1887, novo!. Io de meu Genera et species, as flores são em umbella e nesta em panícula, cuja haste tem a base semelhante á da inflorescencia do sub genero Amphiglotium das Epidendreaceas. Póde-se, pois dividir em duas secções.
a— Umbellatae.
p — Paniculatae. |
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Tribu. VANDEAE Lindl.
JANSBNIA Barb. Rod.
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Perianthuim clausura. Sépala lateralia basi in calcar elongata. Pétala
erecta, ápice recurva. Labellum corniculatum, indivisum gynos- temio continuum. Gynostemio erecto ovarium continuo sub |
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GENERA ET SPECIÈS ORCHIDEARUM NOVARUM
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calcarato ; clinandrium sub planum ; stigma antico, reniformi,
convexo. Pollinia 2, obovalia, cereácea; cauãiculâ elongatâ, filiformi; glándula minuta. Herbae epiphytae, pseudolbulbosae, pusillae. Folia erecta, carnosa,
acinaciformi. Flores solitarii speciosi albae. A1 primeira vista, este genero, por seu habitus, tem alguma affiini-
dade com o Ornithocephalus Hook. porém ás flores o afastam completa- mente deste, não só pela forma do gynostemio, como pelas pollinias e labello. As flores são enormes relativamente à planta, o que a torna digna de
nota. Pela manhã é muito cheirosa. Os auxilios prestados ao Museu Botánico do Amazonas pelo
DR. JOSÉ JANSEN FERREIRA JUNIOR, presidente da provincia do Amazonas, o tornaram credor da homenagem perpetuada pelo nome genérico desta pequena orchidea. Jausenia cultrïfolîa Barb. Rod. 1. cit. PL 857.
Pseudobullo lenticulari, squameis-foliis, distichis tecto, monophyllo ;
folia acinaciformi, erecta, acuta, basi attenuata ; scapo minuto basilari, unifloro ; ovario trígono, elongato ; sepalis superiore for- nicato, oblongo, acuto, concavo, inferioribus, conformibus, basi in calcar elongato ovarium magnitudine ; petalis sepalisque aequa- libus, ápice recurvo, labello flabelliformi, emarginato, corniculato, basi lateraliter sub saccato ; gynostemio erecto, dorso anguloso, minuto; anthera subglobulosa, uniloculari. HAB. nos galhos musgosos, das mattas húmidas do rio Yauapery.
Floresce em Abril. Olbs. As flores são inteiramente brancas tendo somente o labello veios ama-
relloscôr de ouro. |
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CYCNOCHES Liudi.
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Gycnoches pentadactylon LindL, Bot. Reg. XXIX. 1843.
tab. 22 mise. 26: Barb. Rod. 1. cit. PL 866. Caule erecto 1 — 3 — floro ; sepalis, superiore lanceolata, acuta, ad basin
attenuata, concava, erecta, ápice recurva, patentia, inferioribus latioribus paulo minoribus ; petalis reflexis lanceolatis, subungui- culatis, acutis sepalis latioribus ; labello carnoso hypochilio super convexo, subtus concavo, metachilio transversaliter prominenti, epichilio lanceolato, acuto, subtus concavo. Gynostemio brevi, incurvo, cylindraceo, clavato. HAB. sobre os terrenos do rio Purús, perto de Canutama. Floresce em
Março e Abril. Sépalos, superior branco amarellado largamente mosqueado de ver-
melho-sanguineo, inferiores com o centro maculado transversalmente e |
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126 GENERA ET SPECIES ORCtTIDEARUM NOVARÜM
listrados da mesma cor ; pétalas menores/ porém mais largamente mos-
queadas do que o sépalo superior ; labello branco -marfim com o hypocliilio amarellado. Gvnostemio amarellado finamente mosqueado. OTbs. E' commum entre os catasetum o dimorphismo das flores, produzindo
um mesmo individuo, ás vezes na mesma epoclia, flores com formas différentes que correspondem aos sexos e mesmo ao hermaphroditismo. Assim o catasetum ó o macho, o monachantus a fêmea e o myanthus o hermaphrodita. Não só em hastes différentes se apresentam com différentes fôrmas, como muilas vezes na mesma, como tive occasião de observar. Em gsral o myanthus dá no anuo seguinte ao da florescencia do catasetum e monachantus, que dão simultaneamente. Na restinga do Umirisal e na do Taramú-uaçu, no Rio Negro, onde aos centos crescem exemplares de catasetum, o que aqui descrevo sop o nome de monachantus discolor, vi. todos floridos representando só as duas especies, quando no anno anterior só tinha visto florescer o myanthus. O que se dá com os catasetum, dá-se também com os cyenoches, como já foi observado por Skinner, em Guate- mala, e por Robert Steynner Holford Sq. e referido por Lindley e Darwin. Como verdadeiramente o único brasileiro que a sciencia conhecia é o que Lindley descreveu em 18-43, no Botanical Register, o C. pentadactylon, encontrado depois por mim em 1873 e do qual á única fôrma diagnosticada era a do sabio orchi- dographo inglez, que ó a que apresenta a forma masculina. Depois de decorridos 46 annos sem que se conhecessem outras fôrmas a não ser a já conhecida, se me apresentou elle agora com sua heteranthia plenamente patente em um mesmo individuo. Depois de, em Março, apresentar a forma que aqui diagnostico, tomando-o por especie distineta, em Abril, o mesmo pseudobulbo emittiu dous racemos um com quatro flores e outro com sete, todas idénticas á especie de Lindley. Outro exemplar apresentou um só racemo com doze flores. As flores de fôrma masculina sobre a manhã, exhalara, um cheiro forte de
vanilla. |
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Gen. CATASETUM RiSh.
.'''.'-■■ - ' i
Monachantus discolor Barb. Rod. I. cit. Est. 867. et
Herb. Mus. Bot. Amaz. n. 568. Racemo magno paucifloro (3-5) pseudobulbum triplo superante erecto ;
sepalis erectis, reflexis, oblongis acutis, subtus subcarinatis ; pe-
talis conformibus paulo majoribus ; labello magno-carnoso, ovato,
saccato-cuculato, anticé acuto, lateraliter longe cirrhato. Gynos-
. temio minimo ecirrhato. • ■ -
HA.B. in campis sabulosis ad Umirisal et Tarumà-uaçu in Rio Negro.
prov. Amazonas,. Florehat Aprili. Sépalos e petalos verdes ligeiramente lavrados de roxo, labellò verde
com as margens roxas. ! Olbs. O sabio classificador das Orchideaceas John Lindley descreveu e re-
presentou em seu Botanical Iiegister o Monachantus discolor, do qual o professor Hooker descreveu uma variedade, viridiflorus, no Botanical Magazine que não ó mais do que o M. Bushnani do mesmo Hooker e fimbriatus de Gardner. Estes individuos, comtudo, não representam mais do que um verdadeiro Catasetum como depois o reconheceu o próprio Lindley. O aspecto da flor é o de um Monachantus, mas, quando comparado com a verdadeira fôrma que distingue esse pseudo genero, (fôrma feminina.) vê-se que não ha razão para assim ser considei'ado. Aqui apresento a sua verdadeira fôrma, monachantus, achada conjunetamente com o |
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GENERA ET SP3CIES ORCHIDEARUM NOVARÜM
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Catasetum em um mesmo pseudobulbo e em exemplares différentes, todos cres-
cendo socialmente na mesma região. A haste dos Cataseíwis chega a apresentar 18 flores, emquauto que dos Monachantus, muito mais forte e grossa, só chega a dar cinco, todas quasi com o triplo do tamanho e muito aromáticas, aroma este que chama para ellas grande quantidade de mangangauas (vespas) que entram bojo do labello, facilitando assim a fecundação. |
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CYRTOPODIUM «. Br.
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Clavis Generis
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a foliis plicatis rigidis... C. Andersonii
I-Macrobulbosae...{. ' ,,,,, C. pimctatum
I scapo paniculato bra-
( tais magnis.......... C. ghiliniferum ia foliis plicatis rigidis...
* scapo paniculato ; brac-
teis magnis.......... C. Brandonianum
scapo racemosu; bra-
II — Miorobulhosae... ( cteis magnis.......... G. Jasephense
foliis solitariis v. ge-
minis coriaceisnervatis. C. albiim_______j
* scapo racemoso ; bra-
cteis minimís......... G. Yauaperyense Quando Robert Brown estabeleceu seu genero Cyrlopodium, só conhecia
uma única especie que immediatamente foi seguida de duas outras, cujos caracteres se adaptavam aos fixados pelo celebre botânico inglez. Ultimamente, porém, tendo eu encontrado outras que se afastam completamente das anteriormente descriptas, pela fôrma dos pseudobulbos, não sabendo em que genero incluil-as e não que- rendo tocar em seus caracteres, resolvi estabelecer duas secções : uma comprehendendo as que se adaptam a esses caracteres e outra as que se afastam pelos pseudobulbos e pelas folhas, tendo entretanto as flores bem caracterisadas. A cor das flores da secção- microbulbosae também se afasta. Todas as especies são terrestres e epiphytas, como as da secção macrobulbosae. |
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Macrobulbosas
« ** Scapo racemoso; bracteis magnis.
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] . Ç. «Josepliense Barb. Rod. 1. cit. PI. 864.
Pseudobulbis coniciis vestigiis foliorum vestitis; foliis plicatis lineari lan-
ceolatis, acutis, basi attenuatis, sub envaginantibus ; scapo erecto, racemoso, pseudobulbis majore, bracteis magnis. Floribus luteo- viridis. |
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GENERA ET SPECINS ORCHIDEARMM NOVARÜM
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HAB. os campos arenosos do cume da serra de S. José d'El-Rey, Minas
. Geraes. Floresce em Julho Otos. Encontrei esta especie florescendo em 1881, (') porém a perdi ao voltar de
minha viagem, sem a ter descripto. Emprehendendo uma segunda viagem na época da florescencia, encontrei os campos queimados, obtendo somente 5 indivi- duos, porém sem flores. Estes trazidos para a provincia do Amazonas e ahi cultivados até hoje, não
deram flores, embora todos os annos appareçam rebentos cada vez mais enfraque- cidos. Receiando a morte da planta, dou aqui esta resumida diagnose. Microbulbosae
p * Scapo racemoso; bracteis minimis.
1. C. Yauaperyense Barb. Rod. 1. cit. PI. 832. .
Pseudobulbis aggregatis, conicis, 2-3-plryllis ; foliis elongatis; lineari
lanceolatis, quinquenervatis, acutis ; scapo erecto paulo minore foliis, bracteis minutis, racemoso, multifloro ; sepalis oblongis, ápice rotundatis, incurvis ; petalis subœqualibus, convexis, in- curvis ; labello unguiculato, basi bicristato, trilobo, lobulis late- ralibus rotundatis, erectis, medio minore, reniforme, marginibus recurvis, in médium longitudinaliter concavo ; gynostemio cylin- draceo, claviformi, subgeniculato. HAB. as arvores das mattas húmidas do rio Yauapary, formando
grandes soqueiras. Floresce em Junho. Otos. Os sépalos e petalos são amarellos cor de oca finamente salpicados
de escuro; o labello é branco também salpicado de carmim. BURLINGTONIA Lindi,
1. B. IVegrensis Barb. Rod. 1. cit. PL 839.
Pseudobulbis oblongis longitudinaliter sulcatis transverse rugosis, com-
pressis, monophyllis ; folio lorato, acuto, erecto ; scapo simplice, péndulo, multifloro ; floribus magnis, alternis ; sepalis superiore oblongo, acuto, ápice recurso, basi attenuato-canaliculato, in- ferioribus connatis, ápice acuto, conduplicatis ; petalis sepalisque majoribus, oblique-oblongis, acutis, basi attenuatis, ápice acutis, recurvis, marginibus ondula tis ; labello cum gynostemio parallelo, unque canaliculato, ápice cuneato emarginato, lateraliter crispi- foliato, lamellis 4-jugis, carnosis, quarum anteriores multo lon- giores. Gynostemio gracilis, erecto, teres, clavato, ápice bidentato, dentibus carnosis, erectis, acutis. |
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(') Vide Resultado botanioo de urna breve excursão a S. João d'El-Rey, Minas Geraes.
Revista de Engenharia, 1881. Ns. 4 e 5. |
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GENERA ET SPEGIES ORCHIDEARUM NOVARUM
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HAB. as cuieiras {Crescentia eujete) da povoação de Moura, d margem
direita do Rio Negro, provincia do Amazonas. Floresce em Junho. OTbs. Esta magnifica especie tem as flores, grandes, de um branco supo,
manchado de carmim sujo, com as pétalas raiadas longitudinalmente por fóra e finamente pontuadas de carmim sujo. O labello tem o ápice manchado de carmim e a base finamente pontuada. O gynostemio e branco com a base pontuada e com linhas de carmim. As flores são cheirosas. |
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MAXILLARIA Rz* et Pav,
Acaules
P * Unifloris
1. M. monantha Barb. Rod. I. cit. PI. 826.
Pseudobulbis ovalibus, compressis, rugosis, monophyllis ; foliis lineari-
lanceolatis, acutis ; scapo solitario, pseudobulbum majore, squa- mato, squameis envaginantibus, compressis, acutis, suprema ovario minori ; sepalis, superiore lineari-lanceolato, acuto, erecto, inferioribus latioribus, patentibus, omnibus marginibus recurvis ; petalis multo minoribus, erectis, angustioribus, acutis, convexis; labello trilobo, lobulis lateralibus, subrotuudis, erectis, intus pubescentibus, lobo medio lanceolato, acuto, recurvo, ápice sub conduplicato, callo carnoso, compresso, pubescenti. HAB. as mattas da provinda do Espirito Santo. Floresce em De-
zembro. Otos. Sépalos amarellos eôr de enxofre, pontuados de carmim escuro nos
bordos ; pétalas pontuadas, no ápice, da mesma côr ; labello amarello com os lobos lateraes linhados-pontuados por dentro : gynostemio carmim escuro. 2. M. Yauaperyensis Barb. Rod. I. cit. PL 844.
Pseudobulbis oblongis, compressis, laevibus, monophyllis ; foliis lineari-
lanceolatis, elongatis, basi attenuato-conduplicatis, acutis ; scapo solitario duplo pseudobulbum majore, a squameis quinqué vagi- nantibus embricatis tecto ; sepalis, superiore incurvo navicu- lare mucronato, inferioribus latioribus incurvis, concavis, mu- cronatis, omnia obtusis; petalis sepalis angustioribus, obtusis, mucronatis, concavis ; labello trilobato, minore petalis, lobulis lateralibus erectis, oblongis callo elongato inter se carnoso ele- vato oblongo, lobo medio sub orbiculari, emarginato, recurvo, marginibus ondulatis, intus et extus laeviter pubescenti. vol. ï. 17
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130 GENERA ET SPECIES ORCHIDEARUM NOVARUM
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HAB. os troncos das arvores das margens do rio Yauapery. Floresce
em março e abril. Otos. Os sépalos são amarello carregado ; as pétalas brancas amarelladas ;
da mesma côr o labello com o centro e o ápice do callo amarello côr de ouro e os lobos lateraes linhados de purpura escuro. P ** Plurifloris
3. M. xanthosia Barb. Rod, l. cit.\Pl. 848.
Pseudobulbis oblongis, compressis, monophyllis ; folio lineari lanceolato,
elongato, oblique'acuto; ad basin conduplicato ; scapo 2—6 con- temporaneis, squameis 7 - envaginantibus, carinatis, acutis, prima ovarium paulo minore ; sepalis, superiore lanceolato, acuto, ápice recurvo, intus, convexo, inferioribus latioribus, majoribus oblon- gis, acutis, concavis, j ápice recurrís ; petalis lanceolatis, multo angustioribus, acutis ápice recurvis ; labello elliptico trilobato, lobulis lateralibus oblongis, obtusis, erectis, callo inter se elongato, carnoso, erecto, attenuato, basi pubescenti, lobo medio subro- tundo, emarginato, pubescenti, recurvo. HAB. as arvores das matlas do rio Yauapery. Floresce em abril.
g Otos. Tendo eu perdido a etiqueta desta especie não posso dar a cor exacta.
Lembro-me sómente que é amarella cor de enxofre com o labello branco e carmíneo. |
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QUEKETTIA Lindi.
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Q. ehrysantlia Barí). Rod. 1. cit. PL 858.
Pseudobulbis minimis oblongis, monophyllis ; foliis carnosis, cylindra-
ceis, compressis, antice sulcatis, acutis, elongatis ; scapo erecto folio majore, paniculato, multifloro ; sepalis, superiore erecto, oblongo, acuto, dorso anguloso, ápice recurvo, inferioribus basi subgibbosis, connatis, bifidis; petalis oblongis, sub acutis, ápice recurvis, dorso anguloso ; labello unguiculato oblongo, basi bi- calloso, excavato, ápice acuto, lateraliter plicato ; gynostemio erecto, tereti, subclaviformi, ápice auriculato ; anthera sub-glo- bosa. Pollinia 2, postice excavata, caudicula minuta, lineari ; glándula minuta. HAB. os galhos delgados e musgosos dos logares húmidos de Chichi-
uahú, no rio Yauapery. Floresce em abril. ' . ■ , . , ' \\ '
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Otos. Esta especie por seu porte e flores amarello-douradas, é Superior á
sua congenere descripta pelo fallecido Lindley, em 1835. E' a segunda conhe- cida, representando uma o sul e outra o norte do Imperio. A Ia Q. microscópica Lindl. é do Rio de Janeiro e a 2a, a que aqui descrevo, do Amazonas. |
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GENERA ET SPECIES ORCHIDEAKÜM NOVARUM
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NOTYLIA Lindi.
■IV. Yauaperyensis Barb. Rod. 1. cil. Pl. 862.
Pseudobulbis minimis, oblongis ; folio lineari-oblongo, basi attenuato,
ápice apiculato, ondúlate» ; racemo folio minore, ñútante, pauci- floro ; floribus albescentibus ; sepalis, superiore lanceolato, con- cavo, incurvo, acuto, inferioribus bipartitis, ápice oblique acutis, recurvis ; petalis incurvis, oblongis, acutis, concavis ; labello un- guiculato, sagitato, obtuso, basi sub unguis puberulo ; gynos- temio cylindraceo. HAB. os ramos delgados e musgosos das arvores das mafias
húmidas do rio Yauapery. Floresce em abril. |
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BATEMANIA um.
1. D. Yauaperyensis Barb. Rod. 1. cit. PL 854.
Pseudobulbis ovatis, tetragonis, lucidis, sub-corrugatis, bifoliis ; foliis
oblongis, acutis, basi angustatis, racemus pendulus 2-4 florus; sepa- lis superiore oblongo, acuto, incurvo, concavo, inferioribus majo- ribus, patentibus, marginibus incurvis ; petalis oblongis concavis, acutis,erectis ; labello trilobo lobulis lateralibus oblongis,serrulatis, medio subrotundo emarginato, recurvo, ondúlate, disciin médium laevi. HAB. as mallas do rio Yauapery. Floresce em junho.
\ - ' ' ' - *■ Olbs. — Sépalos e petalos esverdeados, manchados de carmim escuro ; labello
branco. 2. Batemania Petronia.
Petronia regia Barb. Rod. Gen. sp. I. 1878, pag. 107, n. 1.
Estudando melhor esta especie encontrada no rio Yauapery, vi que
ella pertencia ao genero Batemania de Lindley, estabelecido em 1835 e não ao genero Petronia que para ella havia creado. Em consequência disso, aqui corrijo o erro que commetti levando a especie para a syno- nimia. Tribu ARETHÜSEAE Lindl.
SOBEALIA Rz. et Par.
Sobra lia Yauaperyensis Barb. Rod. 1. cit. PL 841.
Plantae caespitosae, epiphytae, caulis tri-quadripedalis, flexuosis, ramosis
teretiusculis, foliis oblongo-lanceolatis, acuminatis, subondulatis quinqué nervosis ; spathae exsertae, acuminatae ; sepalis basi, in |
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GENERA ET SPECIES ORCHIDEARUM NOVARUM
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tubum connatis, longe-lanceolatis acutis, inferioribus lanceolato-
trapezoidalibus, acutis; petalis longe obovalibus, acutis, basi at- tenuatis, latioribus ; sepalis petalisque omnia anthesi revolutis ; labello oblongo, basi bilaminigero, ápice lateraliter sinuato, pro- funde emarginato, marginibus crispifoliatis, ápice recurvo; gynos- temio clavato, apice trilobo, lobulis lateralibus retrorsis, acutis, antice carinato. HAB. as arvores das mattas húmidas do rio Yauapery,- Floresce
em junho. 0*>s. as flores, embora menores que as do S. macrantha, são lindíssimas a
de um lilaz admirável. Murcham com muita facilidade. |
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Tribu GEOBLASTEAE Barb. ROd.
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Pollen extus laeviter cohaerens in massis (polliniis) laevis excavatum,
intus pulvereum granulosum facile solutum, Anthera opercularis, termi- nalis persistens. Herbae terrestres, radicibus fasciculatis rigidis, basi corruga tis apice
carnosis tuberculiformibus, amylum plenis. Folia membranácea in vagi- nam caulem circumdantem expansa. Flores spicati A especie que me obriga a estabelecer esta nova tribu afasta-se inteiramente
• de todas as estabelecidas pelo sabio Dr. Lindley e em nenhuma pôde ser incluida, porque nem as pollinias, nem as flores teem os característicos determinados. So pelas flores é um pouco afim das Neottiaeas. As pollinias são pulverulentas, com o pollen completamente desaggregado,
porém, quando comprimido na anthera, apresenta duas massas ôeas, divididas, cada uma, por um sulco profundo que lhes dá o aspecto de quatro. Este pollen assim se une sem gluten algum, ou caudiculas, apresentando exter-
namente uma superficie lisa de um aspecto ceraceo e internamente a massa granu- losa, destacando-se facilmente os grãos. A materia elástica que liga o pollen das Neottiaeas e das Arethuseas ou a que fôrma a rede do das Ophrideas não existe na planta de que me occupo. Os grãos do pollen isolados são pyriformes. Pelas raizes esta orchidacea afasta-se também das suas companheiras, pois
são mui duras, rigidas mesmo aquellas providas dos tubérculos, que reproduzem a planta. O tecido celular dá-lhes um aspecto carnudo, mas é atravessado este por um feixe de tecido fibroso solidoe muito duro. Todas as células do tecido celular são cheias de amido. A parte inferior das raizes, que são glabras, isto é, a parte que se prende á planta ô inteiramente lenhosa, quadranguiai e transversalmente muito enrugada. Foram estes os principaes caracteres que me levaram a propor a nova tribu
para n'ella incluir o novo genero que, por emquanto, é representado pela única especie aqui descripta, que serve de typo. '. j |
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GEOBLASTA Barb. Rod.
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Sépala superiora subcoriacea, erecta ; lateralibus erectis, cruciatis,
labello suppositis. Pétala translúcida, inter sepalis erupta, recurva.
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133
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GENERA ET SPEOIES ORCHIDEARÜM NOVARDM
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Labellum gygnostemio parallelum, trapezoideum, glaadulis filiformibus
apice oblique obsitum, basi vilíosum. Qynostemio clavato, apice auriculato, semiteres, lateraliter anguloso ;
stigma magnum, convexum. Anthera fixa gyaostemium continua, bilocularis ; pollinia 2 elongata,
extneré suleata, laevis: intus pulverulento-granulosa, extus laevis. Flores spicati.
Herbae terrestres, radicibus tuberculiferis-corrugatis, foliis radica-
libus, tactu mollibus, sub succulenlis. Pelas folhas seria esta planta um Sarooglottis, si as raízes sem pellos não a afas-
tassem, também, pela sua rigidez e rugosidade. A haste coberta de squamas ou bracteas é muito semelhante á dos Spiranthes, porém as flores são inteiramente différentes. O ovario ó liso, lustroso e oboonico. Pelo porte e pelo habitus, parece urna Neotiteas, emquanto que pelas flores se liga ás Vandeas, com pollinias que se não prendem á tribu alguma. O nome Qeoblasta deriva-se de y 9¡ terra, ¡ftaçrávw germinar, pela circunstancia
de ser terrestre, extherantha, e só crescer no solo duro das estradas, batidas pelos passageiros. Especie única.
<5eoI>lustíi Teixeiraaa Barb. Rod. loe. cit. PL 865.
Foliis 2—3 contemporaneis, envaginantibus, extb.eranth.is, oblojigis, a cutis,
planis; scapo erecto squameis envaginantibus embçicatis ïecfo, ^,
unifloro. Sepalis oblongis, acutissímis, conca vis, striatis, erectis, $*$P*^~ infèTioribus cruciatis ; petalis minore sepalis, oblique oblongis, acutis, concavis, apice recurvo-convexo; labello basi gynostemio adnexo, erecto, concavo, basi villoso, anticé ad médium subsqua- mato, marginibus laciniatis in glandulis piliferis erectis et recurvis. HAB. crescendo nos terrenos argilosos e batíaos das estradas de 0u« :'-í
rityba, na provincia do Paraná. Floresce em Outvhro. Os sépalos são transparentes, verdes com veios purpúreos ; as pétalas são bran-
cas com veios da mesma côr dos sépalos, e o labello é cor de vinho escuro, com os pellos do apice brancos e os dos lados pardacentos. Descrevi esta especie em 1881, logo que recebi o exemplar secco, que me foi
communicado pelo Ex.™ Barão de Capanema ; porém só completei o meu estudo no anno seguinte quando recebi exemplares vivos e completos. Esta magnifica e exquisita especie é dedicada ao Sr. Augusto de Assis Teixeira, o que primeiro a en- controu e a esforços do qual devo possuir exemplares perfeitos. Museu Botânico do Amazonas, março de 1886.
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FIM DO PRIMEIRO VOLUME
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INDICE
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A.
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PAGS.
Acaules............................ 129
Acorolliflorae D. G................ 64
Acrocomia Mart..................... 107
— microcarpa Barb. Rod........... 107
Acu ti-kaá........................... 22
ADDENDA.......................... 73
Adenântherae Benth................ 16
Anany.............................. 13
Andirá murukuyá................... 2ò
Andirá-poampé .•.................... 53
ANONACEAE Juss................ 1
Anophoreae Tourn....,............. 44
Anzol do diabo...................... 35
Anzol de lontra..................... 34
APOOYNACEAE Lindl............ 32
ARETHUSEAE Lindl............. 131
Aroyreieae Clioisy................. 59
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PAGS.
ARISTOLOCHIACEAE Lindl...... 70
Aristolochia Linn.................. 70
— chrysochlora Barb. Rod........... 71
— silvática Barb. Rod.............. 70
ASCLEPIADACEAE Lindl........ 44
Asclepiadeae R. Br................ 44
Astrocaryu.yi Meyer................ 101
— aurantiacura Barb. Rod.......... 106
— flavum Barb. Rod................ 106
— horridum Barb. Rod......,...... 104
— Manaoense Barb. Rod............ 105
— princeps Barb. Rod.............. 106
— sociale Barb. Rod................ 103
— sulphureum.Barb. Rod........... 106
— Yauaperyense Barb. Rod......... 103
— vitellinum Barb. Rod............. 106
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Bignonieae Bojer.................... 46
BiaxONia Lim....................... 51
— platidactyla Barb. Rod........... 51
— vespertilia Barb. Rod............ 53
Bochecha de velho.................. 15
Bonnetieae Baill.................... 7
Bredemeyra AVild..................: 5
— Isabeliana Barb. Rod............ 5
BuRLiNGTONiA Lindl................ 128
— Negrensis Barb. Rod............. 128
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Bactris Jacq....................... 97
— bifida Mart....................... 100
— formosa Barb. Rod.............., 99
— Qastoniana Barb. Rod............ 97
— Kricbanã Barb. Rod............. 98
— penicillata Barb. Rod............ 98
— Tarumanensis Barb. Rod........ 100
Batemania Lindl.................... 131
— Petronia Barb. Rod.............. 131
— Yauaperiensis Barb. Rod......... 131
BIGNONIACEAE Lindl........... 46
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/
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o
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PAOS.
GLUSIACEAE Lindl............... 13
Cocoinae Mart..................... 91
Coeos ventrieosa Arr.[ Cam.......... 108
Golioodendrum Mart. e Eich........ 2
CONVOLVULÁCEAS R. Br........ 59
Convolvulineae Meissn............. 59
Cob.ynostyi.is Mart.................. 4
— palustris Barb. Rod.............. i
Couma Aubl........r................ 32
— macrocarpa Barb. Rod........... 32
Cumacaá............................ 45
Cumatê.............................. 31
Cycnoches Lindl..................... 125
— pentadactilon Lindl.............. 125
Cymbopetalum Benth................ 1
— odoratissimum Barb. Rod......... 1
Gyrtopodium R. Br................. 127
— graephense Barb. Rod........... 127
— Yauaperiense Barb. Rod.......... 128
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PA&SÍ
Calyciflorae D. c.................. 18
Canella de yakamim................. 50
Cappareae D. G.................... 2
CAPPARIDEAE Jus.............. 2
Capparis Lin........................ 2
— urens Barb. Rod................. 2
Caraipa Aubl....................... 7
— insidiosa Barb. Rod.............. 10
— Lacerdaei Barb. Rod............. 9
— palustris Barb. Rod.............. 8
— silvática Barb. Rod.............. 8
— spuria Barb. Rod................. 9
Garyocar Lin....................... 11
— toxiferum Barb. Rod............. 11
Catasetum Rich..................... 126
Cipó payé............................ 50
— taia.............................. 3
Claytonia Lin....................... 20
— odorata Barb. Rod.............. 20
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|||||||||||||||
D
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|||||||||||||||
Desmonous nemorosus Barb. Rod___ 94
— Philippiana Barb. Rod........... 95
Dilkea Benth....................... 21
— Joahnesii Barb. Rod............. 22
Disco (o) das Bignoniaceas........... 54
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Datura Lin......................... 62
— insignis Barb. Rod.............. 62
Desmonctjs Mart..................... 92
— caespitosus Barb. Rod........... 95
— macrodon Barb. Rod............. 96
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|||||||||||||||
E
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|||||||||||||||
Elcomarhiza Barb. Rod............. 44
— amylacea Barb. Rod............. 45
Enoyolium Lindl.................... 122
Entaha Adans...................... 18
— Paranaguana Barb. Rod......... 18
Epldendreae Lindl................ 122
Geoblasta Barb. Rod............... 132
— Teixeirana Barb. Rod........... 133
GeolMasteae Barb. Rod'............. 132
Geonoma Willd..................... 91
— Beccariana Barb. Rod............ 91
Gipó-oca............................ 19
|
Epidendrum Lin..................... 122
— myrinêcophorum Barb. Rod....... 123
— Randii Barb. Rod............... 123
— Yatapuense Barb. Rod........... 123
— Yauaperyense Barb. Rõd.......... 122
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||||||||||||||
O
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|||||||||||||||
Grevilleae Lindl........i......... 66
Guilliélma Mart..........1......... 96
— coccínea Barb. Rod............,. 96
— flava Barb. Rod................. 96
— ochracea Barb. Rod.............. 96
— speciosa Mart........,.. .1........ 96
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|||||||||||||||
H
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||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
paos.
122 115 |
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Hyoscyameae Benth. e Hook .,
HIPPOCRATEACEAE Endl. |
62,
15 |
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Hymenochila Lin.........
Hymexocaulae Barb. Rod.
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61
61 |
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ICACINEAE Miers................. 11 I Ipomoea Lin...............
Inayá-y............................. 111 | —supersticiosa Barb. Rod.
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124 | Jansenia cultrifolia Barb. Rod.
K. |
125
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Jansenia Barb. Rod.
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39
32 45 20 |
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Kuacikuala..
Kumá-uaçu.. Kumakaá___
Kumakaá-y.
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70
94 19 38 50 50 50 |
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Kaa pitiú..........
Kamuá.............
Kokidá............
Kokoary...........
Korimbó..........,
Korimbó da matta.
Korimbó uaçú....., |
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Kumaty............................. 31
Kuruá-y............................. 111
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Rod.
|
119
46
47
117 67
67-
33
33
65
65
65
|
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Lepanthes quartzicola Barb.
Leucocalantha Barb. Rod.. — aromática Barb. Rod ....
Longicaulas Barb. Rod.....
Linostoma Wall............
— albifolium Barb. Rod___
LOGANIACEAE Endl......
Longiflorae Prog...........
Louro.......................
Louro-precioso... s...........
Louro-rosa..................
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||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
M
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Maracujá de rato................... 27
Marakuyá........................... 23
Marakuyá rana...................... 24
Marikaua........................... 63
Maeipa Aubl........................ 59
— paniculata Barb. Rod............ 59
Masdevallia Rz. et Pav............ 121
— Yauaperyensis Barb. Rod.......... 121
Maxillaria Rz. et Pav............. 129
— Monantha Barb. Rod............ 129
18
|
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Macrobulbosae Barb. Rod.
Makaiba.....................
Makauba...................
Makakinha namby..........
Malaxideae Lindl.........
Mappieae Becc.............
Maracujá de cobra..........
Marakuyá do igapó.........
Maracuj a de lagartinho.....
— preto....................
Vol. I
|
127
108
108
37
115
12
29
27
29
26
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PACJS.
Maxillaria xanthosia Barb. Rod... 130
— YauaperiensisBarb. Rod.......... 129
Maximiliana Mart.................. 112
— longirostrata Barb. Rod.......... 112
Mbokayá............................ 108
Melombe........................... 71
Mil homens......................... 71
Milhome............................. 71
Microbulbosae Barb. Rod.......... 128
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
m
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|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Namuy..................
Nectandra Roll.........
— elaiophora Barb. Rod.
|
Nhamuy............................ 65
Notylia Lindl....................... 131
— Yauaperiensis Barb. Rod.......... 131
|
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
65
64 64 |
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
O
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Octomeria R. Br.................... 121
— xanthina Barb. Rod.............. 121
— Yauaperiensis Barb. Rod......... 122
Onany.............................. 13
Operculina Manso.................. 60
— violácea Barb. Rod............... 60
Orbignia Mart....................... 110
|
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Orbignia sabulosa Barb. Rod.
Orelha de macaco.............
Orleanesia Barb. Rod........
— YauaperiensisBarb. Rod,.
Osmhïdrophora Barb. Rod... — nocturna Barb. Rod.......
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110
37
124
12a
49
49
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Paca-rupiá.......................... 22
FALMAE Endl..................... 91
Palmae Amazonensis novae.......... 89
Passiflora Lin...................... 24
— amalocarpa Barb. Rod........... 25
— Barbosae Barb. Rod.............. 27
— Cabedelensis Barb. Rod........... 30
— hexagonocarpa Barb. Rod........ 24
— hydrophylla Barb. Rod.......... 26
— muralis Barb. Ròd............... 29
PASSIFLORAE Endl.............. 21
Patuliflorae Barb. Rod........... 120
Pelaphylla Barb. Rod............... 115
Phycosthema (o)..................... 54
Phyllooaulae Barb. Rod............ 119
Pikiá rana.......................... 11
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Pimenta de boto..............
PlNNATAE D. G................
Pirayauara kiynha............
Planifoliae Barb. Rod.......
Pleurothallideae Lindl......
Pleürothallis R. Br........
— albiflora Barb. Rod........
— Josephensis Barb. Rod.... .
— longisepala Barb. Rod.....
— Yauaperyensis Barb. Rod.
POLYGALEACEAE Jus .... Pombinha....................
PORTULACACEAE Juss....
Proteaceae Juss.............
Pupunha.,..................L
Pupunha rana...............;.
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2
66
2
121
115
115
116
116
115
116
5
7
20
66
97
109
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Q
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130
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Quekettia Lindl..................... 130 I Qoekettia Chrysantha Barb. Rod.
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\
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_ 5 —
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||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
JR
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PAG8.
60
66 |
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RocJPALA arvonsis Barb. Rod.
— Yauaperyensis Barb. Rod.., |
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
¡S
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Strychnos Prog..................... 33
— ericetina Barb. Rod.............. 35
— gigantea Barb. Rod............... 37
— Kauicnana Barb. Rod............. 3¿
— lethalis Barb. Rod............... 38
— macrophylla Barb. Rod.......... 33
— Manaoensis Barb. Rod........... 36
— papilosa Barb. Rod............... 36
— rivularia Barb. Rod.............. 35
— Tonantinensis Barb. Rod........ 38
— Urbanii Barb. Rod............... 38
Swartzia Schrb...................... 19
— ehrysantha Barb. Rod.........,... 19
Syaoros Mart........................
— Ghavesiana Barb. Rod...... 104
Symphonia........................... 18
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Salacia Lin......................... 15
— polyanthomaniaca Barb. Rod...... 15
Sohisopsis Bureau................... 50
Securicada Lin..................... 6
— rosea Barb. Rod................. 6
SlMPLlCIFOLIAE D. C................. 63
Siparuna. Aubl...................... 68
— foetida Barb. Rod................ 68
Sobralia............................ 131
— Yauaperiensis Barb. Rod......... 131
SOLANACEAE Juss..........•...... 62
Sorva grande......................... 32
Stelis Sw........................... 120
— plurispicata Barb. Rod............ 120
— Yauaperyensis Barb. Rod......... 120
Strophpomoea Ghoisy................. 61
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T
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ÏAOSONIA JUS........................ 23
— cocoinea Barb. Rod............... 23
Tamakuaré........................... 10
■—do jgapó.......................... 8
— rana.............................. 9
— reté............................... 9
-y................................. 62
Tapiré.............................. 96
Teretefomae Barb. Rod............ 122
TERNSTROEMIACEAE Endl-..... 7
Thalamiflorae D.G................. 1
Thoé............................... 63
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THYMELAEACKAE Meisn........ 67
Toé................................. 63
Tontelia Aubl...................... 15
Tukumà-arara....................... 107
— piririka..................... 106
— purupuru.................... 106
— uaçu-rana.................., 106
Takumâ-y-uaçu..................... 105
Tuyué-tipi.......................... 15
Tynanthus Meers.................,. 50
— igneus Barb. Rod................ 50
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XJ
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Uirary (o)........................... 44
— kamaruá......................... 38
— rana............................. 33
— Tarerem,........................ 34
Unhas de morcego................... 53
Urubu kaa.......................... 72
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Uaiapé............................ 92
Uanany............................. 13
Uanany da terra firme............... 14
— da vargem.......,............,... li.
Uanapo.....................,........ 104
Uariky.............................. 11
Uikungo............................ 104
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— 6
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V
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Paos.
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Pags.
Vandeae Lindl___.................. 124
Aiolarieve Endl..................., 4
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VioleaeD. G.......
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• ••••••*•! •
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35
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Yacitara............................. 92 | Yurupapy pindá.
Ynakáka pindá...................... 34
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