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PLANTAE MATTO&ROSSENSES
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RELACÄO DE PLANTAS NOVAS
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POR
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J. BARBOSA RODRIGUES
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Director do Jardim Botanico do Rio de Janeiro,
Cavai heiro das Ordens de S. Thiago e da Coròa de Italia, Laureado com a Grande
medalha de Galileu e membro de varias associates scientificas
nacionaes e estrangeiras.
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Rio de Janeiro
Typographia LEUZINGEB
1S98
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45C.4—9
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PLANTAE MATTOGROSSENSES
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BIBL. INST. -, . - MUNDE
Transitorium 2, De Uithof
Heideiberglaan 2
3584 C6 UTRECHT • Netherlands
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AO LEITOR
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UANDo voltei da expedicäo que fiz ao Rio Paraguay
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e ao Estado de Matto-Grosso, pretendia publicar em
urn so volume o resultado botanico que obtive, nos poucos mezes de colheita e em època impropria, mas, de-
pendendo isso de meios pecuniarios, dividi o traballio em tres partes. Publiquei as Palma Matto gros senses novtz com os re- cursos que o Governo entäo poude me dispensar, e agora apresento està nova contribuicào, auxiliado ainda pelo mesmo Governo, para mais tarde publicar a relacào de viagem. E' praxe em trabalhos semelhantes, relacionar todas as
plantas colhidas, pelo interesse geographico que apresenta, mas alongando assim muito està publicacäo, apresento aqui sómente as que me parecem ser novas (x), deixando as outras para a referida relacäo de viagem. Deixo tambem de consignar aqui algumas Bignoniaceas,
que presumo serem novas, esperando a conclusäo da mono- graphia d'essa familia, na Flora Brasiliensis para, se o forem, fazer urna publicacäo especial. Costume tem sido entre nós, salvo honrosas excepcòes,
ser remettido para o estrangeiro o resultado botanico das ex- pedicöes mandadas fazer pelo governo, ou mesmo as colleccòes feitos officialmente ; mas, corno näo concorde com esse habito, que julgo menos honroso para a nossa patria, por depòr contra nosso saber, arrisco-me sempre a apresentar o resultado dos meus estudos, bons ou maos, a pedir a outrem que os faca, |
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(') Prodromus Flora Granatensis, 1862, pag. 8.
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— VI —
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comò procede tambem o Dr. Philippi, botanico chileno, e eis
porque apparece mais està insignificante contribuicào, preferindo errar a passar por desidioso. Desse atrevimento, resultado satisfactorio parece ter colhido
o paiz, pois centenas de especies e alguns generos novos de plantas, jà figuram no mundo scientifico com nome brasileiro. Nos Generas, nas Floras e em diversas publicacöes estrangeiras tèm sido ellas citadas, referidas e representadas, porque as que tenho corno novas apresentado, corno tal tèm sido reco- nhecidas e aceitas pelas insuspeitas autoridades do velho mundo scientifico. Entretanto devo sempre dizer corno Triana e Planchon « nous réclamons d'avance l'indulgence pour les cas où notre ignorance trahirait notre désir d'éviter les doubles emplois ». Como, pois, nào pertenca a escola d'aquelles que so de-
terminarci plantas comparando-as com outras devidamente eti- quetadas, nos herbarios europeus, ainda urna vez ofìereco ao publico este ramalhete, que se nào é grande, comtudo é assàs sufficiente para mostrar que, com patriotismo e com traballio, as pequenas pedras tambem servem para auxiliar a construccào de grandes monumentos. O tempio da Flora brasileira està quasi concluido, foi se erguendo com a esplendida Flora de Martius, à custa de obreiros estrangeiros que vivem longe da nossa patria, mas para que nào tenham meus filhos, corno brasileiros, de córar para o futuro, elles encontrarào tambem n'esse monumento o suor de seu pai, servindo para argamassar o material das columnas que o sustentam. O nome brasileiro ahi jà està gravado e, mercè de Deus, com algum brilho. Assim fallo, nào por enfatuàda vaidade ou desmedido or-
gulho, mas sim porque no meu passado houve um tempo em que a sciencia officiai do paiz procurou duvidar dos meus es- tudos, nào so dos feitos por conta propria, sem o favonio do poder, corno dos que apresentei mais tarde, quando o governo, depois de maduro exame, entendeu confiar-me commissöes. Como, porém, esses mesmos trabalhos menoscabados, depois de passar pelo cadinho das celebridades européas, fossem |
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— VII —
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sanccionados, creio estar autorizado a näo calar-me, devendo
com franqueza me exprimir, afim de que o meu exemplo seja seguido por aquelles que se occupam da sciencia de Linneo, e, para que a mocidade estudiosa se anime a percorrer nossos campos e florestas, onde tanto ainda ha por fazer. Que ella apanhe ahi novas folhas, flores e fructos, e mesmo com os espinhos que formosamente ha de encontrar, entreteca coroas, grinaldas e festòes e adorne o tempio, para que ao menos, corno remate, possa n'elle ser entoado o hymno do trabalho nacional. Vale.
Jardim Botanico do Rio de Janeiro, aos 3 de Marmo
de 1898. |
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PLANTAE MATTOGROSSENSES
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Ordo ANONACEyE Juss.
Gen. Anona Linn.
Sect. Guanabani Mart.
1. ANONA MACROCARPA Barb. Rodr. Trunco crasso me-
diocri tortuoso; foliis oblongo-ellipticis v. obovalibus acutis coriaceis, novissimis in petiolo nervo venisque subtus sub- tiliter ferrugineo-pubescentis ; pedunculis solitariis ; fructu lato ovato vel cordato maximo, areolis numerosis umbone in muricem acutum producto, seminibus fulvis. Tab. I.
Arbor trunco 3™4mXom,20 lg. diviso in ramos validos, tortuosi?,
cortice corrugato cinereo fusco. Ramuli cinereo-ferruginei, laeviter ferrugineo-pubescenti, corrugati, glandulosi. Folia petiolis om,oo8 lg., subteretibus supra canaliculars. om,i i-om,T5Xom)°6-om,o8 lg., oblonga, elliptica vel obovalia, acutiuscula v. acuta, supra nitida. Flores non vidi. Bacca magna, om,i3X°m.I4 lg- Cortex areolas exhibet subtetra- gonas umbonatas, umbone, acuti. Pulpa alba. Semina fulva, oblonga, om,oi8Xom,oi i lg. Hab. in campis generalibus editis, ad Serra da Chapada, Prov.
Matto Grosso. Fructibus siccis observati arborem mense julio. In Cuyabà dicitur Araticum grande da serra. Atravessando a serra chamada Manoel Antonio, quando per-
corria as immensas planicies da Chapada, ou planalto de Matto Grosso, a 800 metros acima do mar, em època em que a |
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Tab.l.
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Barb.Rod. des. dap. nat.
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ANONA MACRO CARPA Barb. Rod.
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2
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plantas estavam sem flores, e os campos completamente seccos,
diariamente devorados pelas queimadas que consumiam muitas leguas de vegetacào.encontrei està especie, que me fez recordar o Mai olio, dos campos de Minas Geraes, descripto no IV fas- ciculo das Plantas novas cultivadas no jardim Botanico do Rio de Janeiro, a pags. i e seguintes, sob o nome de Anona Rodriguesii. Infelizmente so achei um unico fructo, jà secco, porém em perfeito estado de conservacào. Examinando-o, es- tudando o porte da arvore, vi que tendo muita affinidade é, comtudo, differente da especie de Minas Geraes, e que supponho näo estar descripta. O Dr. Patricio da Silva Manso, autor da Enumerando das
plantas que podem promover a catarse, um dos mais antigos col- leccionadores das plantas de Matto-Grosso e que por muitos annos residiu em Cuyabà, si a tivesse encontrado focosamente estaria descripta na monographia de Martius, visto corno o seu herbario, està reunido aos do celebre botanico bavaro. As mesmas razòes, pois, que me levaram a considerar
novo o Marollo, de Minas, me levam tambem a assim considerar o Aratìcum grande da serra. Pelo tamanho parecem-se, porém pela fórma, disposicäo e
consistencia das protuberancias, afastam-se inteiramente, assim corno pelo facies da pianta. Näo conhecendo monographia moderna, que desta familia se occupe, nào receio dal-a corno nova. Entretanto, é natural que està especie nestes ultimos annos fosse colhida, principalmente pelo Dr. Lindman, mas corno este, que me conste, nada ainda publicou, apresso-me em entregal-a a sciencia para que maiores autoridades decidam. Creio, corno disse, nào existir trabalho algum, visto corno
Lindman, que tenho a honra de contar no numero dos meus amigos, ainda nào me enviou nenhum trabalho, quando Malme, seu companheiro jà o tem feito, pelo que se prova nào haver ainda publicado o resultado de seus trabalhos botanicos. O Index Kewensis, publicado em 1893, so menciona as
antigas especies e é de presumir que nào a omittisse. |
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Tab. IL
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B ari. Ro d. des. dap. nat
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AFONA CUYABAENSIS BarL.Rod.
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2. A. CUYABAENSIS Barb. Rod. Trunco humili cespitosi
erecti ; foliis magnis obovatis, vel ellipticis, oblusissime acutis, subsessilis, supra atroviridis aspens subtus vellutinis; pedunculis solitariis infra foliis erupentibus velutinis, sepalis petalisque velutinis, sepalis connatis triangularibus acumi- natis, petalis exterioribus ovatis carnosis obtusissimis, inte- rioribus minoribus valvulatis concavis obtusis, bacca non vidi. Tab. II.
Arbuscula i - 2m lg.. Truncus etrami erecti, csespitosi. Folia
om,13 -om,20 X om,09 - om, 14 lg., obovata aut elliptica sub-
sessilia, basi rotundata aut cordata. Pedunculus om,oi5 lg.,
cernuus. Sepala velutina, acuminata, om,oi5Xom,oio lg..
Petala exteriora crassa, om,04 X om,027 lg., interiora duplo
minora, concava, obtusa, ochroleuca. Stamina numerosis-
sima. Bacca magna. Caro alba. Semina nigra. Hab. in campis prope Cuyabà. Araticum Grande nuncupatur.
Floret. Junio.
Nos campos, que circumdam a cidade de Cuyabà, encon-
tram-se facilmente està especie; formando pequenas soqueiras de hastes finas e erectas, semelhantes a varas de marmeleiro. Penso que a pianta toma este aspecto devido às queimadas annuaes. Nào vi um so pé com tronco, todos se apresentam emittindo do solo um numero variado de hastes. Näo encontrei nenhum specimen com fructos, porque comecavam a florescer na occasiào, porém affirmaram-me os naturaes que os fructos sào grandes, escamosos e quando maduros com a casca ama- rello-esverdeada, com a polpa branca e as sementes pretas. Como o Marollo de Minas Geraes säo tambem muito aroma- ticas. Tive occasiào de tornar um licòr feito do fructo dessa especie, muito agradavel näo so ao paladar comò ao olfacto. A' primeira vista, està especie, parece ser a Anona coriacea
Mart., mas affasta-se näo so no porte, corno no tamanho das |
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Tab.IÜ
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Bart. Rod. des. d'ap.nal.
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ANOKA AUMNTIACA EarL.M.
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folhas, fórma e cor das sepalas e das petalas. Spencer Moore
encontrou em Santa Cruz (') urna variedade da coriacea. Elle notou diflerencas, tendo-a entretanto corno sendo a mesma de Martius e estabeleceu por isso entäo urna variedade a que deu o nome de amplexicaulis. Està especie assim corno a que se segue me obrigam a
fazer algumas observacöes. As Anonas segundo Baillon (2) tèm sempre as petalas
muito espessas e quando em botào a prefloracào valvulada. Dessa opiniào sào tambem Bentham e Hooker (3) e todos dào a prefloracäo imbricada, para as Duguetias ou Aberemoas. En. tretanto este caracter nào é fixo, porquanto a Anona nutricata se tern as petalas exteriores perfeitamente valvuladas apresenta comtudo, as tres interiores, nào so em botào corno mesmo depois de abertas, as tres externas completamente imbricadas. E' o facto que se da tanto nesta especie, corno na minha A. Rodriguesii e na que se segue. Estas especies apresentam urna transicào para as Dugue-
tias, da seccào que comprehende a Anona longifolia de Aublet a Pinaiua, Aublet encontrou na Guyana Franceza, com o nome de Pinàou e Pinàioua, duas especies que denominou Anona punctata e longifolia, nome vulgar este que se estende até ao Sul do Brazil, sempre dado a Anonaceas. O Pinàou e Pinàioua é a Piada u ou una e Pindà yb, dos Karanys,
que a pronuncia franceza modificou na escripta, do tt indigena fez ou. E' notavel corno esse nome seja so empregado em anonaceas, assim é que, a Duguetia Bracteosa de Martius é a Pindà una de Santa Catharina e a Xilopia fruciescens L. é a Pindàyba de Minas. Pindà una, quer dizer anzol preto e pindà yba canico de-
pescar, dos indigenas. |
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f1) The Phanerog. Bot. of the Matto Grosso Exp., in The Trans, of the Liti, a Loco
of Lond. IV. 1S94-96. v&g. 304. (2) Hist, des Plant. I. p. 229.
("') Gen. PI. I. p. 27.
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Tab.IV
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ABEREMOA JOMSlANA BarL.Rod.
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O professor Baillon (4) observando o facto na muricata e
na involucrata, diz : « Les anona ordinairement valvaires, peuvent avoir les pétales très-manifestement imbriqués », que é o caso das minhas especies, que säo outras tantas que se unem äs duas conhecidas, podendo por isso formarem urna seccäo. 3. A. AURANTIACA Barb. Rodr. Trunco humili cespitosi
erecti pubescenti ; foliis oblongis emarginatis sessillibus erectis glaucis a basi cordatis ; ramulis novellis, pedunculis solitariis calycis triangularibus brunneo-pubescentibus ; pe- talis extus brunneo-tomentosis; bacca aurantiaca minima globoso-ovata, areolis rhombeis, umbone acutissimo. Tab. III.
Aibuscula im - im lg., Folia om,o"j -cT.oo. X o™P45 -om,055 lg.,
sessilia, glauca, erecta, emarginata, basi cordata. Peduncidus °m?°3 'to- erectus, bracteola semi amplexicauli, lanceolata} acuminata. Flores non vidi. Bacca om,o6 X°m>°55 lg- auran- tiaca, areolis subtetragonis, umbone accutissimi. Caro alba. Hab. in campis prope Rio do Peixe et Coxipó, ad Cuyabà.
Frtict. J'unio. Nos campos de Cuyabä, proximo aos rios do Peixe e do
Ccxipó, encontrei està especie com Mores em botào e com um fructo maduro, porém, internamente, todo cornicio pelos pas. saros ou insectos. Distingue-se e separa-se de todas as con- generes pela disposicào das folhas e pelo seu aspecto. As folhas sào pruinosas, de um verde azulado, isto é, de um glauco especial, parecendo de céra e que na apparencia nào denota urna anonacea. E' tambem um arbusto pequeno. Os fructos säo de um amarello de ouro ou cor de laranja bri- lhante, com a polpa branca e as sementes pretas. Tem o nome de Araticum do campo. Com as especies conhecidas procurei |
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("j Hist, des Plant. I. p. 259.
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Tai.y
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ßart.Rod. des. dap.nat.
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ANACARDIUM CORYMB OS UM Bart.Rod.
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achar identidade, mas o resultado foi negativo; nào a encontrei
descripta e por isso aqui apresento corno nova. A Anona phaeoclados de Martius, que cresce tambem em
Cuyabà, approxima-se da especie em questào, mas presumo nào ser a mesma. A època da rlorescencia tambem é diffe- rente, a minha especie floresce em Junho e a de Martius em Novembre e Dezembro. |
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Tab.VI.
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Bart. Rod. des. dap. nat.
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MUCUNA MATTO GROSSMSIS BarLRoi
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Gen. Aberemoa Aubl.
fDUGUETIA S.'e HÜ.)
1. ABEREMOA FURFURACEA, var. Jonasiana Barb. Rod.
Trunco mediocri caespitosi, ramulis novellis fulvo-lepidotis; folliis coriaceis lanceolatis utrinque acutis, supra nitentibus, subtus furfuraceis rufo-argenteis; pedunculis solitariis; calyce trisepalo sepalis liberis lato-ovatis acutis recurvis, utrinque furfuraceis, petalis exterioribus oblongis subacutis, interi- oribus majoribus oblongis acutis aut sub emarginatis, con- ca vis, ad basin rugoso-callosis, subtus furfuraceis, supra tomentosis. Bacca oblonga, areolis tetragonis aut pentagonis lseviter acutis. Tab. IV.
Frutex im-2m lg., ramosus, ramis adscendentibus, furfuraceis
lepidotis. Folia om,o7 - o, 12 X om,020 - om,035 lg., peticli brevi, lepidoti, om,oo5 lg. Pedunculus sub oppositifolius soli- tariis, om,io lg., cernuus. Calyx trisepalus pubescentis, sepala om,o 15 X °m>°12 lg-, recurva, subacuta. Petala exte- riora glandulosa, flava, ad basin rosea, interiora basi purpu- rascentia calloso-sulcata, exteriora majore, om,oi5 X om,oi 1 lg. Bacca om,o7 X °mj°55 lg-. oblonga, flava, semina in carne flava nidulant obovato-compressa ; testa alutacea, albumen ruminatum, radiis parallelis, corneum. Hab. in campis prope Rios Coxipó et do Peixe. Araticum
nuncupatur. Floret, et fruct. Junio. Està pianta cresce, formando pequenos capòes, nos campos
de Cuyabà, onde a encontrei com flores e com fructos, ainda nào bem maduros, no mez de Maio. A principio a tornei pela Anona furfuracea de St. Hilaire,
antes Duguetia furfuracea, segundo Bentham e Hooker ('), |
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l1) Genera Plantarum I. p. 24.
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Tab.VII.
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Bari).Rod. des.d'ap.iiat.
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A.HYMENAEA CHAPAÜENSIS Barb.Rod.
B. PTEROCARPUS PARAGUAYENSIS Barb. Rod. |
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mas, comparando a com a descripcäo do notavel botanico
francez (') e com a estampa que a representa, assim corno com exemplares colhidos por mini em Minas Geraes, districto de Alfenas, vejo nào ser a mesma especie e sim urna varie- dade, pois se affasta näo so pelas flores corno pelos fructos. O Dr. Spencer Moore, entretanto, diz ter encontrado a verda- dadeira Duguetia furfuracea (2) em Santa Cruz, no mesmo Estado de Matto-Grosso. Comparando a com a especie de St. Hi- laire, vè-se à primeira vista que as flores desta sào maiores, as petalas roseas, assim corno que o fructo tern a polpa de um amarello cor de abobora, com as divisöes do epicarpo roseas, emquanto que a de que me occupo tern as petalas pequenas, branco-rosadas ou esverdeadas, com os fructos com a polpa branco-amarellada e com o epicarpo amarello-esverdeado. Con- sidero-a urna variedade bem distincta. Levo a para o genero Aberemoa, escudado no sabio pro-
fessor Baillon (3), posto que contra a sua opiniäo sejam En- dlicher, De Candolle, Hooker e Benthan, Martius, etc. Baseaclo, porém, nas decisòes do Congresso Internacional
Botanico de Paris, corno Baillon, reivindico o genero para Fusée d'Aublet. Este, em 1775, creou o genero Aberemoa (4) para urna especie da Guyana Franceza, conhecida por Aberemu, deno- minando A. Guyanensis, mas conservou para a sua Pinaìua, o de Anona longifolia, especie que pertence tambem ao mesmo genero, segundo Baillon. Cincoenta annos depois, em 1825, St. Hilaire, para urna especie do genero de Aublet, encontrada no Sumidouro, perto da antiga Villa do Principe, hoje cidade do Serro, estabeleceu o seu genero Duguetia, que, nào sei porque, foi aceito, sendo levado à synonymia a de seu compa- triota Aublet. Entretanto o Aberemoa tem o direito de priori- |
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(!) Fior. Bras. Mer. I. Pag. 35, tab. 6, 7.
(2) Op. cit. pag. 299.
(3) Adansonia, Vili, pags. 204 e 282.
(*) Hist, des Plant, de la Guyane Frane. I, pag. 610, tab. 245.
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Tab.VIII.
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B arb. Ro d. de s. da p. rial.
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HYMENAEA CORREANA BarLRod.
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dade. O Dr. Otto Kuntze, na sua Revisio Generum Plantarum,
deste genero nào se occupou, o que me admira. A pianta de que me occupo é da seccäo da A. longifolia
de Aublet. As Aberemoas ou Duguetias sào Anonas, mas que tern
sempre a prefloracäo embricada e nào valvuladas, sendo as petalas menos carnudas. Considerando bem distincta està variedade, corno disse,
dedico-a ao meu companheiro de excursòes, a quern, em parte, devo o boni resultado da minha expedicào, o Sr. Dr. yonas Correa da Costa, medico distincto. Aqui deixo perpetuada a minha gratidào ao amigo da sciencia, que tanto me auxiliou. |
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Tal). IX.
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Bart. Rod. des. dap.nat.
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PASSIFLORA CAMPESTRISJarL.Rod.
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Ordo ANACARDIACEiE R. Br.
Trib. MANGIFERA L. March.
Gen. Anacardium Rottb.
ANACARDIUM CORYMBOSUM Barb. Rod. Trunco subter-
raneo, ramulis caespitosis adscendentibus pilosis, demum Isevibus, dense foliosis; foliis decrescentis, coriaceis, ere- ctis, supra strigosis, subtus dense pilosis, sessilis, oblongis, emarginatis basin versus cuneatim attenuatis, costa crassa nervisque lateralibus cum venis numerosis reticulatis pi- losis, subtus prominentibus. Ramis floriferis axillaribus pi- losis teretibus corymboso-capitatis foliis subsequantibus, erectis ; ramulis brevissimis densissime muitifloris, bracteis lanceolatis acutis pubescentis, pedicellis quadruplo floribus minores, sepalis lineari-lanceolatis, acutis; pubescentibus, petalorum duplo minoribus ; petalis lineari-lanceolatis acutis contortis, extus pubescentibus, intus ad apicem tomentosis et ad basin papillosis ; staminibus inclusis ; ovario ovoideo; stylo tenui continuo ovarium multo superante. Tab. V.
Frutex ira-im,50 alt., Folia om,i3-om,05Xom,75-om,03 lg., petiolo
nullo. InflorescencicB axillario-corymbosK usque o m,3 lg., ramis pilosis, primariis erectis, apice sub clavatis, dense corymboso-capitatis, om,i-om,05 lg. ; extimis trichotomis corymbosis bracteatis, bracteee om,oi5-om,oc>5 lg., lineari- lanceolatse, acutae, extus pilosae, ramulis minorse. Calyces laciniae om,oo5 lg. Petala om,oio lg., intus albido-rosea ad apicem tomentosa, basi purpureo-papilosa, tri-striata. Sta- men fertile om,oo2 lg., intra petala inclusum ; cetera aequan- tia ; antherse flavicanti-albidse. Hab. in campis prov. Matto-Grosso, ad Serra da Chapada,
prope Rio da Casca. Caju do campo incolorum. Jul. floret. Quando, em Julho, percorria os vastos campos da Serra
da Chapada, encontrava commummente o Cajueiro do campo, |
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Tab.X.
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Bart.Rod. &es. dap.nät.
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PASSIFLORA CORUMBAENSIS.BartRod:
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mas, tomando-o pelo Anacardium humile de Saint Hilaire, que
jà o conhecia muito dos campos geraes da provincia de Minas, nào lhe dei a principio importancia. Entretanto, sempre que com elle me encontrava, alguma cousa se me passava no espirito, que me attrahia a attencào, comquanto tivesse a con- viccäo de que me enfrentava com pianta conhecida. Tanto isso se deu, que resolvi colher exemplares, entäo
no comeco da florescencia, porque vi que alguma differenza se apresentava, que a memoria me näo dizia. Com effeito, mais tarde, essa impressào que me produzia,
se avivou quando tratei de estudal-a. Quando de visu se co- nhece bem urna pianta, qualquer modificacào nos seus cara- cteres chama a attencäo, sem que possamos, logo, dizer porque assim ella nos impressiona. O que me confundia era a inflorescencia, mas d'isso entào
näo cogitava. A pianta que eu conhecia, mas nào a via desde 1876, tinha paniculas terminaes e està tinha corymbos axil- lares, sendo um terminal. Essa differenza me passava pelo espirito, sem me avivar a memoria. O Cajueiro do campo, foi encontrado por St. Hilaire, assim
corno por Warming, em Minas-Geraes. Foram os exemplares ahi colhidos que serviram de typo para a classificacäo, entre- tanto Riedel tambem o encontrou em Matto-Grosso, na mesma Serra da Chapada, d'onde é 0 exemplar de que me occupo. O Dr. Engler, escrevendo a monographia das Anacardia-
ceas, comparando os especimens dos herbarios, identificou os Mineiros com 0 Mattogrossense, pelo que parece que os Cajus do campo se identificam nas duas provincias, o que näo duvido. Apezar, porém, d'isso creio que mais urna especie existe nos campos de Matto-Grosso, que é està que me occupa agora, e que näo é a de Riedel. Encontrei tambem, muito, o A. pumi- lum St. Hilaire, Caju rasteiro, que nào me impressionou, e que depois o estudando identifiquei perfeitamente com 0 de Minas-Geraes, onde foi elle encontrado pelos mesmos bo- tanicos. |
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Tal). XL
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A
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X \
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V,
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BarL. Hod. des. dau.Tiat.
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MALACOCARPUS HEPTACANTHUS Bart.Rod.
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O Dr. Spencer Moore, tratando do A. occidentale, apenas
o referiu da seguinte maneira : Ad Serra da Chapada el alibi saepe vidi hujus generis speciem nanam, floriferam, rarius fruclificantem verisimiliter ad. A pumilum St. Hil., relè- gandam. By some oversight I omitted to dry specimens of this curious
little Cashew » (') O aspecto geral, o habitus, o logar em que cresce tudo é
o do A. humile, entretanto se examinarmos attentamente, vèr- se-ha que a especie de Matto-Grosso tern as folhas sesseis e säo pubescentes em ambas as faces, posto que menos na su- perior; que a inflorescencia é axillar e näo terminal ; que as flores säo em corymbos e nào em paniculas; que as petalas säo retorcidas e näo simplesmente recurvadas, que sào pubescentes exteriormente, mas com a parte interior tambem avelludada, na por?ào que se dobra e se retorce, que é na altura das sepalas, e, que além disso tem a base do lado interior corno que pap- pilosa. Os estames säo inclusos corno o é tambem o estylo e näo sào ultra pelala exsertum, corno sào os do pumilum. Estudando os meus exemplares pela descripcäo do Dr. En-
gler, na Flora Brasiliensis, (2) por nào conhecer a de St. Hilaire, feita nos Annaes de Sciencias Naturaes de Pains encontro as differencas acima apontadas assim corno outras, corno sejam : grandes bracteas de 6 a 4 centimetros de comprimento, que ornam a panicula que é maior do que as folhas e que cara- cterisa o humile. Näo posso admittir que Engler denominasse panicula a inflorescencia da especie em questào, porque na mesma Flora, o mesmo autor, tratando do pumilum diz que este tem a panicula magìs ramosa quam in Anacardio humili e na estampa (3) que representa aquelle dà urna verdadeira pa- |
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(') Phan. bot. of the Mat. Gros. Exp., in The Trans, of the Lin. Sory. Vol. IV.
Sec. Ser., p. 342.
(2) Vol. XII, p. II, p. 411.
(') Flor. Bras. Tab. 88.
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Tab.XII.
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A
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Bart.Rod. des. dap.nat.
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A.DEJANIRA CYATHIFOLIA. Barb.Rod.
BMAXILLARIA CHAPADENSIS.Barb.Rod. |
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nicula. Compare-se a panicula de Engler com a inflorescencia
que represento aqui na Est. IV e ver-se-ha, que se o hwmle tem panicula, està especie nào a tem. A proposito do A. humile devo referir aqui um facto no-
tavel. Pedindo ao correspondente deste jardim, o pharmaceutico Joaquim Candido de Abreu, que é naturai de Minas Geraes, e tem percorrido quasi toda a provincia, que me mandasse fructos do Cajueiro do campo, para ser cultivado neste jardim, mandou-me alguns, que plantados, germinaram e hoje jà sào soberbos exemplares (') que acabam de florescer. Pois beni, se nào fosse ter recebido de um hörnern consciencioso e co- nhecedor pratico da fiora de Minas, diria ter sido enganado, porquanto os exemplares que tenho nada tèm do A. humile, approximando-se mais do Occidentale Lin. As folhas e flores se identificam, so se afastam nos ramos da panicula que no occidentale terminam quasi em coymbo e neste os ramos sào simples, com inflorescencia indefinida. Comparando os meus exemplares de Matto-Grosso, com os nascidos de sementes do humile nada tèm de communi. Seria eu enganado ? As sementes que recebi de Minas
seriam do occidentale^ Nào o creio e a forma da panicula me autoriza a isso. Deu-se portante urna grande modificacào no habitus; de
arvoreta rasteira, quando muito de i m. de altura, passou a ser arvore erecta de mais de 3 m. Essa transformacào é devida naturalmente ao facto nào so climaterico, corno a natureza do terreno e a circumstancia de nào poder crescer nos campos, devido ao fogo que annualmente devora toda a vegetacào. Resiste a este e quando brota e quer se desenvolver, vera nova queimada que o atrophia e assim em vez de se desen- volver para o ar, o tronco rasteja sobre a terra. Transplantado para locai, cuja terra lhe seja mais favoravel, e livre do fogo, nào por atavismo, mas naturalmente, toma outro porte. |
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(') Ilortus Fluminensis, pag. 98, n. 1987.
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TaVXIII.
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9
v
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/C V
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j
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f
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Barb.Rod. fee. at.nat.
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LYGASTE MATTOGROSSENSIS Bari).Rod.
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O A. Occidentale, que é urna grande arvore nos bons ter-
renos, nas restingas do littoral torna-se rasteiro, posto que näo perca o seu grande porte. Comparando pois estes exemplares cultivados com a es-
pecie em questuo, affasta-se interamente, mas lembram bem o Cajü do campo de Minas-Geraes. Dou aqui a especie corno nova, as autoridades que decidam. Comparando tambem o meu specimem com as descripgòes
dos A. Curatellcefolium St. Hil., nanum St. Hil., que Walpers, quer no Repertorio, quer nos Annaes Botanicos apresenta comò especies distinctas e que o Hortus Kewensis, tambem aceita, coni nenhum se identifica. O Dr. Engler, näo sei porque, nem na synonymia apresenta estas especies brasileiras, que entre- tanto, estào confirmadas no Hortus Kewensis (J) corno està tambem o meu Anacardiwn Brasiliense, que publiquei em 1883, na Revista de Engenharia, tendo sido achado no rio Urubù, na provincia de Amazonas, corno se ve do meu Relatorio dirigido ao Sr. Ministro da Agricultura (2). A sua monographia é de 1876, quando todas estas espe-
cies, exceptuando a minha, todas sào muito mais antigas. Nem o A. Mediterraneum de Velloso (3) apresenta. Quando mesmo essas especies sejam synonymas, deveriam ser mencionadas. Creio que se deu o facto por näo ter sido examinado o ner- bano de St. Hilaire, que 0 Museu de Paris näo permittiu fosse remettido para a Allemanha, por competir a Franca, es- tudar as colleccòes feitas por seus filhos, corno disse o proprio St. Hilaire. Entretanto, nós remettemos as plantas brasileiras, colleccio-
nadas por brasileiros, para serem estudadas por estrangeiros !... |
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(') Hortus Kewensis, I, p. 114.
(2) Explotacäo dos Rios Urubù e Jalapti. Rio de Janeiro, 1875, p. 28.
(3) Flor. Flum. Text., 1825. pag. 163, IV, tab. 46.
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Ordo LEGUMINOSA Endl.
Sub ordo PAPILIONACE^; Bth. et Hook.
Tribù PHASEOLE^E Bth. et Hook.
Gen. Mucuna Adans
Sect. Stizolobium D. C.
1. MUCUNA MATTOGROSSENSIS Barb. Rod. Foliis
utrinque argentio villosis mediocris apiculatis ; pedunculo erecto elongato apice racemoso ; vexillo latissimo alis aequi- longo. Legumiae lineari curvato, compresso, longitudi- naliter costato, badio-hirsuto-velutino. Tab. VI. Caulis alte volubiles ramulis argenteo-velutinis. Stipula? minutae,
setaceae, caducae. Stipelce minutissima^, setaceae. Petioh om,03 - om,04 lg., antice sulcati, velutini. Folìola om,05 - - om,o8 X om,030 - om,045 lg., terminale oblongo-cuneata, obtusa, lateralia oblonga, basi sub cordata, apiculata, paulo minorìa, omnia apiculata, membranacea, utrinque argenteo- villosa. Pedunculi om,02 -om,i5 lg., erecti, argenteo-villosi, apice racemosi. Flores albo-violacei, brevissime pedicullati. Calyx magnus, campanulatus, sericeo argenteo-villosus, la- cinia superiore latissima, bidentata, lateralibus multo mino- ribus, acuminatis, infima longiore angusta. Vexillum ovatum, emarginatum, recurvum, om,035 Xom,020 lg., auriculis baseos parvis inflexis, ungue minuto. Alce om,038 X om,oo4 lg., longe falcatae, apice subrotundse, auricula brevi, ungue 0.005 lg" Carina alis latior, longior, apice incurva, breviter cartilagineo-rostrata. Antherce oblongo-linearis. Ovarium sessile, hirsutum. Stylus longus, filiformis, laevis, stigmato parvo, terminali, sub globosi. Legumen breviter pedicel- latum, om,n -om,i2 X om,02-om,023 lg., densissime badio- hirsuto villosissimum, prope basin recurvatum, versus apicem incurvum utrinque longitudinaliter i-costatum, costis multo proeminentibus, marginibus costatis. Semina matura non vidi. |
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Hab. in nemoribus humidis ad Rio S. Lourenco et Rio Coxipó,
prope Cuyabä, in Prov. Matto Grosso. Mucunä incolorum. Jun. et Jul. floret. Muitas säo as especies d'este genero até hoje descriptas,
mas, muito poucas sào americanas e apenas quatro foram en- contradas no Brasil, segundo G. Bentham, na Monographia das Leguminosas da Flora Brasiüensis. De Candolle nos da apenas tres, porém urna, a macroceratides, que Benthan nào menciona, o Index Kewensis affirma tambem ser brasileira, pelo que podemos dizer que cinco especies säo indigenas. Quando o Brasil apresentava tao pequeno numero a Africa e a Asia nos forneciam quarenta e urna especies. A pianta em questào foi por mim encontrada com flores,
pela primeira vez, nas terras das barrancas do Rio S. Lou- renco, no Engenho S. Joào, em velhas capoeiras, porém mais tarde, tambem encontrei proximo äs margens do Rio Coxipó, affluente do Rio Cuyabà. Como no norte do Brasil, os na- tu raes dào, tambem, à està especie o nome de Mucunä, d'onde se originou o generico Mucuna. O nome indigena deriva-se de Mburu, grande, nà por nh-à, listrado, riscado longitudinal- mente, referencia à casca dos fructos. Cresce formando um grande cipoal que se cobre em grande extensào por entre os arbustos e as arvores dos logares humidos. Nào encontrei bagens seccas, pelo que nào sei qual a cor das sementes, a sua fórma e tamanho. Nas plantas mencionadas por Spencer Moore, colhidas em
Matto Grosso, näo vem està mencionada. |
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Gen. Pterocarpus Linn.
Tribù. DALBERGIEvE Bronn.
Sect. Santalaria DC.
PTEROCARPUS PARAGUAYENSIS Barb. Rod. Foliolis 4-9,
oblongis utrinque acutis apiculatis, subtus ramulisque vii- losulis ; racemis plurimis simplicibus tomentosis, pedicellis calyce tomentoso duplo longioribus ; vexillo lato emarginato vittelino rubro lineato ; staminibus diadelphis ; ovario subsessili contorti tomentoso ; legumine reniformi-oblongo, compresso, circumcirca coriaceo attenuato-alato, ala cor- rugata in extremis revoluta, medio reticulato. Tab. VII. Fig. B.
Arbor, ramulis novillis petiolulis racemisque brevi pubescen-
tibus. Petioli communes oro,o6-om, 10 lg., Foliola suboppo- sita, om,oi7-om,03oXomjOo6-om,oio lg., acuta, brevi-api- culata, basi acuta, subtus pube tecta. Racemi pluri, in axillis superioribus simplices, om,io-om,20 lg., erecti. Pedi- celli om,oio lg., erecti, uti calyces pube tenuime rufes- centes. Calyx om,oo5 lg., dentibus brevibus latis acutis sub aequalibus, 2 summis paucius coalitis. Vexillum om,oi9Xom,oi5 lg., calyce triplo longius, late orbiculatum, emarginatum, ambitu vitellinum, medio supra unguem carmineo lineatum, ungue calycem aequante. Alce falcato- obovatae, medio contorta?, lateraliter squamosa?. Carina brevior, petalis dorso apice breviter connatis. Stamina diadelpha. Ovarium subessile, contortum, villosum. Le- gumen sessile, reniformi-oblongum, nitidum, reticulatum, , om,02Xom,oi5 lg., circumcirca corrugato-alatum, medio utrinque convexum, reticulato-venosum, monospermum, stylo supra medium lateris superioris tortum. Semina reniformia, rubela. Hap,, ad rìpas Rio Paraguay, prope Assumpcäo. April, floret.
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Logo após a minha chegada ä Assumpcäo, do Paraguay,
comecando as minhas herborisacöes, fui no dia 25 de Abril, em companhia do Professor Daniel Anizitz, rio abaixo, a urna lagoa das proximidades da cidade a ver a Victoria règia. As agfuas baixavam e algfumas martens estavam ainda ala- gadas, porém, a lagoa estava quasi secca e a rainha dos lagos havia desapparecido, achando-a posteriormente, em Maio, em plena florescencia, acima de Corumbà. Ahi colhi, em fior, urna nympfiea, bastante rara. No percurso tive occasiäo de fazer urna boa colheita, e,
entre outras plantas, consegui apanhar urna leguminosa, entäo florida que embellezava as margens, n'um ou n'outro ponto, e que de longe se me assemelhava urna Sesbania pelo porte, inflorescencia e cor das flòres. Com difficuldade pude alcan- cal-a e, entäo, pelos fructos que apresentava conheci ser um Pterocarpus. As plantas d'este genero, pela diversidade da fórma dos
fructos, tèm sido levadas ora para um, ora para outro genero, que para ellas tèm sido creados, e hoje por esse motivo estào reunidos diversos generös, que formam o seu cortejo syno- nymico e divide-se em seccòes. Este genero creado em 1763 por Linneo, è por sua vez synonymo do Lingoum, creado em 1742 por Rumpf, mas que nào foi adoptado, pelo que 0 Dr. Otto Kuntze (x) o reivindica. Ouinze a vinte especies sào hoje conhecidas, umas da Asia, outras da Africa e algumas da America Meridional. O Brazil tern corno representantes da sua natureza quatro especies (2), mas nenhuma è a de que trato. Urna d'ellas, entretanto, que colhi no Amazonas, 0 P. Rohrii, Vohl. fui encontral-a em Matto Grosso e tambeni no Paraguay. A fórma dos fructos, chamou logo a minha attencào, pelo
que procürei ver que especie seria, visto corno, era naturai |
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(') Rev. Plant. I. p. 193 et 202.
(J) Flor. Bras. XV. p. J. pag. 266. |
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estar classificada, por vegetar em logar proximo a capital.
Balansa que tanto herborisou no Paraguay, Morong (*), que explorou as circumvizinhancas de Assumpcào, Graham (2), que pereorreu o Rio Pilcomayo, nào a mencionam. Grise- bach d'ella tambem nào se occupa, nem nas Plantce Lo- renlziancB^ nem nos Symbolce ad Floram argenlinan. O Dr. Spencer Moore, tambem näoo viu. Näo sendo nenhuma das especies antigas e conhecidas, animo-me a consideral-a nova. Por alguns caracteres, deve ser incluida na seccào Santamaria de De Candolle (3), onde està-incluido o gigante P. Indiens, que dà o Sangue de Drago, da Asia. A recente monographia das leguminosas, publicada pelo Dr. Tauberg (4), nas suas duas seccöes, Stipitati e- Sessiks, näo apresenta especie alguma moderna, assim corno o Index Kewensis, o que me faz con- firmar a opiniào supra. Cresce corno disse, està especie, nas margens alagadigas
do Rio Paraguay, proximo a Assumpcào, perto do arraial dos indios Payaguàs, e formam grandes arbustos ou arvoretas, que tèm mais ou menos o habitus das Sesbanias, com as folhas muito parecidas com as d'estas. Em geral os Ptero- carpus sào arvores, sendo algumas excelsas, corno o Indiens, que dà grandes sùpopembas, fazendo com que o tronco tenha um diametro de muitos metros. As flòres d'està especie apresentam de notavel a carina
que tèm entre as nervuras urna serie de bursiculas scalari- formes. Os fructos reniformes, achatados, rugosos, com as margens parecèndo unduladas pela structura do tecido fibroso, nos chama a attencäo e dà a pianta um aspecto agradavel a vista. Encontrei-a näo so com flòres, corno tambem com grande quantidade de fructos, alguns jà maduros, porém näo |
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f1) Plant, coll. in Paraguay, in Ann. of the N. York. Acad, of Sc. VII. 1893.
(2) The Boi. of the Pilcomayo Exp., in Trans, and Proc. of the Bot. See. of Edime.
Sess. LVIII. p. 44. (3) Prodrom-us I. p. II. pag. 419.
(4) Engler mid Franti. Die Naturalpflanzenf III. p. III. p. 340.
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seccos. Devo notar que Morong encontrou no Chaco, em
frente a Assumpcäo, urna outra especie que para Balansa e para Michelli (*) é o P. Rohrii, mas que Britton considerou especie distincta e lhe deu o nome de P. Michellii (2). Està, porém, é urna arvore que floresce em outra època, e cujo habitus, folhas e fructos sào muito differentes. O P. Rohrii, tem os estames monadelphos e està especie os tem didelphos, o que o leva para outra seccào. Nào sei se Parodi d'ella se occupa porque nào me foi possivel obter os trabalhos do mesmo autor e nem tao pouco saber o nome indigena da pianta. |
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(i) Op. cìt. pag. 86.
(2) Contrib. à la flore du Paraguay. Legumineuses. Genève. 1883.
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Sub-ordo C^SALPINIEAE Bth. et Hook.
Tribù AMHERSTIE^: Bth. et Hook.
Gen. Hymenaea Linn.
Foliolìs glabris
1. HYMENAL CORREANA B. Rod. Folioiis maximis, oblique
oblongis insequilateris subacutis glabris basi intequalibus ; supra nitidis, legumine crasse compressiusculo triplo lon- giore quam lato verruculoso nitido. Tab. VIII.
Arbor 3"1 - 6m alt., coma patula, ramulis foliisque glabris.
Ramuli turtuosi. Foliola subsessilia, oblonga. subacuta, basi valde inaequilatera, o,m24 X °.mi3 lg-j coriacea, supra ni- tida, subtus opaca, pennivenia, pellucido-punctata. Petiohis communis o,m035 lg. Legumen brevissime stipitatum, plus minus inclinatum, o,mi5 X o,mo7 lg., lignosum, crassum, compresso-subteres, verruculoso-nitidum, 10-12 spermum, suturis subacutis prominentibus. Semina oblonga, com- pressa, lateraliter subconcava, 0^032 X o?025 %•> testa ossea, brunnea. Hab. in campis ad Serra da Chapada prope Corrego Secco. Ja-
toba da serra incolorum. Jim. fruct. Percorrendo em Junho os vastos campos da Serra da Cha-
pada, em Matto-Grosso, encontrei alguns exemplares d'està es- perie, infelizmente sem flores e no firn da fructificacào. Apenas alguns fructos pude colher que me foram sufficientes para 0 estudo. Incompleto, corno é o exemplar que possuo, comtudo ser-
ve-me para diagnostical-o por ter visto e examinado as plantas vivas. |
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Até hoje, que me conste, alem das seis especies descriptas
na Flora Brasiliensis ainda ha mais oito, umas descriptas por Humboldt e outras por Heyne. A nào ser as de Humboldt, as outras so conheco por curtas diagnoses, que, felizmente, caracterisam os mesmos orgäos que possuem os meus specimens, pelo que póde-se bem comparal-os. Entre os trabalhos modernos, em que poderiam figurar estas
especies, està o Beiträge zur Kenntniss der Flora des central- brasilianiscken Staates Goyaz do infortunado amigo Dr. Taubert, em que descreve as plantas colhidas pelo Sr. E. Ule, quando no desempenho da commissäo de que o encarregara o Go- verno Brasileiro no planalto de Goyaz. Entre as suas leguminosas, novas, näo ha urna so hyrne-
neae. Entretanto as chapadas de Goyaz se ligam äs de Matto Grosso e penso que a vegetagào sera identica, pelo menos vejo que, muitas plantas por mim encontrados sào as mesmas que estä,o indicadas na parte geographica feita pelo Sr. Ule e que faz parte do mesmo traballio do fallecido Taubert. Tendo, corno nova a especie acima Ihe impuz o nome
do governador de Matto-Grosso, o Exm. Sr. Dr. Antonio Correa da Costa corno testemunho de gratidào, pelo muito que se esforgou para que a minha expedicào scientifica fosse coroada de resultados, apezar da ma època para herbori- sacòes. Cresce nos campos dos grandes taboleiros da serra da
Chapada,onde tem o nome vulgar de Jatobà-grande ou acu. E' urna arvore de mediana altura, esgalhada, de galhos e ramos tor- cidps, de tronco pequeno cujo diametro nào vi exceder de 0,30, dando grandes fructos, os maiores que tenho visto n'este genero, chegando a ter 0,10 de compr. sobre 0,07 de largo. Os fructos, posto que muito maiores, tèm muita seme-
Ihanca com os do Jutahy acu do Amazonas, o Hym. Courbaril, porém affasta-se pelo porte e pelas folhas. Està especie existe cultivada n'este Jardim ha mais de trinta annos, e fructifica todos os annos em Dezembro, emquanto que a especie de que |
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me occupo estava com fructos ainda em Junho, o que nos
mostra urna època de florescencia differente. Comparando a especie em questäo, com as conhecidas,
com nenhuma se identifica, pelo que a considero nova. E' na- tural que algum dos ultimos botanicos, que tern percorrido o estado de Matto-Grosso, a tenha encontrado, mas comò nào conheco traballio algum d'elles, publicado, animo-me apresen- tal-a aqui. Foliolis villoso-tomcntosis
2. H. CHAPADENSIS Barb. Rod. Foliolis oblongis inaequflater
subacutis coriaceis supra pubescenti-hirtis subtus vellutinis, pellucido punctatis, basi valde insequalibus; legumine crasse compresso demidio longiore quam lato-verrucoso nitido. Tab. VII Fig. A.
Arbor 8m-iom alt. coma patula, ramis tortuosis, ramulis foliisque
pubescentibus, Foliola sessilia, oblonga, subacuta, base valde inaequilatera, om,io-om,i2 X omP7 - om,o8 lg., coriacea, supra pubescenti-hirta, subtus vellutina, pellücido-punctata. Le- gumen ora,o8 - om,09 X °m>°3 ~ on\°3 5 lg- Semina om,02 2 X
Xo,n,oi6 lg., Testa brunnea. Hab. in campis prope Cuyabà, prov. Matto-Grosso. Jatóbà do
campo incoloriim. Jun. Fruct. Està especie é vulgar nos carhpos de Cuyabà, que se es-
tendem até ä base da serra de Chapada, encontrando-a tambem äs vezes no alto da serra. Em alguns logares é urna arvore pequena, mas em outros attinge a urna altura de mais de 20 metros, sempre de galhos e ramos tortuosos. Encontrei com fructos em Junho. Tem vulgarmente o nome de Jatobà do campo, e dà urna excellente resina branca que se forma dentro dos fructos, junto do pedunculo, tornando o logar e quasi que a forma das sementes. |
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Com as especies de folhas pubescentes, que o professor
Bentham descreve, näo se identifica, pelo que, pelos motivos jà dados em relacäo a outra especie, presumo näo estar està classificada e aqui a apresento corno nova. Depois da monographia deste notavel professor, nào co-
nheco trabalho algum que mencione novas hymenseas. O Index Kewensis que nos dà o que é conhecido até 1895, so menciona as antigas especies, e devo aqui notar que jà em 1830, St. Hi- laire |(T) adisse : ce le savant M. Martius rapporte le jatobà à 1'' hymenaea courbaril, L., mais je serai tenté de soupeonner que le jatobà du Sertào n'est pas celui des bois vierges ». Penso que o autor da Flora do Brasilie? Meridionalis,
tinha razào quando assim suspeitava, pelo menos as duas espe- cies que aqui consigno e que säo dos campos do Sertào, nào é a especie de Linneo. No Valle do Amazonas os naturaes distinguem tres especies florestaes pelos nomes de Jatahy afu, Jatahy mirini, Jatahy pororoka, pelas difìerengas que encontram na cor do lenho, no tamanho das folhas e dos fruetos. O nome jatobà do sul, ou yutahy, jutahy, yutaicig, on jatahy
do Norte, é applicado a varias hymenseas pelos nossos indi- genas. A sua etymologia é Y, elle, uà, fructo, aia, duro, yb, arvore, arvore de fructo duro e, tambem, dejy, agua, aia, dura e yb arvore, ou arvore de agua dura ou de rezina. No Ama- zonas nào dizem senào yatayeica, quando se referem, propria- mente, à resina. Yatobà ou jatobà, diz a mesma cousa, y-atà-tià elle fructo
duro. Com effeito as hymenseas tèm todas o fructo muito duro. |
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(M Voyage dans la prov. de Rio de Jan, et de Minas-Geraes. II, p, 323.
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Farn. PASSIFLORAE Endl.
Gen. Passiflora Linn.
Sub. gen. Astrophcea D. C.
Sect. Cirrata
1. PASSIFLORA CAMPESTRIS Barb. Rod. Frutex ramis
csespitosis erectis velutinis cirratis ; foliis coriaceis latissime ovalis obtusis v. acutis, supra nitidis brevissime sparse velutinis, subtus opacis velutinis, petiolis apice in utroque latere glanduliferis ; floribus 1-2 contemporaneis axillaribus campanulatis ; sepalis oblongis dorsaliter mucronatis tubo majoribus ; coronae triseriatae, filamentosae ; faucialis filis falcatis crassis aurantiaceis ; baccis longo-obovalis longitu- dinaliter trisulcatis coriaceis sparse argute velutinis. Tab. IX.
Frutex erectus, csespitosus, im - im,50 alt. Rami teretes, viridi,
velutini. Pelioli om,io lg., velutini, prope basin laminae in utroque latere glandulis duabus sessilibus instructi. Folia om,09 -om,io X om,o8 -om,o82 lg., coriacea, latissime ovata, obtusa v. acuta, v. emarginata, supra nitida laxé velutina, subtus opaca, velutina. Stipula minuta?, decidua?. Cirri axillari elongati, erecti, velutini. Pedunculi om,oo6 - om,oo8 lg., teretes, velutini, petiolos minores. Alabastra oblonga, obtusa. Flos om,o6 lg., expansas om,o54 diam., extus velutinus. Floris tubus campanulatus, sepalis brevior. Sepala lineari- oblonga, obtusa, subtus ad epicem dorsaliter mucronata, om,025 X om,oo6 lg., viridia. Pelala sepalis conformia, alba. Coronnce triseriata filamentosa. Seriei exterioris radii nume- rosissime erecto-patentes, petalis demidio breviores, com- planati versus apicem falcati, aurantiacei; seriei secundce |
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radii externis minutis falcatis viridis ; radii intimi tubo
paulo minores, tereti, incurvi, viridi. Gynandrophorum gla- brum, inclusum, ad apicem attenuatimi. Ovarium oblongum, puberulum. Slyli compressi, puberuli. Stigmata capitata. Fructus elongato-obovatus. trisulcatus, coriaceus, flavus. Semina compressa, oblonga, arillo pulposo ad apicem bicornuto induta, testa argute granulata. Hab. in campis Serra da Chapada, prov. Matto-Grosso. Brasi-
liensibus vocatur maracujà de sapo. Jun. floret. Entre as plantas colhidas pelo Dr. Patricio da Silva Manso,
em Cuyabà, figura a Passiflora Mansoi, que perpetua o seu nome, sendo està homenagem prestada pelo sabio Dr. Martius aos servicos prestados pelo mesmo medico. Està especie, que näo encontrei, mas que ouvi nomear, é o Maracujà da Cha- pada, nome que vulgarmente lhe däo, por crescer nos campos da Serra da Chapada. Entretanto nessa mesma Chapada en- contrei urna outra especie muito proxima a P. Mansoi, com o nome vulgar de Maracujà de rato. A primeira pertence ä seccäo das Ecirratae, està bem descripta e representada na Flora Braziliensis, a segunda é da seccäo das Cirratae, onde so existem seis especies, mencionadas na mesma Flora. Se bem que a monographia do professor Masters seja de 1872, comtudo, näo conheco outra mais moderna. Como nas obras em que poderia estar descripta näo a encontro, por conseguinte aqui a dou, corno nova, baseado nos elementos de que posso dispor (J). Encontrei-a em Junho, em piena florescencia, nos altos
campos da Serra da Chapada, formando pequenas soqueiras de hastes esgalhadas e erectas, näo attingindo a mais de um e meio metro de altura. Se bem que nào fosse tempo de fructos, comtudo encontrei alguns perfeitamente maduros, que me ser- |
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(J) O professor H. Harms que escreveu a ultima monographia, näo cita traballio
algum moderno, nem augmenta o numero de especies, entretanto é de 1893 e jà cita e aceita 0 meu novo genero Tetrastylis, desta familia. |
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viram para o estudo. E' urna bella especie de flores inteira-
mente brancas, com a coròa cor de ouro, que se destacam do verde negro da folhagem. Os fructos que säo de um amarello de ouro, quando seccos
tèm o epicarpo muito tenue e quebradico. Caracterisa-se bem està especie pelas sementes que sào involvidas por um arillo transparente que forma urna especie de bolsa que termina em duas pontas incurvadas. Sect. Granadilla
2. PASSIFLORA CURUMBAENSIS Barb. Rod. Fruticosa;
foliis membranaceis, superne, glabris nitidis, subtus argute villosis, quinquelobatis, lobis oblongis acutis mucronatis serratis ; petiolis prope basin biglandulosis ; pedunculis pe- tiolos subaequantibus ; fructu pyriformi raro subrotundo. Tab. X.
Fruticosa scandens. Rami striati. Folia om,n XoIV35 lg-> basi
cordata, apice profunde 5-lobata, quinquenervia. Petioli om,o6 lg. Flores non vidi. Pedunculi 0,06 lg., axillares. Fructus pendulus, pyriformis raro oblongis, roseo-flavus. Hab. ad ripas Rio Paraguay, in sitio Tamarindeiro prope Co-
rumbä. Marakuyä-mi vulgariter. Mai. fior. Na margem do Rio Paraguay, abaixo do Puerto Suares,
na Bolivia, proximo a Pedra Branca, no sitio Tamarindeiro, encontrei està especie, sómente com fructos. E' notavel pela fórma e cor dos mesmos. O epicarpo é amarello de um lado e roseo de outro, parecendo pela fórma e pela cor urna ver- dadeira pera. Entre as especies de folhas quinquelobadas näo se en-
contra a de que trato que, vulgarmente, tern 0 nome de Ma- rakuyà-mi, nome que tambem é dado à P. cdulis e outras. |
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Torna-se notavel tambem pelo comprimento do pedunculo.
As razòes que militam para considerala nova säo as mesmas que apresentei para a especie anterior. No Rio S. Lourenco encontrei tambem urna outra passiflora, que a tinha corno nova, porém depois verifiquei ser a que ultimamente N. E. Brown descreveu com o nome de P. Giberti, achada por Graham Ker, na expedicäo ao Pilcomayo, em 1891. Foram as unicas passifloras que encontrei na minha expedicäo. |
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Ordo CACTE^ Endl.
Gen. Malacocarpus Salm Dick.
MALACOCARPUS HEPTACANTHUS Barb. Rod. Caule
depresso-globoso, concavitate lanugine alba densa longiore et aculeis intermixtis farta, basi aplanato, costis io-n verticalibus sulcis altis transversis in tubercula anguloso- conica supra areolaria divisis ; areolis suborbicularibus tomento densiore obductis mox denudatis, aculeis albe- scentis 7 inaequalibus retrorsis teretibus subcorneis acutis- simis rigidis marginalibus, appicalibus (i) minoribus su- berectis, mediis (2) paulo majoribus, subretrorsis, infimis (3) multo majoribus. Flores non vidi. Tab. XI.
Caulis cum cephalio om,o8-om,09XoIV l lg-> Costae basi om,02 lat.,
tuberculse om,02 alt., obscure virides. Cephalium album aculeis erectis v.sub incurvis copiosis pertusum om,03-om,05lg. Areolae om,03-om,04 diam., superiores lanugine alba obdu- cta^, inferiores demum nudse. Aculei 7, superiores om,oi lg., laterales om,02 lg., inferiores om,35 lg.. Hab. in arenosis campis Serra da Chapada et prope Cuyabà,
Prov. Matto-Grosso. Nos terrenos areientos ou pedregosos dos campos pro-
ximos a cidade de Cuyabà, e mesmo nos campos da Chapada, da Serra de S. Jeronymo, por varias vezes encontrei està especie em differentes gràos de crescimento. Infelizmente nunca a vi em fior. Transportando, para este jardim, mais de urna vintena de exemplares vivos, alguns morreram, escapando comtudo alguns que estào em plena vegetacào, mas que ainda nào fioresceram. Transplantei-os no mez de Junho e até està data ainda nào fioresceram, quando em geral o mez de Janeiro e de Fevereiro é o das flores das cactaceas. Nào conheco as |
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flores, mas pelo estudo do caule, creio que nào estou em erro
levando a especie para o genero Malacocarpus de Salm Dyck (*), considerando-o distincto do Echinocactus de Link e Otto, se bem que Bentham, Hooker (2), e Baillon (3) considerem aquelle synonymo deste. O Dr. C. Schumann (4) o separa e apresenta corno caracter distinctivo o seguinte : « Caulis apice tomento areolarum confluente Iongissimo cephalium convexum exhibens aculeis intermixtum ». Comparando o Echinocactus com o Melanocarpus diz tam-
bem : «In illis caput plantae praesertim nomine cephali salutatur, sed etiamsi in Malacocarpo cephalium aculeis intermixtum est, tarnen differentia essentialis inter ambo vix existat ». Com ef- feito este caracter apresenta e se assim näo fora o levaria para a seccào Discocaclus, que Schumann estabeleceu para o genero de Link e Otto. Melanocarpus ou Echinocactus constitue todavia, urna es-
pecie nào descripta, porque, jà nào me referindo äs especies que De Candolle (s) e Walpers (6) citam, mas procurando de- terminala com as especies de ambos os generös, que Schumann apresenta, comò conhecidas até 1890, na sua Monographia com nenhuma dellas se identifica. No genero Melanocarpus apenas apresenta oito especies
e no Echinocactus dezoito, sendo que deste genero a seccào Discocactus, so contém duas especies. Ainda me confirma ser um Malacocarpus o facto das "es-
pecies conhecidas sereni, quasi todas, do Uruguay, isto é, do Sul do Brasil ou Brasil austral. Caracteriza bem està especie os espinhos dos mame-
lòes, sempre em numero de sete, dos quaes os tres inferiores |
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(') Cact. Hort. Dyck. 24, 141,
(2) Gen Plant. I. p. 848.
(3) Hist, des Plant. IX. p. 44.
(*) Flor. Bras. IV. p. II. p. 236.
(6) Prodromus II, p. 461
(6) Ann. hot. syst. II, III et V.
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sào sempre grandes, com a apparencia cornea, durissimos,
recurvados, arredondados, com as extremidades mais escuras e agudissimas. Os quatros superiores sào muito menores e erectos, sendo que destes os dois internos ou mais superiores sào ainda menores. Estes espinhos sahem de urna areola que quando nova é um pouco cotonosa. Os espinhos da cabe(a sào erectos, finos e curvos e sahem de pequenos cochins muito lanuginosos que unidos formam um so corpo, o cephalium. O numero de quinas (costse) que sào formadas de mamelòes tambem a caracterisa. Invariavelmente os mamelòes sào dis- postos em io series, raras vezes 11 de 3 a 4 em cada serie, que da base para o apice decrescem. O Dr. Spencer Moore nào encontrou està pianta, na sua
expedicào, e creio mesmo que pouca importancia ligou às Cactaceas, porque apenas menciona a Pereskia Bleo DO e nem fala nos gigantes Cereus Peruvianus que cobrem os ter- renos calcareos das margens do Paraguay. O Dr. Morong, tambem entre as especies desta familia (*), que encontrou, nem urna so apresenta deste genero, pelo que corno nova aqui a apresento. Occupando-me aqui de urna cactacea, devo observar que
na recente monographia da Flora Brasiliensis, o Dr. Schumann nào menciona o Melocaclus communis de Link e Otto o Cactus Melocactus de Linneo, bem representado por Pyramo De Can- dolle (2) que o dà corno sendo da America Meridional e das Antilhas, tendo sido introduzido na Europa em 1601. Està es- pecie entretanto é tambem brasileira e se encontra em Fer- nambuco e no Cearä com 0 nome de Corda de Frade. Este jardim possue urn soberbo exemplar da variedade macroce- phalus, proveniente d'este ultimo Estado. Floresce quasi todo o anno. |
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11) An. Enum. of the Plant, col. by Dr. T. Morcng in Paraguay i8S8-i8go. Ann.
of the New- York Acad, of Se. Vol. VII. 1893. (2j Planles grasses, t. 112.
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Ordo GENTIANACEiE Lindi.
Gen. Deianira Cham, et Schi. 1. DEIANIRA ERUBESCENS Cham, et Schi, in Linnaea I,
95, Griseb. Gent. 114, id. in D. C. Prodr. IX, 48. Mart.
Fl. Bras. YI, p. I, pag. 201. — Callopisma perfoliatum Mart. Nov. Gen. II. 107, tab. 183. Vai'. ALBA Barb. Rod. major, altior ; foliis perfoliatis, lato-ovatis,
acutis, internodiis majoribus ; floribus albo-lacteis. Encontrei na serra da Chapada a especie typica, onde a
encontrou tambem o Dr. Silva Manso, exactamente corno a descreveu e representou Martius sob o nome de Callopisma perfoliatum, e posteriormente a variedade em questào, que se affasta da erubescens em ter a haste muito longa, de im,yo, com os intrenós muito espacados, distando as folhas na base umas das outras 1 decimetro e no apice 7-8 centimetros. O que a distingue immediatamente säo os grandes cymos de flores de um branco de leite, que entre as folhas glauco pruinosas se ostentam. Quiz identifical-a com a variedade pallescens Schlchtd, mas encontrando tambem està, que é de um roseo cor de carne, collocando-as ao lado urna da outra, se destacaram extraordi- nariamente, pelo que apresento està nova variedade. 2. D. CYATHIFOLIA Barb. Rad. Caule simplice; foliis subro-
tundis basi attenuatis alte connatis perfoliatis concavis,
cyma trichotoma foliis subsequantia, corollas lobis oblongis obtusis. Tab. XII Fig. A.
Caulis erectus, strictus, om;40 — om,50 lg., teres, pallide viridis,
pruinosis. Folia omnia ad tertiam circiter altitudinis partem connata et perfoliata, internodiis majora, om,045X°mj040 'g-» subrotunda, obtusa, concava, pruinosa, nervis 11 evanidis |
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percursa, margine lateraliter sub recurva. Flores in cymis
axillaribus trichotomis corymboso-coartactis, numerosi, albo- rosei. Pedimculus communis om,oi lg., pedunculi partialis minori. Bractece et bracteolce oblongse, obtusae, om,oi4 lg., sursum minores, pruinosae. Calyx om,oo7 — om,oo8 alt., quadripartitus, laciniis lanceolatis dorso sub cannato, acutis. Corolla albo-rosea, tubus cylindricus, rectus om,oo6 lg., limbus in lacinias sequales horisontaliter patentes, oblongas, obtusas, om,oi Xom,o°6 lg. Stamina aequalia, filament a supra medium tubum inserta, basi dilatata, antherae filamentis majorat, laciniis dupla minorae, erectaa, sagittatae, flavae, om,oo4 lg., ovarium oblongum, trigonum, stylus filiformis, stigma bilobum, loots oblongis, intus glandulosus. Hab. in campis Serra da Chapada, prope Capào Secco, ad Prov.
Matto-Grosso. Jun. floret. Entre as diversas plantas que no mez de Junho collii nos
campos da Serra da Chapada, perto do rio da Casca, distin- guere està bella Dejanira, de flores tambem brancas, porém lavadas de um roseo-pallido. Duas especies com quat.ro variedades, segundo o Dr. Progel,
ou tres especies segundo o Index Kewensis, apresenta até hoje este genero, sendo que todas tèm as flores cor de rosa vivo ou pallido. Todas apresentam os cimos muito maiores do que as folhas e mesmo peniculados e nào com cymos menores, ou pouco maiores do que ellas, e por assim dizer occultos na sua concavidade. A especie em questào tern as folhas nào tao per- foliadas corno a eruòescens, mas muito mais largas e concavas, dando a primeira vista a forma de um vaso cheio de flores. Aleni disso a especie de Chamisso tèm os cimos todos
quasi que terminaes, isto é, posto que axillares, so no apice da haste se apresentam 2 a 4, emquanto que a especie em questào apresenta os seus cymos axillares, quasi desde a base da haste, até ao apice onde termina por um maior e corym- boso. Se beni que as folhas sejam tambem glaucas, estas sào |
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do comprimento dos entrenós, a ponto de ficarem estes occultos
pelos cymos lateraes, cujas fllores os circundam. Ainda mais, os caules que na erubescens säo fistulosos, n'esta especie nào o säo. Especie bem distincta nào so pelo porte, corno pela cor das flores e disposicäo dos cymos. Posto que Martius seja de opiniäo que segundo o solo e a idade a Deianira erubescens varie, nào acredito que produzisse urna variedade, com cara- cteres de nova especie. Variedade é a minha alba, corno sào as pallescens e cordi/olia. Poder-se-ha ver bem as differencas comparando-se a minha estampa com as que Martius apresenta coloridas no seu Nova Genera, voi. I, pags. 183 e 184, sob 0 genero Callcpisma. Este genero passou a synonymo do Deia- nira, porque quando ja estavam impressas as estampas da sua obra, mas nào expostas ao publico, Schlechtendal publicou, na Linnaea, o seu genero Deianira, sahindo portanto antes da pu- blicacào de Martius, que nào podia mais inutilisar as estampas, e so pela demora da impressào deu-se o facto de Martius perder a prioridade do seu Callopisma. |
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Ordo ORCHIDACEiE Lindi.
Gen. Maxillaria R. et Pav. (Xylobium Lindi.)
1. MAXILLARIA CHAPADENSIS Barb. Rod. Pseudobulbis
conicis angulosis diphyllis, foliis lanceolatis triplicatis acutis basi angustatis, scapo racemoso multifloro pseudobulbis triplo longiore, sepalis lanceolatis acutis, petalis minoribus subconniventibus, labello postico trilobo, lobo intermedio reniforme, intus calloso callo quinquelineato, extus ad apicem tuberculoso. Tab. XII. Fig. B.
Pseudobulbis om,o6-om,c>7 X °"\3° _ °m>55 lg- Folia super laete
viridia, subtus tri-nervata, nervis prominentibus, basi atte- nuata, acuta, om,20 X om,o8 lg. Scapo erecto, om,i2 -om,i5 lg., laxifloro. Bralecz lineariae, pedunculo paulo minorae. Flores io-12-contemporanei, albi, patenti. Ovarium incurvum, om,oio - om,oi2 lg. Sepala superiora minora, inferiora sub- recurva, om,oi5 X om,oo4 - om,oo5 lg., dorso cannata. Pe- lala om,oi3 X om,oo2, lg., plana. Labellum om,oi5 lg., album ; Columna alba, incurva, laeviter claviformis, inferne longe producta, antice plana, om,O07 lg. Anthera unilocularis, galeata. Pollinia 4, per paria, in glandulam lunatam sessilia. Hab. in arboribus sylvis umbrosis loco diclo Capäo secco, ad
Serra da Chapada, in Matto-Grosso. Floret. Mart. Explorando as florestas do grande Capäo, no logar deno-
minado Capäo Secco, encontrei ahi algumas orchidaceas, cha- mando-me para ellas a attencäo a bella e perfumosa Catleya Princeps, que encontrei e descrevi em 1868, nos rochedos da serra de Caldas, em Minas-Geraes. Crescia està, entäo, sobre os galhos das arvores que davam para o campo e eram batidas pelo sol. Apresentava-se coberta de flores. |
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N'este capäo tive eu occasiào de vèr està familia repre-
sentada por especies do Rio de Janeiro, de Minas e do Ama- zonas. No sombrio da floresta encontrei muitos exemplares do meu Cycnoches Haagii, do Amazonas, e a C. Princeps, de Minas. Entre outras especies, corno Plettro I hallis apanhei varios exemplares formando grandes e beìlas soqueiras de urna Maxillaria que, entào, tornei pela M. squalens, apenas pelo porte, pois que nào estava em fior. Transportada e cultivada n'este Jardim, em Marco, deste anno, floresceu. Na apparencia é urna squalens branca, mas nos detalhes
afasta-se interamente. Tive occasiào de comparar as flores de ambas as espigas porque fioresciam, conjunctamente, e pude vèr que sào bem distinctas, nào so na cor corno nas fórmas. Tcdas as divisòes da fior sào de um branco-marfim. Con-
siderandoa nova denominei-a M. Chapadensis, por ser encon- trada no planalto de Cuyabà, que tem o nome de Serra da Chapada. Depois dos desgostos por que passei, com a minha malo-
grada Iconographie des Orchidées du B rèsti, abandonei com- pletamente o estudo d'està familia, a ponto de muitas especies novas me haverem passado pelas màos sem que eu as descrevesse. As orchidaceas que foram sempre as minhas flòres predilectas> ellas que sempre me pagaram com usura o amor que lhes tributava, foram desprezadas ! Para que d'ellas me occupar, se o meu trabalho, o meu sacrifìcio, o que com ellas gastava, tudo era perdido ? Perto de oitocentas especies novas descrevi ; com ellas
gastei os melhores dias de minha vida ; por ellas expuz minha existencia, com ellas distribuì todo o päo que ganhei e quando suppunha que ellas apparecessem no campo scientifico, osten- tando as suas galas, conquistando gloria para seu paiz, fui desillu- dido, tinham de morrer na obscuridade, porque assim exigia o patriotismo brasileiro. Para que tamanho trabalho se nào per- desse, eu que recusara a collaboralo com Reichembach filho, com Kraeslin e outros ; que desprezei grande offerta pecuniaria, |
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entreguei graciosamente o fructo de muitos annos de trabalho
ao sabio professor Alfredo Cogniaux que, jà em cinco grandes fasciculos da Flora de Martins, as tern publicado e represen- tado ("). O que o governo do meu paiz negou-me, gentilmente me offereceu o estrangeiro. Salvas as minhas especies novas e jà figurando no mundo da sciencia, posso agora reanimar-me e d'ellas outra vez achegando-me, dizer : on revtent toujours à ses premiers amours. |
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(') Com raras excepgöes todas as estampas da monographia da Flora i/e Martins, säo
minhas, fielmente copiadas da minha Icono^raphia. |
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Gen. Ly caste. Lindt
LYCASTE ROSSIANA var. MATTO-GROSSENSIS Barb.
Rod. Pseudobulbis ovatis complanatis anguloso-rugatis bi- trifoliatis, quum aphyllis ad apicem bi-aculeatis, foliis late lanceolatis acutis ad basin attenuatis, scapo erecto unifloro pseudobulbis paulo majore, tribracteato, brateae envaginar.se cuculatae acutae, internodiis minorse, sepalis patentibus ad apicem recurvis late lanceolatis acutis lateralibus majoribus, petalis sepalisque paulo minoribus erectis oblongo-lanceolatis acutis, labello petalis minore, trilobo, lobis lateralibus erectis ad apicem emarginatis, lobo medio lanceolato acutissimo recurvo ad apicem sub plicato brunneo laeviter maculato, calloso callo longo concavo, columna dorsaliter angulosa antice plana basi producta. Tab. XIII.
Pseudobulbis om,07Xom,05 lg., vernicosis ; Scapo erecto, albo
viridi, om,io lg., Bractece invaginata^, ad apicem cuculiata acuta, om,oi5 lg., brunnese. Flores aurantiaceis. Sepala superiora recurva, plana, om,03oXom,oi9 lg. inferiora ma- jora, om,035Xom;0I7 lg- Petala om,03oXora,oi6 lg. La- bellum om,025 lg. Columna om,oi5 lg., antice laeviter velu- tina, alba. Anthera unilocularis, granulosa. Pollinia 4 per paria, caudicula longa, gianduia lanceolata. Hab. In arboribus sylvìs utnbrosìs loco diclo. Capào secco, ad
serra da Chapada, prov. Matto-Grosso. Fior. Jul. Attrahido pelo aroma da minha Catlleya Princeps (x) que
a borda da matta do Capào secco, no alto da Serra da Cha- pada, se ostentava com um bello pendäo de flores, que se baloucava pela aragem gelada que acoutava os campos, n'uma |
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(') Descoberta em 1868, em companhia do botanico sueco Salomon Henschen, em
Minas Geraes, e muito posteriormente descripta pelo professor Reichambach, com 0 nome de Cattleva dolosa. |
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temperatura de 40 gràos, penetrei na refenda matta e ahi en-
contrei, sem flores, mas representada por muitos exemplares a especie que me occupa. Transportados para este Jardim, despiram-se das folhas e
etti Julho floresceram, dando cada pseudobulbo cinco a seis magnificas flores de um bello amarello de curo. Procurando determinal-a vi que se approxima muito do
Lycaste Rossiana que 0 professor Rolfe descreveu em 1893, desconhecendo a patria. Tendo sido remettida de Florenca para a colleccào do Sr. Warocqué, em Mariemont, ahi floresceu. Posto que muito proximas sejam as especies, comtudo,
se afastam näo so no colorido corno no tamanho e fórmas. O Lycaste Rossiana tem as sepalas amarello-esverdeadas, com pellos na base e tèm om,035-o,04X°m>20 de comprimento emquanto que a presente tem as petalas de um amarello de ouro, sem pellos e com o,3oX°m?OI5 de comprimento. As petalas sào esverdeadas com manchas pardas e pelludas na base, emquanto que as da minha säo amarello de ouro sem pellos. O lobulo tem a base muito concava, listrado transversalmente de pardo, com os lobulos redondos e com 0 disco munido de grandes pellos, quando o da minha especie nada disso apre- senta. Outras differencas ainda apresenta que facilmente serào vistas pelos detalhes que apresento. Näo descrevo aqui as folhas porque sào semelhantes às
das outras especies, chamando apenas a attencäo para um caracter dos pseudobulbos. Estes depois da queda das folhas, apresentam no apice dois espinhos em fórma de unha de gato, excessivamente duros e pungentes, que mostraram a sua utilidade dando-me dois profundos golpes na mào, quando arranquei o primeiro exemplar que achei. Cresce sobre o musgo das arvores nos logares humidos. |
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EXPLICACÄO DAS ESTAMPAS
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Tab. I. — Anona macrocarpa Barb. Rod.
i. Galho com folhas, de tamanho natural. 2. Fructo inteiro, idem.
3. Semente, vista de lado, idem.
lab. II.—Anona Cuyabaensis Barb. Rod.
A. Uma folha vista pelo dorso e destituida de pellos, de tamanho natural.
B. Galho com urna fior, idem.
1. Calyce, visto pela parte externa, idem.
2. Uma petala exterior, vista pelo interior, idem.
3. Tres petalas interiores, idem.
4. Uma petala interior, vista de lado, idem.
5. Estames, idem.
Tab. III.—Anona aurantiaca Barb. Rod.
A. Um galho com fructo pequeno, de tamanho natural.
B. Um fructo maduro, idem.
Tab. IV.—Aberemoa Jonasiana Barb. Rod.
A. Urn galho com fior e fructo, de tamanho natural.
B. Fructo maduro, cortado verticalmente, idem.
I. Sepala de tamanho natural.
2-3-4. Petalas exteriores, idem. 5-6-7. Petalas interiores, vistas de frente, de tamanho natural.
8. Uma petala interior, vista do lado externo, idem.
9. Estames e estylo, idem.
10. O mesmo, duas vezes augmentado.
II. O mesmo, cortado verticalmente, idem.
12. 0 mesmo visto pelo lado superior, idem. Tab. V.—Anacardium corymbosum Barb. Rod.
A. Um galho com flöres, de tamanho natural.
B. Uma folha, vista pelo lado posterior, idem.
1. Urna fior esteril, idem.
2. Urna dita, tres vezes augmentada.
3. Urna fior fertil, cinco vezes augmentada.
4. Calyce, idem.
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5. Urna petala, vista do lado interior, idem.
6. Uma dita, na sua posicäo natural, idem.
7. Estylo, idem.
8. Parte superior do mesmo, idem.
9. Estame esteril, muito augmentado.
io. Dito fertil, idem. Tab. VI—Mucuna Mattogrossensis Barb. Rod.
i. Galho com folhas e flòres, de tamanho naturai. 2. Calyce, do lado exterior, idem.
3. Aza, idem.
4. Carina, idem.
5. Estandarte, idem.
6. Estames, idem.
7. Ovario e estylo, idem.
8. Fructo nào maduro, idem.
9. Parte interna do mesmo, fragmento mostrando a semente, idem,
io. Córte transversai do mesmo, idem. Tab. VII.—HymenvEA Chapadensis Barb. Rod.
A. Uma folha, do lado inferior, de tamanho, naturai.
1-2. Semente inteira, e cortada verticalmente, idem. Tab. B.— Pterocarpus Paraguayensis Barb. Rod.
i. Foliolo, de tamanho naturai.
2. Aza, idem.
3. Carina, idem.
4. Estandarte, idem.
5. Calyce e estames, idem.
6. Ovario e estylo, idem.
Tab. Vili.—Hymen^a Correana Barb. Rod.
A. Uma folha, vista pelo dorso, de tamanho naturai.
B. Um fructo maduro, idem.
1. Semente inteira, idem.
2. Dita partida verticalmente, idem.
Tab. IX.—Passiflora campestris Barb. Rod.
A. Galho com folha, gavinha e fructo, de tamanho naturai.
B. Uma fior partida verticalmente, duas vezes augmentada.
1. Sepala, tamanho naturai.
2. Petala, idem.
3. Córte transversai do fructo, idem.
4. Semente, com 0 arillo bicornudo, idem.
5. Semente, idem.
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Tab. X.—Passiflora Corumbaensis Barb. Rod.
A. Galho com folha, gavinha e fructo, de tamanho natural.
B. Fructo, comò raras vezes se apresenta, idem.
Tab. XI.—Malacocarpus heptacanthus Barb. Rod.
B. Planta, de tamanho natural, i. Espinhos, idem. Tab. XII. —Dejanira cyathifolia Barb. Rod.
A. Porcào mèdia da haste, com flóres, de tamanho naturai.
i. Botào, de tamanho naturai. 2. Calyce, duas vezes augmentado.
3. Corolla, idem.
4. Anthera, vista de frente, tres vezes augmentada.
5. A mesma, pelo dorso, idem.
6. Apice da anthera, muito augmentado.
7. Ovario e estigma, duas vezes augmentado.
8. Estigma, muito augmentado.
Tab. B.—Maxillaria Chapadensis Barb. Rod.
Pseudobulbos, folha e flóres, de tamanho naturai. 1. Sepala superior, idem.
2. Sepala lateral, idem.
3. Petala, idem.
4. Lobullo, visto de lado, idem.
5. Dito, visto pelo dorso, idem.
6. Dito, visto pela frente.
7. Columna, de lado, duas vezes augmentada.
8. Pollinias, muito augmentadas.
Tab. XIII.—Lycaste Mattogrossensis Barb. Rod.
A. Planta de tamanho naturai. 1-2. Sepalas superior e lateral, idem. 3. Petala, idem.
4. Labello; de lado idem.
5. O mesmo de face, idem.
6. Columna, de lado idem.
7-8. Antheras de frente e de costas, muito augmentadas.
9-10. Pollinias vistas de frente e pelo dorso, idem. |
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Indice das plantas contidas n'este volume
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Aberemoa, Alibi................................................................................. Bags
» furfuracea var. Jonasiana, Barb. Rod......................................... »
Amherstieae, Bth. et Hook.................................................................... »
ANACARDIACEAE, R. Ber................................................................. ..
Anacardium, Rottb ............................................................................... »
» brasiliense, Barb. Rod..........................................................>
» corymbosum, Barb. Rod..................................................... »
» curatellaefolium, St. II11....................................................... »
» humile, St. Hil.................................................................. i>
» mediterraneum, Veil............................................................ »
» nanum, St. Hil.................................................................. »
» occidentale, Lin................................................................. »
» pumilum, St. Hil............................................................... »
Anona, Lin....................................................................................... »
» aurantiaca, Barb. Rod............................................................... »
» Cuyabaensis, Barb. Rod............................................................ »
» furfuracea, St. Hil.................................................................. »
» Guyanensis, Aub............................,.......................................... »
» longifolia, Aub........................................................................ »
» macrocarpa, Barb. Rod.............................................................. »
» muricata Linn.......................................................................... »
» phaeoclados, Mart..................................................................... »
» punctata................................................................................. »
ANONACEAE, Juss............................................................................ »
Araticum............................................................................................ »
» do campo.................... ...........................................................>
» grande................................................................................... »
» » da Serra....................................................................... »
Astrophoea, D. C.......................................................................-......... »
Caotaceae, Endl................................................................................ «
Caesalpineae, B. Hook.......................................................................>
Cajù do campo.................................................................................... »
» rasteiro....................................................................................... »
Cajueiro do campo................................................................................ »
Calopisma perfvliatum, Mart................................................................... »
Cattleya Princeps, Barb. Rod................................................................ »
Cereus Pertivianus..................,............................................................. »
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11
Coiva de /rad,-................................................................................... Pags. 31
Cycnoches Haagil, Barb. Rod................................................................ » 3"
DalberGIEAE, Brown.......................................................................... » '7
Deianira, Cham................................................................................... » 33
» cyatbifolia, Barb. Rod....................................... .................... » 32
» erubescens, Cham..................................................................... » 32—34
» » var. alba................................................................ » 32
Discocactus Sclnim............................................................................... » 3°
Duguetia, St. Hil................................................................................ » 7
» bracieosa, Mart..................................................................... » 4
n furfuracea, Bent, e Hooker...................................................... » J — 8
Echinocactus......................................................................................... » 30
GENTIANACEAE, Lind....................................................................... » 32
Granadiu.a........................................................................................ » 27
Guanabani.......................................................................................... » I
Hymenaea, Lind.................................................................................. » 21
» Chapadensis, Barb. Rod......................................................... » 23
» Correana, Barb. Rod............................................................. » 21
» courbaril............................................................................. » 22—24
Jatahy acu......................................................................................... » 24
Jatobà do campo................................................................................... » 23
» grande...................................................................................... » 22
» da Serra................................................................................... » 21
Jutahy acù.......................................................................................... » 22
» mirini....................................................................................... » 24
» pororaka................................................................................... » 24
LEGUMINOSEAE, Endl...................................................................... » 15
Lycaste, Lindi...................................................................................... » 39
« Rossiana, Rolfe....................................................................... » 39
» » var. Mattogrossensis, Barb. Rod ................................... » 39
Mangifera, March.............................................................................. » io
Malacocarpus, Salm. Dick..................................................................... » 29
Malacocarpus heptacanthus, Barb. Rod..................................................... » 29
Maracujà da chapada........................................................................... » 26
» de rato................................................................................. » 26
» de sapo................................................................................. » 26
Marakuyà-mi....................................................................................... » 27
Maxiilaria, R. Pav................................................................................ » 35
» Chapadensis, Barb. Rod.......................................................... » 35
» squalens................................................................................ » 36
Marollo............................................................................................... » 2—3
Melocactus communis, Link...................................................-................. » 31
Mucunà............................................................. ................................ 16
Mucuna, Adan..................................................................................... 15
» macroceratides......................................................................... » 16
» Mattogrossensis, Barb. Rod........................................................ » 15
Orchidaceae, Lindi............................................................................. » 35
Papi'ILIONACEAE, Bth. et Hook............................................................... » 15
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Ill
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vi*
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